sábado, abril 19, 2008

A POLÍTICA, SEGUNDO PINDORAMA

O colunista Elio Gaspari prefere utilizar a designação pré-cabralina “Pindorama” (em tupi-guarani pindó-rama ou pindó-retama, que significa “terra das palmeiras”) quando se refere a este nosso Brasil varonil, terra de encantos e também de desencantos mil.
Não acredito que exista alguma crítica embutida nesta preferência, como há no per-sonagem Eremildo – o idiota. O uso de “Pindorama” não é mais que mero recurso intelec-tual. Gaspari pode ser considerado um “livre-pensador”. E um assunto sobre o qual ele mui-to se debruça é a política brasileira que não aparece no noticiário. Eu, particularmente, con-sidero o deboche por excelência o jornalista transformar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no “Nosso Guia”.
“Sendo melhor que as coisas fiquem como estão, segue-se naturalmente que, na sociedade civil, melhor seria também que os mesmos homens ficassem sempre no poder se isso fosse possível. Mas, como a perpetuidade no poder é incompatível com a igualdade natural, e além disso sendo justo que todos dele participem, já considerado como um bem, já como um mal, deve-se imitar essa faculdade de alternar no poder que os homens iguais se concedem uns aos outros, do mesmo modo por que antes o recebem”. Trecho destacado d’A Política, de Aristóteles – tudo a ver com um dos principais motes (o outro é o combate à corrupção, como de costume) das eleições deste ano, as quais se darão no âmbito dos mu-nicípios.
Em muitas cidades – as capitais, principalmente -, o líder do Executivo trabalha no sentido de entregar a Prefeitura a um “aliado”. Este termo vai entre aspas em virtude do jogo, às vezes desleal, das famosas articulações entre partidos coligados. Ao mesmo tempo, segundo Fernando Henrique Cardoso (não interessa agora se foi ou não um “bom” presi-dente), “é preciso explicar e convencer a opinião pública sobre a justeza de cada decisão, em uma busca incessante de consentimento genérico, de legitimidade difusa, em um processo de interação entre os poderosos e a população. Deixou de ser suficiente ter obtido dezenas de milhões de votos em uma eleição. No dia seguinte, o eleito recomeça quase do zero. E o instrumento para obter a aprovação democrática é a palavra, sempre ao lado da imagem”.
São Luís é um ótimo exemplo de município bastante afetado pela proposição de acordos, conchavos, clientelismo e fisiologismo. O PDT, liderado por Tadeu Palácio, ainda não tem estabelecido o candidato ao principal gabinete do La Ravardière. De todos os inte-ressados à vaga, quem mais se destaca é Canindé Barros. Por outro lado, duvido muito que o secretário seja o preferido pelos demais “próceres” da tal “Frente de Libertação”. Por falar nisso, está aí um modelo perfeito e acabado da única certeza por assim dizer sólida, em matéria de política nacional: o “companheiro” de hoje pode muito bem ser o adversário de amanhã. Ou vice-versa, como o senador Epitácio Cafeteira. A declaração do ex-governador a respeito de sua relação, hoje amistosa, com o também senador José Sarney mostra que a honestidade, ao contrário do que imagina a opinião publica, também é cultivada entre aqueles em quem obrigatoriamente votamos.
O que ocorre aqui na capital pode tranqüilamente ser aplicado às demais regiões da nossa Pindorama. Elio Gaspari bem que poderia observar mais detidamente a situação polí-tica ludovicense. Tenho certeza de que Eremildo deixaria de ser um completo idiota em dois tempos.

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