domingo, agosto 25, 2013

DI RESTA E OS TUBARÕES

Paul di Resta é um simpático escocês de 27 anos. Ontem, na Bélgica, completou redondos 50 grandes prêmios. Como Pastor Maldonado o abalroou, tirando-o assim da ótima corrida que tocava, continuou com seus 109 pontos, suas 2.851 voltas ao longo da carreira e suas 4 voltas como líder.
Bons números para quem, guiando um dos carros da modestíssima Force India, não passa de um mero figurante na Fórmula 1. No entanto, no sábado, Di Resta ousou nadar entre os tubarões da categoria.
Em matéria de F-1, é na chuva que o talento aflora. Pilotos que costumam aparecer no grid de largada nas últimas posições de repente passam pelo Q1, têm um ótimo desempenho no Q2 e, pelo menos uma vez por ano, comemoram o surpreendente posicionamento na parte intermediária do pelotão.
Foi o que aconteceu em Spa anteontem. Giedo van de Garde (Caterham, 14º), Jules Bianchi (Marussia, 15º) e Max Chilton (idem, 16º) conseguiram a façanha de superar as ótimas Toro Rosso de Jean-Eric Vergne e Daniel Ricciardo. E o que comentar a respeito de Di Resta? No momento em que a segunda chuva desabou no circuito, ele foi o primeiro a fazer tempo, e sua marca permaneceu imbatível até os minutos finais do Q3, quando as condições da pista melhoraram e favoreceram o ataque dos tubarões: Hamilton, Webber, Rosberg e aquele que chegou em primeiro depois das 44 voltas da 11ª etapa do campeonato e nada com braçadas vigorosas rumo ao quarto título.
No esporte, um fenômeno substitui o outro com tanta facilidade e tamanha velocidade que números às vezes acabam importando apenas para os estudiosos de determinada modalidade. Não creio que interesse muito a Sebastian Vettel saber que, com a sua quinta vitória na temporada, alcançou a marca de 31 conquistas de Nigel Mansell. Caso receba a bandeira quadriculada em branco e preto no primeiro posto em Monza, daqui a duas semanas, vai empatar com Fernando Alonso em quarto com 32. Precisa continuar com esse mesmo ritmo no ano que vem para passar de Senna (41). Já vai ser mais complicado deixar para trás Alain Prost (51) e muito mais ainda Michael Schumacher, que se deu bem incríveis 91 vezes e tem nada menos que sete campeonatos no currículo. E, no meu entendimento, é “somente” o terceiro melhor piloto da história.
Ou seja, quando o assunto é Vettel, é mais interessante acompanhar como ele e a Red Bull conseguem manter, uma corrida após a outra, esse desempenho magnífic. O alemão deve comemorar seu tetra com duas ou três provas de antecedência. Isso tornaria a competição menos atraente, mas a classificação em pontos corridos é assim mesmo: determina que o melhor tem necessariamente de vencer.
Para não dizerem que não comentei: Felipe Massa enfim lembrou que é um piloto talentoso e pertence à mais tradicional equipe da Fórmula 1. Mas diferentemente de Di Resta, achou melhor não nadar com os tubarões (como Alonso, que obteve uma brilhante segunda colocação).
O brasileiro preferiu ficar na margem. Apenas assistindo.



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