sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Bento 16 proclamará seis novos santos em 17 de outubro

Da Efe, na Cidade do Vaticano

O papa Bento 16 canonizará em 17 de outubro seis novos santos, entre eles Mary Hellen Mackillop, que será a primeira santa australiana.

Também será canonizada a freira espanhola Cándida María de Jesús Cipitria y Barriola, o polonês Stanislaw Kazimierczyk (1433-1489), sacerdote dos Cônegos Regulares Lateranenses, e o canadense Alfred Bessette (1845-1937), da Congregação da Santa Cruz.

Os outros são as freiras italianas Giulia Salzano (1846-1929), fundadora da Congregação das Irmãs Catequistas do Sagrado Coração, e Camila Battista da Varano (1458-1524), freira da Ordem de Santa Clara.

A que será a primeira santa Australiana, Mary Hellen Mackillop (1842-1909), fundou a Congregação das Irmãs de San José do Sagrado Coração.

A espanhola Cándida María de Jesús Cipitria y Barriola nasceu em 31 de maio de 1845 e morreu em 9 de agosto de 1912. É a fundadora das Filhas de Jesús.

A futura santa foi beatificada por João Paulo II em 12 de maio de 1996. Em 3 de julho de 2009, Bento 16 aprovou o decreto reconhecendo um milagre por sua intercessão, que abriu o caminho à canonização.

O pontífice presidiu hoje no Vaticano um consistório ordinário público de cardeais para decidir a data das canonizações, cuja cerimônia coincidirá com o Sínodo de Bispos para o Oriente Médio convocado por Bento 16 para outubro.

Para essa data havia sido cogitada a possibilidade de Bento 16 proclamar beato João Paulo II, mas por enquanto se desconhece quando o papa aprovará o milagre por sua intercessão que o torne santo.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

União de caixas eletrônicos de BB, Bradesco e Santander deve sair até julho

Da Folha Online

Os bancos Bradesco, Banco do Brasil e Santander confirmaram nesta quinta-feira que irão unir suas redes de caixas eletrônicos, o que se traduzirá em uma rede de 11 mil unidades de atendimento externos.

Segundo comunicado conjunto emitido pelos três bancos participantes do projeto, a consolidação de seus terminais autoatendimento externos deverá ser concluída em até cinco meses - ou seja, até meados de julho.

"Na conclusão da operação, os bancos pretendem ter um modelo de negócios que possibilite o acesso por seus clientes a cerca de 11 mil terminais de autoatendimento externos. Esse modelo proporcionará significativo aumento da disponibilidade e capilaridade da rede, com ganho de eficiência em relação à atual forma de utilização individualizada das respectivas redes de autoatendimento", informou o comunicado.

Outra novidade é que essa rede de caixas eletrônicos terá uma marca que a identifique. Segundo os bancos, o nome da nova marca ainda está em estudo.

O compartilhamento das redes de caixas eletrônicos já era discutido há mais de dez anos, e teve um importante avanço nos últimos meses. Entre as grandes instituições financeiras, só ficou fora o Itaú Unibanco, o maior banco privado brasileiro e que, segundo fontes do mercado ouvidas pela Folha, era o que mais resistia à proposta.

O Brasil é um dos poucos países em que os caixas eletrônicos não são universais. Isso porque os bancos viam na abrangência da rede eletrônica de atendimento uma ativo importante para se diferenciar das instituições de menor porte e alcance geográfico.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

A crise de 2008, contada por Henry Paulson

ELIO GASPARI

QUANDO UMA economia vai bem, quem quer discutir maus números estruturais, como um setor público que come 37% do PIB e drena a capacidade de invstimento do país, parece ave de mau agouro. Pior ainda se essa pessoa teme que uma onda de protecionismo ou uma contração da economia chinesa venham a travar as exportações brasileiras. Falar dos riscos de uma possível inflação americana que jogue os juros mundiais para cima passa a ser verdadeiro mau olhado, coisa antipatriótica num país que voltou a sorrir.

Os profissionais do otimismo do mercado e dos palácios ganharam um presente. é o livro com as memórias da crise de 2008, escrito pelo então secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, um sacerdote da banca (comandou a casa Goldman Sachs de 1998 a 2007) e apóstolo do mercado. Em "On the Brink", ou "Na Beira do Precipício"), ele mostra como os sábios de Washington e os banqueiros de Nova York chegaram a um passo da explosão da economia mundial sem saber o que estava acontecendo, muito menos o que deveriam fazer. Salvaram-se quando tiveram uma ideia herética: ir buscar o remédio na Bolsa da Viúva.

Paulson comove pela honestidade com que conta seus próprios erros. Na primeira reunião que teve com Bush e sua equipe, previu a possibilidade de uma crise cíclica (mantra astrológico dos economistas) e deixou de mencionar os riscos das hipotecas imobiliárias. De suas memórias emerge um homem comum, religioso, frugal e apaixonado por uma mulher excepcional, despretensioso o suficiente para revelar que durante a crise teve oito acessos de vômito seco.

As lembranças do homem público mostram que a ekipeconômica de Bush estava mais perdida que cego em tiroteio. Quando salvaram a Bear Sterns, não sabiam como resgatar a Lehman Brothers. Quando quebrou a Lehman, não tinham ideia do que fazer com a seguradora AIG. Como se sabe, a casa Morgan Stanley esteve a dez dias da quebra, e a própria Goldman Sachs arriscava ir à garra antes do fim de 2008. Tiraram do chapéu uma sopa de planos e de letras: Hera, Hope, PDCF, Talf, TLGP. O que deu certo mesmo foi a Tarp, codinome da Bolsa da Viúva.

Paulson mostra Chuck Prince, o principal executivo do Citi, pedindo a intervenção do governo para conter a farra papeleira em reuniões fechadas. Em público, ele sustentava que o mercado devia dançar enquanto houvesse orquestra tocando. Surpresa: o experiente John McCain, candidato republicano à Presidência, revelou-se um irresponsável. O inexperiente Barack Obama, um craque, ainda que ingrato.

Para quem gosta de teorias conspiratórias, Paulson diz duas vezes que só durante as crises é possível tomar medidas audaciosas. Apesar dessa frase ser uma platitude, leva água para a teoria segundo a qual a turma que não sabia de nada sabia de tudo e deixou a Lehman quebrar para dar um choque na opinião pública mundial. Para quem quer mais conspiração, quando a crise amainou, a Goldman Sachs tornou-se a maior casa de Wall Street.

Graça, Henry Paulson não tem, mas gostou de contar que, durante uma reunião do G20, em Washington, o presidente Bush entrou na sala, disse algumas palavras e ia ouvir o ministro da Fazenda brasileiro, mas Guido Mantega informou que falaria na sua língua nativa (o doutor não fala inglês). Bush aliviou-o: "Vá em frente, eu mal falo a minha".

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Thriller aparente atrai pela construção de personagens

Terceiro romance da americana Siri Hustvedt une psicanálise e
neurociências

RODRIGO LACERDA
ESPECIAL PARA A FOLHA


"Desilusões de um Americano" é o terceiro romance de Siri Hustvedt a sair no Brasil. Embora o nome da autora seja sempre acompanhada pelo epíteto "a mulher de Paul Auster", o escritor americano com quem é casada, Siri possui méritos próprios, como prova este novo lançamento (sic).

A gênese do livro se deu com a morte do pai da escritora, que lhe deixou um diário repleto de histórias da família de origem norueguesa, imigrada para os Eua. Neste diário, seu pai conta como, já em seu novo país, enfrentou a Depressão dos anos 30, e recupera suas experiências, mais tarde, como soldado na Segunda Guerra.

A morte do pai colocou Siri diante de outra experiência mobilizadora, também importante na concepção do romance. Numa cerimônia em homenagem ao pai, ela foi acometida por tremores pelo corpo, descobrindo-se vítima de uma crônica doença neurológica.

"Desilusões de um Americano" tem dois narradores. Um é Lars Davidsen, que, ao morrer, deixa para os filhos, Eric e Inga, um diário completo de sua vida.

Este "diário ficcional" é, em grande parte, uma transcrição do diário deixado pelo pai de Siri na vida real. O outro é justamente o filho de Lars, o psiquiatra Eric Davidsen, o "americano desiludido" do título.

O romance se estrutura a partir de três mistérios. O primeiro diz respeito a determinada passagem do diário de Lars, que menciona sua cumplicidade com uma antiga amiga da juventude, Lisa Odland, no acobertamento da morte de alguém. Eric e sua irmã sentem-se instigados a descobrir quem morreu e por que o pai ajudou a encobrir a morte.

O segundo mistério diz respeito à própria irmã, Inga, alter ego de Siri no livro, pois sofre da mesma doença neurológica que ela e foi casada com um célebre escritor e roteirista, chamado Max. O falecido esposo de Inga, pai de sua filha Sônia, antes de morrer enviou cartas comprometedoras à atriz de um de seus filmes, Edie Bly. O conteúdo das cartas, a verdadeira natureza da relação entre Max e Edie e a luta de Inga por aceitar os segredos e a fama opressiva do marido compõem o eixo do segundo romance.

O terceiro fio condutor diz respeito à inquilina de Eric, a jovem e bela jamaicana Miranda, que se muda com a filha para o prédio do narrador e torna-se sua amiga. Um clima romântico se estabelece entre eles.

Mas então macabras fotografias dela e da filha começam a surgir na entrada do prédio. Miranda sabe quem é o autor das fotos, mas, apesar de ameaçada, não entrega a idade do agressor à polícia ou ao senhorio/narrador, e tampouco esclarece que vínculos a impedem de denunciá-lo.

Mesmo impulsionado por tantos "mistérios", trata-se de um thriller apenas aparente. A vinda à tona do passado e as construções emocionais dos personagens são o verdadeiro atrativo do romance.