quarta-feira, julho 07, 2010

Bento 16 muda normas da igreja contra abusos sexuais, diz revista

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - O papa Bento 16 revisou as normas para prevenir a ocorrência de abusos sexuais, em uma tentativa de lidar com os recentes escândalos sexuais envolvendo a Igreja Católica, informou a revista americana "National Catholic Reporter".

Em seu site, a publicação afirma que o papa aprovou recentemente revisões num decreto papal elaborado por seu antecessor, João Paulo 2º, em 2001, estabelecendo procedimentos para julgar e disciplinar religiosos envolvidos em abusos.

Essas mudanças, que serão anunciadas oficialmente em um prazo de duas semanas, deverão tornar as punições mais rígidas, de acordo com fontes do Vaticano.

Em 2001, o atual papa -na época cardeal Joseph Ratzinger- ajudou João Paulo 2º a elaborar o decreto e redigiu uma carta anexa que explicava as regras para os bispos.

Dois anos mais tarde, ele criou um conjunto de "condições especiais" que permitiriam que a Congregação para a Doutrina da Fé pulasse etapas demoradas e custosas em julgamentos canônicos de padres transgressores.

No entanto, tais normas ainda não haviam sido formalmente reconhecidas.

De acordo com fontes do Vaticano, uma das mudanças é a extensão do prazo de prescrição de casos de abuso contra crianças. Ele passaria a ser de 20 anos, a contar do 18º aniversário da suposta vítima, em vez de 10.

Outra mudança é a menção da pornografia infantil como uma "ofensa grave".

Keynes e keynesianos

ANTONIO DELFIM NETTO

Os problemas fiscais dos EUA e da Eurolândia só podem ser resolvidos com a volta do crescimento. O fundamental é que este não se faça aprofundando-os ainda mais. Quando se recomenda que as medidas de estímulo temporárias que foram decisivas para paralisar o desastre sejam transformadas em permanentes, estamos diante de uma não solução.

Para entender isso consideremos que no curto prazo a oferta global física de bens e serviços produzidos no país é praticamente constante. O seu uso depende da demanda global física. Esta, por sua vez, é constituída pela soma da demanda pública e da demanda privada interna e externa.

Quando se reduz, por qualquer motivo, a demanda privada (crise de crédito, desastres naturais, ataque de pessimismo), a manutenção do nível de atividade depende de um aumento equivalente da demanda pública.

Enquanto a demanda privada não se recupera, a demanda pública deve continuar. Isto não se faz sem graves prejuízos para o equilíbrio fiscal, para o nível de inovação e a produtividade do sistema produtivo, porque a demanda estimulada pelo gasto público em transferência não produz incentivos adequados para o aumento da produtividade do trabalho.

O keynesianismo bastardo incorporado na síntese neoclássica dos livros-texto sugere que a retirada dos "estímulos" governamentais reduzirá necessariamente a demanda privada. Agravar-se-ia, portanto, a redução do nível do PIB e do emprego. Logo, não há solução para o problema. Mas será assim mesmo?

A resposta se resume na "expectativa" que se formará no setor privado como resposta ao programa de restabelecimento do equilíbrio fiscal (condição necessária para o crescimento robusto no longo prazo).

Keynes e Pigou (seu amigo e posterior vítima) intuíram em 1931 que, se o ajuste fosse feito de maneira segura e crível, o aumento da demanda privada (despertada pelas oportunidades vistas pelo "espírito animal" dos investidores) poderia suprir a deficiência da demanda pública.

Teríamos a volta do crescimento juntamente com a solução do problema fiscal, o que é hoje empiricamente reconhecido. A reforma crível inclui: 1) um ajuste pelo lado das despesas (nada de aumento de impostos); 2) incentivos ao uso do trabalho; 3) medidas de flexibilização dos mercados; 4) estímulo à concorrência e 5) uma desvalorização cambial.

A Alemanha acumula credibilidade e essas condições. Com a desvalorização do euro, seu programa levará, provavelmente, a um crescimento mais robusto. Será a melhor contribuição que pode dar à Eurolândia.

Cartão SUS, um fracasso tucano-petista

ELIO GASPARI

Dilma e Serra podem dizer o que farão
com um programa que torrou R$ 400 mi e deu em nada

JOSÉ SERRA e Dilma Rousseff compartilham o fracasso da implantação do Cartão SUS, um projeto anunciado em 1997, que já comeu R$ 400 milhões da Viúva e até agora deu em nada. Fez água até mesmo em municípios onde seria realizada uma experiência piloto.

Nada melhor que uma campanha eleitoral para que digam como pretendem consertar o desastre. A ideia era boa: cada cidadão ganharia um plástico em cuja fita magnética estaria gravado seu histórico médico. Mataria a pau certas fraudes, facilitaria a cobrança do ressarcimento nos casos de clientes da rede de convênios privados e seguradoras. Desbastaria a floresta burocrática da saúde pública.

No final de 1997, quando o governo anunciou a novidade, o uso da internet na rede bancária ainda engatinhava. Passaram-se 12 anos e 31% das transações dos brasileiros são feitas em computadores pessoais. A rede tornou-se a principal plataforma de acesso ao sistema financeiro, com 8,4 bilhões de transações por ano, 23 milhões por dia. (O SUS faz 1,3 bilhão de transações anuais.)

Para a banca, funcionaram o interesse e a vitalidade da iniciativa privada. No Ministério da Saúde, prevaleceram o desinteresse, a cobiça dos intermediários de fornecedores e o horror que a burocracia da saúde (pública e privada) tem da transparência.

Dilma e Serra já fizeram duas palestras sobre saúde, esbanjaram platitudes e não tocaram no assunto. Assim como no caso do fracasso do ressarcimento do SUS pelas operadoras privadas, exercitaram o que a professora Lígia Bahia chama de "elipse discursiva". Se os candidatos não sabem o que fazer, podem pedir à Febraban que envie uma força-tarefa ao Ministério da Saúde para coordenar o projeto.

Não se trata de explicar o que deu errado, nem de jogar a responsabilidade sobre a administração alheia. Bastam alguma honestidade no reconhecimento do fracasso e um compromisso com metas de custos e de prazos.

Quando Serra era ministro da Saúde, o PT acumulou denúncias contra as licitações do Cartão SUS e chegou pedir a criação de uma CPI. Os companheiros estão há sete anos no governo e não fizeram nada, nem CPI. O ministro José Gomes "ordenou em 2008 a reformulação" do projeto.

Até hoje, nada. Novas licitações, novos estudos e novas brigas resultaram no seguinte: milhares de terminais continuam empacotados, com sistemas operacionais e aparelhos caducos. Tanto no mandarinato tucano como no petista, o Cartão SUS só funcionou para empulhações publicitárias.

Se blá-blá-blá tucano resolvesse, em 1998 o sistema estaria implantado. Pela parolagem petista, desde 2001 haveria pelo menos 44 cidades servidas pelo cartão, beneficiando 13 milhões de pessoas.

O fracasso é explicado por diversos fatores: megalomania, guerras burocráticas, inépcia, ignorância, mais as velhas e boas redes de compadrio. Sempre que o governo precisa da internet para tomar dinheiro da choldra, sua capacidade é escandinava. Quando se trata de recorrer à informática para melhorar o serviço público, empilham-se desastres, espertezas e propaganda enganosa.

Se Dilma e Serra fizerem só aquilo que seus governos prometeram e não entregaram, Fernando Henrique Cardoso e Lula lhes agradecerão.

terça-feira, julho 06, 2010

Os dois Saramagos que conheci

Por Carlos Pinto Coelho

FOI A TARDE em que todos os demónios invadiram o meu Diário de Notícias. Pelos corredores fervilhavam inquietações e boatos. O senhor Raimundo, o mais antigo contínuo da Redacção do jornal, vem dizer-me que sou chamado ao gabinete do director. Meia hora depois tomo conhecimento de que estou despedido (ou “saneado” como então se dizia). Exactamente um ano depois da alegria dos cravos.

Na vetusta “sala verde”, onde Augusto de Castro vivera as suas gloriosas décadas de director do Diário de Notícias, estava agora José Saramago à secretária, rodeado de gente. Era ele o recém-chegado director-adjunto do jornal, designado pelo Partido Comunista para conduzir o Diário de Notícias pelos caminhos da revolução, general com poder para movimentar o que houvesse que movimentar. Mas não foi ele quem me recebeu, antes um jornalista chamado Luís de Barros, militante que o Partido designara director do jornal. De modo que foi Barros quem me transmitiu, de forma atabalhoada, a sentença ditada por Saramago. Não soube do que era acusado, nem ouvi menção a faltas, crimes ou desvarios, ideológicos ou outros. Soube apenas que estava na rua (“saneado”) e ponto final. Tinha entrado, pura e simplesmente, na enxurrada de “reaccionários” e “fascistas” em que milhares de portugueses fomos embrulhados pela turba cega que tinha tomado as rédeas dos órgãos de informação.

Lembro-me de que o meu convicto carrasco me conduziu à porta do seu gabinete, contíguo à “sala verde”, e que, nesse momento, olhei uma última vez para o Supremo Inquisidor. Continuava á secretária, rodeado de gente, sereno, hirto, distante. Dominador.

Anos e anos se passaram. Nas voltas da vida, Saramago é banido do Diário de Notícias e escreve os seus melhores romances, eu vou para a televisão e faço o Acontece na RTP 2. E um dia encontramo-nos, ele escritor prestigiado, eu jornalista conhecido. Foi no restaurante do campo de golfe de Tróia. Um almoço volante onde estavam dezenas de jornalistas e escritores, já não me lembro porquê.

Vejo-o sozinho a uma mesa. Pego no meu café, aproximo-me, cumprimento-o. Sou retribuído com um sorriso e convite para me sentar. Pergunto: “O Saramago acha-me um reaccionário ou um fascista?” Olha-me, perplexo: "Que pergunta, Carlos!” Recordo então a tarde em que todos os demónios invadiram o meu Diário de Notícias. Ele, atento, assombrado, a ouvir. Eu, sereno, a esmiuçar os mil detalhes que carregava na alma. E foi quando, levantando-se pesadamente, com todo o vagar do tempo inteiro, um Saramago formalíssimo, quase solene, mas também subitamente abatido como se alguma rajada de vento mau por ali andasse, murmurou qualquer coisa que não percebi à primeira. Ele repetiu: "Peço-lhe perdão.” E estendeu-me a mão. Avancei um abraço.

No exemplar do Memorial do Convento que anos depois me autografou, guardo o seu abraço “com amizade (muito mais do que as palavras...)”.

Público de 23 Jun 10

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

SÃO PAULO - No muro, pode-se ler, em letras de fôrma nítidas e garrafais: "UM NOVO NOME". O jovem, no entanto, se esforça em vão: "Umm....". Tenta prosseguir: "Ummma renova...". E desiste.

Para o cinegrafista que o filma, ele explica: "Letra de fôrma, né mano. Mas eu não entendo, truta. Passei oito anos na escola, tipo oitava série. E tipo nessas daí eu não entendo. Eu só consigo ler picho só. Agora, essas letra aí não entendo".

Ele então conclui: "Sou meio analfabeto, mas pichação dá pra entender". Logo a seguir, ele decifra diante da câmera, com fluência, o significado de siglas e palavras pichadas em outro muro, onde nós, alfabetizados, só conseguimos enxergar rabiscos incompreensíveis.

Essa cena faz parte do documentário "Pixo", dos irmãos João Wainer e Roberto T. Oliveira. O jovem pichador (ou pixador, na língua deles) se chama William, mora na periferia de Osasco, na Grande São Paulo, é casado e tem um filho. Tinha 18 anos quando foi filmado.

Na estreia do documentário, em Paris, no ano passado, franceses perguntavam a Wainer, estupefatos, como era possível que o garoto tivesse estudado até a oitava série e fosse, ainda assim, analfabeto.

É difícil mesmo entender como alguém conclui o ensino fundamental sem saber ler. Será um exagero dizer que William é um retrato do país? Não sei. Mas o próprio filme mostra muito claramente que ele está longe de ser um caso isolado. Apenas começamos a perceber o tamanho da tragédia educacional brasileira, diante da qual não é preciso ser francês para perder a fala.

Estamos agora às voltas com os resultados do Ideb -o índice que mede a qualidade do ensino básico (fundamental e médio) no país. Muito resumidamente, os números mostram e os especialistas dizem que o quadro ainda é ruim, ou muito ruim, mas está melhorando.

Mas quantas gerações de jovens ainda vão escalar paredes como bichos e inventar sua própria língua para nos dizer que, sim, são gente?

segunda-feira, julho 05, 2010

Filho de Bob Marley cria HQ

Imagem da HQ 'Maryjuana', de Ziggy Marley (Foto: Divulgação)

Marijuanaman’ luta contra destruição dos campos de maconha da Terra.
Quadrinho será apresentado na Comic-Con e lançado em abril de 2011.

Do G1, em São Paulo

O músico Ziggy Marley, filho de Bob Marley, acaba de criar sua primeira história em quadrinhos, a HQ “Marijuanaman.

A obra, que será lançada oficialmente em abril de 2011, será apresentada na feira de cultura pop Comic-Con, que acontece de 22 a 25 de julho na cidade de San Diego (EUA).

Criado em parceria com o escritor Joe Casey e com ilustrações de Jim Mahfood, o livro conta a história de um super-herói vindo de um planeta em que a THC (tetraidrocanabinol) está em extinção.

Em razão disso, ele busca evitar a destruição dos campos de maconha da Terra, que tem como vilão da vez a empresa farmacêutica Pharmexon.

A obra será publicada pela Image Comics, que anuncia Marijuanaman como "o super-herói de uma nova geração".

No Brasil, há quatro anos foi criado um super-herói similar, o Capitão Presença, do quadrinista e colaborador do G1 Arnaldo Branco.

quinta-feira, julho 01, 2010

Venda de ingressos para 8ª edição da Flip começa na próxima segunda

Preços variam entre R$ 10 e R$ 40. Organização espera público de 20 mil.
Em agosto, evento levará Isabel Allende, Lou Reed e Robert Crumb ao RJ.

Do G1 RJ

Os ingressos para a 8ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começam a ser vendidos a partir das 10h da próxima segunda-feira (5). O prazo vai até o dia 3 de agosto pelo site www.ticketsforfun.com.br, pelo telefone 4003-0848, e nos pontos oficiais de venda. A partir de 4 de agosto, quando a festa começa, os ingressos serão vendidos apenas na bilheteria da Flip em Paraty.

A edição deste ano vai apostar na pluralidade de temas para atrair mais público e reforçar sua importância dentro do calendário cultural brasileiro. Além de homenagens a grandes nomes da literatura latinoamericana, entram em discussão na Flip assuntos como o futuro dos livros na era do iPad e o reforço na abordagem de temas pop. Palestras discutirão a recente febre em torno de "Alice no País das Maravilhas" e terão a presença de nomes como os do cantor Lou Reed e do quadrinista Robert Crumb.

Neste ano, a Flip conta com orçamento de R$ 6,3 milhões — e espera, segundo seus organizadores, atrair 20 mil pessoas à cidade fluminense. Entre os dias 4 e 8 de agosto, irão a Parati 35 autores de 14 países diferentes.

FHC, Crumb e iPad
O evento começa com homenagem ao sociólogo Gilberto Freyre, autor de "Casa grande & senzala". Ele será tema da conferência de abertura, com participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e show do cantor de MPB Edu Lobo e da Osesp.

A vinda da escritora chilena Isabel Allende também é destaque na Flip. A autora de "A casa dos espíritos" falará sobre sua trajetória e relevância na literatura latino-americana no segundo dia do evento.

O terceiro dia vê debates de Lou Reed sobre a união da alta cultura com o rock e Robert Crumb falado sobre "Gênesis", versão do livro bíblico em quadrinhos que é seu mais recente trabalho.

Uma mesa com presença do historiador Robert Darnton vai discutir o futuro dos livros em papel na era dos e-books e do iPad. O debate também contará com o CEO da editora Penguin, John Makinson.

Flipinha e Flipzona
Em paralelo à Flip, acontece a 2ª edição da FlipZona (que mira a atenção dos jovens) e a 7ª edição da Flipinha (voltada ao público infantil).

Para os teens, uma palestra com o escritor Marcos Maffei e o ilustrador Luiz Zerbini aborda o legado de "Alice no País das Maravilhas" dentro da cultura pop atual.

Já a Flipinha marca o retorno do humorista Ziraldo à cidade. O criador de "O menino maluquinho" participará de um bate-papo com as crianças e falará de suas obras.