domingo, janeiro 08, 2012

ENQUANTO HOUVER VIDA....

Lembro agora de um daqueles livros voltados para o público adolescente, cujo título era "Enquanto houver vida, viverei".
Nele, eram contadas as desventuras de um jovem que acaba infectado pelo HIV. A obra procura passar a mensagem segundo a qual, muito embora não haja cura para a doença, o cotidiano do doente não pode ser afetado por ela. Ou seja, deve-se viver - por mais que a situação esteja difícil, por motivos financeiros ou de saúde debilitada.
Todo esse preâmbulo vem a propósito do 70º aniversário de um homem que, sofrendo de uma doença neurodegenerativa, tornou-se fisicamente incapaz de caminhar ou mover um músculo que seja. Seus médicos lhe deram uma sobrevida de poucos anos, mas, valendo-se de tecnologia avançada capaz de auxiliar pessoas em condições análogas, Stephen Hawking não se cansa de tentar desvendar os segredos do Universo.
"As pessoas são fascinadas pelo contraste entre minhas capacidades físicas extremamente limitadas e a imensidade do universo com o qual trato", ele diz.
Acabo de baixar "Uma breve história do tempo", do cientista em questão, no qual ele declara: "À exceção de ter tido o azar de contrair a doença de Gehring ou neuropatia motora, tenho sido afortunado em quase todos os outros aspectos. A ajuda e o apoio da minha mulher Jane e dos meus filhos Robert, Lucy e Timmy, fizeram com que me fosse possível levar uma vida razoavelmente normal e ter uma carreira bem-sucedida. Também tive a sorte de escolher física teórica, porque tudo é feito normalmente. Por isso, a minha incapacidade não tem constituído um verdadeiro obstáculo".
Para Hawking, a palavra-chave é "superação. Fica o ensinamento para os que passam o tempo inteiro a reclamar de barriga cheia.

sexta-feira, janeiro 06, 2012

OS 'BRAZUCAS' E A SUBMISSÃO

Demorou muito para os desenhistas brasileiros conquistarem espaço no mercado quadrinístico norte-americano. Quando pela primeira vez vi os desenhos de Mike Deodato - toscos e totalmente apelativos -, pensei com os meus botões: "Se é esse o melhor dos artistas tupiniquins lá fora, então devemos nos preocupar e muito".
O que mais me incomodava - ainda incomoda - é a questão da submissão dos nossos artistas a determinadas imposições estabelecidas pelos estadunidenses. Uma delas: supostamente com o intuito de facilitar o contato dos artistas com as editoras, boa parte daqueles aceitou de bom grado "adaptar" (digamos assim...) seus nomes para a realidade ianque.
Ainda bem que nem todos fizeram isso. Mas os desenhistas "abre-alas" precisaram desse artifício absurdo para prosperarem nos EUA. Além disso, como as editoras de lá pagam em dias - e muito bem - por página desenhada -, os brazucas não viram a deturpação de seus nomes como um problema muito sério. Ou viram como o menor dos males.
Acabo de comprar uma edição especial da Panini com algumas histórias desenhadas por talentos brasileiros. O melhor dos contos, tanto escrito ou ilustrado, foi a aventura do Super-Homem em que o herói não consegue impedir terroristas de destruírem uma aldeia que estava sob sua superproteção. Ed Benes - que sabe desenhar gostosonas como ninguém - fez um excelente trabalho, principalmente quando ressaltou as curvas magníficas de Lois Lane. Melhor do que ele para retratar boazudas apenas o grande Jim Lee.
Como a questão da submissão brazuca não vai se modificar tão cedo no aspecto da deturpação dos nomes, esperemos que nossos artistas continuem fazendo o bom trabalho com que obtiveram espaço no mercado de HQs norte-americano.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

AINDA NÃO DEU CERTO

Laurentino Gomes reabilitou a forma como os historiadores devem colocar no papel os acontecimentos históricos. Com seus dois livros de grande sucesso “1808” e “1822”, Gomes trata os eventos passados de maneira dinâmica e palatável, de olho na atual geração – que não tem o menor saco para ler tratados de 500 ou mais páginas.
Em “1822”, Laurentino afirma que quem observasse o Brasil naquele longínquo ano do século XIX teria razões de sobra para duvidar da viabilidade do nosso país como nação independente e soberana. “De cada três brasileiros”, declara o escritor, “dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente de tudo, que vivia à margem de qualquer oportunidade em uma economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio e pelo tráfico negreiro”.
Além disso,”o analfabetismo era geral. De cada dez pessoas, só uma sabia ler e escrever. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na fragmentação territorial, a exemplo do que já ocorria nas colônias espanholas vizinhas”.
Hoje, vemos o Brasil como “a sexta economia do mundo”. Ano passado, superou o Reino Unido, que caiu para sétimo em razão da crise bancária de 2008 e da consequente recessão. Ou, nas palavras do chefe-executivo do Centro de Pesquisa para Economia e Negócios (CEBR, na sigla em inglês) do Reino, Douglas McWilliams: “O Brasil tem batido os países europeus no futebol por um longo tempo, mas batê-los em economia é um fenômeno novo. Nossa tabela de classificação econômica mundial mostra como o mapa econômico está mudando, com os países asiáticos e as economias produtoras de commodities subindo para a liga, enquanto nós, na Europa, recuamos”.
Rio de Janeiro, princípio de 2012: as águas do rio Muriaé começam a invadir a cidade de Campos de Goytacazes após o rompimento de um dique. Pelo menos 4.000 moradores estão sendo retirados. Para chegar lá, apenas por avião ou helicóptero, porque a estrada de acesso ao município foi destruída. Para piorar a situação, na cidade de Cardoso Moreira, o rio começou a baixar. A localidade tem 90% de sua área alagada. Mas o pior mesmo é o nome do secretário municipal de Defesa Civil: Juarez Noé. Mais deboche do que isso, impossível.
Ano passado, como todo mundo lembra, há um ano a região serrana fluminense foi devastada por enchentes e deslizamento de terra. A 4ª maior tragédia do mundo propiciada por fenômenos naturais, deixou mais de 700 mortes e destruiu a cidade de Teresópolis, a mais afetada pela chuva.
Este ano, em Minas Gerais, 71 cidades estão em situação de emergência por causa das chuvas. Oito pessoas já morreram em razão do temporais. Ao mesmo tempo, um figurão do Governo Federal precisa explicar por que teria beneficiado seu estado de origem, Pernambuco, com o dinheiro que deveria ter sido aplicado no sentido de pelo menos minimizar a tragédia vivida diariamente por nossos irmãos do Sudeste.
O que nos leva a duas constatações. A primeira: se o Brasil, no ano de sua independência, tinha, de fato, tudo para dar errado (conforme afirmação do escritor Laurentino Gomes), a grande verdade é que ele ainda não deu certo. Mesmo agora, que este século vai se aproximando de sua segunda década. A outra constatação: nessas horas de pesadelo e desespero para as famílias arrasadas pelas tempestades, um país se considerar a sexta economia do mundo não significa rigorosamente nada.

quarta-feira, janeiro 04, 2012

RECORDAR É VIVER

O repórter Wilson Lima e eu temos algo em comum: simplesmente adoramos o automobilismo.
Ontem, ele me perguntou se este ano eu teria saco para acompanhar a Fórmula 1.
Respondi que sim. Em primeiro lugar, não faço parte do time de quem parou de a assistir às corridas apenas porque "Ayrton Senna morreu". Mas entendo. Após o acidente em San Marino no qual o tricampeão perdeu a vida, apareceram pilotos talentosos, vencedores em outras categorias... e que infelizmente chegaram à F-1 na qualidade de coadjuvantes.
Com os sete títulos de Schumacher, então, ficou praticamente impossível.
O máximo a que se chegou foi com Felipe Massa - que levou um Mundial de Pilotos para a última corrida, em Interlagos, venceu a prova e acabou perdendo o título para Lewis Hamilton nos metros finais. O queridinho de Ron Dennis saiu de São Paulo com seu primeiro título na bagagem.
A grande verdade é que muitas corridas do calendário da F-1 são chatas. Os carros seguem em uma procissão de 60 voltas. E convenhamos: passar duas horas na frente da telinha vendo uma disputa ser decidida pela estratégia dos boxes e não na pista, no mano a mano - como aconteceu nos bons e velhos embates Senna e Mansell e Senna e Prost - demostra um apreço muito grande a esse esporte de elite, que ainda captura a imaginação de jovens pilotos, que sonham com a oportunidade de alcançar esse Olimpo do automobilismo.
E como recordar é viver, capturou a minha, também, desde os tempos em que eu era criança -pequena lá no Bairro de Fátima. Tinha uma boa coleção de carrinhos - não só de Fórmula 1, mas de vários tipos - e os colocava enfileirados no meio da sala na noite de sábado, até a manhã seguinte, quando me sentava na frente da tevê e imitava com os brinquedos a transmissão da Rede Globo, com o insofismável Galvão Bueno e o grande Reginaldo Leme - que só não é imbatível porque existe um senhor chamado Lito Cavalcanti, que é O Cara. Só isso.

terça-feira, janeiro 03, 2012

A COPINHA

Começa hoje mais uma edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior. O torneio chega a sua 43ª edição e é a grande vitrine do futebol brasileiro. É também onde os grandes craques se revelam, como Fred, do Fluminense, autor de um dos gols mais rápidos da história do esporte bretão na época em que vestia a camisa do América de Minas.
Chamamo-la de "vitrine" porque, com o aumento impressionante no valor dos salários pagos principalmente pelos times europeus, "olheiros" de todos os cantos do Brasil e dos principais centros do planeta aparecem no Estado de São Paulo à procura de talentos que possam porventura forrar suas contas bancárias com uma indecente quantidade de dólares e euros.
Muitos times de menor expressão viajam para jogar nesse torneio com essa intenção. Como é o caso de equipes como Aquidauanense, Sinop, Olé Brasil e, claro, o representante timbira - o Americano.
Os maranhenses jamais tiveram um ótimo desempenho na Copinha. O melhor que já apresentaram foi o Moto Clube, que em 2006 chegou às quartas de final. Mas no geral os meninos que vão daqui para lá não vão para batalhar por títulos ou fama. O que eles querem mesmo é serem catapultados para qualquer time capaz de garantir-lhes uma vida confortável. Até porque assim muitos deles poderão sustentar sua família e um eventual grupo de aderentes.
Dinheiro e futebol. Nem sempre combinam.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

DE CELEBRIDADES E OUTRAS NEM TANTO

Hoje de manhã, assisti a uma reportagem do programa "Record News" que dava conta de como os tais "famosos" passaram o Réveillon.
Até onde acompanhei, foram focalizados o diretor de novelas Manoel Carlos, as atrizes Cristiani Torloni, Giovana Ewbank e Adriana Birolli e o ator que faz o dono de restaurante português na novela "Fina Estampa.
O texto da reportagem era tão bajulatório que beirou o ridículo. Lembro que, ao abordar o diretor, a narração afirmou que ele "fez questão de cumprimentar os funcionários do hotel" onde passou a virada. Ou onde guardou seu pertences antes de ir para o lugar em que verdadeiramente festejaria. Na verdade, ele ao chegar deu alguns tapinhas nas costelas do que parecia ser um dos seguranças do estabelecimento. E depois entrou sem falar com ninguém.
Essa história de a pessoa virar celebridade com o tempo ganhou muito espaço na mídia. Porque os jornais e revistas sabem que, em algum lugar, existe alguém capaz de compra tudo e mais um pouco a respeito de determinado artista. Como esquecer de Rafaelle, que por muito tempo colecionou (e a ajudei muito com isso) toda e qualquer bobagem a respeito do trio de pseudo-cantores chamado de KLB?
O "Fantástico" de ontem exibiu uma entrevista com Brad Pitt. O ator, como tantos outros "grandes astros", assumiu aquele falso ar blasê de quem já se acostumou com o assédio da imprensa. Passa a ideia de que está fazendo uma imensa concessão ao repórter tupiniquim deixando-o entrevistá-lo. Conversa. O cara estava adorando cada segundo em que passou sob os holofotes Globais.
Não há como condená-lo por isso. Faz bem para a vaidade ser o assunto do momento. Nem que seja por 15 minutos. O grande problema é o indivíduo forçar sua permanência no Olimpo das célebres criaturas. Como acontece com alguns "brothers" e "sisters" do mais assistido reality do país. Após o fim do período de confinamento, a maioria deles sabe muito bem que apenas dois ou três serão escolhidos para perdurar no mundo das artes e dos espetáculos. No entanto, alguns insistem em querer aparecer de qualquer forma - tirando a roupa para revistas masculinas, por exemplo, pelo que os cuecas de plantão agradecemos penhoradamente.
A relação das ditas "celebridades" e das "subcelebridades" com o crivo da opinião pública - quem será para sempre, quem será mero fenômeno - é mais velha do que andar para a frente. E vai prosseguir por um bom tempo, porque, afinal de contas, o show deve continuar.
Penso assim desde que vi a filha mais velha de Michael Jackson em sua primeira entrevista, nos Estados Unidos. Veremos se ela terá condições suficientes de brilhar tanto quanto seu pai - que antes de virar uma aberração albina foi mesmo o Rei da pop music.

domingo, janeiro 01, 2012

IMPRESSÕES DO RÉVEILLON

As comemorações pela passagem de 2011 para 2012 valeram a pena.
O grande lance foi: todos procuraram se divertir. Poucos foram aqueles interessados em estragar a virada do ano alheia. A segurança propiciada pela Polícia Militar foi bastante eficiente e, em alguns casos, surgiu com a devida contundência.
Não vi os shows programados pela Prefeitura. Estive na tenda eletrônica e gostei muito de espanar o pó das articulações. Por outro lado, os do Governo do Estado foram para lá de emocionantes. Não sou muito fã da Marrom, mas devo reconhecer que ontem ela detonou. Quando de sua apresentação, não havia lugar para mais ninguém perto do palco. Quem se beneficiou com essa numerosa plateia foi Cesar Nascimento, a atração seguinte. Não pude assistir porque faltavam cinco minutos para a meia-noite e precisei voltar para junto das senhoritas sob minha responsabilidade.
Fiquei me revezando entre o palco do governo e a tenda. Consegui convencer as meninas a terminar a noite no primeiro. Bom negócio. Vi uma Beija-Flor (ou parte dela) exuberante. Não entendo muito as respeito dos critérios empregados pelos responsáveis pela apuração dos desfiles das escolas de samba do Rio, mas acredito que, se a de Nilópolis não se sagrar bicampeã este ano, terá sido uma surpresa e tanto.
Como sempre, atrás do Bicho Terra só não vai quem tem problemas para definir o que possa ser uma diversão de verdade e cem por cento maranhense. (Receio estar pegando muito pesado com essas pessoas. A questão do gosto é a grande problemática, não é mesmo?)
No cômputo geral, foi uma festa excelente. Para o quarto centenário da Ilha, deverá ser ainda melhor. É aguardar para ver. E quem viver verá.