Que o Grande Prêmio dos Estados Unidos foi uma
tremenda chatice todos os que assistiram à corrida certamente devem concordar
em gênero, número, grau e conjugações. Agora, o problema é o seguinte: para o
próximo ano, esse panorama não deve mudar.
Essa
previsão nefasta tem como base a recente ameaça da Pirelli de fazer pneus mais
conservadores para 2014. Em outras palavras, ela quer se livrar das críticas
que recebeu na temporada deste ano, quando alguns compostos simplesmente
explodiram em retas de alta velocidade.
Com
pneus apresentando menos desgaste, as equipes optariam por estratégias com
apenas uma parada nos boxes e poucas trocas de posições. Foi o que aconteceu em
Austin. Ultrapassagens, mesmo, só na hora da largada e, ao longo das 56 voltas,
restritas ao pelotão intermediário. E olhem lá. Na parte final, Mark Webber
ainda tentou tirar a segunda posição de Romain Grosjean, mas os “pisantes”
traseiros de sua RBR o deixaram na mão e ele teve de se contentar com o
terceiro posto. Uma boa reação, diga-se logo. Por ter se mostrado péssimo de
largada, caiu para o quarto posto assim que se apagaram as luzes vermelhas.
Olha
só: a emoção é a razão de ser de um esporte. De qualquer esporte. Os
norte-americanos são ótimos nisso. Em promover espetáculos. Os autódromos em
que ocorrem as provas de Nascar recebem lotação esgotada ou quase isso. O mesmo
acontece com os jogos do futebol americano. Ou de beisebol. Pelo amor de Deus,
a Seleção foi jogar em Miami no sábado e a presença da galera bateu o recorde
de público do estado da Flórida. Isso porque os cérebros de lá sabem investir
na promoção de espetáculos esportivos. Aqui no Brasil temos essa noção, mas ela
acaba sendo tolhida pela ambição dos promotores, que querem enriquecer a todo
custo. E os torcedores daqui que se lasquem, pagando mais de 100 contos num
ingresso.
A
Fórmula 1 tem perdido muito nesse campo. Ainda mais aqui no país. Muita gente
alega que a morte de Ayrton Senna foi o fator preponderante para que abandonassem
os grandes prêmios. Pode ter acontecido, mas sem dúvida alguma não foi só por
isso. Depois de Ayrton, os brasileiros que apareceram ou foram meros figurantes
(Luciano Burti, por exemplo) ou não passaram de escudeiros vendidos (Rubens
Barrichello). Felipe Massa foi o último a nos dar a esperança de que o Brasil
voltaria a comemorar mais um título. Isso não aconteceu. Teve o lance do grave
acidente sofrido por ele, mas até essa quase tragédia tem seus limites. Não se
pode usar esse fato como muleta para justificar pelo resto da vida os passos
para trás que ele e a Ferrari em todos esses anos até sua mudança de cockpit.
Espero que venha a se dar bem na Williams, mas, se a ameaça da Pirelli se
cumprir, tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes.
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