quinta-feira, novembro 17, 2011

Com cenas rodadas no Brasil, "Amanhecer - Parte 1" ainda se ressente da pobreza dos livros de Stephenie Meyer

ALESSANDRO GIANNINI
Editor de UOL Entretenimento

Com cenas rodadas no Brasil durante dez dias no Rio de Janeiro e em Paraty, "A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1" chega nesta sexta (18) aos cinemas de vários países para dar inicio ao epílogo da série de filmes inspirados nos livros escritos por Stephenie Meyer.

Fenômeno de público, "A Saga Crepúsculo" não prima pela excelência cinematográfica. Dirigidos por Catherine Hardwick ("Crepúsculo"), Chris Weitz ("Lua Nova") e David Slade ("Eclipse"), os três primeiros filmes são pobres do ponto de vista formal, apoiados em uma gramática visual capenga, com efeitos primários e sem muita criatividade para contornar a pobreza da matéria prima.

A contratação de Bill Condon ("Deuses e Monstros", "Dreamgirls") para dirigir os dois segmentos finais da história foi uma tentativa de dar mais consistência aos filmes. Cineasta experiente, Condon colocou ordem na casa - a primeira parte do fim está acima das realizações anteriores. Ainda assim, o grande obstáculo continua sendo a origem de tudo: os livros de madame Meyer.

"Amanhecer - Parte 1" mostra o resultado da escolha de Bella Swan (Kristen Stewart) entre Edward Cullen (Robert Pattinson) e Jacob Black (Taylor Lautner). Os principais momentos do filme, o casamento e a lua-de-mel no Brasil, com quase 20 minutos de imagens rodadas no país, mostram a consumação do amor da jovem protagonista e as conseqüências da miscigenação entre uma humana e um vampiro. Sem falar nos efeitos colaterais que abalam a trégua entre vampiros e a matilha de lobisomens.

A gravidez de Bella e a recusa do casal em transformá-la em vampira surge como um grande problema, que conta com a cumplicidade do reticente Jacob, dividido entre o amor não correspondido e a lealdade à matilha, para resolver o nó. Esse é o gancho para o grande final esperado e antecipado pelos fãs.

Não se pode condenar o trio de atores principais e o numeroso elenco secundário por suas atuações. A maior parte deles faz o que pode para dar alguma consistência aos personagens, especialmente os vampiros que carregam a tosca maquiagem branca que os torna pálidos.

A metáfora proposta pela saga idealizada por Meyer, uma escritora de crença mórmon, é a manutenção do amor romântico, a abstinência sexual (antes do casamento) e os valores da família. O romantismo é apenas pano de fundo para disseminar entre os jovens a crença - conservadora - de que estamos vivendo um período de liberdades extremas e muita irresponsabilidade. Essa sim uma herança maligna deixada por quase dez anos de conservadorismo tacanho sob a América de Bush Jr.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Sem tarjas, ala Iziane esbanja sinceridade e abre o jogo em entrevista exclusiva

16.11.2011 - 0:04


Aos 29 anos (“tô velhinha, né”), Iziane está de volta a São Luís. Empolgada por jogar na sua cidade natal a segunda edição da Liga de Basquete Feminino (as maranhenses começam no dia 5 de janeiro contra Americana, em casa), ela conversou com o Bala na Cesta na segunda-feira por telefone esbanjando sinceridade e bom humor. No longo papo, contou tudo e não se recusou e responder a nenhuma pergunta. Falou das delícias da culinária local (arroz de cuxá, torta de camarão e torta de carangueijo), de seu temperamento, da polêmica decisão de Ênio Vecchi de não colocá-la para jogar no segundo tempo do jogo contra Porto Rico no Pan-Americano e, claro, de suas atitudes pra lá de contestadas.

BALA NA CESTA: Como está sendo essa volta para a sua cidade, São Luís, do Maranhão, e quais são as expectativas para a Liga de Basquete Feminino?
IZIANE: Está sendo bem legal, bem legal mesmo. Voltar para casa, para o carinho da família e das pessoas que eu conheço está sendo muito bacana. O melhor de tudo é tentar reerguer não só o basquete do meu Estado, mas sim o esporte do Maranhão, que sofre muito com a falta de investimento. Precisamos dar uma revigorada nisso tudo aqui, e é bem bonito ver que todos estão empolgados com a possibilidade de ter um time na elite Nacional depois de tanto tempo. É uma pena que a organização da Liga ainda não seja a ideal. Foi muito ruim para a gente, pois prejudica demais na montagem do elenco, mas faz parte da organização do basquete brasileiro, né.

BNC: Você está voltando a jogar com o Betinho, que foi seu primeiro técnico mas que também sofre com a falta de experiência em âmbito nacional e adulto. Como será este relacionamento, e como vocês têm lidado neste começo de temporada?
IZIANE: Temos conversado bastante, e estou ajudando na montagem do time também (já fecharam com a equipe a mexicana Brisa Rodrigues, a veterana Cintia Tuiú e a norte-americana Crystal Kelly, além das locais Renata e Raiane). Tenho informações, joguei muito tempo fora, e acabo ajudando no que é preciso. Não dá pra eu chegar no time da minha cidade, do meu bairro e quererem que eu apenas “jogue”. Eu amo isso aqui, e quero auxiliar no que for preciso. O Betinho é uma pessoa muito humilde, que sabe escutar, e acho que esta será a nossa maior fortaleza por aqui. Ele sempre me pergunta, sempre me consulta, e isso está sendo muito legal. A equipe está sendo montada e vamos vir fortes na LBF. Não vim aqui só pra jogar, não. Queremos chegar longe.

BNC: Você jogou muito tempo fora e sabe como um time pode ajudar no entorno de sua comunidade. Há alguma coisa sendo pensada neste sentido aí pro Maranhão?
IZIANE: Sim, há sim, e é até bom falar sobre isso. O lugar do mundo que melhor aproveita o fato de estar ao lado da comunidade é a WNBA, e quero fazer, com o orçamento que tenho aqui, parecido no Maranhão. Vamos levar o time para os bairros carentes, para as favelas, e faremos eventos sociais também. Cara, eu sou de um bairro pobre de São Luís (Liberdade), e sei bem como as coisas funcionam. No que o esporte puder ajudar, nós vamos ajudar a tentar tirar as crianças do caminho ruim, da ociosidade.

BNC: Mudando de assunto agora, queria que você falasse sobre seleção brasileira. Você não jogou o Pré-Olímpico, e a Hortência disse que há um projeto para que o time treine para as Olimpíadas no período em que você e Érika estariam na WNBA. Isso passa pela sua cabeça?
IZIANE: Vamos por partes. Sobre a não ida para o Pré-Olímpico, isso já tinha sido alinhado com a Hortência e com a Confederação. Não foi surpresa pra ninguém, e eu não poderia abandonar meu time naquele momento de playoff. A seleção poderia convocar outra menina, mas o Atlanta Dream não tinha a chance de contratar outra para o meu lugar, entende? Sou profissional e meu time dependia de mim. Sobre a possibilidade de ficar com a seleção em 2012, vamos lá: sou uma agente-livre na WNBA, e até o começo do próximo ano eu não posso negociar com franquia alguma. Se houver um projeto da CBB que remunere as atletas, eu penso e analiso. Caso não exista, eu volto pra lá e me apresento para as Olimpíadas depois que acabar o campeonato. Não posso abrir mão de salário ainda, de verdade, mas torço para o projeto que a Hortência fala dar certo.

BNC: Neste ano você jogou o Pan-Americano, que não terminou bem para a seleção feminina. Vocês perderam para Porto Rico naquele jogo estranhíssimo. Já chegou a rever aquela partida? O que aconteceu?
IZIANE: Não preciso rever porque assisti igual a você, né (risos). Jogamos muito mal, nada deu certo e perdemos. Foi o que aconteceu. O que até hoje eu não consigo compreender são os motivos de eu ter jogado apenas 13 minutos na partida. Não achei coerente da parte da comissão técnica. Cada um tem uma maneira de pensar, e eu também acho que cada menina tem um peso na seleção. Não sou a décima-segunda jogadora daquele time, mas aceitei a decisão. Ficou um pouco estranho pra mim, mas como não tenho abertura com o Ênio (Vecchi, técnico da equipe) preferi ficar calada para não haver atrito. Tenho um passado (risos). De verdade, e sem querer polêmica, eu só acho que poderiam falar comigo para me explicar o motivo daquela decisão. Sei das minhas qualidades, do meu peso atualmente na seleção brasileira, em como poderia contribuir, e não consigo compreender o fato de eu não ter jogado o segundo tempo daquela semifinal. Poderia ter ajudado.

BNC: Mas, Iziane, isso que não entendo. Você era a titular do Atlanta Dream e foi barrada pela sua técnica, a Marynell Meadors. Ela chegou a conversar com você sobre isso? É normal técnico explicar uma determinada atitude para jogador?
IZIANE: Fábio, não sei se é normal ou não, mas comigo sempre falaram sobre as mudanças porque eu também sempre perguntei. Acho que atleta se posiciona muito pouco, e eu sempre procurei perguntar, saber o motivo das coisas. No caso do Atlanta, o time estava mal e a Meadors viu que o time precisava de algo diferente para voltar a vencer. Veio, conversou comigo, me mostrou os motivos e disse que teria nova chance. Foi o que aconteceu nos playoffs, e sempre fui muito tranqüila em relação a isso. Acho que não custa vir e falar: “Olha, Iziane, fiz isso, isso e isso por estes motivos”. Na WNBA é muito comum isso, e faz as atletas se sentirem bem. Mas não há problema algum com o Ênio ou com a seleção para 2012.

BNC: Você falou que tem um passado, e queria saber se você também considera que tem um gênio difícil?
IZIANE: Tenho, tenho. Não há como negar. Sou arretada mesmo. É de família. Somos descendentes de índios, mas uma coisa é preciso deixar claro: eu falo o que penso, falo o que sinto e falo a verdade. Eu não minto nunca. Tinha uma personagem de novela que falava isso, né (risos)? Acho que o nome era Isabela. Sou sincera e acho que preciso me posicionar. Pensa comigo? Sou mulher, nordestina, do segundo estado com o pior IDH do país, de um bairro pobre, de família humilde e atleta de uma modalidade sem muito apoio. Se eu não tivesse insistido, confiado muito em mim, será que teria atingido tudo o que consegui na carreira? Sei das minhas qualidades, dos meus defeitos, mas acho que meu caráter e minha perseverança me fizeram chegar onde cheguei. Não foi muito fácil, não, e tinha muita chance de dar errado.

BNC: Você se arrepende de alguma coisa?
IZIANE: Sim, me arrependo, sim. Acho que a gente tem que escolher as nossas lutas, e algumas vezes eu poderia ter escolhido melhor. Faz parte, né. Ninguém faz tudo certo na vida.

BNC: Você fala em relação ao seu inesquecível caso da recusa em voltar a um jogo da seleção brasileira em 2008, no Pré-Olímpico de 2008, quando o técnico Paulo Bassul pediu?
IZIANE: Me arrependo daquilo, sim. Escolhi lutar pela seleção brasileira e achei que poderia contribuir mais naquele momento. Mas não foi a decisão do técnico, paciência. Me arrependo da atitude de me recusar a entrar em quadra, mas ela foi tomada de cabeça quente. Hoje, mais madura, eu vejo que não fiz a coisa certa. Agora, eu sempre defendi a seleção brasileira por amor, por paixão. Amo estar ali, e tem vezes que a gente erra. Atualmente, com a maturidade que tenho, eu não teria feito, não.

BNC: Você falou sobre se posicionar. Não é muito comum que atleta levante a voz para dizer o que pensa, certo? Não chegou a hora de mudar isso?
IZIANE: Ah, sim, chegou a hora, sim. Concordo com você. Não só no basquete feminino, não, mas na sociedade de modo geral. Se a gente quer melhorar, precisa correr risco, precisa levantar a voz, precisa entender melhor o sistema para mudá-lo. Por isso que a Hortência é a minha deusa, a minha inspiração. Desde que ela entrou na Confederação tudo mudou, e mudou pra melhor. Ela luta pela gente, quer sempre o nosso melhor. Isso é muito bacana.

BNC: Iziane, você está falando que nem político. Pensa em um dia se candidatar a algo?
IZIANE: Já pensei nisso. Tenho muita ligação com minha cidade, com meu Estado, e acho que posso ajudar de alguma forma. Não sei se como política, mas no lado social com certeza. Tenho um projeto esportivo aqui, e não consigo ver menina grávida com dez, 11 anos, jovens usando drogas, essas coisas ruins. Isso me deprime, de verdade. Se não fosse o basquete, sabe lá o que teria sido da minha vida. Quero ajudar de alguma forma, e acho que a volta de um time do Maranhão à elite do esporte brasileiro vai ajudar muito. Todo mundo está me perguntando sobre a LBF na rua, e não vejo a hora de começar a jogar.

terça-feira, novembro 15, 2011

Red Bull admite que Vettel só fica enquanto tiver carro vencedor

15/11/2011 - 09h26
Do UOL Esporte
Em São Paulo

Mais do que garantias e benefícios previstos em contrato, o que segura Sebastian Vettel na Red Bull é a qualidade do carro e a possibilidade de lutar por vitórias. Essa é a análise do próprio consultor da equipe, Helmut Marko.

"A base para que Vettel fique com a gente é apresentar um carro vencedor para ele. Não podemos oferecer um passado glorioso nas corridas. Sebastian vai pilotar onde tiver o melhor pacote possível, que crie a maior possibilidade de vitórias”, explicou Marko à revista Autosport.

“Não priorizamos contratos longos ou garantias de trabalho. Só vamos olhar para isso quando for necessário”, destacou o consultor. Vettel tem contrato com a Red Bull até 2014. Ele está na equipe desde 2009, período em que foi o bicampeão mais jovem da história e somou 20 vitórias.

Tudo isso deixa o consultor da equipe confiante na permanência do alemão. “Posso assegurar que estamos em uma posição forte. Quem, exceto a Ferrari, tem contratos de motor para além de 2014?”, questionou Marko, ressaltando a importância da estabilidade.

“Pessoas em todas as posições chave têm contrato pelo menos até 2014. Confiamos na continuidade, mas temos que evitar o comodismo. Vamos seguir investindo na nossa equipe técnica”, avisou o consultor da Red Bull.

Cerca de um mês antes de renovar seu contrato com a Red Bull até 2014, Vettel revelou que tem como sonho “pilotar em Maranello”, referindo-se à Ferrari.

sábado, novembro 12, 2011

Herói da Copa de 62, Amarildo enfrenta câncer na garganta com otimismo

12/11/2011 - 06h00
Bruno Freitas
Em São Paulo

Aos 72 anos, o ex-atacante Amarildo soube há dois meses que estava com câncer na garganta. Hoje, depois de enfrentar duas sessões de quimioterapia, o herói brasileiro da Copa de 1962 olha para seu desafio de saúde com otimismo. Conhecido por entrar no time brasileiro no Mundial do Chile como substituto de Pelé, lesionado, o jogador até fala com entusiasmo sobre o futuro, animado com a função de embaixador das categorias de base do Botafogo.

"Está tudo sob controle. Estou me sentindo bem, graças a Deus. São coisas que a gente tem que passar. Estou vendo isso com tranquilidade", disse Amarildo à reportagem do UOL Esporte.

Amarildo está passando por tratamento no Rio de Janeiro, perto de seus familiares. "Ele está animado. A princípio a pessoa leva um choque, mas ele está tendo todo o apoio nosso, da esposa também", afirma a irmã do ex-atacante, dona Maria do Carmo Silveira de Souza.

Durante o tratamento do câncer na garganta, Amarildo tem mantido contato com parte da turma de 1962, além de alguns companheiros do Botafogo. "Tenho falado com o Zagallo, estou sempre falando com o Britto, com o Jairzinho. De vez em quando falo com o pessoal de São Paulo também, com o Zito, Mengálvio, Coutinho, toda a velha guarda", relata.

Paralelamente ao tratamento de saúde, o ex-atacante tem se mantido ligado ao futebol. Amarildo diz que Leandro Damião tem muito a evoluir como centroavante da seleção brasileira e entende que Neymar fez a opção correta ao escolher passar os próximos anos no futebol nacional.

Nascido em Campos dos Goytacazes em 29 de julho de 1939, Amarildo vestiu as camisas de Flamengo e Vasco. No entanto, foi com o branco e preto do Botafogo que viveu seus melhores momentos no futebol brasileiro, no timaço de Garrincha, Didi, Nilton Santos e companhia. Na Itália, onde viveu por algumas décadas, o ex-atacante conhecido nos gramados como "O Possesso" defendeu Milan, Fiorentina e Roma.

Mas o instante mais célebre da carreira de Amarildo aconteceu mesmo no Chile, durante a Copa de 1962. O então jogador do Botafogo foi o escolhido pelo técnico Aymoré Moreira para substituir Pelé, machucado ainda na primeira fase. No entanto, o ex-atacante transformou o que poderia ser uma "roubada" , jogando na vaga do Rei, em uma missão cumprida com louvor.

O botafoguense foi fundamental na dramática vitória de virada por 2 a 1 sobre a Espanha no último jogo da primeira fase, tido como o mais complicado do Brasil naquele Mundial, com dois gols marcados. Amarildo voltaria a balançar as redes mais uma vez, no primeiro gol do triunfo por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia na final em Santiago.

sexta-feira, novembro 11, 2011

Religiões usam técnicas de marketing para atrair fiéis

LA VANGUARDIA

María Paz López

O apóstolo são Paulo atuou como um sagaz estrategista de marketing quando, no alvorecer da Igreja cristã, decidiu não obrigar os convertidos à nova fé a seguir as normas da lei mosaica, como a circuncisão para os homens e a proibição de certos alimentos. É o que diz Mario Ferrero, especialista em economia política da Universidade de Piemonte Oriental (Itália). "Com essa decisão, Paulo aplicou um modelo econômico; reduzir o custo de se tornar cristão", declara.

Interpretar o fenômeno religioso em chave econômica - assim como reler desse modo a história do cristianismo - está abrindo caminho entre os especialistas como outro modo de esclarecer o que move as pessoas a crer em Deus e a buscar a plenitude espiritual. Essa perspectiva, que instiga defensores e adversários, concentrou o simpósio Religiões como marcas - A marquetização da religião e a espiritualidade, realizado recentemente na Universidade de Lausanne (Suíça).

Depois de séculos em que o estudo das religiões esteve quase só nas mãos de teólogos e historiadores, aos quais se somaram sociólogos, psicólogos e cientistas políticos, o ponto de partida economicista parece transgressor: as religiões podem ser vistas como empresas provedoras de serviços, os fiéis ser tratados como clientes ou consumidores e a liturgia transformar-se em produto? Os defensores desse tipo de análise costumam afirmar que a concorrência entre credos para atrair fiéis enriquece o mercado religioso.

Quem utiliza o marketing não são as religiões e sua mensagem em si, é claro, mas as instituições que as articulam, que às vezes se postulam - talvez não de propósito - como marcas publicitárias. Alexander Moutchnik, professor de gestão de comunicação da Mediadesign Hochschule em Munique (Alemanha), detectou que paróquias, mesquitas, sinagogas e templos de vários credos solicitam cada vez mais os certificados ISO, que acreditam sistemas de gestão de qualidade padronizados. "As instituições religiosas que solicitam esses certificados pensam em termos de marketing", diz Moutchnik. "Querem demonstrar que têmpadrões de gestão e inclusive exibem o diploma em painéis externos, para que os fiéis os vejam."

Linguagem empresarial e transparência informativa podem se transformar em distintivos de marca. Exemplo: a catedral católica da Imaculada Conceição em Syracuse, estado de Nova York, encabeça sua página na web com uma declaração de missão semelhante à de uma empresa, e tem publicado no YouTube seu relatório de renda e gastos de 2010, que começa com a seguinte frase: "Como bons administradores, pretendemos manter uma estreita vigilância sobre nossos ativos e monitorá-los cuidadosamente". Essa retórica busca conquistar credibilidade empresarial.

Moutchnik considera que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o maciço encontro trienal da juventude católica com a participação do papa - cuja última edição se realizou em agosto passado em Madri -, se transformou em uma excelente marca religiosa.

"Se a religião é vista como provedora de diversos serviços religiosos e é reconhecida como produto, sua mercantilização se transforma em algo natural, óbvio", acrescenta Jean-Claude Usunier, especialista em marketing da Universidade de Lausanne. Os produtos, sejam bens ou serviços, estão tipificados na Classificação Central de Produtos (CPC na sigla em inglês), que usa como base a OMC (Organização Mundial do Comércio).

Nessa CPC figura uma categoria (a 9591) dedicada a "serviços religiosos", com subcategorias como: serviços religiosos batismais, serviços religiosos matrimoniais, retiros espirituais organizados por ordens religiosas, serviços religiosos fúnebres. Esse quadro reflete a realidade social e, segundo Usunier, ilustra que ocorre "uma abertura de mercados religiosos em todo o mundo" e "uma crescente aplicação de ferramentas de marketing à religião e aos serviços religiosos".

Sentir-se provedor de serviços influi no conceito da instituição. "As igrejas podem ser entendidas como organizações e corporações, baseadas nas mesmas precondições e estratégias de marketing que as empresas comerciais", diz Peter Seele, doutor em economia e filosofia e professor da Universidade de Lugano (Suíça). Essas estratégias tornam-se mais agressivas quando se trata de grupos religiosos que querem competir com as religiões históricas.

Assim, por exemplo, utilizam a linguagem multimídia não só para veicular a mensagem como para enriquecer o ritual, como ocorre com a chamada igreja eletrônica. Em um recente estudo sobre novíssimas confissões evangélicas que se implantaram na Suíça, o pastor Leo Bigger, da ICF (International Christian Fellowship) de Zurique, o colocou assim: "Para nós, as cerimônias religiosas são festas com todos os modernos elementos criativos".

"Como a mensagem, isto é, o produto é quase idêntico em todas essas novas igrejas, todas de inspiração cristã, as considerações de marketing acabam situando-se em primeiro plano", alerta Mirjam Schallberger, especialista em pedagogia religiosa da Universidade de Saint Gallen (Suíça). Segundo o estudo citado, só entre 2% e 4% da população suíça vão a alguma dessas novas igrejas, e muitos o fazem simultaneamente com sua paróquia protestante, sem que isso represente um conflito.

Para outros autores, embora a economia como atividade humana também toque o âmbito religioso, a aplicação de modelos econômicos à análise da religião é outra coisa. Steve Bruce, sociólogo da Universidade de Aberdeen (Reino Unido), a questiona totalmente. Para começar, afirma que "o negócio principal é a salvação, mas não podemos testar a bondade do produto, e como saber qual religião é a verdadeira?". Na hora de optar pela melhor oferta, o raciocínio econômico também destoa; a suposta liberdade de escolher a religião em sociedades democráticas não é bem assim: "Somos realmente livres para escolher a religião? Os crentes de uma fé a adquirem ao nascer dentro dela, como adquirem a linguagem; e pressões psicológicas e sociais nos constrangem a não mudar de religião".

De fato, com a secularização na Europa é mais comum que a prática religiosa das pessoas diminua, ou que a abandonem sem sequer repudiar, a que se convertam a outra fé. Bruce alerta que ser fiel de uma religião não é a mesma coisa que comprar detergente, mas admite que na sociedade secularizada, quando a religião perde significado social, corre maior risco de ser equiparada a um produto que se escolhe entre a oferta de um supermercado.

"As igrejas europeias, tanto as protestantes e reformadas como a católica, operam em um mercado regulamentado, no qual ou são igrejas nacionais ou têmalgum reconhecimento jurídico do Estado; na realidade, não têmpor que competir entre si", argumenta Jochen Hirschle, sociólogo da Universidade de Innsbruck, Áustria. A verdadeira concorrência, segundo ele, ocorre entre a sociedade de consumo e a prática religiosa. "O tempo tem um custo", ele diz. "Ir à missa tira da pessoa um tempo que não pode dedicar a outra atividade. O consumo propõe uma alternativa social em forma de bares, restaurantes, academias, cinemas, teatros, parques, grandes lojas." Às atividades religiosas cabe concorrer com isso.

Igreja eletrônica

Nas novas igrejas evangélicas - entrem ou não na categoria de seitas -, a linguagem multimídia não é um complemento do ritual, mas está se transformando em um elemento próprio das crenças veiculadas, isto é, do produto que vendem, segundo diversos analistas. Dos EUA, estão chegando a toda parte.

Ecomesquitas

A inquietação religiosa pelo meio ambiente gera boa imagem. A Fundação Islâmica para Ecologia e Ciências Ambientais, com sede no Reino Unido, pergunta: "Sua mesquita é uma ecomesquita?", e dá critérios sobre o assunto. Mesquitas de Cingapura, Manchester e Abu Dhabi proclamam que os cumprem.

Jornada Mundial da Juventude (JMJ)

O encontro trienal dos jovens católicos atrai patrocinadores e apresenta a juventude como coletivo respeitoso com a cidade anfitriã - # na foto a de Madri - e com o meio ambiente. As JMJ afirmam gerar poucos resíduos e ser sustentáveis.


Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

terça-feira, novembro 08, 2011

Lenda do boxe, Frazier inspirou Rocky, esteve em Simpsons e foi até astro de games

Do UOL Esporte
Em São Paulo

Joe Frazier morreu na madrugada desta terça e encerrou uma história de muito sucesso esportivo. Campeão olímpico e mundial, protagonista de algumas maiores lutas do boxe e lenda dos ringues, ele também fez sucesso como pop star. Apesar de ter sofrido com problemas financeiros após a aposentadoria, ele inspirou o personagem Rocky, esteve entre os Simpsons e foi até astro de games de sucesso.

A importância de Frazier fora dos ringues se deve ao que ele fez sobre eles. O norte-americano foi campeão olímpico dos pesos-pesados em 1964, em Tóquio, e ganhou seu primeiro título mundial em 1970, contra Jimmy Ellis.

Seus grandes momentos, no entanto, foram contra Muhammad Ali. Ele quebrou a invencibilidade do rival em 1971 e só perdeu o cinturão dois anos depois, contra ninguém menos que George Foreman. Sua tentativa de retorno ao topo do mundo se deu de novo contra Ali.

Frazier encarou um dos maiores boxeadores da história em 1974 e perdeu. A rivalidade entre os dois aumentou. Ali chamava o adversário de “Uncle Tom”, gíria pejorativa usada para negros que supostamente se submetiam ao domínio dos brancos.

A decisão entre eles aconteceu nas Filipinas, em Manilla. O combate sangrento terminou com uma vitória apertada de Ali que depois viraria um documentário sobre a rivalidade entre os dois: “Thrilla in Manilla”. Depois disso, Frazier ainda perderia de novo para George Foreman e faria uma luta de despedida em 1981 contra Floyd Cummings.

Sua história, ou parte dela, foi parar no cinema. Frazier foi um dos vários boxeadores (como Rocky Graziano, George Foreman e o próprio Ali) que inspiraram Sylvester Stallone a criar o personagem Rocky, do filme homônimo que ganhou o Oscar de Melhor Filme em 1976.

segunda-feira, novembro 07, 2011

Teste: Mercedes SLS AMG Roadster é conversível de tirar o chapéu


04/11/2011 12:20 - Fotos: Divulgação

Por Bruno França Auto Press

Personalidade marcante é um atributo comum aos automóveis da Mercedes-Benz. E o novo SLS AMG Roadster – conversível – não foge à regra. Os mesmos atributos do modelo cupê estão lá, agora, mais atraentes graças ao inefável encanto da versão descapotável.

Uma das sensações no Salão de Frankfurt desse ano, o modelo já está à venda na Europa. Por lá, o carro chegou em outubro, com preço na faixa dos 195 mil euros, cerca de R$ 470 mil. No Brasil, onde já é vendida a versão cupê por 311 mil dólares, o equivalente a R$ 525 mil, o modelo Roadster só deve desembarcar em 2012.

Como concorrentes, o novo lançamento da marca da estrela de três pontas encontra pesos pesados. Entre eles, estão a recém-lançada Ferrari 458 Spider e Audi R8 Spyder, único dos três já disponível no mercado nacional. O representante das quatro argolas conta com motor 5.2 V10 de 525 cv e tem na etiqueta europeia o preço de 159.200 euros. No Brasil, é vendido a R$ 775 mil. Já o modelo de Maranello, o mais caro dos três, com seu teto retrátil rígido que leva 14 segundos para ser rebatido e o V8 4.5 de 570 cv, tem seu preço na casa dos 226 mil euros, cerca de R$ 534 mil. Porém no Brasil a variante "fechada" tem valor de R$ 1,6 milhão.

Se, na versão cupê, as tradicionais portas em formato de “asas de gaivota” são o charme da versão, no SLS AMG Roadster, a capota de tecido produzida em três camadas e com disponibilidade de três cores – preta, vermelha ou bege – também não deixa a desejar. Até fechada esbanja estilo. Sua abertura completa é realizada em apenas 11 segundos e pode ser feita em velocidade até 50 km/h.

Para manter o nível de eficácia do cupê, o carro recebeu mudanças em sua estrutura. O quadro ficou mais robusto e o painel frontal conta com elementos adicionais para a ligação à moldura do para-brisas e ao túnel central. O eixo traseiro também foi reforçado através de uma armação existente entre a capota e o tanque de combustível.

Já o interior, inspirado no design dos aviões, ganhou uma nova combinação de cores. Os dois tons de castanho dividem o gosto do consumidor com o preto e o branco. Na lista de itens de série, o novo SLS traz sistema de navegação, Parktronick, volante multifuncional AMG revestido em alcântara, keyless, rodas de liga leve de 19 polegadas na frente e 20 polegadas atrás e oito airbags.