Para quem não sabe, o título em questão é o verso inicial da música “Mente e corpo”, da banda Cheiro de Amor. A canção é mais velha do que andar para a frente, tanto quanto o grupo de axé music – que nem sei se ainda figura nas paradas de sucesso.
Pela idade, 32 anos, Felipe Massa muito deve tê-la ouvido, nos carnavais desta vida. E hoje, quando todos nos bastidores da Fórmula 1 debatem a respeito de sua permanência ou não na Ferrari em 2014, o verso abre-alas é bem apropriado.
Em muitos casos, na seara esportiva, números e estatísticas avaliam e definem um desempenho. Massa, por exemplo, está há 77 corridas sem erguer o troféu concedido ao vencedor. É o maior jejum de um ferrarista na história. Caso a situação não se modifique a partir do Grande Prêmio da Bélgica, domingo que vem, sua última vitória completará cinco anos. Ocorreu justamente no Brasil, em 2008.
Na ocasião, ele disputava com Lewis Hamilton o título mundial. Para ser campeão, precisava vencer e torcer para que o inglês ficasse abaixo do quinto lugar. Felipe fez sua parte. Só faltou combinar com Hamilton, que ultrapassou Timo Glock na penúltima curva do circuito de Interlagos e passou na quinta posição – o que lhe garantiu exatos 97 pontos, contra 98 do brasileiro. Essa corrida, aliás, ficou marcada pela imagem do pai de Felipe, Titônio, cuja expressão modificou-se em segundos da euforia pela vitória do filho à total incredulidade diante da conquista de Hamilton.
Desde então, Massa, de protagonista no grid, tornou-se um coadjuvante de luxo. De forma incontestável, Fernando Alonso alcançou logo o status de primeiro piloto da Ferrari. Como se não bastasse, o brasileiro por pouco não morreu na Hungria, atingido a 200 km/h por uma peça que se soltou da Brawn dirigida por Rubens Barrichello. É até aceitável a afirmação de que esse acidente quase fatal prejudicou as habilidades de Felipe ao volante, mas na minha avaliação esse prejuízo decorre de desmotivação propiciada pela perda do título de 2008. Quando pretendeu reagir, o caneco foi parar nas mãos de Jenson Button (2009) e nas de Sebastian Vettel, atual tricampeão.
Muitos boatos pipocaram durante o recesso da Fórmula 1. Boa parte deles referente a Felipe Massa. Dizem que ele pode deixar a categoria e ir parar na Stock Car, repetindo a trajetória de Barrichello. Uma vertente aposta na presença dele na Indy. A mais improvável das possibilidades indica sua mudança para uma equipe menor, como a Sauber.
Acredito que nem mesmo o próprio Massa saiba dizer se vai ou se fica. Por enquanto, tudo o que ele nos garante mesmo é que a Ferrari vai reagir no campeonato a partir da Bélgica.
Seremos prudentes: vamos ver no que vai dar.
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