segunda-feira, novembro 18, 2013

CORRIDAS MALAS À VISTA?

Que o Grande Prêmio dos Estados Unidos foi uma tremenda chatice todos os que assistiram à corrida certamente devem concordar em gênero, número, grau e conjugações. Agora, o problema é o seguinte: para o próximo ano, esse panorama não deve mudar.
            Essa previsão nefasta tem como base a recente ameaça da Pirelli de fazer pneus mais conservadores para 2014. Em outras palavras, ela quer se livrar das críticas que recebeu na temporada deste ano, quando alguns compostos simplesmente explodiram em retas de alta velocidade.
            Com pneus apresentando menos desgaste, as equipes optariam por estratégias com apenas uma parada nos boxes e poucas trocas de posições. Foi o que aconteceu em Austin. Ultrapassagens, mesmo, só na hora da largada e, ao longo das 56 voltas, restritas ao pelotão intermediário. E olhem lá. Na parte final, Mark Webber ainda tentou tirar a segunda posição de Romain Grosjean, mas os “pisantes” traseiros de sua RBR o deixaram na mão e ele teve de se contentar com o terceiro posto. Uma boa reação, diga-se logo. Por ter se mostrado péssimo de largada, caiu para o quarto posto assim que se apagaram as luzes vermelhas.
            Olha só: a emoção é a razão de ser de um esporte. De qualquer esporte. Os norte-americanos são ótimos nisso. Em promover espetáculos. Os autódromos em que ocorrem as provas de Nascar recebem lotação esgotada ou quase isso. O mesmo acontece com os jogos do futebol americano. Ou de beisebol. Pelo amor de Deus, a Seleção foi jogar em Miami no sábado e a presença da galera bateu o recorde de público do estado da Flórida. Isso porque os cérebros de lá sabem investir na promoção de espetáculos esportivos. Aqui no Brasil temos essa noção, mas ela acaba sendo tolhida pela ambição dos promotores, que querem enriquecer a todo custo. E os torcedores daqui que se lasquem, pagando mais de 100 contos num ingresso.
            A Fórmula 1 tem perdido muito nesse campo. Ainda mais aqui no país. Muita gente alega que a morte de Ayrton Senna foi o fator preponderante para que abandonassem os grandes prêmios. Pode ter acontecido, mas sem dúvida alguma não foi só por isso. Depois de Ayrton, os brasileiros que apareceram ou foram meros figurantes (Luciano Burti, por exemplo) ou não passaram de escudeiros vendidos (Rubens Barrichello). Felipe Massa foi o último a nos dar a esperança de que o Brasil voltaria a comemorar mais um título. Isso não aconteceu. Teve o lance do grave acidente sofrido por ele, mas até essa quase tragédia tem seus limites. Não se pode usar esse fato como muleta para justificar pelo resto da vida os passos para trás que ele e a Ferrari em todos esses anos até sua mudança de cockpit. Espero que venha a se dar bem na Williams, mas, se a ameaça da Pirelli se cumprir, tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes.

             

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