Em recente declaração, Stefano
Domenicali afirmou que, após 12 anos, chegou a hora de Felipe Massa buscar
“novos ares” em sua carreira.
É o tipo de sugestão que se faz a quem
está muito bem de vida, não é não? Mais ou menos assim: “Durante tantos anos,
acumulei um patrimônio que equivale a x+y=$$$$. Aproveito que ainda sou o rei
da cocada preta, saio pela porta da frente e vou curtir a vida. Não sei se
adoidado, mas vou curtir”.
Na verdade, essa de jeito nenhum é a
praia de Massa. Mesmo que não fosse casado e pai de família, você olha para ele
e vê um pacato cidadão – alguém incapaz de participar de uma dessas noitadas
regadas a muito sexo, drogas e pouquíssimo rock. Muito menos ainda de ser
flagrado aos beijos e abraços com alguma periguete boazuda.
O rótulo de bad boy sem dúvida alguma jamais será associado a Felipe. Tanto é
que ele não fez nenhum estardalhaço quando soube que não pilotaria mais pela
Ferrari depois desta temporada. Tanto é que se absteve de comentários ferinos a
respeito da escolha de Kimi Raikkonen como seu substituto.
As opiniões ácidas e afiadas ficaram por
conta de Mark Webber – que aguarda tranquilamente o momento de se transferir
para outra categoria. O australiano já disse que Raikkonen simplesmente vai
“esquentar banco” para Vettel. Disse isso porque, na opinião dele (e na de
poucos, vocês podem ter certeza), o que mais deseja Luca di Montezemolo é tirar
Sebastian da RBR quando terminar o contrato do alemão, em 2015.
Massa não pensa desse jeito – se é que
pensa desta forma. Mas façamos um bom exercício de extrapolação e imaginemos
que ele, numa roda de amigos (os bons, os de verdade, os que não se importam
com o fato de ele ainda ser o rei da cocada preta), analise a situação da
seguinte forma: Vettel, se puder, vai permanecer na Red Bull até dizer já
chega. Por que sair de um time que joga para ganhar todo santo ano? Por que
jogar a chance de alcançar e mesmo superar o número de títulos obtidos por
Schumacher? Vai fazer pouco sentido vê-lo arrumar as malas e se mandar para
Maranello.
Quanto a Massa, talvez não saia da
Fórmula 1 ao fim da temporada. Nicolas Todt, seu empresário, já articula para
que a “mudança de ares” aconteça na Lotus. Vá que ocorra. Porque, pensando bem
– com as chances cada vez mais remotas de Felipe Nasr -, a gente acordar às
nove da manhã dos domingos de grande prêmio e não ver um brasileiro no grid, à
espera da largada, vai dar no mesmo que assistir a um fantástico amistoso entre
San Marino e Ilhas Faroe.
Por essa razão, meu caro Felipe Massa,
fique onde está.
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