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Houve época no futebol em que havia apenas a Copa como competição
para apurar o maior time do mundo – ou, mais especificamente, a seleção.
Ainda assim, de quatro em quatro anos, o que torna a festa ainda hoje
especial. E, com algum exagero de nossa parte, se disputava o “mundial
de clubes”, que os europeus preferiam definir como desafio
intercontinental entre os campeões de lá e da América. Fora isso, cada
região do globo ficava com a apuração dos respectivos melhores e todo
viviam felizes.
Agora, não. Em tempos de satélites, internet e a infinidade de
filhotes tecnológicos que encurtam distâncias e bisbilhotam a vida de
qualquer um, tornaram-se infindáveis as disputas e comparações
universais. A transação mais cara do mundo, o jogador mais premiado do
mundo, o time mais valioso do mundo, o maior patrocínio do mundo, a
melhor equipe do mundo (quando não de todos os tempos), o gol mais
rápido do mundo, o estádio mais moderno do mundo. A lista é extensa. O
mundo encolheu e ninguém se contenta em ser só destaque no próprio país
ou continente. É preciso parecer o máximo em toda parte.
Veja a discussão a respeito do melhor jogador do mundo. Messi faturou
o prêmio nos últimos anos, mas agora há quem detecte decadência nele
por causa de contusões recorrentes e porque, recentemente, passou uns
sete ou oito jogos em branco! Cristiano Ronaldo, ao contrário, não tem
um senão, brilhou com Portugal na repescagem para o Mundial, faz gols
como nunca na Espanha e não pode ficar sem o troféu. Fãs de um e outro
se desdobram em argumentos para provar a superioridade do astro
preferido.
Até a Fifa deu uma colher de chá – a meu ver para o português -, ao
estender o prazo para que treinadores e capitães de seleções mandem os
votos. Uma forma de evitar injustiça? Pode ser. Mas acima de tudo uma
maneira de fazer com que a cerimônia, importante do ponto de vista
promocional e comercial, não se esvazie. Na prática, uma manobra boa de
marketing.
Messi e Cristiano Ronaldo são excelentes e se destacariam mesmo em
agremiações modestas. Porém, é preciso levar em conta a exposição que
têm, por atuarem em clubes com visibilidade internacional e elencos
poderosos. Vantagem extraordinária e que, por si só, desequilibra o
pleito. O mundo pequeno tem olhos voltados para a Europa, e só. E vicia
esse olhar, mesmo com toda a parafernália moderna para acompanhar o
futebol pelo planeta.
Vai demorar, ainda, para que regiões periféricas – e aqui incluo a
América do Sul – sejam seguidas de perto. Não é por acaso que argentinos
ou brasileiros só receberam a honraria depois de se transferirem para o
centro do mundo. Antes, podiam comer a bola, como já o haviam feito
Edmundo (em 1997) ou Neymar, e mesmo assim não tiveram a chancela de
credibilidade.
Em resumo: esse negócio de melhor do mundo é relativo, como tudo na
vida. Mas o homem é um bicho que gosta de comparar, desde pequeno…
Bate bola.1 – A busca por dados curiosos e
comparativos leva a exageros. Nestes dias, vi, li e ouvi que: Robinho
tem mais gols que Pelé em jogos contra o Chile; Jucilei marcou gol que
Pelé não conseguiu; Rogério Ceni igualou Pelé em número de jogos por um
time. Engraçado, sempre Pelé….
2 – Espírito esportivo. Antes do jogo com a Romênia que valeria vaga
para a Copa, dirigentes gregos perceberam que os adversários haviam
inscrito dois goleiros em vez dos três obrigatórios. O erro levaria a
Romênia a ser desclassificada, no tapetão, mesmo se vencesse em campo. A
turma da Grécia preferiu o fair-play – e se garantiu na bola.
3 – E agora? O São Paulo bateu o pé para tirar de Campinas o segundo
jogo com a Ponte, pela semifinal da Copa Sul-Americana, sob a alegação
de que os rivais descumpriam o regulamento. A insistência serviu de
excelente motivação para a Macaca. Missão difícil superar os 3 a 1.
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