terça-feira, dezembro 10, 2013

Beyoncé

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2013/12/1382441-beyonce.shtml

Até o ano passado, eu era garçom num quilo, ali na Brigadeiro, mas o dono aposentou e voltou pra Uruguaiana. Eu tava há seis meses sem trabalho, devia dois paus e 700 pro meu cunhado, meu nome indo pro Serasa já, e ainda tinha problema de pressão. Aí, 13 de março desse ano, eu chego no bar do Ademir, cinco, seis horas da tarde, o Ademir, "Ô, Rui, cê já viu o papa argentino?".
Tinham coroado o Francisco naquele dia. Anunciado, isso, mas eu não sabia, eu tava numa entrevista de emprego. Ele, "Pô, se cê não tivesse aqui, agora, eu jurava que era você no Vaticano!". Falei "Sai fora, Ademir! Papa argentino?! Eu, hein?". Pedi uma cerveja -que naquela época eu ainda bebia em público-, sentei numa mesa e esqueci. Beleza.
Daí, mais tarde eu chego em casa, dez, 11 horas, vem a Luci correndo lá de dentro e já vai me puxando: "Rui, Rui, vem ver, vem ver você na televisão!". Pra falar a verdade, eu nem achei assim tão parecido, mas o pessoal comentou, até a minha filha, "Pai, pai, não acredito!" e tal, e eu acabei aceitando. Tem a careca, né? A orelha...
Foi a Luci que deu a ideia, "Rui, cê fica aí procurando emprego de garçom, mas esse negócio de sósia parece que dá dinheiro, viu?". Eu, "Tá doida, Luci? Nunca fiz isso", e ela, "Que que tem?! É só vestir uma bata, fazer sinal da cruz e ficar acenando pro povo!". Sabe como é mulher, né?
Pegou mais 250 com meu cunhado e mandou uma vizinha fazer a roupa. Depois, falou assim que eu precisava de um agente, que sem esse negócio de agente a coisa não vira e me deu o telefone do Marcello Perotti, que uma amiga dela tinha visto na Rede TV!, com dois Elvis. Elvis, Raul, Ronaldo, Silvio, os bonzão mesmo são tudo lá da agência.
O Marcello disse que eu tinha tirado a sorte grande, que sósia de papa é firmeza: papa não sai de moda, não fica mudando o cabelo, não engorda, não faz plástica, redução de estômago, então, já viu.
Da Luci ter a ideia até eu tá no Jô, foi o que? Um mês? Nem isso. Dei autógrafo pro Tomate. A Renata Vasconcellos disse meu nome no "Bom Dia Brasil", ao vivo. A Sabrina Sato me deu um beijo na testa. Se a pessoa, vamos dizer, se a pessoa não tem um psicológico forte, ela se perde.
Lá no Ademir era todo mundo oferecendo cerveja de graça e eu só recusando, porque sósia de papa, né? Na rua a mulherada dando mole. Eu sei que não é comigo, é com o Francisco. Ele é muito querido. Mas a carne é fraca, rapaz, ele é papa, eu não. Complicado. Uma hora...
Que que eu vou te dizer? Você viu a foto. Se quiser escrever aí no seu jornal, "Sósia do papa flagrado em motel com sósia da Beyoncé", eu não tenho como negar. Mas pra você vai ser só uma matéria. Isso, uma crônica. O pessoal vai rir, vai achar engraçado.
Já pra mim, parceiro, vai acabar com a minha vida. Tô rico? Não tô, mas tô empregado, quitei a dívida com o meu cunhado, tô ajudando a minha filha a pagar a faculdade, vou entrar de sócio num quilo junto com o Ademir, até a pressão melhorou. Sem falar que eu amo a Luci e meu negócio com a Beyoncé foi só aquela noite, mesmo.
Pronto. Queria que você me ouvisse. Ouviu. Agora faz aí o que a sua consciência mandar.
antonio prata
Antonio Prata é escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles "Meio Intelectual, Meio de Esquerda" (editora 34). Escreve aos domingos na versão impressa de "Cotidiano".

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Querido Papai Noel

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/michellaub/2013/12/1381204-querido-papai-noel.shtml

Em mais este Natal cristão, dê um presente ao meio cultural brasileiro fazendo com que:
- A disciplina de interpretação de texto se torne diária em todas as escolas, de preferência em aulas longas e sem direito a ir ao banheiro.
- Não se atribua valor automático ao que não necessariamente tem valor: o novo em relação ao velho, o denso em relação ao simples, o pessimista em relação ao otimista.
- Deixem Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Caio Fernando Abreu em paz.
- Não haja mais chamadas jornalísticas do tipo "O evangelho segundo Clarice", "Em busca do Rosa perdido" ou "Caio F de A a Z".
- Cronistas parem de escrever sobre pesquisas sexuais feitas com ratos.
- Cineastas parem de botar a culpa de seus insucessos no público.
- (Parem, também, de identificar sucessos de bilheteria com qualidade estética.)
- Trailers se abstenham de contar dois terços do filme e botar uma piadinha ao final.
- Resenhas se abstenham de contar três terços dos livros.
- Um único funcionário das livrarias de aeroporto, e também o dono que os contrata e orienta, e também o público que frequenta o ambiente e endossa com suas compras tristes a seleção de títulos das gôndolas e prateleiras, tenham algum resquício de gosto literário.
- Comediantes ruins não atribuam mais sua ruindade à ditadura do politicamente correto.
- (E ninguém mais use termos e construções como "politicamente correto", "chorume", "eu sou polêmico mesmo" e "ao menos ele teve o mérito de abrir o debate".)
- Artistas, ensaístas e palpiteiros em geral evitem dizer que não fazem lobby, não participam de conchavos, não integram panelas e dão suas opiniões doa a quem doer (na maioria das vezes, dói só no fígado de quem ouve).
- Escritores parem de explicar a própria obra com conceitos que não são seus, e sim de alguma patrulha política, de gênero ou de departamento acadêmico.
- Críticos resistam à tentação de comentar livros de desafetos pessoais ou desafetos da namorada.
- Autores consigam se controlar e não respondam aos críticos. Entendo o impulso de provar superioridade intelectual, moral e -em casos raros- física, mas a melhor forma de fazer isso é com silêncio público e amargura que estraga a vida familiar.
- Volte a ser possível esquecer da existência de alguém, em vez de ser lembrado dela em links, retuítes e até posts na página de quem morreu.
- Volte a ser possível fazer ironia sem precisar explicá-la com reticências, pontos de exclamação ou emoticons.
- Volte a ser possível ser contestado sem acusar o contestador de baixar o nível da discussão.
- Acabe o culto intelectual às estatísticas e ao que dizem "pesquisas recentes".
- Acabe o culto intelectual à pornochanchada (ok quanto ao outro culto a esse nobre gênero cinematográfico).
- O Congresso Nacional proíba os hologramas de músicos.
- Bandas de rock escolham --não dá para fazer as duas coisas ao mesmo tempo-- entre discurso de contestação aos poderes estabelecidos e cachês de publicidade.
- E letristas contratem revisores (dá só uns R$ 9 a lauda).
- Alguém explique por que tanta gente, deixando claro que paira acima da vulgaridade, passa o dia no Twitter comentando Faustão, "The Voice Brasil" e a passagem de Francisco Cuoco e sua namorada pelo Castelo de Caras.
- Alguém explique por que condenamos com tanta fúria a ostentação do Rei do Camarote nas mesmas timelines que ostentam, o tempo todo, os trabalhos que fazemos, os pratos que comemos e os lugares para onde vamos nas férias.
- E também por que alguém vai a um show apenas para registrar a performance do artista no celular, revendo-a mais tarde --se é que vai rever-- numa tela pequena e com qualidade medonha de som e imagem.
- Anciões que ainda frequentam esses shows (oi) parem de gritar contra a nuvem porque o mundo era tão melhor antes, não é mesmo?
- Haja só um pouco menos de sarcasmo contra alvos fáceis, como catálogos de arte contemporânea.
- Não exijam de artistas que tenham opinião sobre tudo. Artistas têm o direito de ser omissos, alienados, incoerentes e burros.
michel laub
Michel Laub é escritor e jornalista. Publicou cinco romances, entre eles "Diário da Queda" (Companhia das Letras, 2011). Escreve a cada duas semanas, sempre às sextas-feiras, na versão impressa da "Ilustrada"

domingo, dezembro 08, 2013

INACREDITÁVEL FUTEBOL BRASILEIRO

Costumo dizer que o futebol disputado aqui no Brasil só é um espetáculo dentro das quatro linhas. Porque longe delas a tristeza corre sem madrinha.
Um exemplo dessa melancólica mediocridade ocorreu ontem mesmo, justo na última rodada. O Atlético Paranaense já vencia – e rebaixava para a Segundona – o Vasco da Gama quando os torcedores das duas equipes travaram uma legítima batalha sanguinolenta nas arquibancadas. Indivíduos que no cotidiano devem praticar a política da boa vizinhança, levam os filhos para a escola, amam suas esposas... de repente transformados em gladiadores, cujo objetivo único e mais importante é massacrar seu adversário até as piores consequências, se preciso for.
O pior de tudo é que o confronto já estava “marcado”, por assim dizer. A organizada atleticana “Os Fanáticos”, ciente de muitos entreveros na estrada com vascaínos que também nunca mais deveriam colocar os pés nas dependências de qualquer estádio, não vendeu ingresso para mulheres.
Não havia policiais na arena. Um acordo estapafúrdio entre o governo do Paraná e o Ministério Público determinou que a Polícia Militar não garantiria a segurança de eventos privados. Como assim? O bem-estar de milhares de pessoas assegurado por alguma empresa? Isso a menos de um ano do início da Copa do Mundo? Até as 19h de Brasília, senhores governantes e representantes do MP paranaense, um torcedor estava internado, com fratura no crânio. Ninguém morreu? Com a graça de Deus. A morte mesmo foi a do encanto que uma criança poderia ter de ir com seus pais a um estádio, para ver os gols do time do seu coração. Isso é o que mais devemos lamentar.
Repito: ano que vem acontecerá uma Copa do Mundo aqui no Brasil. Após uma sucessão de apresentações chatas e sem-graça, o sorteio colocou o Brasil em um grupo que não causa pesadelos em ninguém. O problema são as tais “oitavas da morte”. Num cenário pessimista, os canarinhos poderão enfrentar Espanha, Itália, França e Argentina antes de Thiago Silva levantar a taça no dia 13 de julho.
Agora, as dificuldades não se resumem à pura e simples violência entre torcidas nas arquibancadas. Já na Copa das Confederações muitas falhas na construção das novas arenas foram “maquiadas” ou simplesmente escondidas. Às vésperas do mundial, há estádios que serão entregues de qualquer maneira. Mais ou menos assim: a bola rolando, as melhores equipes do planeta em busca do caneco, e funcionários das construtoras correndo para cima e para baixo com carrinhos de mão cheios de paus, pedras e do fim do caminho.

O Inacreditável Futebol Brasileiro, o que se vê fora dos gramados e definidos pelas cartolagens, tapetões e administrações ridículas, não se envergonha do que aconteceu. Tampouco se importa com vítimas. Muito mais gente ainda vai sangrar nas arenas. Esperem para ver.

quinta-feira, dezembro 05, 2013

Nelson Mandela morre aos 95 anos

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/12/05/morre-o-nobel-da-paz-nelson-mandela.htm

Do UOL, em São Paulo

O líder sul-africano Nelson Mandela, 95, morreu nesta quinta (5) em sua residência, em Johannesburgo, onde havia sido levado no dia 1º de setembro após passar quase três meses internado para tratamento de uma infecção pulmonar.
Ampliar

Trajetória de Nelson Mandela65 fotos

3 / 65
1961 - Com 42 anos, Mandela caminha pelas ruas de Johannesburgo, na África do SulAP
De acordo com o comunicado oficial divulgado no dia da transferência, Mandela continuava apresentando complicações pulmonares. "O estado de saúde de Mandela continua crítico e, às vezes, instável. No entanto, sua equipe médica está  convencida de que ele receberá o mesmo nível de cuidados intensivos em sua casa", dizia o texto.

O HERÓI AFRICANO

  • Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra a violência racial na África do Sul, Nelson Mandela - ou Madiba, como é chamado na sua terra natal - passou 27 anos preso e se tornou o primeiro presidente negro daquele país.

    Clique na imagem para saber mais
Segundo o jornal local "The Sunday Times", uma pessoa próxima à família afirmou que Mandela teria "parado de falar" no dia seguinte à hospitalização.
O ex-presidente tinha 95 anos e vivia em Johannesburgo com a mulher Graça Machel, viúva de Samora Machel (1933-1986), ex-presidente moçambicano.
Mandela foi o maior símbolo de combate ao regime de segregação racial conhecido como apartheid, que foi oficializado em 1948 na África do Sul e negava aos negros (maioria da população), mestiços e asiáticos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos.
A luta contra a discriminação no país o levou a ficar 27 anos preso, acusado de traição, sabotagem e conspiração contra o governo em 1963. Condenado à prisão perpétua, Mandela foi libertado em 11 de fevereiro de 1990, aos 72 anos. Durante sua saída, o líder foi ovacionado por uma multidão que o aguardava do lado de fora do presídio.
Em 1993, Nelson Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o regime do apartheid. Na ocasião, ele dividiu o prêmio com Frederik de Klerk, ex-presidente da África do Sul que iniciou o término do regime segregacionista e o libertou da prisão.
Um ano depois, em 1994, Mandela foi eleito presidente da África do Sul, após a convocação das primeiras eleições democráticas multirraciais no país. Sua vitória pôs fim a três séculos e meio de dominação da minoria branca na nação africana.
Ao tomar posse, o líder negro adotou um tom de reconciliação e superação das diferenças. Um exemplo disso foi a realização da Copa Mundial de Rúgbi, em 1995, no país. O esporte era uma herança do período colonial e, por isso, boicotado pelos negros, por representar o governo dos brancos.
Nos dois anos seguintes, a Constituição definitiva e o processo de transição foram concluídos. Entre os anos de 1996 e 1998, o arcebispo Desmond Tutu liderou a Comissão de Verdade e Reconciliação para apurar crimes cometidos durante o apartheid, e foram abertos processos judiciais para pagamentos de indenizações às vítimas do regime.
Mandela deixou a presidência em 1999 e passou a se dedicar a campanhas para diminuir os casos de Aids na África do Sul, emprestando seu prestígio para arrecadar fundos para o combate à doença.
Em 2004, aos 85 anos, ele anunciou que se retiraria da vida pública para passar mais tempo com a família e os amigos. Já aos 92 anos, o líder sul-africano dificilmente participava de qualquer tipo de evento, devido à saúde frágil.
Durante a Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, Mandela compareceu apenas ao encerramento da Copa, devido à morte de sua bisneta Zenani Mandela, em um acidente de carro logo depois da festa de abertura.

História

Mandela era filho do conselheiro do chefe máximo do vilarejo de Qunu, localizado na atual província do Cabo Oriental, onde nasceu, a 18 de julho de 1918. Aos sete anos, tornou-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson". Aos 16 anos, seguiu para o Instituto Clarkebury, na mesma província, onde teve contato com a cultura ocidental pela primeira vez.
Ele então ingressou na faculdade de Direito da Universidade de Fort Hare, no município de Alice. Logo no primeiro ano de curso, Mandela se envolveu com o movimento estudantil e com o boicote às políticas universitárias. Tal atitude resultou em sua expulsão da instituição no segundo ano, mas ali ele iniciou sua militância.
A partir de então mudou-se para Johannesburgo e envolveu-se na oposição ao regime do apartheid. Ele começou a fazer parte do partido negro CNA (Congresso Nacional Africano, fundado em 1912) em 1942 e, em 1944, criou a Liga Juvenil do partido, com o manifesto "um homem, um voto".
Depois da eleição de 1948, que deu vitória aos afrikaners do Partido Nacional, apoiadores da política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA. Ele participou do Congresso do Povo, em 1955, que divulgou a Carta da Liberdade --documento que continha um programa fundamental para a causa antiapartheid.
Comprometido de início apenas com atos não-violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, ocorrido em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180. Em 1961, fundou a ala armada do CNA - Umkhonto we Sizwe (a Lança da Nação) - para combater a discriminação do apartheid.

Prisão

Acusado de crimes capitais no julgamento de Rivonia, em 1963, a declaração que deu, no banco dos réus, foi sua afirmação de posição política: "Tenho defendido o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas convivam em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver e que espero alcançar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer". Em 1964, Mandela foi condenado à prisão perpétua.
No decorrer do tempo em que ficou preso, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas antiapartheid em vários países.
Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando foi libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos, pelo presidente Frederik Willem de Klerk, que também revogou a proibição do CNA e de outros movimentos de libertação.
Nelson Rolihlahla Mandela deixou a prisão Victor Verster caminhando ao lado de Winie Madikizela, sua esposa na época. Ele havia passado os últimos 27 anos de sua vida atrás das grades por ousar se opor ao regime racista que dominava a África do Sul. Um mar de pessoas o aguardava nas ruas para dar início finalmente à edificação da democracia sul-africana.
Ampliar

Homenagens a Nelson Mandela134 fotos

32 / 134
25.jun.2013 - Artista indiano Sudarshan Pattnaik dá toques finais em escultura de areia construída em homenagem a Nelson Mandela em uma praia de Puri, na Índia Leia maisBiswaranjan Rout/AP
Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição do regime racista, o apartheid, ganhando respeito internacional.
Em 1999, Mandela conseguiu eleger seu sucessor, Thabo Mbeki, que posteriormente foi obrigado a deixar a presidência, devido a uma manobra política do seu maior rival dentro do CNA, Jacob Zuma.

Casamentos, separações e aposentadoria

Mandela casou-se três vezes. Sua primeira esposa foi Evelyn Ntoko Mase, de quem se divorciou em 1957, após 13 anos de casamento. Em seguida, casou-se com Winie Madikizela, e com ela ficou por 38 anos. O casal se divorciou em 1996, após suas divergências políticas virem a público. No seu 80º aniversário, Mandela casou-se com Graça Machel, com quem esteve até os dias atuais.
Depois de deixar a presidência, Mandela passou a dedicar suas forças ao combate à Aids na África do Sul, levantando milhões de dólares para enfrentar a epidemia da doença. Seu único filho morreu vítima de Aids em 2005.
Ainda fora da Presidência, Mandela ganhou uma série de títulos e homenagens, como a Ordem de St. John, da rainha da Inglaterra, Elizabeth 2ª.; a medalha presidencial da Liberdade, do então presidente dos Estados Unidos George W. Bush; o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia); a Ordem do Canadá, dentre outros.
Apesar de ter ganho a condecoração de Bush, Mandela realizou uma série de pronunciamentos, em 2003, em que atacava a política externa do presidente americano.
Em junho de 2004, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Mas a militância continuou. Em 2007, comemorou o 89° aniversário criando um grupo internacional de estadistas idosos e altamente respeitados, incluindo seus colegas Prêmios Nobel da Paz Desmond Tutu e o ex-presidente americano Jimmy Carter, para combater problemas mundiais, que incluem as mudanças climáticas, o combate à Aids e à pobreza.
A comemoração de seu aniversário de 90 anos foi um ato público com shows, que ocorreu em Londres, em julho de 2008, e contou com a presença de artistas e celebridades engajadas nessas lutas.
Em 2009, com aparência frágil, o ex-presidente sul-africano compareceu a um comício eleitoral do CNA para ajudar a eleger Jacob Zuma, atual presidente do país.

Veja vídeos sobre Nelson Mandela - 9 vídeos

Islamitas executam jornalista iraquiano no norte da Síria

http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/islamitas-executam-jornalista-iraquiano-no-norte-da-siria?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed%3A+ExameMundo+%28EXAME+Mundo%29 Beirute - O jornalista iraquiano Yasser Faiçal al-Jumeili foi executado ontem por islamitas na província de Idlib, no norte da Síria, informou nesta quinta-feira à Agência Efe o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abderrahman. A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) confirmou em comunicado a execução de Al-Jumeili. "A RSF condena categoricamente a execução ontem do jornalista freelancer iraquiano Yasser Faiçal al-Jumeili no norte da Síria", disse. Em comunicado, a ONG destacou que é o primeiro jornalista estrangeiro assassinado por um grupo armado da oposição nas zonas tomadas pelos rebeldes no norte da Síria. Segundo RSF, Al-Jumeili estava havia dez dias no país árabe, onde preparava uma reportagem. O texto afirma que várias fontes apontam que o comunicador foi sequestrado ontem pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Síria), vinculado à Al Qaeda em Idlib, que o assassinou. A ONG destaca que atualmente o corpo está na Turquia. Al-Jumeili tinha 32 anos e colaborava com frequência com o canal catariano "Al Jazeera" em inglês e com a agência "Reuters". A RSF lembrou que o iraquiano é o vigésimo trabalhador de um veículo de comunicação que morreu em território sírio desde o início do conflito em março de 2011 e o oitavo estrangeiro. Atualmente, há 22 jornalistas sírios sequestrados e outros 40 detidos, enquanto o número de repórteres estrangeiros detidos ou desaparecidos na Síria subiu para 18.

quarta-feira, dezembro 04, 2013

Papa Francisco diz que foi segurança de boate na juventude

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1380579-papa-francisco-diz-que-foi-seguranca-de-boate-na-juventude.shtml DE SÃO PAULO Em um encontro em um bairro pobre no subúrbio de Roma, no domingo (1º), o papa Francisco afirmou que foi segurança de uma boate de Buenos Aires na sua juventude, antes de entrar na faculdade para estudar letras e psicologia. Durante a missa, ele disse que o trabalho de tentar tirar os brigões de dentro de uma casa noturna contribuiu para seus trabalhos de evangelização na Igreja Católica, assim como o período em que lecionou. O pontífice disse que ela já tinha trabalhado como faxineiro e técnico de um laboratório químico em sua adolescência. A menção ao trabalho foi feita em sua homilia, quando contou que descobriu sua vocação ao se confessar com um padre que ele nunca havia reconhecido. Ele brincou que era de conhecimento comum que os melhores sacerdotes para se confessar são os cegos e os desconhecidos. O pontífice também fez referência ao desejo de crescer a evangelização pelo aumento da credibilidade dos padres, como mencionou em sua primeira exortação pública, divulgada na semana passada.

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Luxo da Fifa na Bahia vê abismo em 3 km com jegue e casa de só R$ 8 mil

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/12/02/luxo-da-fifa-na-bahia-ve-abismo-em-3-km-com-jegue-e-casa-de-so-r-8-mil.htm

Bruno Freitas e José Ricardo Leite
Do UOL, na Costa do Sauípe (BA)


Ampliar

Luxo da Fifa tem contraste a 3 km do sorteio13 fotos

8 / 13
Casa à venda por R$ 8 mil em Areal José Ricardo Leite e Bruno Freitas/UOL

VEJA TAMBÉM

Seu Pedrinho é uma figura que todo mundo conhece na pequena Areal, em Mata de São João, na Bahia. É dono de um bar que recebe dois clientes numa tarde calorenta de domingo. Ele também é o único responsável por guardar a chave da capela da comunidade, bem ao lado de seu estabelecimento. A vida passa devagar por ali, quase do lado do luxuoso resort na Costa do Sauipe que já recebe os carrões da delegação da Fifa e o movimento já exagerado das forças de segurança.
Na sexta-feira, a base montada no resort atrairá a atenção do mundo inteiro no evento do sorteio dos grupos da Copa do Mundo no Brasil. Mas a cerca de 3 km de distância, a pacata Areal parece não se importar. Quem vive lá, em uma das comunidades mais pobres da região, não espera que eventuais benefícios sociais caiam do céu em razão da vizinhança de ocasião da festa da Fifa.
"De vez em quando mexem nessa estrada daí, mas nada especial agora para esse evento", diz João Bonfim, um dos dois clientes que movimenta a tarde no bar de seu Pedrinho.
O pequeno comerciante local também afirma que não pretende se deslocar para as proximidades do complexo que abriga a Fifa, perto dali. Diz que não troca sua tranquilidade de Areal, já se satisfaz por zelar pelo bar e pela capela. Já a segunda cliente do domingo admite que nem sabia do evento, mas que espera ter a chance de ganhar um brinde: "eu adoro bonés, queria um desses de patrocinador".
Enquanto os carros de vidro escuro com a logomarca da Fifa já cruzam em velocidade a estrada local, galinhas circulam por Areal, desviando de oscilações do solo, de jegues e de telefones públicos destruídos.   
A estrada em questão é a BA-099, que bem poderia mudar de nome nesta semana. Apesar dos coqueiros que desenham a paisagem da rodovia estadual que liga Salvador até o litoral norte da Bahia, a pista terá uma característica singular nos próximos dias. Ela virará uma espécie de "Rodovia da Fifa", tamanha movimentação de carros da organização que lá já trafegam.

Será assim até próximo dia 6, data do sorteio que define os grupos da Copa do Mundo no luxuoso complexo da Costa do Sauípe, em festa que custará aproximadamente R$ 26 milhões, sendo R$ 6,5 milhões pagos pelo governo da Bahia.
Números que pouco fazem a diferença em Areal, onde a placa no acostamento que indica a entrada foi aparentemente escrita a mão. Apesar de tão próximo ao mar, o caminho sinuoso que leva até seus moradores se revela quase como uma trilha a uma região das mais áridas do centro do Nordeste.

Apesar da proximidade geográfica, a cerimônia da Fifa apresenta um abismo de sensações em comparação com Areal. Nada de coquetéis e deslocamentos em carrinhos de golfe. A diversão na vizinha pobre da Costa do Sauipe é outra. "O que fazemos aqui é ir na igreja e levar as crianças na escola", diz um morador do local, que convidou dois amigos para ver o jogo do Bahia em casa no domingo.

Em Areal, as cercas e portões são feitas de plantas grandes que "protegem" o redor das casas. Uma delas, sem ser tão bem protegida, é até oferecida com o contato de um telefone celular à disposição.  O preço? R$ 8 mil.

"Mas ela não está rebocada, não tem nada. É 10 x 15 m. Só comprei o terreno, mas cabe uma cama lá. Tem sofá, produtos pra limpar. Ôxa se dá pra morar", falou o dono, José dos Santos, pedreiro em Imbassaí, vila ao lado.
Só a tenda provisória comprada para a festa de gala da Fifa na sexta-feira está avaliada em cerca de R$ 4 milhões.