"É CLARO QUE, COMO TODO ESCRITOR, TENHO A TENTAÇÃO DE USAR TERMOS SUCULENTOS: CONHEÇO ADJETIVOS ESPLENDOROSOS, CARNUDOS SUBSTANTIVOS E VERBOS TÃO ESGUIOS QUE ATRAVESSAM AGUDOS O AR EM VIAS DE AÇÃO, JÁ QUE A PALAVRA É AÇÃO, CONCORDAIS?" CLARICE LISPECTOR - "A HORA DA ESTRELA"
terça-feira, março 29, 2011
Alencar está "se preparando para descansar", diz médico
29/03/2011 - 14h35 Do UOL Notícias Em São Paulo O médico responsável por José Alencar, Raul Cutait, afirmou que o ex-vice-presidente da República está se preparando para descansar. “Ele está numa fase... se preparando para descansar”, disse o médico a jornalistas que estão na porta do hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo. Cutait disse também que Alencar está “dormindo, confortável, com a família dele”. Mais cedo, o médico afirmou que não há mais tratamento para a atual condição de saúde do ex-vice-presidente da República. Um novo boletim médico divulgado no final desta manhã pelo hospital informou que o ex-vice-presidente está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) "em condições críticas". Segundo o boletim, Alencar, que está com quadro de oclusão (obstrução) intestinal e peritonite, está "sedado na companhia de seus familiares e estão sendo oferecidas as medidas de suporte necessárias". Em entrevista coletiva, o médico Raul Cutait, da equipe que acompanha o ex-vice-presidente, disse que não há mais possibilidade de se fazer qualquer intervenção cirúrgica em função do estado de saúde do paciente. “Ele está tomando muito analgésico e sente muita dor. A pressão está muito baixa --ele vive um momento difícil da vida dele, mas estamos dando toda as medidas de suporte para ele não sofrer”, concluiu. Alencar foi internado no início da tarde de ontem (28) às pressas, após sentir fortes dores abdominais. Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital, as dores foram causadas por uma nova obstrução intestinal em fase crítica acompanhada de sangramento, que é uma sequela de tumores cancerígenos na região do abdômen. O ex-vice-presidente tinha recebido alta do Sírio-Libanês há 12 dias. As equipes médicas que o acompanham são coordenadas pelos médicos Paulo Hoff, Raul Cutait, Roberto Kalil Filho e Paulo Ayroza Galvão. No hospital, Alencar está acompanhado de sua mulher, dona Mariza, dos filhos e dos netos.
domingo, março 27, 2011
Gol 100 de Ceni tem foguetório, comemoração exagerada e crítica velada a CBF e Globo
27/03/2011 - 18h01 Carlos Padeiro e Paula Almeida Em São Paulo* Quase cinco minutos. Foi este período que a torcida são-paulina levou para comemorar o 100º gol de Rogério Ceni, marcado neste domingo em cobrança da falta na vitória por 2 a 1 sobre o Corinthians na Arena Barueri. A marca histórica do goleiro foi atingida aos 8min do segundo tempo, quando o time tricolor já vencia por 1 a 0. E revelou um Rogério Ceni passional como poucas vezes se viu. Sempre calmo ao anotar seus gols de falta e pênalti, correndo direto para sua meta após vazar o arqueiro adversário, nesta tarde o camisa 1 extravasou. Após acertar a cobrança, Ceni correu em direção à torcida são-paulina atrás do gol de Julio Cesar, ajoelhou-se e tirou a camisa dourada com a qual entrou em campo neste domingo. Os outros são-paulinos, titulares, reservas e membros da comissão técnica, atiraram-se sobre ele e fizeram um ‘montinho’. Em seguida, Ceni levantou, correu em direção ao seu gol e acenou para os torcedores das arquibancadas laterais. O árbitro Guilherme Cereta foi atrás e mostrou um amarelo pela camisa tirada, punição recebida tranquilamente pelo goleiro. "Eu passei por ele e falei 'Nunca tomei cartão, mas se o senhor quiser me dar, é seu direito, não é por ser um gol festivo que a regra tem que ser aplicada diferente'", revelou Ceni. Foi como tinha que ser, de falta, um gol que decidiu um jogo importante. Dedico pras minhas filhas que são os tesouros da minha vida, para o meu pai que deve estar lá no Mato Grosso e principalmente para nação são-paulina, pra entidade São Paulo que luta contra tanta coisa ruim no futebol", declarou após o jogo o goleiro, que usou o discurso para alfinetar Globo e CBF, adversárias políticas do clube na questão dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. “O São Paulo não briga com ninguém, mas a gente vê gente no futebol que quer o bem do futebol. É justo que as pessoas pensem em qual será a emissora, mas que tenham respeito e pensem num bem maior. Um clube não pode lutar de maneira justa pelo melhor? Os presidentes deveriam caminhar juntos em prol do futebol", completou o arqueiro.
quinta-feira, março 24, 2011
Cacau é capa da Playboy na Eslovênia
Polícia Civil ganha sala de treinamento high tech
24/03/2011 RIO DE JANEIRO
A Polícia Civil do Rio de Janeiro inaugurou na quarta-feira (23) uma sala de treinamento onde o policial será testado em 30 diferentes situações de estresse, cercado por três telões, que simulam a realidade em um ambiente de 120 metros quadrados. As simulações vão desde uma simples abordagem a um carro até incursões em favelas.
"Queremos que o policial tenha a capacidade de gerar soluções rápidas. Para isso, nós vamos estimular o agente a pensar", disse o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame. Ele afirmou que o treino pode ajudar na diminuição dos autos de resistência (morte de criminosos em confronto com a polícia).
O policial pode treinar com a arma que usa nas ruas, mas a munição será substituída por um sistema de ar comprimido. Uma pequena descarga elétrica no corpo avisa que o agente foi alvejado pelo inimigo. O equipamento possui software brasileiro e foi comprado por R$ 2,1 milhões. O treinamento na sala da Academia de Polícia Civil (Acadepol) já começou. A Polícia Militar ganhará duas salas, mas as instalações ainda não foram construídas. (AE)
A Polícia Civil do Rio de Janeiro inaugurou na quarta-feira (23) uma sala de treinamento onde o policial será testado em 30 diferentes situações de estresse, cercado por três telões, que simulam a realidade em um ambiente de 120 metros quadrados. As simulações vão desde uma simples abordagem a um carro até incursões em favelas.
"Queremos que o policial tenha a capacidade de gerar soluções rápidas. Para isso, nós vamos estimular o agente a pensar", disse o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame. Ele afirmou que o treino pode ajudar na diminuição dos autos de resistência (morte de criminosos em confronto com a polícia).
O policial pode treinar com a arma que usa nas ruas, mas a munição será substituída por um sistema de ar comprimido. Uma pequena descarga elétrica no corpo avisa que o agente foi alvejado pelo inimigo. O equipamento possui software brasileiro e foi comprado por R$ 2,1 milhões. O treinamento na sala da Academia de Polícia Civil (Acadepol) já começou. A Polícia Militar ganhará duas salas, mas as instalações ainda não foram construídas. (AE)
quarta-feira, março 23, 2011
Leia a repercussão da morte de Elizabeth Taylor nas redes sociais
23/03/2011 - 11h22
DE SÃO PAULO
Vários famosos foram ao Twitter prestar homenagens a atriz Elizabeth Taylor, que morreu nesta quarta-feira, aos 79 anos.
Leia a cobertura sobre a morte da atrizVeja fotos da vida e da carreira da atriz
Vida pessoal de Elizabeth Taylor ficou marcada por seus casamentos
Elizabeth Taylor morreu 53 anos e um dia após quase morrer
A equipe de Elizabeth Taylor ainda não se pronunciou no Twitter, nem em sua página oficial no Facebook. A atriz foi uma das primeiras a utilizar as mídias sociais para divulgação de comunicados oficiais.
Quando ela foi internada, em 2009, sua equipe mantinha publicações diárias no endereço para atualizar os fãs e a imprensa de seu estado de saúde.
DE SÃO PAULO
Vários famosos foram ao Twitter prestar homenagens a atriz Elizabeth Taylor, que morreu nesta quarta-feira, aos 79 anos.
Leia a cobertura sobre a morte da atrizVeja fotos da vida e da carreira da atriz
Vida pessoal de Elizabeth Taylor ficou marcada por seus casamentos
Elizabeth Taylor morreu 53 anos e um dia após quase morrer
A equipe de Elizabeth Taylor ainda não se pronunciou no Twitter, nem em sua página oficial no Facebook. A atriz foi uma das primeiras a utilizar as mídias sociais para divulgação de comunicados oficiais.
Quando ela foi internada, em 2009, sua equipe mantinha publicações diárias no endereço para atualizar os fãs e a imprensa de seu estado de saúde.
segunda-feira, março 21, 2011
Emissora quer Charlie Sheen de volta, diz site
DE SÃO PAULO
A emissora CBS, responsável pela série "Two and a Half Men", quer Charlie Sheen de volta à produção, afirma o site Radar Online. De acordo com o site, a rede está disposta a "perdoar e esquecer" o comportamento recente do ator.
O ator foi demitido no início deste mês pela Warner Bros após se envolver em uma série de escândalos com drogas e atrizes pornôs, além de ter brigado publicamente com o criador da série, Chuck Lorre.
O site afirma que o presidente da CBS está em contato com Lorre e executivos da Warner em busca de uma solução para o impasse.
Após a demissão, Charlie Sheen abriu um processo pedindo uma indenização de US$ 100 milhões pelo cancelamento da série e anunciou uma série de shows pelos Estados Unidos e Canadá.
A emissora CBS, responsável pela série "Two and a Half Men", quer Charlie Sheen de volta à produção, afirma o site Radar Online. De acordo com o site, a rede está disposta a "perdoar e esquecer" o comportamento recente do ator.
O ator foi demitido no início deste mês pela Warner Bros após se envolver em uma série de escândalos com drogas e atrizes pornôs, além de ter brigado publicamente com o criador da série, Chuck Lorre.
O site afirma que o presidente da CBS está em contato com Lorre e executivos da Warner em busca de uma solução para o impasse.
Após a demissão, Charlie Sheen abriu um processo pedindo uma indenização de US$ 100 milhões pelo cancelamento da série e anunciou uma série de shows pelos Estados Unidos e Canadá.
domingo, março 20, 2011
Jorge Mario Vargas Llosa, o Prêmio Nobel e o professor
Ao receber a ligação telefônica comunicando que havia vencido o Prêmio Nobel de Literatura de 2010, Vargas Llosa chegou a pensar que podia ser um trote - há tanto tempo ignorado pela academia, embora com obra que o qualifica como o melhor romancista latino-americano há décadas, achava que não era mais candidato e que passaria, como Jorge Luis Borges, sem esse reconhecimento.
Por Adriana Crespo Ruco
Enfim, a imprensa anunciou o Nobel recebido por um peruano, um dos destaques da literatura latino-americana desde as décadas de 1960 e 1970, o primeiro sul-americano desde Gabriel Garcia Márquez a receber a premiação, o autor de Pantaleão e as visitadoras, aquele que uma vez concorrera à presidência do Peru e que tem tanto a dizer sobre a política da América latina.
No tempo em que foi convidado para lecionar Cultura e Língua Espanhola e Portuguesa como professor visitante no Programa de Estudos Latino-Americanos na Universidade de Princeton, em Nova Jersey, Mario Vargas Llosa sequer aparecia nas bancas de apostas do Nobel. Seu nome há muitos anos era cogitado, esquecido, cogitado novamente, até os especialistas firmemente acreditarem que já havia "passado a época". Quando o prêmio veio, foi considerado tardio por muitos, já que o reconhecimento pela produção literária de Vargas Llosa vinha desde a década de 1960. Entre ficção e não-ficção, Llosa possui mais de 30 trabalhos publicados, a grande maioria recebida com entusiasmo por público e crítica.
Apesar disso, o anúncio do Nobel deixava claro que o prêmio não fora apenas literário, tendo fortíssimo viés político. A nota de imprensa declarava Vargas Llosa Nobel de Literatura por "sua cartografia das estruturas de poder e suas cortantes imagens de resistência, rebelião e derrota do indivíduo...".
Sua obra, de fato, nos oferece tudo isso, mas nunca é politicamente neutra. Vargas Llosa escreve sobre seu próprio tempo e, principalmente, escreve sobre si mesmo. Para parafrasear Flaubert, todos os seus personagens são Jorge Mario Vargas Llosa, todo romance é um pouco autobiografia e isso sempre será cortante. Vargas Llosa sempre tem algo a dizer em seus livros e fora deles, sobretudo e especialmente sobre a política peruana e latino-americana. Hoje, posiciona-se firmemente contra o crescimento da esquerda na AL, representada principalmente por Hugo Chávez, atual presidente da Venezuela, declarando-se contra "ditaduras de esquerda e de direita" e a favor da liberdade. Chegou a declarar que não pensava que ganharia o Nobel, pois tinha "a sensação de que o prêmio era dado a pessoas mais ou menos ligadas à esquerda, com, digamos, ideias socialistas, o que não é o meu caso".
VARGAS LLOSA PROFESSORAo chamá-lo para seu quadro de professores convidados, Princeton "comprou" essa visão de mundo. O termo "Cultura" no nome da cadeira ocupada por Llosa não está ali por acaso; o professor ajuda a aguçar a visão ampla da América do Sul que a universidade americana pretende passar aos alunos, e mesmo que Llosa não fale abertamente ou apenas sobre política, sempre coloca a Literatura em primeiro plano. O Nobel foi como um presente para a universidade: é o prêmio maior da literatura mundial, ou o em maior evidência. É uma honra, uma sorte e uma ótima publicidade ter um vencedor do Nobel em seu corpo docente.
O professor Vargas Llosa está preocupado em estimular o pensamento dos alunos, em expor quais conhecimentos podem usar para chegar a uma conclusão sobre determinado autor ou obra - não existem ferramentas nem detalhes demais. O tempo verbal no qual uma frase está pode ser a chave para a compreensão de um texto, assim como a escolha de uma palavra (e não aquele seu quase sinônimo) pode evidenciar não somente minúcias do texto como todo o pensamento do autor. Llosa é adepto do que os falantes da língua inglesa chamam de close reading, ler "de perto", absorvendo todos os detalhes sobre a obra que a própria obra contém, em suas palavras e frases.
É com claro prazer que Llosa incentiva nos alunos a leitura próxima e crítica de seus autores escolhidos como icônicos, como (e especialmente) o argentino Jorge Luis Borges. Deseja que os alunos desconstruam suas obras, que alcancem seu cerne da forma que puderem, não se preocupando com o que é canônico ou qual é a visão clássica da obra. O aluno que apresenta uma visão acertada, satisfatória ou, quem sabe?, nova para a leitura do texto é um aluno que levará todos os outros a crescerem com ele. Quando Llosa faz uma pergunta em sala de aula, não parece querer uma resposta correta, ou mesmo concreta. Também evita ser questionado, mas deseja ser surpreendido.
Os alunos, mesmo que nem sempre acompanhem, são tragados pela intensidade de Llosa. O professor lê, disserta, discute, questiona, domina a classe com o conhecimento profundo do que está falando. Antes do Nobel, antes da posição política, o interesse de Princeton e das outras universidades em que lecionou, sempre foi oferecer aos alunos esse vigor e ênfase na construção do próprio pensamento que, hoje, é a única grande posição política que Llosa afirma ter.
Por Adriana Crespo Ruco
Enfim, a imprensa anunciou o Nobel recebido por um peruano, um dos destaques da literatura latino-americana desde as décadas de 1960 e 1970, o primeiro sul-americano desde Gabriel Garcia Márquez a receber a premiação, o autor de Pantaleão e as visitadoras, aquele que uma vez concorrera à presidência do Peru e que tem tanto a dizer sobre a política da América latina.
No tempo em que foi convidado para lecionar Cultura e Língua Espanhola e Portuguesa como professor visitante no Programa de Estudos Latino-Americanos na Universidade de Princeton, em Nova Jersey, Mario Vargas Llosa sequer aparecia nas bancas de apostas do Nobel. Seu nome há muitos anos era cogitado, esquecido, cogitado novamente, até os especialistas firmemente acreditarem que já havia "passado a época". Quando o prêmio veio, foi considerado tardio por muitos, já que o reconhecimento pela produção literária de Vargas Llosa vinha desde a década de 1960. Entre ficção e não-ficção, Llosa possui mais de 30 trabalhos publicados, a grande maioria recebida com entusiasmo por público e crítica.
Apesar disso, o anúncio do Nobel deixava claro que o prêmio não fora apenas literário, tendo fortíssimo viés político. A nota de imprensa declarava Vargas Llosa Nobel de Literatura por "sua cartografia das estruturas de poder e suas cortantes imagens de resistência, rebelião e derrota do indivíduo...".
Sua obra, de fato, nos oferece tudo isso, mas nunca é politicamente neutra. Vargas Llosa escreve sobre seu próprio tempo e, principalmente, escreve sobre si mesmo. Para parafrasear Flaubert, todos os seus personagens são Jorge Mario Vargas Llosa, todo romance é um pouco autobiografia e isso sempre será cortante. Vargas Llosa sempre tem algo a dizer em seus livros e fora deles, sobretudo e especialmente sobre a política peruana e latino-americana. Hoje, posiciona-se firmemente contra o crescimento da esquerda na AL, representada principalmente por Hugo Chávez, atual presidente da Venezuela, declarando-se contra "ditaduras de esquerda e de direita" e a favor da liberdade. Chegou a declarar que não pensava que ganharia o Nobel, pois tinha "a sensação de que o prêmio era dado a pessoas mais ou menos ligadas à esquerda, com, digamos, ideias socialistas, o que não é o meu caso".
VARGAS LLOSA PROFESSORAo chamá-lo para seu quadro de professores convidados, Princeton "comprou" essa visão de mundo. O termo "Cultura" no nome da cadeira ocupada por Llosa não está ali por acaso; o professor ajuda a aguçar a visão ampla da América do Sul que a universidade americana pretende passar aos alunos, e mesmo que Llosa não fale abertamente ou apenas sobre política, sempre coloca a Literatura em primeiro plano. O Nobel foi como um presente para a universidade: é o prêmio maior da literatura mundial, ou o em maior evidência. É uma honra, uma sorte e uma ótima publicidade ter um vencedor do Nobel em seu corpo docente.
O professor Vargas Llosa está preocupado em estimular o pensamento dos alunos, em expor quais conhecimentos podem usar para chegar a uma conclusão sobre determinado autor ou obra - não existem ferramentas nem detalhes demais. O tempo verbal no qual uma frase está pode ser a chave para a compreensão de um texto, assim como a escolha de uma palavra (e não aquele seu quase sinônimo) pode evidenciar não somente minúcias do texto como todo o pensamento do autor. Llosa é adepto do que os falantes da língua inglesa chamam de close reading, ler "de perto", absorvendo todos os detalhes sobre a obra que a própria obra contém, em suas palavras e frases.
É com claro prazer que Llosa incentiva nos alunos a leitura próxima e crítica de seus autores escolhidos como icônicos, como (e especialmente) o argentino Jorge Luis Borges. Deseja que os alunos desconstruam suas obras, que alcancem seu cerne da forma que puderem, não se preocupando com o que é canônico ou qual é a visão clássica da obra. O aluno que apresenta uma visão acertada, satisfatória ou, quem sabe?, nova para a leitura do texto é um aluno que levará todos os outros a crescerem com ele. Quando Llosa faz uma pergunta em sala de aula, não parece querer uma resposta correta, ou mesmo concreta. Também evita ser questionado, mas deseja ser surpreendido.
Os alunos, mesmo que nem sempre acompanhem, são tragados pela intensidade de Llosa. O professor lê, disserta, discute, questiona, domina a classe com o conhecimento profundo do que está falando. Antes do Nobel, antes da posição política, o interesse de Princeton e das outras universidades em que lecionou, sempre foi oferecer aos alunos esse vigor e ênfase na construção do próprio pensamento que, hoje, é a única grande posição política que Llosa afirma ter.
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