sábado, agosto 14, 2010

"Nós já nascemos filósofos", diz Gaarder

Escritor de "O Mundo de Sofia", best-seller entre os jovens, diz que achou mais fácil escrever sobre casal adulto

Trama de "O Castelo nos Pirineus", a ser lançado hoje na Bienal do Livro, foi inspirada por tela pintada por Magritte

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

Os leitores de Jostein Gaarder encontrarão em "O Castelo nos Pirineus", seu novo romance, o autor de sempre, mas temperado com algumas novidades. Mais uma vez, questões filosóficas e científicas são costuradas em um enredo com ritmo de suspense. Agora, no entanto, os personagens quase sempre jovens do autor de "O Mundo de Sofia" dão lugar a um casal de meia-idade. Um certo tom de melancolia perpassa todo o livro, acentuado ainda pelo surpreendente final.

Namorados na adolescência, eles se reencontram 30 anos depois e começam a trocar e-mails. Cada um vê o mundo de forma distinta. Steinn é um climatologista cético que crê apenas na ciência, enquanto Solrun é uma professora espiritualizada e mística. "Ambos, de certa forma, estão em mim", diz Gaarder. O autor norueguês estará hoje, às 19h, na Bienal do Livro. Também falará com o público na segunda, às 13h. Leia trechos da entrevista que concedeu à Folha antes de embarcar para o Brasil.

Folha - Por que deu ao livro o mesmo título de uma pintura de René Magritte, "O Castelo nos Pirineus"?

Jostein Gaarder - Primeiro de tudo, eu amo essa pintura. A imagem [um asteroide gigantesco com a imagem de um castelo no topo] é um ícone do mistério do universo. Acho que combina bem com a história do livro.

No livro, o homem é mais cético que a mulher. Com qual dos dois o sr. se parece mais?

Eu acho que estou mais próximo do homem. Porém, ao criar a personagem feminina, me identifiquei fortemente com ela. Quanto mais escrevia, mais ouvia a voz dela. No fim, acho que a história começou num tipo de diálogo que fala de mim mesmo. Acho que os dois estão na minha cabeça.

É possível chegar a uma síntese entre ciência e religião?

Acho que sim. Mesmo com toda a ciência, há ainda muito mistério. O que é o cérebro humano? O universo existe por uma coincidência? Não temos a resposta.

Em geral seus personagens são jovens, mas desta vez estão na faixa dos 50 anos. Foi diferente escrever o livro?

Desta vez, eu escrevi sobre um homem e uma mulher mais próximos da minha idade. Eu tenho 58 anos. Então foi fácil escrever a história porque pude relatar muitas experiências que vivi. Escrevi muito sobre jovens, mas agora talvez escreva mais sobre gente da minha vida.

Por que acha que "O Mundo de Sofia", em que trilha a história da filosofia ocidental, fez tanto sucesso?

Muitas pessoas têm interesse pela filosofia, mas pensam que ela é muito difícil. Tentei fazer um bom entretenimento que também fosse um investimento no aprendizado. As pessoas têm muita necessidade de filosofia.

Por quê?

Na verdade, nós nascemos curiosos, nascemos filósofos. E, quando crescemos, todos aprendemos a fazer perguntas. Nisso os adultos têm muito o que aprender com a mente curiosa dos jovens. Os adultos acabam se acostumando com o mundo e ficam acomodados, enquanto as crianças são sempre muito questionadoras.

21ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO
QUANDO das 10h às 22h; até o dia 22 de agosto
ONDE Pavilhão de Exposições do Anhembi (av. Olavo Fontoura, 1.209, tel. 0/xx/11/3060-5000)
QUANTO R$ 10
CLASSIFICAÇÃO livre

"Tenho orgulho de ser branco, por que isso é errado?'

DE WASHINGTON

"Pode me chamar de neonazista", disse à Folha Charles Wilson, porta-voz do partido Movimento Nacional Socialista. Em entrevista por telefone do Kansas, Wilson defendeu a associação com os racistas da Ku Klux Klan e disse querer enviar todos os negros e latinos "de volta a seus países".

Folha - Por que o sr. acha que os brancos têm menos direitos?

Charles Wilson - Podemos dizer "poder negro", "poder latino", mas se você disser "poder branco", cai todo mundo em cima.
Há inúmeras universidades nos EUA só para negros, mas tente fazer uma universidade só para brancos.

É por isso que defendem abertamente o racismo?

Claro. Somos segregacionistas. Eu tenho orgulho de ser branco, por que isso é errado? Estou falando da minha herança, e consideram isso um crime de ódio.
Nossos pais fundadores eram brancos. Então vou lutar, marchar e fazer o que for preciso para recuperar o controle do meu país.

Qual a sua posição quanto aos imigrantes?

Ilegais têm de ser presos e deportados. Todos eles.

Mas e quanto aos latinos legais? E negros, asiáticos e os outros não brancos?

A "nação americana" deveria ter cidadãos apenas de puro sangue branco. O resto tem de ser devolvido a seus países. Latinos deveriam ser mandados de volta à América Latina e negros, para a África.

Como é a relação de vocês com a Ku Klux Klan?

Nós nos apoiamos. Os negros não conseguiram nada até que se uniram e marcharam em Washington. Queremos fazer o mesmo, nos unir por nossos direitos.

quarta-feira, agosto 04, 2010

De biquíni, Lia Khey é capa de revista sobre malhação


À 'Corpo a corpo', ela revela que seu foco é o bumbum e as pernas no treino.

Do EGO, em São Paulo
Lia Khey, que foi Garota Fitness antes de entrar no "Big Brother Brasil", mostra o corpo malhado na revista "Corpo a corpo" deste mês. Na edição, ela revela que o foco de seu treino é no bumbum e nas pernas.

Vargas Llosa rechaza ser ministro de Cultura

El escritor peruano Mario Vargas Llosa habría rechazado la oferta del Presidente de su país, Alan García, quien le proponía convertirlo en el nuevo ministro de Cultura de Perú.

Así lo anunció el diario El Comercio, donde añade que si bien Vargas Llosa se sintió halagado por la propuesta, debe cumplir compromisos previos con la Universidad de Princeton en septiembre.

El Ministerio de Cultura de Perú existe desde fines de julio, cuando García promulgó la ley que lo crea. Hasta el momento no ha asignado a la persona que llevará el cargo de ministro.

A fines de julio, García promulgó la ley de creación del Ministerio de Cultura, que será la décimoseptima cartera en su gabinete, pero aún no designa titular.

Otros candidatos a ocupar el cargo son, según especulaciones de la prensa, el ex embajador en Washington Felipe Ortiz de Zevallos, la parlamentaria y lingüista Martha Hildebrandt, los arqueólogos Luis Lumbreras y Walter Alva, la actriz y ex parlamentaria Elvira de la Puente, el escultor Víctor Delfín y la directora del Museo de Arte de Lima, Patricia Majluf.

terça-feira, agosto 03, 2010

Porta voz do Comitê Internacional contra Apedrejamento envia carta aberta a Lula

A iraniana Mina Ahadi, porta voz do Comitê Internacional contra a Execução e do Comitê Internacional contra o Apedrejamento, escreveu uma carta aberta ao presidente Lula. Nela, agradece a oferta de asilo feita pelo Brasil a Sakine Ashtiani, iraniana acusada de adultério e por isso condenada à morte pelo método bárbaro do apedrejamento, mas pede ao presidente que, acima de tudo, deixe de prestar apoio ao regime dos aiatolás. Lula tem feito reiteradas declarações em favor do governo iraniano. Nesta terça-feira, em reunião do Mercosul em San Juan, na Argentina, Lula voltou a criticar o Conselho de Segurança da ONU por impor sanções àquele país. "O Irã é um país com um regime criminoso e brutal", diz Mina. "Um governo que apedreja e executa, que prende pessoas todos os dias e corta suas mãos e pés.” Abaixo, a íntegra do texto endereçado ao presidente Lula:

Carta aberta ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva

Um regime que apedreja não deveria ser reconhecido

Caro presidente Lula da Silva,

Sua oferta de conceder asilo no Brasil a Sakine Ashtiani, sentenciada à morte por adultério, é um passo importante para salvá-la, assim como a seus filhos. Espero que, com os esforços internacionais e com as ações de milhares de pessoas, nós possamos salvar Sakine. Que ela e seus filhos se abracem novamente em breve.

Enquanto escrevo esta carta, vejo à minha frente o rosto de Maryam Ayoubi, que foi apedrejada até a morte em 2001. Vejo os rostos de Shahnaz, Shahla, Kobra e dezenas de outras mulheres que foram enterradas até o peito e mortas por pedras arremessadas contra elas. Eu ainda vejo tudo isso diante dos meus olhos. As vozes das crianças que me ligaram para dizer: “Nossa mãe foi apedrejada até a morte” – ainda consigo ouvi-las. Esse é o regime islâmico. Os governantes do Irã não sobreviveriam um dia sem execuções e terror, sem espalhar o medo. Mesmo que o regime islâmico tenha retrocedido um pouco por conta da pressão em favor de Sakine, ele ainda espalha o medo na sociedade executando outros prisioneiros, especialmente os políticos.

Hoje, dia 2 de agosto, nove prisioneiros foram sentenciados à morte em Kerman. Em Teerã, seis prisioneiros políticos foram sentenciados à morte, entre eles Jafar Kazemi, que pode ser executado a qualquer momento. Zeynab Jalalian, um outro prisioneiro político, também corre o risco de ser morto em breve. Há mais pessoas na lista de execução: Mohammad Reza Haddadi foi setenciado à morte enquanto era menor; acaba de completar 18 anos e pode ser executado a qualquer momento. Há mais de 130 menores na prisão, com penas semelhantes. O regime islâmico é o único do mundo que executa menores.

Presidente Lula da Silva, hoje há 17 famílias de prisioneiros políticos em greve de fome na frente da prisão de Evin, em Teerã. Elas prestam solidariedade à greve de fome que seus filhos começaram lá dentro, dias atrás. Esse é um protesto contra a brutalidade das autoridades carcerárias com os presos políticos. O destino de três jovens alpinistas americanos e as lágrimas de suas mães também entristeceram a população. Esse regime prendeu parentes do senhor Mostafaei, o advogado de Sakine Ashtiani, e os levou como reféns até que ele se entregue.

Presidente Lula da Silva, o Irã é um país com um regime criminoso e brutal. É um regime assassino que deve ser condenado por todas as pessoas e governos. Permita-me, como uma representante do povo oprimido do Irã, dizer que não quero apenas salvar Sakine e abolir o apedrejamento, mas também pedir a todos os líderes nacionais que não reconheçam o regime islâmico como representante dos iranianos, mas sim como o assassino desse povo.

Esse é um regime que apedreja e executa, que prende pessoas todos os dias e corta suas mãos e pés. Nenhum outro governo do mundo realiza tantas execuções per capita quanto ele. Tal regime não deveria ser reconhecido por organizações internacionais ou chefes de estado.

Cordialmente.
Mina Ahadi
Porta voz do Comitê Internacional contra a Execução e do Comitê Internacional contra o Apedrejamento

segunda-feira, agosto 02, 2010

Filha de ator começa carreira em filme pornô

O ator Laurence Fishburne, conhecido por seu trabalho em filmes como os da trilogia "Matrix" e na série de TV "CSI", recebeu uma notícia: sua filha Montana Fishburne, de 19 anos, planeja também ser atriz, e para chegar lá decidiu começar estrelando uma fita pornô.

Segundo o jornal "Daily News", Montana pretende usar uma fita de sexo estrelada por ela para se lançar na indústria de Hollywood. Ainda de acordo com a publicação, a empresa Vivid Entertainment, que é especializada no gênero e lançou a sex tape da socialite e estrela de reality shows Kim Kardashian, deve colocar o filme no mercado no dia 18 de agosto.

"Espero que a mágica funcione para mim também", declarou a atriz. "Estou ansiosa para me tornar mais conhecida e ter mais oportunidades e isso parece um ótimo caminho de começar." Vale lembrar que Paris Hilton e a própria Kim Kardashian ganharam os holofotes de vez depois que 'sex tapes' estreladas por ela "foram parar" na internet.

O parceiro de Montana no set, Brian Pumper, elogiou a performance da novata: "A cena foi divertida e muito sexy. Ela atuou muito bem". Já o pai famoso ainda não comentou o caso...

domingo, agosto 01, 2010

No Irã, a literatura contra a mão que apedreja

Se a vivência de um escritor serve de substância à sua obra, a da iraniana Azar Nafisi, 54, não para aí. Ela oferece – ou requer – algo mais. Pede uma posição política. E Azar não tem se furtado. Testemunha nada silenciosa dos acontecimentos operados pelo regime islâmico em seu país, retratados em obras como Lendo Lolita em Teerã: uma Memória em Livros (2003), a escritora, que se recusava a usar burca no Irã e hoje trabalha em uma universidade americana, publicou no último dia 25 um artigo contra o apedrejamento de Sakineh Mohammadi Ashtiani – a quem Lula prometeu oferecer asilo político neste sábado, 31.

Condenada à morte por, de acordo com as leis iranianas, ter cometido adultério – ela teria tido relações “ilícitas” com dois homens, coisa que nega – Sakineh tem sido causa de uma campanha internacional. A ação conta com a participação de Azar, que colabora para um site que já recebeu 114.000 assinaturas contra a execução e quer não apenas salvar Sakineh, mas questionar todo o tratamento concedido à mulher no Irã.

No artigo sobre Sakineh, publicado pelo jornal americano The Huffington Post, a escritora lembra o caso de outra mulher vítima das autoridades islâmicas iranianas. Neda Agha Soltan foi morta aos 27 anos, com um tiro no peito, enquanto protestava contra a fraude nas eleições presidenciais que reelegeram Mahmoud Ahmadinejad em junho de 2009. Ao contrário do que dizem os defensores do regime de Ahmadinejad, escreve Azar, Neda não estava pedindo que seu país adotasse padrões democráticos do Ocidente, e sim de seu próprio acervo.“Neda procurou um modelo não no Ocidente, mas no passado de seu país, no tempo da sua mãe, avó, bisavó, das mulheres que lutaram por seus direitos, de um Irã aberto e democrático, como foi a partir de meados do século XIX, mulheres que ajudaram a implantar a Revolução Cultural no começo do século XX, a primeira do tipo na Ásia.”

Um modelo que, vai concluir Azar ao final de seu artigo, não tem limites geográficos: ele é humano, como atesta a reação de pessoas de todo o mundo aos fatos ocorridos no Irã. “A reação das pessoas parte de uma empatia profunda, da percepção de que, não importa quão diferentes somos, nós, como seres humanos, compartilhamos o melhor e o pior, que quando nós imaginamos a condição de Sakineh ou ouvimos os apelos das suas corajosas crianças, nossos corações se partem, porque naquele momento não estamos pensando de modo político, nacional, religioso ou étnico. Tolerar tais atos brutais é se diminuir como ser humano.”

A própria diferença entre a jovem Neda, estudada e moderna, e Sakineh, de uma geração anterior, mais tradicional, é um indício de que as leis iranianas ferem a todos, sem distinção – exceto, é claro, aos que se submetem aos radicalismos do regime de Ahmadinejad. Hoje, há 12 mulheres e três homens condenados à morte por apedrejamento no Irã. Mas parece que, no que depender de Azar Nafisi, muito vai ser discutido antes que se atire a primeira pedra.
A discussão deve ter continuidade já na próxima sexta-feira, quando Azar participa, ao lado do israelense A. B. Yehoshua, da mesa “Promessas de um Velho Mundo”, na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).