terça-feira, outubro 08, 2013

A abertura da participação brasileira na Feira do Livro de Frankfurt na tarde desta terça (8) foi marcada por um discurso forte do escritor Luiz Ruffato, no qual ele defendeu que o país nasceu sob a égide do genocídio, que a chamada democracia racial do país foi feita com estupros e que no Brasil reinam a impunidade e a intolerância.
A fala do romancista, feita na sala principal do evento alemão, diante de 2.000 pessoas, entre eles lideranças políticas alemãs e o vice-presidente da República, Michel Temer, ressaltou ainda os 37 mil assassinatos anuais do país, os 550 mil presos e a alta taxa de analfabetismo.
Antes de concluir, Ruffato disse que nos últimos anos o país vem vivendo alguns avanços e salientou o "poder transformador da literatura", exemplificando com sua trajetória: ele disse que é filho de uma lavadeira analfabeta e de um pipoqueiro semianalfabeto.

Feira do Livro de Frankfurt

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Michael Probst - 8.out.2013/Associated Press
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Visitantes descansam em redes e escutam histórias no pavilhão brasileiro na Feira de Frankfurt
Seu discurso, de cerca de dez minutos, foi ovacionado e aplaudido de pé por alguns dos presentes, entre eles o diretor do Sesc-SP Danilo Santos Miranda e escritores brasileiros, como o romancista Paulo Lins e o poeta Age de Carvalho.
No encerramento das cerimônias, depois do discurso de políticos como o Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, que elogiou a fala de Ruffato e pediu lugar permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, o vice-presidente Michel Temer fez um discurso que foi concluído com vaias.
Começou chamando a ministra da Cultura, Marta Suplicy, de "ministra da Educação" e fez declarações elogiosas a sua participação na constituinte, que resultou na Constituição de 1988.
Em seguida falou de sua relação com a literatura. "Jamais abandonei a literatura. As leituras aguçaram meu raciocínio. Graças a isso cheguei a este palco", disse, antes de fazer propaganda de seus próprios poemas, publicados recentemente no livro "Anonima Intimidade" (Topbooks). "Não recebi elogios, mas também não recebi críticas."
*
Leia a íntegra do discurso do escritor Luiz Ruffato na abertura da Feira do Livro de Frankfurt:
"O que significa ser escritor num país situado na periferia do mundo, um lugar onde o termo capitalismo selvagem definitivamente não é uma metáfora? Para mim, escrever é compromisso. Não há como renunciar ao fato de habitar os limiares do século 21, de escrever em português, de viver em um território chamado Brasil. Fala-se em globalização, mas as fronteiras caíram para as mercadorias, não para o trânsito das pessoas. Proclamar nossa singularidade é uma forma de resistir à tentativa autoritária de aplainar as diferenças.
O maior dilema do ser humano em todos os tempos tem sido exatamente esse, o de lidar com a dicotomia eu-outro. Porque, embora a afirmação de nossa subjetividade se verifique através do reconhecimento do outro --é a alteridade que nos confere o sentido de existir--, o outro é também aquele que pode nos aniquilar... E se a Humanidade se edifica neste movimento pendular entre agregação e dispersão, a história do Brasil vem sendo alicerçada quase que exclusivamente na negação explícita do outro, por meio da violência e da indiferença.
Nascemos sob a égide do genocídio. Dos quatro milhões de índios que existiam em 1500, restam hoje cerca de 900 mil, parte deles vivendo em condições miseráveis em assentamentos de beira de estrada ou até mesmo em favelas nas grandes cidades. Avoca-se sempre, como signo da tolerância nacional, a chamada democracia racial brasileira, mito corrente de que não teria havido dizimação, mas assimilação dos autóctones. Esse eufemismo, no entanto, serve apenas para acobertar um fato indiscutível: se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas - ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos.
Até meados do século 19, cinco milhões de africanos negros foram aprisionados e levados à força para o Brasil. Quando, em 1888, foi abolida a escravatura, não houve qualquer esforço no sentido de possibilitar condições dignas aos ex-cativos. Assim, até hoje, 125 anos depois, a grande maioria dos afrodescendentes continua confinada à base da pirâmide social: raramente são vistos entre médicos, dentistas, advogados, engenheiros, executivos, jornalistas, artistas plásticos, cineastas, escritores.
Invisível, acuada por baixos salários e destituída das prerrogativas primárias da cidadania --moradia, transporte, lazer, educação e saúde de qualidade--, a maior parte dos brasileiros sempre foi peça descartável na engrenagem que movimenta a economia: 75% de toda a riqueza encontra-se nas mãos de 10% da população branca e apenas 46 mil pessoas possuem metade das terras do país. Historicamente habituados a termos apenas deveres, nunca direitos, sucumbimos numa estranha sensação de não pertencimento: no Brasil, o que é de todos não é de ninguém...
Convivendo com uma terrível sensação de impunidade, já que a cadeia só funciona para quem não tem dinheiro para pagar bons advogados, a intolerância emerge. Aquele que, no desamparo de uma vida à margem, não tem o estatuto de ser humano reconhecido pela sociedade, reage com relação ao outro recusando-lhe também esse estatuto. Como não enxergamos o outro, o outro não nos vê. E assim acumulamos nossos ódios --o semelhante torna-se o inimigo.
A taxa de homicídios no Brasil chega a 20 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes, o que equivale a 37 mil pessoas mortas por ano, número três vezes maior que a média mundial. E quem mais está exposto à violência não são os ricos que se enclausuram atrás dos muros altos de condomínios fechados, protegidos por cercas elétricas, segurança privada e vigilância eletrônica, mas os pobres confinados em favelas e bairros de periferia, à mercê de narcotraficantes e policiais corruptos.
Machistas, ocupamos o vergonhoso sétimo lugar entre os países com maior número de vítimas de violência doméstica, com um saldo, na última década, de 45 mil mulheres assassinadas. Covardes, em 2012 acumulamos mais de 120 mil denúncias de maus-tratos contra crianças e adolescentes. E é sabido que, tanto em relação às mulheres quanto às crianças e adolescentes, esses números são sempre subestimados.
Hipócritas, os casos de intolerância em relação à orientação sexual revelam, exemplarmente, a nossa natureza. O local onde se realiza a mais importante parada gay do mundo, que chega a reunir mais de três milhões de participantes, a Avenida Paulista, em São Paulo, é o mesmo que concentra o maior número de ataques homofóbicos da cidade.
E aqui tocamos num ponto nevrálgico: não é coincidência que a população carcerária brasileira, cerca de 550 mil pessoas, seja formada primordialmente por jovens entre 18 e 34 anos, pobres, negros e com baixa instrução.
O sistema de ensino vem sendo ao longo da história um dos mecanismos mais eficazes de manutenção do abismo entre ricos e pobres. Ocupamos os últimos lugares no ranking que avalia o desempenho escolar no mundo: cerca de 9% da população permanece analfabeta e 20% são classificados como analfabetos funcionais --ou seja, um em cada três brasileiros adultos não tem capacidade de ler e interpretar os textos mais simples.
A perpetuação da ignorância como instrumento de dominação, marca registrada da elite que permaneceu no poder até muito recentemente, pode ser mensurada. O mercado editorial brasileiro movimenta anualmente em torno de 2,2 bilhões de dólares, sendo que 35% deste total representam compras pelo governo federal, destinadas a alimentar bibliotecas públicas e escolares. No entanto, continuamos lendo pouco, em média menos de quatro títulos por ano, e no país inteiro há somente uma livraria para cada 63 mil habitantes, ainda assim concentradas nas capitais e grandes cidades do interior.
Mas, temos avançado.
A maior vitória da minha geração foi o restabelecimento da democracia - são 28 anos ininterruptos, pouco, é verdade, mas trata-se do período mais extenso de vigência do estado de direito em toda a história do Brasil. Com a estabilidade política e econômica, vimos acumulando conquistas sociais desde o fim da ditadura militar, sendo a mais significativa, sem dúvida alguma, a expressiva diminuição da miséria: um número impressionante de 42 milhões de pessoas ascenderam socialmente na última década. Inegável, ainda, a importância da implementação de mecanismos de transferência de renda, como as bolsas-família, ou de inclusão, como as cotas raciais para ingresso nas universidades públicas.
Infelizmente, no entanto, apesar de todos os esforços, é imenso o peso do nosso legado de 500 anos de desmandos. Continuamos a ser um país onde moradia, educação, saúde, cultura e lazer não são direitos de todos, mas privilégios de alguns. Em que a faculdade de ir e vir, a qualquer tempo e a qualquer hora, não pode ser exercida, porque faltam condições de segurança pública. Em que mesmo a necessidade de trabalhar, em troca de um salário mínimo equivalente a cerca de 300 dólares mensais, esbarra em dificuldades elementares como a falta de transporte adequado. Em que o respeito ao meio-ambiente inexiste. Em que nos acostumamos todos a burlar as leis.
Nós somos um país paradoxal.
Ora o Brasil surge como uma região exótica, de praias paradisíacas, florestas edênicas, carnaval, capoeira e futebol; ora como um lugar execrável, de violência urbana, exploração da prostituição infantil, desrespeito aos direitos humanos e desdém pela natureza. Ora festejado como um dos países mais bem preparados para ocupar o lugar de protagonista no mundo --amplos recursos naturais, agricultura, pecuária e indústria diversificadas, enorme potencial de crescimento de produção e consumo; ora destinado a um eterno papel acessório, de fornecedor de matéria-prima e produtos fabricados com mão de obra barata, por falta de competência para gerir a própria riqueza.
Agora, somos a sétima economia do planeta. E permanecemos em terceiro lugar entre os mais desiguais entre todos...
Volto, então, à pergunta inicial: o que significa habitar essa região situada na periferia do mundo, escrever em português para leitores quase inexistentes, lutar, enfim, todos os dias, para construir, em meio a adversidades, um sentido para a vida?
Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contato, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade. Em nossos tempos, de exacerbado apego ao narcisismo e extremado culto ao individualismo, aquele que nos é estranho, e que por isso deveria nos despertar o fascínio pelo reconhecimento mútuo, mais que nunca tem sido visto como o que nos ameaça. Voltamos as costas ao outro --seja ele o imigrante, o pobre, o negro, o indígena, a mulher, o homossexual-- como tentativa de nos preservar, esquecendo que assim implodimos a nossa própria condição de existir. Sucumbimos à solidão e ao egoísmo e nos negamos a nós mesmos. Para me contrapor a isso escrevo: quero afetar o leitor, modificá-lo, para transformar o mundo. Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias. Porque penso que o destino último de todo ser humano deveria ser unicamente esse, o de alcançar a felicidade na Terra. Aqui e agora."




DAS VERDADES INCONTESTÁVEIS

Apenas para promover o retorno de uma daquelas adoráveis expressões “das antigas”, vamos começar estas considerações afirmando que o romancista Luiz Ruffato pôs a boca no trombone. Na abertura da participação brasileira na Feira do Livro de Frankfurt (Alemanha, meu povo!), o escritor detonou com seu discurso: disse que o Brasil “nasceu sob a égide do genocídio” (verdade); que a nossa “democracia racial” aconteceu à base de estupros (idem) e que no Brasil “reinam a impunidade e a intolerância” (idem²).
            Como diria o Décio Sá: “Quem é Luiz Ruffato, rapá?”. Bom, confesso que, até antes de ler a matéria que me inspirou este opúsculo, eu não fazia ideia da mera existência de um cidadão chamado Luiz Ruffato. Muito menos que fosse escritor. E ainda menos que havia a condição de “escritor” associada a seu nome.
            Eu estava mais ou menos no mesmo patamar de ignorância daqueles que até hoje desconhecem a importância do ex-vice-presidente Al Gore para o debate a respeito da contribuição decisiva – do ponto de vista negativo – da humanidade para o criminoso aumento do aquecimento global. Vocês aí já assistiram ao documentário Uma verdade inconveniente? Não? Então, não posso ser condenado por ainda não saber que existe uma criatura denominada Luiz Ruffato.
            E já que estamos falando tanto desse indivíduo, eis um brevíssimo apanhado de sua vida e de sua arte: nasceu em Cataguases (Minas) em 1961, é filho de um pipoqueiro e de uma lavadeira de roupas. Formou-se em tornearia-mecânica pelo Senai e trabalhou como operário da indústria têxtil, pipoqueiro e atendente de armarinho. Por esse início de biografia, o sujeito poderia ter sido presidente do Brasil. Mas preferiu escrever livros. Romances. Eles eram muitos cavalos (?), de sua lavra, lançado em 2001, ganhou o troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Além disso, tornou-o um escritor reconhecido no país. Onde eu estava, enquanto isso acontecia? Na certa, tentando ser um escritor reconhecido aqui no Brasil. Patético!
            Pois esse grande gênio das nossas letras chutou o pau da barraca, com seu discurso na abertura da Feira do Livro de Frankfurt. Não sei se ele acordou com o pé esquerdo, nem se a sua mula literária empacou onde a vaca nacionalista foi para o brejo. O que sei mesmo é que ele resolveu cavoucar a ferida com o indecente dedo médio em riste e disparou, na presença do vice-presidente, o nobilíssimo Michel Temer:
            “Avoca-se sempre, como signo da tolerância nacional, a chamada democracia racial brasileira, mito corrente de que não teria havido dizimação, mas assimilação dos autóctones. Esse eufemismo, no entanto, serve apenas para acobertar um fato indiscutível: se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas - ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos”.
            Não que Michel Temer tenha a ver com a dizimação dos primeiros indígenas. Não que tenha sido um dos responsáveis ou mesmo o mentor intelectual do “estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos”. Mas como político situacionista, Temer (involuntariamente, é certo) faz parte de um sistema marcado tanto pelas desigualdades quanto pelas crueldades, como está, apontada pelo escritor:
“Machistas, ocupamos o vergonhoso sétimo lugar entre os países com maior número de vítimas de violência doméstica, com um saldo, na última década, de 45 mil mulheres assassinadas. Covardes, em 2012 acumulamos mais de 120 mil denúncias de maus-tratos contra crianças e adolescentes. E é sabido que, tanto em relação às mulheres quanto às crianças e adolescentes, esses números são sempre subestimados”.
São verdades inconvenientes, como as divulgadas por Al Gore em seu documentário. E também incontestáveis. Para Ruffato, escrever é “compromisso”. É não enfiar a cabeça na areia e dizer que está tudo bem.

É, acima de tudo, acreditar que a literatura pode propiciar mudanças no cenário obscuro que ele mesmo denunciou, em seu discurso em Frankfurt.

segunda-feira, outubro 07, 2013

Mudança nos endereços da internet incluirá mais de 1.700 sufixos, como '.pizza' e '.rio'

http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/10/1352044-mudanca-nos-enderecos-da-internet-incluira-mais-de-1700-sufixos-como-pizza-e-rio.shtml

YURI GONZAGA
DE SÃO PAULO

A organização responsável por administrar os chamados domínios de topo genéricos, a Icann, aprovou recentemente o último lote de pedidos de novas terminações. No total, são 1.745 sufixos liberados que se somarão aos 22 atualmente em uso (".org", ".net", por exemplo).
A mudança, a maior na história dos endereços da web, implica que empresas e pessoas físicas passam a poder controlar esse tipo de domínio, algo que antes era reservado apenas a governos e organizações relacionadas à infraestrutura da internet.
Para o internauta, isso significa mais sites com endereço intuitivo (como "saopaulo.pizza", "mpb.music" ou "prefeitura.rio"), mas também potenciais problemas com fraude --em um documento, a Icann aponta para terminações de "alto risco" como ".credit", ".shop" e ".discount", já aprovadas.
Em 2011, após o anúncio da iniciativa, a Dell, a HP, a Samsung e outras 84 empresas publicaram uma carta aberta para tentar impedi-las, com a alegação de que as justificativas eram insuficientes e que os novos sites poderiam causar dano à reputação das marcas, além do custo alto.
PREÇO ALTO
A Icann cobra US$ 185 mil para analisar um pedido, mas, somadas as exigências técnicas e jurídicas, o gasto total para cada domínio acaba sendo de por volta de US$ 700 mil, segundo Rob Hall, diretor da Momentous, empresa canadense que solicitou quatro terminações.
A manutenção custa por volta de US$ 150 mil anuais.
"Não sabemos se todas serão exitosas [financeiramente], mas essa não deixa de ser uma boa oportunidade", diz Hall. Os pedidos dele incluem ".sucks", considerada de alto risco, e ".rip", cuja ideia é ser usada para sites que homenageiam mortos.
Todos os sufixos aprovados passaram à fase de contratação, seguindo uma ordem definida por sorteio, e muitos devem estar no ar no fim deste ano e no começo do ano que vem.
Sete empresas brasileiras têm pedidos: Bradesco, Globo, Ipiranga, Itaú, Natura, UOL e Vivo, além do NIC.br. Solicitações do país incluem ".ltda", ".final", ".bom" e ".rio" (da prefeitura carioca).
Sozinho, o Google fez 101 requisições (entre elas estão ".web", ".blog" e ".youtube").
"É algo importante para a inovação ", diz Rodrigo de la Parra, vice-presidente da Icann para América Latina. "Dá às companhias oportunidades competitivas e, aos usuários, de identificação."
Já para Demi Getschko, diretor do NIC.br, órgão que é uma espécie de supervisor da web no Brasil, novos domínios são desnecessários. "Ninguém nunca deixou de criar um site por não existir um sufixo que não fosse de seu gosto ou que não representasse sua ideologia."
"Isso acaba gerando ruídos e conflitos, como foi o caso da Amazon", diz, referindo-se à terminação requerida pela varejista americana, que suscitou protestos de países amazônicos (entre eles o Brasil) e, por isso, teve sua avaliação prorrogada.
Editoria de Arte

Dois americanos e um alemão ganham Nobel de Medicina

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/10/07/americanos-ganham-nobel-de-medicina-por-pesquisa-sobre-transporte-celular.htm

Do UOL, em São Paulo

  • Janerik Henriksson/Reuters
     James E. Rothman, Randy W. Schekman e Thomas C. Südhof ganharam o Prêmio Nobel de Medicina 2013 James E. Rothman, Randy W. Schekman e Thomas C. Südhof ganharam o Prêmio Nobel de Medicina 2013
Os cientistas James E. Rothman e Randy W. Schekman, dos Estados Unidos, e Thomas C. Südhof, da Alemanha, ganharam, conjuntamente, o Prêmio Nobel da Medicina 2013, anunciou nesta segunda-feira (7) a instituição.
Os três foram premiados por suas descobertas sobre o sistema de transporte no interior da célula, para que "as moléculas sejam transportadas ao local correto da célula no momento adequado", destacou o Comitê Nobel.
Suas descobertas tiveram um enorme impacto na compreensão da forma como a carga é entregue dentro e fora da célula e têm implicações nos trabalhos sobre diversas doenças, incluindo distúrbios neurológicos e problemas imunológicos, assim como o diabetes.

Ganhadores do Nobel de Medicina nos últimos 10 anos

2013 James E. Rothman (Estados Unidos), Randy W. Schekman (Estados Unidos) e Thomas C. Südhof (Alemanha)
2012 Shinya Yamanaka (Japão) e John B. Gurdon (Grã-Bretanha)
2011 Bruce Beutler (Estados Unidos), Jules Hoffmann (França), Ralph Steinman (Canadá)
2010 Robert Edwards (Grã-Bretanha)
2009 Elizabeth Blackburn (Austrália-Estados Unidos), Carol Greider e Jack Szostak (Estados Unidos)
2008 Harald zur Hausen (Alemanha), Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier (França)
2007 Mario Capecchi (Estados Unidos), Oliver Smithies (Estados Unidos) e Martin Evans (Grã-Bretanha)
2006 Andrew Z. Fire (Estados Unidos) e Craig C. Mello (Estados Unidos)
2005 Barry J. Marshall (Austrália) e J. Robin Warren (Austrália)
2004 Richard Axel (Estados Unidos) e Linda B. Buck (Estados Unidos)
Os três cientistas premiados com o Nobel "descobriram os princípios moleculares que regem a forma como esta carga é entregue no lugar correto da célula no momento adequado", explicou o júri.
James E. Rothman, nascido em 1950 em Massachusetts, trabalha no departamento de biologia da Universidade americana de Yale.
Seu colega Randy W. Schekman nasceu em 1948 em Minnesota e trabalha na Universidade americana de Berkeley, no departamento de biologia celular.
O cientista alemão Thomas C. Südhof nasceu em 1955 na cidade de Göttingen e trabalha na Universidade americana de Stanford.
Os ganhadores do prêmio recebem oito milhões de coroas suecas (US$ 1,3 milhão), a mesma quantidade que no ano passado mas 20% menos que em 2011. Em 2012, os agraciados com o Nobel foram o britânico John B. Gurdon e o japonês Shinya Yamanaka.

O prêmio foi anunciado às 10h30 locais (6h30 no horário de Brasília).
Ao longo desta semana serão anunciados os ganhadores do Nobel de Física (terça-feira), Química (quarta-feira), Literatura (quinta-feira) e da Paz (sexta-feira).
A edição deste ano dos prêmios se encerra na próxima segunda-feira (14), com o de Economia.
A entrega dos Nobel acontece, de acordo com a tradição, em duas cerimônias paralelas, em Oslo para o da Paz e em Estocolmo para os restantes, no dia 10 de dezembro, coincidindo com o aniversário da morte de Alfred Nobel. (Com AFP e Efe)
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Prêmio Nobel da Paz

2012 - União Europeia - Bloco político e econômico que reúne 27 países, a maioria da Europa, formado oficiamente em 1993, mas cujas origens remontam ao fim da Segunda Guerra Mundial Leia mais Shutterstock


domingo, outubro 06, 2013

MADRUGADA DOS VIVOS

A zumbizada deu show, na madrugada de domingo.
Não me refiro, é claro, aos mortos-vivos fajutos de Walking Dead nem às sinistras criaturas que fizeram de Guerra Mundial Z um filmaço indo e voltando.
Falo daqueles bravos e ousados que, às 3h, praticamente enraizaram-se na frente da tevê para assistir a um bom Grande Prêmio da Coreia do Sul.
Não foi uma etapa monótona, como Cingapura. Certo, Sebastian Vettel venceu a quarta prova seguida, sendo apenas incomodado pela Lotus de Romain Grosjean (que chegaria em terceiro) apenas quando duas trapalhadas possibilitaram a entrada do carro de segurança. Mas, por assim dizer, nas posições intermediárias o bicho pegou.
Em alguns momentos da prova, a Fórmula 1 lembrou a Indy, com até quatro carros na luta por posições. Podia ser assim a temporada toda e não em circuitos que incentivam o piloto a partir para cima. Com os carros mais ou menos em igualdade de condições, houve ultrapassagens bacanas, acidentes dignos de nota pelo absurdo e exageros de quem comanda o circo nos bastidores. Ou seja, a zumbizada gostou do que viu.
Felipe Massa mostrou que não tem mais condições de pilotar uma Ferrari. Por seus próprios (de)méritos, rodou sozinho logo depois da largada, foi parar nas últimas posições e se contentou em fazer uma corrida de recuperação. Isso é pouco para quem um dia quase foi campeão. Espero que na Lotus – se esse for mesmo seu caminho – ele reencontre o caminho das vitórias e volte a se divertir com o que faz.
Demorou, mas a questão dos pneus voltou ao centro das atenções, em Yeongam. Quando o dianteiro direito de uma das McLarens explodiu, pensei de imediato que esse pessoal da Pirelli tem muita sorte de ninguém, entre pilotos e plateia, sair ileso. Que tal a Michelin voltar à Fórmula 1, hein? Acho que já passou da hora. Antes que o pior aconteça.
Aos excessos. O de rádio, por exemplo. Quem adora isso é o Luciano Burti, da Globo, o “tradutor oficial” das comunicações entre pilotos e equipes durante a corrida. Estão demais! Em muitos momentos, não querem dizer rigorosamente nada. Nas últimas voltas, apenas para não ter que ficar de boca fechada, o engenheiro de Vettel lhe dizia apenas para “tomar cuidado” com o consumo dos pneus. Um pedido que o futuro tetracampeão ignorou solenemente, com inúmeras voltas mais rápidas.
Tolice maior só a dos “big brothers” incumbidos de monitorar a corrida e punir eventuais lambanças. Todos sabem que a segurança deve estar no topo da lista de prioridades. A punição de 10 posições a Mark Webber foi exemplar. Agora, advertir um piloto que está lutando por posição e precisa dividir uma curva de maneira mais contundente é exagero total.
E é isso. Parabéns à zumbizada pela prova de resistência ao sono. Agora, é aguardar o Grande Prêmio do Japão, semana que vem. Também no mesmo horário. Acho que Vettel levará o tetra nessa corrida.
Para colocar seu nome entre os gigantes Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. Uma conquista e tanto para o atual gênio da categoria.


quarta-feira, outubro 02, 2013

Tom Clancy, autor de "Caçada ao Outubro Vermelho", morre aos 66 anos

Do UOL, em São Paulo


O escritor best-seller Tom Clancy morreu nesta terça-feira (1º), aos 66 anos, informaram seus representantes à BBC e ao "The New York Times". Entre suas obras estão "Caçada ao Outubro Vermelho", "A Soma de Todos os Medos" e "Jogos Patrióticos", que ganharam adaptação para os cinemas. Clancy estava internado em um hospital em Baltimore e a causa da morte ainda não foi divulgada. 
Seus livros ficaram famosos por abordarem ciências militares e espionagem tecnicamente detalhados -- 17 deles estiveram no topo da lista de mais vendidos do "The New York Times", inclusive sua obra mais recente, "Threat Vector", de 2012. Seus romances também inspiraram uma série bastante popular de games: "Ghost Recon", "Rainbow Six" e a série "Splinter Cell". Seu último livro,"Command Authority", tem lançamento previsto para 3 de dezembro nos Estados Unidos.
Clancy também foi fundador do estúdio de games Red Storn Entertainment em 1996, que produziu os primeiros jogos baseados nas suas histórias do autor. Mais de 40 jogos carregam a marca do autor.

Seu personagem mais famoso Jack Ryan já foi interpretado por Alec Baldwin, Harrison Ford e Ben Affleck. Outro famoso personagem, John Clark, já foi vivido por Willem Dafoe e Liev Schreiber.

Jack Ryan volta aos cinemas no filme "Jack Ryan: Shadow One", em que será interpretado por Chris Pine. A previsão é que o filme, dirigido por  Kenneth Branagh, chegue aos cinemas brasileiros no dia 25 de dezembro deste ano.  O filme marca o início de uma trilogia do agente criado por Clancy.

David Shanks, um executivo da editora Penguin, que trabalhou com o escritor por décadas, disse que Clancy foi responsável por criar um suspense moderno. "Foi um dos mais visionários contadores de histórias do nosso tempo".
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Filmes baseados nas obras de Tom Clancy8 fotos

4 / 8
Harrison Ford vive Jack Ryan, famoso agente criado por Tom Clancy, em "Perigo Real e Imediato" (1994) Divulgação
Primeiro livro aos 37 anos
"Caçada ao Outubro Vermelho", primeiro livro de Clancy, cujo nome de batismo é Thomas Lanier Clancy Jr, foi lançado quando o autor tinha 37 anos, em 1984. Antes de sua estreia na literatura, Clancy foi professor de inglês em uma escola em Baltimore, sua cidade natal, e trabalhou também como corretor de seguros. Ele também tentou se alistar na Marinha americana, mas foi recusado.
Depois de fracassar em sua tentativa de unir-se às Forças Armadas por problemas de vista, começou a escrever. Seu primeiro livro conta a história de capitão soviético que decide desertar para os Estados Unidos a bordo de um submarino nuclear e provoca um impasse entre as duas superpotências da Guerra Fria.

Clancy vendeu a história para a Editora do Instituto Naval dos EUA por apenas US$ 5 mil. Depois, recebeu milhões pelos direitos de publicação e pela adaptação da história para o cinema.
 
"A diferença entre ficção e realidade é que a ficção tem que fazer mais sentido", afirmou ele certa vez. Republicano declarado, Clancy também era coproprietário do time de beisebol Baltimore Orioles.

terça-feira, outubro 01, 2013

Papa: 'Cúria é Vaticano-cêntrica e farei tudo para mudá-la'

http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/papa-curia-e-vaticano-centrica-e-farei-de-tudo-para-muda-la

Pontífice fez duras críticas ao governo da Igreja em entrevista a jornal italiano. Afirmou que 'a corte é a lepra do papado' - e que pensou em rejeitar o cargo

Papa Francisco beija uma criança na chegada para a audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano, nesta quarta-feira (18)
Papa Francisco beija uma criança na chegada para a audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano, nesta quarta-feira (18) (Stefano Rellandini/Reuters)
"Os chefes da Igreja geralmente têm sido narcisistas, amantes da adulação e excitados de forma negativa por seus cortesãos" Papa Francisco
O papa Francisco deflagrou nesta terça-feira mais um capítulo de sua guerra contra os desmandos da Santa Sé. A pouco mais de duas semanas da saída do cardeal italiano Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano demitido pelo pontífice, Francisco concedeu uma entrevista ao jornal italiano La Reppublica, publicada nesta terça-feira, em que faz duras críticas ao governo da Igreja Católica. Segundo o papa, o grande defeito da Cúria é se ocupar apenas de seus próprios problemas, esquecendo-se do mundo que a cerca. Nesta terça, Francisco se reúne com um conselho de oito cardeais de cinco continentes para tratar das reformas da Igreja.
Declarou o pontífice: “A Cúria é Vaticano-cêntica. Não compartilho dessa visão e farei de tudo para mudá-la”, afirmou Francisco, em entrevista ao fundador do jornal, Eugenio Scalfari. O pontífice pediu à instituição que se comprometa mais com o mundo moderno e afirmou que "os chefes da Igreja geralmente têm sido narcisistas, amantes da adulação e excitados de forma negativa por seus cortesãos". E completou: "A corte é a lepra do papado". Francisco explicou que, apesar da Cúria não ser propriamente uma corte, nela existem "cortesãos".
De fato, o papa já deu início à limpeza ética e moral na burocracia da Igreja Católica, com a demissão de Bertone. Trata-se do primeiro grande movimento de Francisco na mais árdua de suas missões. O coração da Cúria, já no período de João Paulo II e mais recentemente com Bento XVI, à revelia deles, virou um templo de denúncias de pedofilia acobertadas, roubalheira, corrupção e chantagem envolvendo prelados homossexuais que sequestravam o poder decisório do Vaticano mediante extorsão de dinheiro.
A nomeação de Bertone, ocorrida em 2006, é tida pela banda boa da Igreja como um dos maiores enganos cometidos por Bento XVI, agora papa emérito. O homem que deveria ter sido o braço-direito do pontífice alemão acumulou inimigos e está sob suspeita de má gestão e abuso de poder. A destituição de Bertone foi a reivindicação mais frequente durante as reuniões dos cardeais que antecederam o conclave que elegeu Francisco. No fim do processo, Francisco quer chegar à chamada colegialidade, a forma de governar uma Igreja com a inclusão do clero nas decisões do papa. Hoje, não é assim que funciona.
O conclave também foi tema da entrevista de Francisco ao La Reppublica. O pontífice afirmou ao jornal que, ao receber a notícia de que fora escolhido para suceder Bento XVI, pensou em rejeitar o cargo. "Antes de aceitar, pergunteis se poderia retirar-me por alguns minutos para um quarto anexo ao da varanda sobre a praça. Senti muita ansiedade", disse. "Fechei os olhos e todos os pensamentos desapareceram. Inclusive o de rejeitar a designação. Em algum momento, uma grande luz me preencheu. Durou um momento, mas pareceu muito tempo", completou.
(Com agências EFE e France-Presse)