sábado, maio 30, 2009

"Dói internar um filho. Às vezes não há outro jeito"



SAUDADE
Gullar posa no apartamento em que mora sozinho, em Copacabana. O filho Paulo vive há cinco anos num sítio em Pernambuco

Quando o escritor Ferreira Gullar publicou em 1999 o poema “Internação” (leia abaixo), já era um veterano na convivência com doentes mentais. Quem fez a observação sobre o vento foi Paulo, seu filho mais velho, que hoje tem 50 anos. Ele sofre de esquizofrenia, doença caracterizada, entre outras coisas, por dificuldade em distinguir o real do imaginado. Desde os anos 70, Gullar tenta administrar a moléstia. Fazia o mesmo com Marcos, o filho dois anos mais jovem, que também tinha esquizofrenia e morreu de cirrose hepática em 1992. Remédios modernos permitem que pessoas como Paulo passem longos períodos em estado praticamente normal. Sem alucinações, sem agitação, sem agressividade. Mas o tratamento só funciona se o doente tomar os medicamentos antipsicóticos todos os dias e na dose certa. Isso nem sempre acontece. O resultado são os surtos, quando o paciente se torna quase incontrolável.

Pode cometer suicídio ou agredir quem está por perto. Nesses momentos, esses doentes costumam precisar de internação. “Dói ter de internar um filho”, diz Gullar, hoje com 78 anos. “Às vezes, não há outro jeito.”

No Brasil, estima-se que haja 17 milhões de pessoas com algum transtorno mental grave – como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo. Em algum momento, eles podem precisar de um hospital psiquiátrico. Encontrar uma vaga, porém, tornou-se uma tarefa difícil.

Nos últimos 20 anos, quase 70% dos leitos psiquiátricos do país foram fechados. Sem conseguir quem os ajude a cuidar dos doentes, pais e irmãos afirmam ter várias dimensões de sua vida pessoal comprometidas, dos compromissos de trabalho às amizades. É o que revela uma pesquisa feita em 2006 em Minas Gerais com 150 famílias com pessoas atendidas nos Centros de Referência em Saúde Mental. Em muitos casos, os doentes em surto fogem sem deixar rastro. Podem acabar embaixo dos viadutos. O aumento da população de rua nas grandes cidades não é fruto exclusivo da desigualdade social. Uma pesquisa feita em 1999 com moradores de rua em Juiz de Fora conclui que 10% deles eram psicóticos sem assistência.

“As famílias, principalmente as que não têm recursos, não têm mais onde pôr seus filhos”, diz Gullar. “Eles viram mendigos loucos, mendigos delirantes que podem agredir alguém. O Ministério da Saúde tem de olhar para isso.” Gullar decidiu expor publicamente um problema que não é só seu. Nas últimas semanas, escreveu três artigos sobre o assunto em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo. “Não pretendo liderar movimento algum. Sou um cidadão que tem uma tribuna e pode falar sobre o que está errado.”

Ele afirmou, no primeiro texto, que a campanha contra a internação de doentes mentais é uma forma de demagogia. Foi o suficiente para fazer eclodir uma controvérsia latente. Nos dias seguintes, dezenas de leitores enviaram cartas ao jornal. Representavam dois grupos. O primeiro, em apoio a Gullar, aponta as razões fisiológicas da doença mental e considera que a internação é um instrumento necessário nos momentos de surto.

O segundo, contra ele, afirma que os doentes devem ser atendidos em Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Nesses locais, o paciente recebe medicação e acompanhamento semanal. A ideia é atendê-lo sem retirá-lo do convívio da família e da comunidade. Para esse grupo, mesmo nos momentos de crise, o doente deve ser atendido nos Caps. Ele passaria alguns dias internado na própria instituição (ou em hospitais comuns, com alas psiquiátricas) e depois voltaria para casa. “O hospital é um lugar de isolamento, funciona como uma prisão. As pessoas vão e não voltam”, diz Humberto Verona, presidente do Conselho Federal de Psicologia. “Algumas famílias querem que a pessoa fique internada. É a ideia da instituição como depósito.”

Gullar se ofende com comentários como esse, que ouve desde o final dos anos 80, quando a reforma psiquiátrica que levou à situação atual começou a ser discutida no Brasil. “Essas pessoas não sabem o que é conviver com esquizofrênicos, que muitas vezes ameaçam se matar ou matar alguém. Elas têm a audácia de fingir que amam mais a meus filhos do que eu.”


INTERNAÇÃO
Ele entrava em surto
E o pai o levava
de carro para
a clínica
ali no Humaitá numa
tarde atravessada
de brisas e falou
(depois de meses
trancado no
fundo escuro de
sua alma)
pai,
o vento no rosto
é sonho, sabia?

sexta-feira, maio 29, 2009

As cidades da Copa de 2014

Já estão escolhidas as 12 cidades onde serão os jogos da Copa de 2014, que a Fifa anuncia no domingo, em Nassau, nas Bahamas. São elas:

Rio de Janeiro
São Paulo
Belo Horizonte
Porto Alegre
Curitiba
Brasília
Cuiabá
Manaus
Fortaleza
Salvador
Recife
Natal

O Rio, como se sabe, será o endereço da final, chance da definitiva reabilitação do Maracanã, após a derrota de 1950. São Paulo, está quase certo, fica com o jogo de abertura - Belo Horizonte sua a camisa no lobby para tomar o lugar dos paulistas. Cuiabá venceu Campo Grande, pelo prestígio político de Blairo Maggi, o governador do Mato Grosso. Manaus ganhou de Belém e Rio Branco o privilégio de ser a sede amazônica e Natal levou a última vaga, derrubando Florianópolis, por razões políticas e logísticas.

quarta-feira, maio 27, 2009

Messi põe Cristiano Ronaldo no bolso, e Barcelona leva o título da Champions


Messi e Iniesta, dois dos melhores em campo, exibem a taça com orgulho em Roma
Argentino faz, de cabeça, o segundo gol nos 2 a 0 do Barça sobre o Manchester. Time catalão é pela terceira vez campeão europeu
Marcos Felipe
Direto de Roma
No estádio Olímpico de Roma, o confronto entre os melhores do futebol mundial na atualidade: Barcelona x Manchester United e Lionel Messi x Cristiano Ronaldo. Com superioridade nos 90 minutos nesta quarta-feira, o time espanhol levou a melhor, venceu por 2 a 0 e garantiu a conquista da Liga dos Campeões pela terceira vez em sua história. Entre os craques, vantagem do argentino: gol decisivo e palmas da torcida.
Cristiano Ronaldo, além sair derrotado no placar, também perdeu a linha em alguns momentos, abusou de jogadas violentas e foi vaiado na Itália. O primeiro gol foi de Samuel Eto'o. O meia Xavi foi eleito o melhor em campo.
A conquista coroa um ano espetacular do Barcelona, que pela primeira vez em sua história conquistou a tríplice coroa. Além de levar para casa a Liga dos Campeões, o time também ganhou o Campeonato Espanhol e a Copa do Rei da Espanha.
O título do Barça é o 12º da Espanha no principal torneio europeu, deixando o país como o maior campeão do campeonato (Real Madrid tem nove). A Inglaterra soma 11 (o Manchester foi o vencedor na temporada passada).

sexta-feira, maio 15, 2009

Ronaldo almeja Copa para prolongar carreira, mas detona chefão da CBF

Do UOL Esporte
Em São Paulo

O atacante Ronaldo, do Corinthians, já admite a possibilidade de encerrar a carreira no final deste ano, mas vê uma possível ida para a Copa do Mundo de 2010 como uma chance de prolongar sua permanência nos gramados. Nesta sexta-feira, em sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo, ele explicou que a oportunidade de jogar mais um Mundial poderá definir o que fará da carreira no final de 2009, quando termina seu contrato com o Corinthians.

"Uma chance de jogar a Copa pode prolongar minha carreira. Seria maravilhoso terminar a carreira na Copa, mas não quero botar pressão", definiu o jogador, que porém não fez questão nenhuma de fazer lobby ou elogiar os comandantes da CBF. Muito pelo contrário. Ronaldo foi bastante crítico em relação ao presidente da entidade, Ricardo Teixeira, e disse que o dirigente mostrou ter "duplo caráter".

O descontentamento de Ronaldo com o mandatário da CBF foi gerado pela postura de Teixeira após o Mundial de 2006, quando apontou os jogadores como responsáveis pela queda da seleção nas quartas de final para a França. "Só estranhei que até 2006 a gente tinha um ótimo relacionamento, e após 2006 este relacionamento acabou sem eu saber o porquê e sem ninguém me dizer diretamente o que eu fiz para ele deixar de gostar de mim", disse.

De forma contida, o atacante tentou evitar se prolongar, porém em seguida desabafou. "Não me importa ter um relacionamento com quem mostra ter duplo caráter. É muito fácil na hora que ganha, estar ali e levantar troféu, ser campeão com os jogadores. Na hora que perde, é fácil também você pegar e apontar alguém para Cristo e crucificar esta pessoa", afirmou.

Ao mesmo tempo em que criticou Teixeira, Ronaldo evitou fazer campanha para seu retorno à seleção brasileira, reconhecendo que ainda não se sente pronto para atuar sob o comando de Dunga. "Não tenho condição de ir para a seleção brasileira agora. Estou buscando a melhor condição ainda", definiu o jogador, que passou a ter o nome pedido para a seleção após o retorno para o Corinthians, clube pelo qual marcou dez gols em 14 partidas disputadas e ajudou o time a conquistar o título do Campeonato Paulista.

O atleta explicou que ainda busca o melhor condicionamento e, para isso, precisa evitar a sequência de dois jogos por semana. "Estou melhorando a cada dia, a cada treino, ainda mais com esta sequência de jogos que tive. A gente está administrando melhor, treinando mais, e jogando uma vez por semana consigo evoluir com minha forma física", disse.

Tranquilo, Ronaldo explicou que ainda tem objetivos traçados para a seleção brasileira (como disputar sua quinta Copa do Mundo, já que participou das edições de 1994, 1998, 2002 e 2006), mas não quer saber de pressão sobre o técnico da seleção. A próxima convocação de Dunga será feita na próxima quinta-feira para os jogos das eliminatórias contra Uruguai e Paraguai, e também para a Copa das Confederações.

Além do mandatário da CBF, Ronaldo ainda aproveitou para cutucar companheiros de seleção, que disseram ter se abalado com a convulsão sofrida pelo atacante horas antes da final da Copa de 1998. "Vi companheiros meus falando que aquilo mexeu com o elenco. É uma bobagem. Se tivesse risco, eu seria o primeiro a sair fora", criticou o jogador, que lamentou ter sido novamente o culpado pelo revés por 3 a 0 para a França. "No Brasil fiquei como amarelão na época", admitiu.

Se optou por criticar Teixeira e alguns jogadores, o atacante desmentiu que tenha tido problemas de relacionamento com Rodrigo Paiva, seu ex-assessor e atualmente assesor de imprensa da CBF. Ronaldo também destacou o bom relacionamento que teve com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após as críticas que sofreu do político antes do Mundial de 2006.

Na sabatina, Ronaldo também expôs que já está se preparando para a despedida dos gramados. Ele tem contrato com o Corinthians até o fim do ano e disse que definirá o seu futuro em conversa com a família no término da temporada. "Estou começando a sofrer com essa ideia, essa preparação para deixar o futebol vai ser dura. Mas em seguida a esta decisão, vou ficar um bom tempo não fazendo nada, uns dois anos só relaxando, com água de coco na praia descansando", disse.

O Fenômeno reafirmou sua paixão pelo Flamengo, mas garantiu que não pensará no clube de coração quando o Corinthians enfrentar o time carioca no Campeonato Brasileiro. Ao ser questionado sobre os outros times que defendeu (já que atuou pelos rivais Real Madrid e Barcelona, e Inter e Milan), o atacante revelou o sofrimento que passou ao deixar a Internazionale.

"Minha história na Inter foi maravilhosa, mas com fim trágico. Tive uma confusão tremenda e no dia que fui embora, fui embora de camburão, com as pessoas tacando pau, e aquilo me assustou bastante", lamentou o jogador, que deixou o clube de Milão para acertar um contrato milionário com o Real Madrid, clube este que tem a preferência de Ronaldo na Espanha. Na Itália, o atacante evitou divulgar sua predileção.

quinta-feira, maio 14, 2009

ENCHENTES


FOTO: REUTERS
Brasil - 18h07 - Homem pesca ao lado de carro submerso em rua alagada pela cheia do Rio Mearim, em Trizidela do Vale (MA). O aeroporto de São Luís está fechado desde o início da tarde desta quinta-feira por causa do mau tempo. Todos os vôos que deveriam sair da capital do Maranhão foram cancelados. Os pousos programados foram deslocados para Fortaleza (CE) e Belém (PA)

Com literatura, arte e ciência, 7ª Flip terá 34 autores entre os dias 1 e 5 de julho

Da Redação

A sétima edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontece na cidade histórica do Rio de Janeiro entre os dias 1 e 5 de julho, abordará pela primeira vez temas como ciência e artes com a participação do biólogo inglês Richard Dawkins e da artista francesa Sophie Calle, além de receber novamente autores como Chico Buarque e Cristóvão Tezza.

Com a participação de 34 escritores convidados, a 7ª Flip procura encontrar um equilíbrio entre autores de ficção e não-ficção, e deverá apresentar um panorama que se aproveita de alguns eventos específicos que marcam 2009.

Além da participação de Richard Dawkins, seguidor de Charles Darwin, no ano em que o livro "A Origem das Espécies" completa 150 anos, a Flip terá a participação dos escritores chineses Ma Jian e Xinran (autora de "As Boas Mulheres da China"), quando são completados 20 anos do Massacre da praça da Paz Celestial.

Dentre as participações brasileiras, destaque para a volta de Chico Buarque, do recém publicado "Leite Derramado", que participa de discussão com Milton Hatoum, autor de "Dois Irmãos" e "Cinzas do Norte". Cristovão Tezza, autor de "O Filho Eterno" também volta à Flip para participar de discussão com o escritor mexicano Mario Bellatin.

Na mesa dedicada ao jornalismo, o destaque da festa é a presença do escritor norte-americano Gay Talese, um dos principais nomes do jornalismo literário mundial, em mesa que terá a participação de Mario Sergio Conti (do livro "Notícias do Planalto").

"Tentávamos Gay Talese há muitos anos, assim como António Lobo Antunes, que dificilmente sai de Portugal. Estamos muito felizes que finalmente tenhamos conseguido trazê-los", contou Flavio Moura, diretor de programação da Flip, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira. Segundo ele, além de presenças individuais importantes, outro atrativo do evento é a oportunidade de encontros interessantes como a mesa dedicada à artista francesa Sophie Calle e ao escritor Grégoire Bouillier.

Homenagem
O evento de 2009 presta homenagem a Manuel Bandeira que será tema da conferência de abertura Davi Arrigucci J. e na mesa que reúne Edson Nery da Fonseca e Zuenir Ventura, ambos ligados a bandeira. "Nery da Fonseca se correspondeu com Bandeira por muitos anos, e Ventura foi seu aluno. Será uma mesa muito interessante pois ambos têm memórias afetivas do escritor", lembrou Flavio Moura.

Flipinha
Mesmo sem o apelo dos grandes nomes internacionais o evento infantil cresce e vem se tornando cada vez mais importante para a organização, com a participação de cerca de 10 mil crianças e 600 professores. Segundo Cristina Maseda, coordenadora da Flipinha, as iniciativas vão além da semana da Flip, com um constante trabalho de formação de leitores e capacitação de professores. "Conseguimos também que toda a cenografia e estrutura do espaço dedicado às crianças fosse produzida por moradores de Parati, coisa que queríamos fazer desde o início da Flip", explicou Maseda.

A Flipinha de 2009 terá a participação de 24 autores e ilustradores convidados, como Ruth Rocha, Anna Claudia Ramos e Carlos Heitor Cony, Bia Hetzel, entre outros.

quarta-feira, maio 13, 2009

Sem educação, não há liberdade

JOSÉ VICENTE

É terrível a contradição entre as aspirações e os ideários de justiça e igualdade da nossa sociedade e a verdade da realidade cotidiana

FERNANDO Haddad, ministro da Educação, constrangido e decepcionado, relatou que nos 15 anos que permanecera na USP, entre graduação e pós-graduação, não teve a alegria da companhia de um colega de classe negro e, com bastante certeza, também de nenhum professor, haja vista que, dos quase 6.000 professores da maior universidade da América Latina, apenas 6 são negros.

Disse ainda que essa ocorrência era ininteligível e inaceitável num país construído sobre alicerces republicanos e sobre vigas democráticas

Assim, complementava o ministro, os 120 jovens negros formandos da primeira turma da Faculdade Zumbi dos Palmares, no ano de 2008, tinham sido mais felizes do que ele e, certamente, tiveram uma oportunidade ímpar de vivenciar intensamente o valor da diversidade, apresentando, dessa forma, melhores possibilidades de se tornarem bons profissionais e competentes cidadãos.

A correta e exata constatação, que, em grande medida, pode ser estendida para o conjunto do ensino superior público e privado e, sem muitas exceções, para o universo dos espaços de status, prestígio e poder do país, aponta com precisão a terrível contradição entre as aspirações e os ideários de justiça e igualdade da sociedade brasileira e a verdade da realidade cotidiana.

Os escombros de 350 anos de escravidão espalhados e abandonados pelos cantos do país e os 121 anos da abolição que a República extinguiu e inaugurou, respectivamente, produziram uma sociedade racialmente hierarquizada, na qual os negros do Brasil "de fora" não entram no Brasil "de dentro".

A ideologia da inferioridade do negro, acompanhada de sua permanente desconstrução como pessoa humana, com a finalidade de produzir justificativas morais e legitimidade política para a instalação e manutenção do comércio do corpo e a escravidão, cristalizou e naturalizou o preconceito e a discriminação nas estruturas do Estado e das instituições.

Essa ideologia povoou e impregnou o imaginário social e continua sendo alimentada e se alimentando livremente, produzindo e reproduzindo as mesmas crenças e práticas que definem, na mente e no gesto, o lugar do negro no edifício social.

Não existem as placas ostensivas e leais do "No black" do apartheid sul-africano ou norte-americano nos elevadores da nossa República. Elas são invisíveis, operam silenciosas e mediante engenhos sofisticados. No nosso edifício social, os elevadores não possuem placas, mas, quando franqueado, o negro só pode subir pelo de serviço.

Um simples olhar ao nosso redor é suficiente para demonstrar que aqueles que nos antecederam fizeram escolhas erradas. É claro, está faltando negro aí! É equivocada a ideia de justiça e liberdade quando dois cidadãos se encontram para sempre impedidos de se cruzarem ao longo do caminho porque suas estradas são paralelas.

Um país com esses atributos não poderá ser longevamente bom para ninguém. Devemos recusar a ideia de que este é o melhor país que podemos construir. Devemos nos rebelar contra a naturalização de um país separado e desigual. Precisamos construir um novo país. Proponho que comecemos pela educação.

Uma educação em que a diversidade étnica e estética seja um valor global na prática cotidiana, na formação, na ambientação, na distribuição da participação das oportunidades. Uma educação em que o acesso aos recursos públicos e os negócios com o Estado exijam a contrapartida da prática e a cultura da diversidade.

Em que a comunicação como concessão esteja subordinada ao primado da pluralidade estética e da representação social.Uma educação em que os resultados da produção do conhecimento e o acesso aos bens culturais sejam indistintamente disponibilizados a todos.

Definitivamente, precisamos de uma educação que possibilite a construção de caminhos variados e que todos os caminhos façam com que as pessoas se descubram, se emocionem, troquem confidências, se toquem, se amem e cantem juntas uma canção.Amanhã, 14 de maio, nós, da Faculdade Zumbi dos Palmares, entregamos à nação mais 240 jovens negros formados no curso de administração.

Sessenta por cento deles efetivados nos estágios executivos com os parceiros do sistema bancário.

Mais uma vez, com o apoio inestimável de grandes brasileiros, confirmamos o que soubemos e praticamos desde sempre: a liberdade educa e a educação liberta. Sem educação, não há liberdade.

JOSÉ VICENTE , advogado, sociólogo, mestre em administração e doutorando em educação, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares

quarta-feira, maio 06, 2009

As sete maiores mentiras do currículo

Cinco alternativas à mentira

Há maneiras bem mais eficientes de aumentar suas chances de se empregar, diz Max Gehringer

Uma carta de apresentação é mais importante que um currículo.
Escreva uma específica para cada empresa, dizendo por que você deseja trabalhar nela. Em sua argumentação, mostre que estudou a estrutura da companhia, seu produto e modelo de negócio. É a melhor maneira de compensar um currículo sem muitos atrativos.

Não mande currículos iguais.
A hierarquia das informações varia de acordo com cada empresa. Para uma multinacional, inglês é de extrema importância. Em uma empresa de médio porte, vai no fim.

Indicações de colegas são mais eficientes que currículos.
Melhor que enviar currículo a 50 empresas é entregar um nas mãos de alguém que trabalhe na empresa.

Coloque uma foto no currículo, mas não uma 3x4 sisuda.
Um leve sorriso causa boa impressão.

Liste os trabalhos que já fez, mesmo que não sejam relacionados à área.
O “trabalhei como balconista para pagar os estudos” encanta os recrutadores pela dedicação e determinação.

As sete maiores mentiras do currículo

Idiomas

É a mentira mais popular. Trata-se daquele inglês “básico” que no currículo se torna “avançado”. É também a mentira mais fácil de ser identificada. Ocorre principalmente em seleções de jovens profissionais que não esperam uma avaliação rigorosa de seu domínio de idioma estrangeiro. Um simples teste ou uma conversa com o recrutador são suficientes para desmascarar o monoglota.

Qualificação

Inventar uma especialização técnica ou transformar um curso rápido em pós-graduação também são manobras muito comuns – e fatais – nos processos de seleção. Além da questão moral, se a fraude é descoberta, leva à dúvida sobre todas as competências que o candidato afirma ter. Essas mentiras são normalmente descobertas na entrevista, quando o recrutador pede detalhes dos cursos realizados – nome dos professores, das disciplinas etc. Se o candidato conseguir manter a farsa, ele ainda pode ser desmascarado quando checadores ligam para a universidade para conferir as informações. Algumas empresas são mais diretas: exigem o certificado dos cursos.

Cargos e funções

Muitos candidatos mentem sobre cargos em empregos anteriores para demonstrar experiência ou pleitear salário mais alto. Assim, um estagiário pode virar assistente, um supervisor vira gerente, e por aí vai. São dados de checagem relativamente fácil quando a entrevista é bem feita: o candidato costuma escorregar nos detalhes sobre seu passado profissional.

Participação em projetos

Esse tipo de mentira, relacionada a conquistas e projetos implementados em empregos anteriores, exige um esforço maior do recrutador. Por causa do passar do tempo e da rotatividade das empresas, muitas vezes é difícil entrar em contato com antigos colegas do projeto mencionado. Segundo Max Gehringer, esse problema começou a surgir nos anos 1980, quando passaram a circular currículos em primeira pessoa. “O currículo com as palavras ‘liderei’ ou ‘coordenei’ é complicado porque são ações difíceis de ser mensuradas e com resultados muitas vezes subjetivos”, diz Max. A estratégia dos recrutadores para detectar as invencionices é levar a entrevista a um nível de detalhe extremo, para capturar contradições.

Motivo de desligamento

Se percebida, a mentira sobre os motivos da saída de empregos anteriores desperta a impressão de que o candidato quer esconder algo. Demissões nunca são bem vistas. Mas hoje, com a rotatividade tão alta, deixaram de ser um estigma. Mesmo assim, devem ser explicadas. Se o desligamento foi espinhoso, o melhor é demonstrar maturidade, assumir eventuais maus passos e mostrar que o episódio serviu de lição. Jogar a culpa no ex-chefe é tentador, mas o efeito é quase o mesmo de um pedido para desistir do processo de seleção.

Datas de entrada e saída de empregos

Esticar em alguns meses a permanência no emprego anterior pode ser até aceito pelo selecionador, para quem tem vergonha de dizer que estava desempregado. “Mas a manipulação de datas é intolerável quando ela tenta esconder um padrão de permanências curtas nos empregos”, afirma Vander Giovani, da Kroll. Uma ou duas passagens curtas podem ser devidas a dificuldades de adaptação, diz Giovani. Mais que isso é sinal de instabilidade e falta de habilidades sociais. “Há aqueles que nem sequer colocam experiências curtas para não destacar essa instabilidade”, afirma Carlos Eduardo Dias, da Asap. “Essa omissão é imperdoável.” E facilmente constatada por checadores, ao ligar para empresas ou observar a carteira de trabalho.

Endereço

Muitos candidatos mentem em relação ao local de moradia por três motivos: imaginam que morar perto pode facilitar a contratação; acreditam que morar em um bairro mais pobre prejudique suas chances; ou tentam obter uma verba maior de vale-transporte. Nos dois primeiros casos, é uma mentira menos ofensiva, mas também não vale a pena. Quando for descoberta – pela checagem do comprovante de residência ou pela visita de um colega –, ela vai despertar desconfiança do empregador.


As sete maiores mentiras do currículo


DETETIVE

A consultora de RH Juliana Marotta, da Manpower. Os selecionadores são preparados para desmascarar mentiras de candidatos

Dar informações falsas para conseguir um emprego é uma tentação e um erro. Os casos mais comuns, como os especialistas os desmascaram – e como aumentar suas chances sem cometer deslizes éticos

Thiago Cid

De cada dez currículos que chegam às empresas, quatro têm informações distorcidas. E outros dois contêm mentiras deslavadas. A conclusão é da empresa de investigações Kroll, que presta serviço de análise de currículos para companhias, depois de analisar os dados de candidatos a emprego de nível gerencial para cima. A maquiagem curricular não é exclusividade brasileira. Nos Estados Unidos, a taxa de invenções destinadas a impressionar contratantes é bem parecida, segundo análises independentes do site Career Building e da consultoria Accu-Screen, especializada em vasculhar referências de candidatos a emprego.

O problema deverá crescer com o acirramento da competição por empregos. Desde o início da crise econômica, no final do ano passado, o Brasil fechou 700 mil vagas de emprego formal. E muita gente que se sente ameaçada já está tratando de procurar alternativas. A Manpower, empresa especializada em recrutamento, registrou um aumento de 50% no número de currículos recebidos. Numa situação assim, cresce a pressão para se destacar dos concorrentes e, consequentemente, a tentação de mentir ou exagerar no currículo. Não vale a pena.

Especialistas afirmam que mentir para arrumar emprego é um equívoco, em tempos de crise ou não. “Mentir pode garantir mais entrevistas, mas não garante emprego. Na verdade ajuda a afugentá-lo”, afirma o colunista de ÉPOCA Max Gehringer. Uma mentira, por mais “inocente” que seja, deixa o candidato numa situação constrangedora e quase sempre acaba eliminando suas chances de obter o emprego. “Para um selecionador, se o candidato mente na porta de entrada, é bem provável que continue mentindo”, diz Lizete Araújo, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).

É raro uma lorota relevante se manter de pé depois de um escrutínio do entrevistador. Em geral, ele é um profissional treinado para explorar as contradições entre o que está no papel e a fala do candidato. “Diante da capacitação que o pessoal de RH está adquirindo, é ingenuidade achar que dá para levar uma mentira adiante em uma entrevista”, afirma Carlos Eduardo Dias, sócio da Asap, empresa especializada em profissionais em início de carreira. Nas entrevistas, cada tópico listado no currículo é destrinchado pelo selecionador. Uma hesitação maior ou uma pequena incoerência já são um alerta de que aquele ponto é duvidoso.

Após a entrevista, os aprovados ainda passam pela peneira da checagem das referências – uma tarefa cada vez mais minuciosa em departamentos de RH e consultorias. “Hoje em dia, os selecionadores já têm conhecimento técnico para avaliar candidatos de setores muito específicos”, afirma a consultora Juliana Marotta, da Manpower. Ela é responsável pela checagem de currículos de aspirantes a vagas no setor de tecnologia da informação.

Os principais “maquiadores de currículo” são os jovens em início de carreira. Carentes de experiência, eles tendem a engordar seus CVs copiando modelos prontos, que geralmente pecam pelo exagero. Entre os candidatos a cargos mais graduados, como o de gerentes ou diretores, o risco de mentir é muito alto, até porque as empresas costumam investir mais na checagem. “Uma contratação de alto executivo é um investimento estratégico e delicado, por isso os cuidados de segurança são altos”, afirma José Augusto Minarelli, que há 26 anos ajuda executivos demitidos a arranjar emprego. Isso não significa que não haja mentiras nos altos escalões. Em 2007, Marilee Jones, a reitora da mais renomada universidade de tecnologia dos Estados Unidos, o Massachusetts Institute of Technology, pediu demissão. Motivo: descobriram que ela havia listado três cursos de especialização que não cursara.

É óbvio que a peneira dos selecionadores não identifica todos os mentirosos. Porém, mesmo os que conseguem vaga têm de conviver com o risco de ser desmascarados a qualquer momento, com consequências sérias para sua imagem profissional. Sem contar o drama de consciência por ter mentido. A seguir, as sete mentiras mais comuns, mencionadas por uma dezena de recrutadores e consultores, e as técnicas para detectá-las.

terça-feira, maio 05, 2009

Aprovada estabilidade no emprego para pai se gestante morrer

Marina Mello
Direto de Brasília


O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira um projeto que garante estabilidade no emprego para a pessoa que ficar com a criança nos casos de falecimento da gestante. O projeto estende o direito de estabilidade no emprego por cinco meses, garantido pela Constituição à mulher que engravida, para o pai, avós ou qualquer outra pessoa que obtiver a guarda do bebê, no caso da morte da mãe no parto ou nos meses seguintes.

A relatora da matéria, deputada Vanessa Grazziotini, elogiou a aprovação do projeto. "Já imaginou se um pai viúvo cuja mulher faleceu no parto acaba sendo demitido logo após isso tudo? Imagino que nenhum empresário teria essa crueldade, mas agora estamos garantindo esse direito de estabilidade", afirmou.

"É o Estado brasileiro preocupado com uma questão que é vista como exclusividade da mãe, da mulher brasileira, e que deve ser vista como uma questão de toda a sociedade", completou.

A matéria deve ser votada ainda pelo Senado.

segunda-feira, maio 04, 2009

MEC quer trocar matérias por áreas temáticas

A intenção é eliminar a atual divisão do conteúdo em 12 disciplinas no ensino médio e criar quatro grupos mais amplos

Proposta será discutida hoje pelo Conselho Nacional de Educação; União planeja incentivos financeiros para obter adesão dos Estados

FÁBIO TAKAHASHI - DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Educação pretende acabar com a divisão por disciplinas presente no atual currículo do ensino médio, o antigo colegial. A proposta do governo é distribuir o conteúdo das atuais 12 matérias em quatro grupos mais amplos (línguas; matemática; humanas; e exatas e biológicas).

Na visão do MEC, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno não vê aplicabilidade no programa ministrado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.

A mudança ocorrerá por meio de incentivo financeiro e técnico do MEC aos Estados (responsáveis pela etapa), pois a União não pode impor o sistema. O Conselho Nacional de Educação aprecia a proposta hoje e amanhã e deve aprová-la em junho (rito obrigatório).

O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular das universidades federais, será outro indutor, pois também não terá divisão por disciplinas.

Liberdade

Segundo a proposta, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição dos conteúdos das disciplinas nos grupos e também o foco do programa (trabalho, ciência, tecnologia ou cultura).

Assim, espera-se que o ensino seja mais ajustado às necessidades dos estudantes.

O antigo colegial é considerado pelo governo como a etapa mais problemática do sistema educacional. Resultados do Enem mostram que 60% dos alunos do país estudam em escolas abaixo da média nacional.

O governo Lula pretende que já no ano que vem, último ano da gestão, algumas redes adotem o programa, de forma experimental. No médio prazo, espera que esteja no país todo.

"A ideia é não oferecer mais um currículo enciclopédico, com 12 disciplinas, em que os meninos dominam pouco a leitura, o entorno, a vida prática", disse a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.

Está previsto também o aumento da carga horária (de 2.400 horas para 3.000 horas, acréscimo de 25%).

"A mudança é positiva. Hoje, as disciplinas não conversam entre si", afirmou Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente-executivo do movimento Todos pela Educação.

"A análise de uma folha de árvore, por exemplo, pode envolver conhecimentos de biologia, química e física. O aluno pode ver sentido no que está aprendendo", disse Neves.

A implementação, no entanto, será complexa, diz o educador. "Precisa reorganizar espaços das escolas e, o que é mais difícil, mudar a cabeça do professor. Eles foram preparados para ensinar em disciplinas. Vai exigir muito treinamento."

O MEC afirma que neste momento trabalha apenas o desenho conceitual. Não há definição de detalhes da implementação ou dos custos.

O relator do processo no conselho, Francisco Cordão, disse que dará parecer favorável. "Talvez seja preciso alguns ajustes. Mas é uma boa ideia. Hoje o aluno não vê motivo para fazer o ensino médio."

sábado, maio 02, 2009

Debate pertinente

Não canso de repetir: graças a meus pais tive acesso a uma formação cultural que considero relevante - em se tratando de ter nascido e continuar a viver (nenhuma queixa nessa afirmação, muito pelo contrário) em um país marcado pela corrupção e pelo analfabetismo.

Essa formação cultural acabou produzindo em mim aquilo que Josué Montello chamou de “a inquietação da leitura”. Estou sempre lendo. Dia sim, dia também. Agora, estou às voltas com A estrada do futuro, escrito por William Henry Gates III (Bill Gates) no para mim quase longínquo 1995 - quando eu ainda fazia o bom e velho segundo grau do Colégio Meng.

Para quem não sabe - meia dúzia de três ou quatro -, Bill Gates é só o homem mais rico do mundo. Hoje, sua fortuna pessoal transita na casa dos 40 bilhões de dólares. Na época em que lançou A estrada, seu patrimônio já era de 12 bilhões. Então, do alto de sua posição mais-do-que-confortável, Gates previu em seu livro a morte do documento impresso.

“Na estrada da informação”, afirma, “elaborados documentos eletrônicos poderão fazer coisas que nenhum pedaço de papel pode. A poderosa tecnologia de banco de dados da estrada permitirá que eles sejam indexados e lidos por meio da exploração interativa. Será extremamente barato e fácil distribuí-los. Em resumo, esses novos documentos digitais substituirão muitos dos documentos impressos em papel porque eles poderão nos ajudar de novas maneiras”.

Todavia, ele não é, de todo, pessimista. “Mas ainda levará um bom tempo”, reconhece, “para que isso aconteça. O livro, revista ou jornal de papel ainda têm muitas vantagens sobre suas contrapartes digitais. Para ler um documento digital você precisa de um aparelho de informação, como um microcomputador, por exemplo”.

Hoje (escrevo no domingo, 26 de abril de 2009), encontrei na internet um artigo de Umberto Eco. Além de fantástico mestre de obras de arte como O nome da rosa e O pêndulo de Foucault, Eco é professor de semiótica e crítico literário. Em outras: ninguém melhor para destrinchar o tema levantado há 14 anos por Bill Gates.

No segundo parágrafo do texto - o título é “Sobre a efemeridade das mídias” - Umberto Eco nos diz que “há muito tempo se realizam congressos e se estudam meios diferentes para salvar todos os livros que abarrotam nossas bibliotecas: um dos que têm maior êxito (mas quase impossível de realizar para todos os livros existentes) é escanear todas as páginas e copiá-las para um suporte eletrônico”.

E prossegue: “Mesmo tendo gravado em meu computador todo o Quixote, não o poderia ler à luz de uma vela, em uma rede, em um barco, na banheira, enquanto um livro me permite fazê-lo nas piores condições".

O debate é pertinente. Desde o início da “Era da Informação” (primeiro com o advento do primeiro computador, o Eniac, até os primórdios da internet), homens e mulheres extremamente inteligentes trabalham de forma a facilitar algumas atividades cotidianas. No entanto, a grande dificuldade imposta no momento da substituição do livro impresso pelo digital está neste simples detalhe: as disparidades culturais, sociais e econômicas apresentadas pelas nações. Enquanto isso, o documento impresso mantém seu lugar de destaque, justamente porque podemos acessá-los com muito mais facilidade - no momento de uma dessas corriqueiras panes eletrônicas.