Os demais pilotos do grid da Fórmula 1
precisaram ontem, no Grande Prêmio de Cingapura, de lunetas tecnológicas
ultrapotentes. De outra maneira, não conseguiriam observar – e ainda assim com
dificuldade - os 61 movimentos de translação e rotação do Planeta Vettel.
A superioridade do alemão foi tamanha
que o único momento em que foi superado na corrida não durou mais do que alguns
segundos. Foi logo depois da largada, quando Nico Rosberg chegou a
ultrapassá-lo. Mas nas curvas seguintes tomou o famoso “xis”, ficou para trás
com muita facilidade e, certamente abismado, viu o futuro tetracampeão abrir de
cara dois segundos de diferença. Mais ou menos na metade da prova, a distância
entre o piloto da Red Bull e o segundo colocado chegou a 3 segundos.
Reginaldo Leme, em sua primeira
participação na transmissão da Rede Globo, ainda tentou salvar o campeonato
dessa ampla dominação da RBR. “Ano passado”, lembrou, “em Cingapura aconteceu a
virada. Fernando Alonso chegou aqui como líder e, no fim, viu Sebastian Vettel
reagir e conquistar o tricampeonato”. A única reação que se viu foi a dos
pilotos ferraristas. Hoje, no Circo da Velocidade, o “assunto paralelo” é a
“dança dos cockpits”, já anunciada na equipe de Maranello. Como se sabe, Felipe
Massa será substituído por Kimi Raikkonen no ano que vem. Em Cingapura, os dois
fizeram boas corridas. O finlandês mostrou por que foi o escolhido. De 13º,
na largada, chegou em terceiro.
Massa, aos
trancos e barrancos, apareceu bem nas voltas finais, quando a corrida se
dividiu entre os que tinham pneus em condições e os que correram o risco de
ficar pelo caminho por causa da opção pelo pit stop a menos. Como Alonso, por
exemplo. Que fez uma largada excelente, ultrapassando facilmente Webber e
Grosjean, mas na última volta já se arrastava na pista da “capital do terceiro
milênio” – segundo a insistente propaganda de Galvão Bueno.
Por falar em
Mark Webber, foi uma pena seu abandono. Tinha todas as condições de chegar em
segundo. Nesse caso, o título destas considerações seria “Planeta RBR”. O
acidente de Ricciardo – que será o segundo piloto da equipe austríaca ano que
vem – poderia ser interpretado como uma espécie de premonição. Algo neste
sentido: os deuses da F-1 resolveram que apenas Vettel deve ter todas as condições
de alcançar em sequência (sem concorrentes ou figurantes) os quatro títulos
mundiais. Feito apenas alcançado por Michael Schumacher e o Melhor de Todos:
Juan Manuel Fangio.
O alemão
recebeu a bandeira quadriculada 20 segundos à frente de Fernando Alonso.
Daqui a duas
semanas, na Coreia, nem mesmo as lunetas tecnológicas ultrapotentes dos
concorrentes serão capazes de captar os movimentos de rotação e translação do
Planeta Vettel rumo ao tetra.
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