terça-feira, dezembro 29, 2009

O Grande Zero

NEW YORK TIMES

Paul Krugman

Talvez soubéssemos, em um nível inconsciente, instintivo, que esta seria uma década que seria melhor ser esquecida. Seja qual for o motivo, nós passamos pela primeira década do novo milênio sem concordar sobre como chamá-la. Os "aughts" (zeros?) Os "naughties" (perversos)? Não importa. (Sim, eu sei que rigidamente falando, o milênio só começou em 2001. Também não me importo.)

Mas do ponto de vista econômico, eu sugeriria que chamássemos a década passada de o Grande Zero. Foi uma década em que nada de bom aconteceu e nenhuma das coisas otimistas nas quais supostamente deveríamos acreditar se concretizaram.

Foi uma década com basicamente zero em criação de empregos. Ok, o número do emprego para dezembro de 2009 será ligeiramente superior ao de dezembro de 1999, mas apenas ligeiramente. E o emprego no setor privado na verdade diminuiu - a primeira década registrada em que isso aconteceu.

Foi uma década com ganho econômico zero para uma família típica. Na verdade, mesmo no auge do suposto "boom do Bush", em 2007, a renda média dos lares corrigida pela inflação era mais baixa do que em 1999. E você sabe o que aconteceu em seguida.

Foi uma década com ganho zero para os donos de imóveis residenciais, mesmo aqueles que compraram cedo: no momento, os preços dos imóveis, corrigidos pela inflação, voltaram aproximadamente aos do início da década. E para aqueles que compraram nos anos intermediários -quando todas as pessoas sérias ridicularizavam os alertas de que os preços dos imóveis não faziam sentido, que estávamos no meio de uma bolha gigantesca -bem, eu sinto a dor de vocês. Quase um quarto de todas as hipotecas nos Estados Unidos, e 45% das hipotecas na Flórida, está com valor acima do de mercado, com os proprietários devendo mais que o valor de seus imóveis.

E por último e menos importante para a maioria dos americanos -mas extremamente importante para as contas de aposentadoria, sem contar para os apresentadores de programas de finanças na TV- foi uma década de ganho zero para as ações, mesmo sem levar a inflação em consideração. Você se recorda da empolgação de quando o Dow ultrapassou pela primeira vez os 10 mil pontos e livros best seller como "Dow 36,000" previam que os bons tempos continuariam por muito tempo? Bem, isso foi em 1999. Na semana passada, o mercado fechou a 10.520 pontos.

Logo, não aconteceu quase nada em progresso ou sucesso econômico. É engraçado como isso aconteceu.

No início da década, havia um senso dominante de triunfalismo econômico no establishment político e empresarial americano, uma crença de que nós -mais do que quaisquer outras pessoas no mundo- sabíamos o que estávamos fazendo.

Permita-me citar um discurso de Lawrence Summers, o então vice-secretário do Tesouro (e atualmente o mais alto economista do governo Obama), feito em 1999. "Se você me perguntar por que o sistema financeiro americano é bem-sucedido", ele disse, "minha leitura, no mínimo, seria a de que nenhuma inovação é mais importante do que os princípios de auditoria aceitos de forma geral: isso significa que cada investidor pode ver a informação apresentada em uma base comparável; que há disciplina na gestão das empresas, na forma como relatam e monitoram suas atividades". E ele prosseguiu declarando que há "um processo em andamento que realmente faz com que nosso mercado de capital funcione e funcione de forma estável".

E aqui está aquilo em que Summers -e, para ser justo, quase todo mundo em um cargo de autoria de políticas na época- acreditava em 1999: os Estados Unidos possuíam uma contabilidade e auditoria corporativa honesta; isso permitia aos investidores a tomada de boas decisões, além de forçar a administração a se comportar de forma responsável; e o resultado era um sistema financeiro estável, que funcionava bem.

Qual o percentual de tudo isso ter se confirmado? Zero.

O que é realmente impressionante a respeito da última década, entretanto, foi nossa não disposição, como nação, de aprender com nossos erros.

Mesmo após o estouro da bolha das empresas pontocom, banqueiros e investidores crédulos começaram a inflar uma nova bolha de imóveis. Mesmo após empresas famosas e admiradas como Enron e WorldCom terem provado ser corporações Potemkin, com fachadas construídas com contabilidade criativa, analistas e investidores acreditaram nas afirmações dos bancos a respeito de sua própria força financeira e aceitaram a badalação a respeito de investimentos sobre os quais não entendiam. Mesmo após provocarem um colapso econômico global, e serem resgatados às custas dos contribuintes, os banqueiros não perderam tempo em voltar à cultura de bônus gigantes e alavancagem excessiva.

E há os políticos. Mesmo agora, é difícil obter por parte dos democratas, incluindo o presidente Barack Obama, uma condenação plena às práticas que nos colocaram na situação difícil em que estamos. E quanto aos republicanos, agora que as políticas deles de redução de impostos e desregulamentação nos lançaram em um atoleiro econômico, a prescrição deles para a recuperação é: redução de impostos e desregulamentação.

Assim, vamos dar um adeus não muito saudoso à Grande Zero -a década em que não conseguimos nada e não aprendemos nada. A próxima década será melhor? Permaneça sintonizado. Ah, e um feliz Ano Novo.

Tradução: George El Khouri Andolfato

quinta-feira, dezembro 24, 2009

"...a universidade que você se inscreveu"

PASQUALE CIPRO NETO

Nem os tais teóricos pensam dessa
maneira; quando escrevem suas
"teses", não empregam essas construções


IMAGINO QUE boa parte do leitorado já esteja se preparando para as comemorações natalinas. Para algumas pessoas, no entanto, as águas talvez não estejam tão doces. Refiro-me aos jovens que, passadas as "festas", estarão diante de provas e mais provas. Que tal, então, ver uma das questões da recentíssima prova da Fuvest (primeira fase)?

Vamos lá, pois. Escolhi uma questão rasa, das que exigem o domínio básico da norma culta. O enunciado é curto e grosso: "A única frase que segue as normas da língua escrita padrão é:". Eis as alternativas: "a) A janela propiciava uma vista para cuja beleza muito contribuía a mata no alto do morro"; b) "Em pouco tempo e gratuitamente, prepare-se para a universidade que você se inscreveu"; c) "Apesar do rigor da disciplina, militares se mobilizam no sentido de voltar a cujos postos estavam antes de se licenciarem"; d) "Sem pretender passar por herói, aproveito para contar as coisas as quais fui testemunha nos idos de 1968 e que hoje tanto se fala"; e) "Sem muito sacrifício, adotou um modo de vida a qual o permitia fazer o regime recomendado pelo médico".

O caro leitor já sabe qual é a correta? Antes da resolução, um pequeno comentário: o cerne da questão, presente nas cinco frases, é a regência, que, como se sabe, diz respeito às relações que se estabelecem entre as palavras e as orações. Em "Gosto de poesia", por exemplo, o verbo "gostar" rege a preposição "de". Nas frases da Fuvest, os mecanismos de regência são pouca coisa mais complexos, já que em alguns casos entra em cena o bendito pronome relativo.

Vejamos, por exemplo, a frase "b", em que há o passo "universidade que você se inscreveu", típico das variedades informais da língua. Fato semelhante ocorre em "A gasolina que você pode confiar", "A firma que meu pai trabalha", "Os países que eu estive/fui", "A rua que eu moro", "As matérias que você optou" etc. Embora alguns teóricos defendam a ideia de que isso já faz parte da língua culta (porque, de acordo com eles, essas construções já se encontram nos registros formais da língua), as bancas examinadoras não pensam dessa maneira. Na verdade, nem os tais teóricos pensam dessa maneira, porque, quando escrevem suas "teses", não empregam as construções que consideram formais.

Pois bem. Voltemos à frase "b". Se alguém se inscreve, inscreve-se em (ou para), portanto a construção adequada à escrita padrão é "...universidade em que ("na qual", "para a qual") você se inscreveu".

E a frase "c"? Nem pense nela. Além do surrado (e chato) "no sentido de" com o sentido de "a fim de", "para", há a impertinência do relativo "cujo". A forma adequada à escrita padrão é esta: "...se mobilizam para ("a fim de") voltar aos postos em que estavam...".

Vamos à "d". Se alguém é testemunha, é testemunha de algo; se alguém fala, fala de (ou sobre algo). Vamos lá: "...coisas de que ("das quais') fui testemunha nos idos de 1968 e de que ("das quais", "sobre as quais') hoje tanto se fala".

E agora? Qual é a resposta? É a "a" ou é a "e"? Nada de "e". Nela, o pau come solto. Problemas e problemas. O "a qual" é descabido, já que o que se substitui ali é "modo de vida", e não "vida". A regência de "permitir", então... Permite-se algo a alguém, portanto nada de "o permitia fazer o regime". Vamos lá: "...um modo de vida o qual ("que") lhe permitia fazer o regime...".

Na "a", destaque-se o correto uso de "cuja" ("cuja beleza" -a beleza é da vista, é dela) e da preposição "para", regida por "contribuir" (esse verbo rege "para" para introduzir o beneficiário do processo -a mata no alto do morro contribui para a beleza da vista). É isso.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Os gênios e a massagista milionária

ELIO GASPARI

Os magnatas da internet
trabalham como mouros,
mas quem ficou milionária
com uma só ideia foi Bonnie Brown

O GOOGLE tentou e quase conseguiu. Ofereceu US$ 550 milhões pelo sítio Yelp, mas, quando estavam perto do acerto, um dos dois donos do negócio, Jeremy Stoppleman, 31 anos, resolveu congelar a conversa.

Como o fim do ano é uma ocasião em que muita gente faz planos para ganhar rios de dinheiro, a história de Stoppleman, dos criadores do Google e de uma massagista de San Francisco ajuda a organizar sonhos. Frequentemente as pessoas olham para as histórias dos milionários e pensam: "Essa ideia podia ter sido minha" e voltam às suas rotinas. Infelizmente para os milionários de sonhos, os magnatas do Google e do Yelp, eles não enriqueceram por conta de ideias, mas pelo que ralaram para manter seus projetos de pé. Milionária de uma ideia, só a massagista.

Stoppleman e seu sócio Russel Simmons, de 30 anos, fundaram em 2004 um sítio de serviços e relacionamento para os moradores de San Francisco. Dão dicas de restaurantes, hotéis, serviços médicos, programas culturais, ou mesmo cabeleireiros. Expandiram-se para 200 cidades, com mais de 2,5 milhões de recomendações e 25 milhões de acessos anuais.

Olhado de longe, o sucesso do Yelp é um caso de triunfo de uma boa ideia. Visto de perto, a ideia é banal. Deu certo porque Stoppleman e Simmons estudaram, aprenderam e ralaram em cima dos projetos. Ambos são feras da engenharia de computadores e tiveram fé nos seus tacos. Simmons, um gênio matemático, formou-se aos 16 anos. Stoppleman era vice-presidente do PayPal, largou a boca e foi à luta. A primeira versão do sítio dava pouca importância aos comentários dos internautas. Quando seus donos perceberam que a audiência estava nesse detalhe, reprogramaram a página. Atualmente uma pessoa pode entrar no Yelp com seu celular para saber a qualidade da lavanderia, do restaurante ou da manicure da vizinhança do lugar onde está.

(Stoppleman e Simmons conseguiram US$ 20 milhões com os "anjos investidores", pessoas que já tiveram uma grande ideia, ficaram milionárias e dedicam-se a procurar jovens com grandes ideias.)

Num ponto muito menor, o caso do Yelp saiu da matriz que gerou o Google. O gigante da internet começou numa garagem com cinco empregados e tem hoje cerca de 20 mil funcionários. Quando Larry Page e Sergey Brin fundaram o Google eles já eram craques na Universidade Stanford. A ideia de criar uma ferramenta de busca também era banal. O êxito saiu da obsessiva perseguição do interesse do consumidor e da sua liberdade de navegação. Os engenheiros do Google revolucionaram o mercado de publicidade e espalharam o pânico nos nichos de fabricantes de carruagens do universo das comunicações.

Stoppleman, Simmons, Page e Brin viraram milionários porque tiveram ideias banais, armaram grandes projetos e perseguiram-nos com inteligência e trabalho. Quem trabalhou pouco e virou milionária só com uma ideia arriscada, sem trabalhar muito, foi a massagista Bonnie Brown. Em 1999, saindo de um divórcio dilacerante, ela respondeu a um anúncio de um tal de Google. A senhora teve uma ideia: pediu (ou aceitou) o equivalente a R$ 3.000 por mês e um punhado de ações. Cinco anos depois decidiu ir embora, embolsou alguns milhões de dólares e teve outra ideia: sacou só uma parte do ervanário. Hoje ela tem massagista e faz filantropia.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

A felicidade que os norte-americanos ainda podem comprar

Financial Times

Algo incomum aconteceu nas universidades norte-americanas no mês passado. Duas faculdades, a Northeastern e a Hofstra, que jogavam futebol americano há mais de 70 anos, pararam de repente. O futebol simplesmente ficou muito caro. Em meio à recessão, e antes dos jogos da final da temporada de inverno, será este o retorno à sanidade que os críticos do jogo universitário esperam há um século?

Os excessos do futebol universitário atingiram novos níveis de absurdidade desde os anos 90, escreve Michael Oriard em seu novo livro "Bowled Over". As faculdades jogam dinheiro que não têm no futebol. "Sob qualquer perspectiva razoavelmente objetiva", diz Oriard, "a necessidade de reforma parece imensa. É obviamente uma loucura que um técnico de futebol ganhe várias vezes mais do que o diretor de uma universidade". Oriard conhece bem esse universo. Ele jogou futebol na Universidade Notre Dame e na NFL antes de se tornar professor de inglês na Universidade do Estado de Oregon. Sua prosa é leve e ponderada. Mas, como muitos críticos e defensores do futebol universitário, com frequência ele parece errar o alvo e esquecer para quê serve o jogo universitário.

Ele se sobressai ao identificar os abusos do esporte. Alguns jogadores saem da universidade iletrados, tendo jogado futebol o tempo todo. Eles não recebem dinheiro, e mesmo assim as faculdades conseguem gastar fortunas em aulas particulares, passagens de avião por todos os Estados Unidos, e às vezes até contratando "anfitriãs" para recrutar jovens promissores e convencê-los a entrar na faculdade certa. A grande maioria das faculdades perde dinheiro com os esportes, mas os times de futebol ofuscam as próprias universidades. E a loucura piora a cada ano.

Os argumentos dos defensores do futebol universitário provavelmente são falsos. O futebol não parece persuadir os ex-alunos a fazerem doações para o trabalho acadêmico da universidade, e não atrai melhores alunos. Na verdade, os doadores recentemente passaram a dar dinheiro "para os esportes, às custas do lado acadêmico", diz Oriard.

Entretanto, essas críticas erram o alvo. O futebol universitário não existe para tornar as universidades mais ricas ou melhores. Sua função é dar aos norte-americanos um pouco de felicidade e uma sensação de pertencimento. Ele faz isso da forma mais extravagante possível. Oriard sabe disso. "Um jogo de futebol universitário em Michigan ou Alabama", diz ele, "com suas bancas e líderes de torcida, festas antes e depois dos jogos, é um tipo de festa popular... que fornece uma sensação de comunidade, de ritual significativo, e um verdadeiro prazer para milhões de norte-americanos todos os finais de semana no outono."

Em centenas de vilarejos norte-americanos que não têm equipes esportivas profissionais, a única coisa que une muitas todas essas pessoas diferentes é o time de futebol universitário. Esses vilarejos chamam a si mesmos de "comunidades". O futebol às vezes transforma a palavra em realidade. Vinte faculdades têm estádios que acomodam 80 mil pessoas, mais do que o estádio do Manchester United. Numa pesquisa da ESPN em 2007, 72% dos norte-americanos se diziam torcedores do futebol universitário. Não é de espantar que Thomas Joiner, autor de "Why People Die By Suicide" ["Por Que as Pessoas se Suicidam"], tenha percebido uma queda no número de suicídios em Columbus, Ohio, e Gainesville, Flórida, quando os times universitários locais iam bem.

Tem sido parte da função histórica das universidades norte-americanas financiar parte dessa felicidade, e embrulhá-la na linguagem do amadorismo. Em grande parte porque os jogadores não são pagos, o financiamento é bem barato. O prejuízo total do futebol universitário no país é provavelmente de apenas algumas centenas de milhares de dólares. Esse é um tipo de felicidade que os Estados Unidos ainda podem comprar.

As finais agora têm patrocinadores, e direitos vendidos por uma fortuna para a televisão. Oriard se preocupa com a exploração dos jogadores. Entretanto, os fatos que ele cita sugerem algo diferente. Em dois grandes estudos, realizados pela própria Associação Atlética Universitária Nacional, a grande maioria dos jogadores disse estar feliz. Eles ganham a fama. É verdade, quase metade deles não se forma, mas sem o futebol, muitos deles nem chegariam perto de uma faculdade, de qualquer forma.

Se os abusos do futebol universitário persistiram por tanto tempo, é porque a maioria dos norte-americanos adora o jogo assim como ele é. E enquanto a Hofstra e a Northeastern deixam o campo, seis faculdades estão entrando no futebol na próxima temporada.

Tradução: Eloise De Vylder
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sexta-feira, dezembro 11, 2009

FIA confirma mudança e os dez primeiros vão pontuar em 2010

Do UOL Esporte
Em São Paulo


A FIA confirmou em reunião nesta sexta-feira que o sistema de pontos para a temporada do ano que vem sofrerá uma mudança a fim de se adaptar ao aumento no número de pilotos no grid. De acordo com a proposta aprovada pelo Conselho Mundial da categoria, os dez primeiros colocados vão pontuar.

Até então, apenas os oito primeiros somavam pontos. “Devido ao aumento do número de carros no grid para 13 equipes, e de acordo com a recomendação da comissão da Fórmula 1, um novo sistema de pontos será instaurado para a temporada de 2010”, informou a FIA em comunicado oficial.

A mudança aprovada nesta sexta-feira foi proposta para expandir a zona de pontuação às novas equipes, já que o grid terá 26 carros, o maior número desde 1995. Se na última temporada o vencedor levava 10 pontos e o oitavo colocado um, agora quem ganhar provas vai somar 25 pontos, com bônus até para o décimo lugar.

O novo sistema vai ter a seguinte ordem de pontuação: 25-20-15-10-8-6-5-3-2-1. Esta é a primeira alteração no sistema de pontos desde que o atual entrou em vigor, em 2003. Antes da última temporada, a FIA chegou a acenar com o quadro de medalhas para a Fórmula 1, proposta que foi rechaçada pelas equipes.

A proposta foi apresentada durante a reunião da Comissão da Fórmula 1 na quinta-feira, com a presença do novo presidente da FIA, Jean Todt, presidida por Bernie Ecclestone, a primeira desde a assinatura do Pacto da Concórdia entre a FIA e as equipes.

Na reunião também foi decidido que a equipe Brawn poderá trocar seu nome para Mercedes, e receberá os pagamentos referentes aos resultados históricos obtidos em 2009. A Comissão também propôs ao Grupo de Trabalho Desportivo que busque novas fórmulas para melhorar o espetáculo em 2010.

Entre as propostas levadas à reunião do Conselho Mundial nesta sexta, também foi aprovada a mudança no calendário de 2010 que recoloca o GP de Abu Dhabi como o último da temporada, assim como aconteceu neste ano, deixando o GP do Brasil como penúltima prova.

Abu Dhabi 'rouba' prova final da temporada 2010 da F-1 de Interlagos

Das agências internacionais
Em Londres (ING)

O circuito Yas Marina, em Abu Dhabi, receberá a última prova da temporada 2010 da Fórmula 1. A decisão foi tomada nesta sexta-feira pela FIA, que alterou o calendário para a competição no ano que vem. Assim, Interlagos deixa de ser a corrida que encerra a temporada. O GP do Brasil está marcado para o dia 7 de novembro, enquanto a prova dos Emirados Árabes Unidos acontecerá uma semana depois.

Um pré-calendário divulgado pela FIA, em outubro, colocava o circuito de Yas Marina como a penúltima corrida de 2010, e Interlagos teria a chance de fechar a temporada no dia 14 de novembro. No entanto, os árabes trabalharam bem nos bastidores e conseguiram mudar a data da prova.

Segundo a revista inglesa Autosport, as discussões sobre a mudança já estavam avançadas. E nesta sexta-feira, a comissão da Fórmula 1, composta por dirigentes de equipes e outras representações do esporte, somente ratificou a decisão. Os representantes de Yas Marina convenceram os dirigentes de que o novo e moderno circuito de Abu Dhabi é a melhor opção para fechar o ano.

Na última temporada, a prova nos Emirados Árabes valeu apenas o vice-campeonato, conquistado pelo alemão Sebastian Vettel, que venceu a corrida. “Acho que foi uma grande prova, fizemos tudo o que foi planejado e ajudamos a colocar Abu Dhabi no mapa”, destacou Richard Cregan, diretor do circuito de Yas Marina.

“Há muitas coisas que sabemos que precisam ser melhoradas para o próximo ano, mais na parte operacional. Temos trabalho a fazer, mas é bom estar em uma situação em que podemos tomar como exemplo o que foi feito em outros circuitos pelo mundo”, completou o dirigente.

Richard Cregan já fazia lobby para a mudança do pré-calendário e mostrava esperança de que Abu Dhabi pudesse encerrar a temporada 2010.

“Os dedos estão cruzados na torcida de que possamos receber a última corrida, mas eu não sei como vai ser. Acho que de qualquer maneira estaremos felizes. Se for a última prova, será fantástico”, comentou o dirigente de Abu Dhabi, antes da decisão favorável.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

De W.Rehnquist@edu para J.Barbosa@gov

ELIO GASPARI

Diga aos seus colegas do STF que
se eu estou ao lado dos jornalistas,
o caso é sério, pois não gosto dessa gente

ASSUNTO: CENSURA à imprensa Prezado ministro Joaquim Barbosa,

O senhor me detesta, mas achei que devia lhe escrever porque temos uma coisa muito forte em comum e eu precisava me comunicar com algum ministro do Supremo Tribunal Federal brasileiro. Hoje vocês vão votar o caso da censura imposta ao jornal "A Província de S. Paulo" (terá mudado de nome? Quem me fala dele é o Pedro de Alcântara, que por aí foi rei).

Preocupo-me com a projeção histórica de vosso tribunal.

Ministro Barbosa, eu estive durante 33 anos na Corte Suprema dos Estados Unidos (1972-2005), 19 dos quais presidindo-a. Ajudei a desmanchar o ativismo judicial que o senhor aprecia. Para ser sincero, também não gosto de suas ideias, mas temos uma velha e dolorosa afinidade: a dor nas costas. Nossos inimigos vivem na eterna expectativa de que venhamos a renunciar. Sei de colegas seus que, além de torcer pela sua desdita, murmuram que sua saída ocorrerá em 2013. Fique firme. Minhas dores eram tamanhas que me viciei em Placidyl. Fui internado, alucinei e ouvi vozes. Como o senhor, eu não aguentava ficar sentado por mais de duas horas e, por isso, perdi bons filmes, como "O Resgate do Soldado Ryan". Aguentei a coluna estragada e morri no cargo em 2005, de câncer na tiroide, aos 81 anos.

A Constituição de vocês, como a nossa, proíbe a censura e o caso de hoje envolve o direito de a imprensa publicar gravações colhidas num inquérito cujo sigilo foi rompido. Eu sei o que há nele. Tenebrosas transações contra o erário e os princípios da moral pública e privada.

A censura será defendida sob o disfarce de sua condenação, desviando-se o debate para a questão de um sigilo que não foi quebrado pela imprensa. Bloquear a notícia não restabelece o sigilo, apenas estabelece a censura. É um truque antigo: "Sou contra a censura, mas ela não está em discussão... O que temos que decidir é outra coisa..."

Esse tipo de sustentação é eficaz em juízos de primeira instância. Com boa vontade, serve até para um recurso. Para a Suprema Corte, não. O Supremo Tribunal Federal é o guardião da Carta Constitucional. Num caso desses, ou ele cresce decidindo o litígio na sua essência, a livre circulação das informações, ou acanha-se, confundindo-se em aspectos periféricos do litígio.

Tenho autoridade para dizer isso porque esse foi o meu caminho em 1971 quando, como vice-procurador-geral, tentei impedir a publicação de um conjunto de documentos secretos relacionados com a Guerra do Vietnã. Eu argumentei que não se tratava de censura, mas de defesa da segurança nacional. Em menos de um mês a corte julgou o caso e perdi por 6 a 3. Se eu tivesse prevalecido e o Pentágono liberasse mil páginas por ano, o serviço estaria concluído em 1978. A guerra acabou em 1975. Era de censura que se tratava.

A imprensa já fez muito mal ao mundo, mas a Constituição não manda que ela seja boa, manda que ela seja livre. Quem me conhece sabe que eu não gosto de jornais nem de jornalistas. Raramente vou além do noticiário esportivo e metropolitano, mas gosto das palavras cruzadas.

Diga aos seus colegas que, quando o Bill Rehnquist está do mesmo lado que os jornalistas, o caso é sério.

Cordialmente,

William Rehnquist

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Brasil pega grupo com Portugal, Coreia do Norte e Costa do Marfim na Copa

Alexandre Sinato e Renato Cury
Na Cidade do Cabo (África do Sul)


As bolinhas do sorteio da Copa na Cidade do Cabo começaram a definir nesta sexta-feira o caminho da seleção brasileira na tentativa de conquista de seu sexto título mundial. O time de Dunga encabeçará o grupo G em 2010 e enfrentará na primeira fase da competição as seleções de Coreia do Norte, Costa do Marfim e Portugal. Já a África do Sul, comandada por Parreira, encabeça um grupo com dois campeões mundiais (França e Uruguai). Após a definição do grupo A, os anfitrões reagiram com semblante de preocupação.

CONFIRA OS GRUPOS DA COPA DO MUNDO 2010

A África do Sul, México, Uruguai, França

B Argentina, Nigéria, Coréia do Sul, Grécia

C Inglaterra, Estados Unidos, Argélia, Eslovênia

D Alemanha, Austrália, Sérvia, Gana

E Holanda, Dinamarca, Japão, Camarões

F Itália, Paraguai, Nova Zelândia, Eslováquia

G Brasil, Coréia do Norte, Costa do Marfim, Portugal

H Espanha, Suíca, Honduras, Chile

Mais uma vez carregando o status de favorita, a seleção brasileira fará sua estreia na Copa no dia 15 de junho, diante da Coreia do Norte, em Johanesburgo, no estádio Ellis Park.

Cinco dias mais tarde a equipe brasileira enfrenta Costa do Marfim, na mesma cidade, mas no estádio Soccer City. Os pentacampeões mundiais encerram a participação na primeira fase diante de Portugal, em Durban, no dia 25.

Dos adversários sorteados, apenas Portugal esteve no caminho do Brasil em uma Copa do Mundo. Foi em 1966, quando o então time de Pelé foi batido pelos portugueses em confronto da primeira fase na Inglaterra.

Ainda entre os oponentes brasileiros da 1ª fase, Portugal é quem ostenta a melhor colocação no ranking da Fifa, na última atualização da relação, em novembro. Os portugueses ocupam a 5ª posição. Costa do marfim do artilheiro Didier Drogba está em 16º lugar, enquanto que os norte-coreanos estão na longínqua 84ª colocação.

O encontro com Portugal no terceiro jogo do grupo G deverá ser o mais badalado para o Brasil, por toda a ligação histórica entre os países e as duas seleções. Na campanha das eliminatórias europeias, os portugueses contaram com alguns jogadores nascidos em terras brasileiras, como Deco, Pepe e Liedson. De acordo com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o confronto entre as duas equipes aponta retrospecto de 18 jogos, 12 vitórias da seleção, 2 empates e quatro triunfos dos lusos.

“São duas grandes seleções, não podemos nos descuidar. Fizemos duas partidas, ganhamos uma e perdemos outra. Temos que respeitar Portugal. Assim como conhecemos o time deles, eles também nos conhecem bem. Será um grande jogo”, opinou Dunga.

Olhando adiante, em caso de sucesso na primeira fase, como uma das duas seleções classificadas, a equipe de Dunga irá necessariamente enfrentar nas oitavas de final um adversário que sairá do grupo H, que conta com Espanha, Honduras, Chile e Suíça.

A Copa de 2010 será inaugurada no dia 11 de junho, com a estreia da anfitriã África do Sul no novo e belo estádio Soccer City, em Johanesburgo, palco que também abrigará a decisão do Mundial, exatamente um mês depois da abertura. A seleção dirigida pelo brasileiro Carlos Alberto Parreira debuta contra o México.











quinta-feira, dezembro 03, 2009

O consumo excede "a" ou "à" capacidade?

PASQUALE CIPRO NETO

O uso do acento grave nadatem que ver com ortografia,
portanto não poderia mesmo ter sido alvo do "(Des)Acordo"

EM QUASE TODAS AS PALESTRAS que proferi Brasil afora, neste ano e no último trimestre do ano passado, para tratar do "(Des)Acordo Ortográfico", muita gente me perguntou sobre o acento indicador de crase. As duas perguntas mais comuns foram as seguintes: "Houve alguma alteração no uso da crase?"; "Esse pessoal não podia ter aproveitado e eliminado também a crase?".

Antes de ir ao ponto, convém repetir: por enquanto e talvez para sempre, o nome correto desse mostrengo é "Reforma Ortográfica Brasileira", já que nenhum dos outros sete países lusófonos colocou em vigor as lambanças perpetradas pelo nefasto "(Des)Acordo Ortográfico".

Posto isso, vamos às "respostas" às perguntas feitas nas palestras: não para a primeira e não para a segunda. E por quê? Porque o emprego do acento grave (acento indicador de crase) não é mera questão orto/gráfica. Esse acento indica a ocorrência da crase, que, como se sabe (ou se deveria saber -a escola nem sempre explica isso), é a fusão de duas vogais iguais numa só, fato que ocorre não apenas entre a preposição "a" e outro "a" (em "Vou à festa", por exemplo), mas também na evolução de uma palavra do latim para o português.

Exemplificando a última informação: houve crase em "crer" e "dor", já que, na evolução do latim para o português, "dolor" passou a "door" e depois a "dor", e "credere" passou a "creer" e depois a "crer".

No português atual, o acento grave ficou restrito à indicação da fusão da preposição "a" com um segundo "a" (artigo, pronome demonstrativo, letra inicial de "aquele/s", "aquela/s", "aquilo" etc.).A pura e simples eliminação do acento grave em casos como o de "à/a espera de", por exemplo, tornaria inviável a definição do sentido de certas construções, como a clássica "Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver a/à espera de viver ao lado teu...".

Moral da história: o emprego do acento indicador de crase nada tem que ver com orto/grafia, portanto não poderia ter sido um dos objetivos do "(Des)Acordo". Nada mudou em relação ao acento.

Bem, por falar em crase, repasso ao leitor uma questão do último vestibular da FGV: "Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas das frases: 1) São pouquíssimas as empresas que se propõem -- fazer mudanças significativas"; 2) Os níveis de consumo excedem -- capacidade de regeneração..."; 3) Embora as empresas venham fazendo alusões -- palavra sustentabilidade...".

Pois bem, caro leitor. Não vou perder tempo com a chata combinação de opções das alternativas. Curto e grosso: como se preenchem as três lacunas? Na primeira, nada de "à", já que a palavra seguinte é um verbo. Como todos sabem, não há brasileiro que diga ou escreva "da pensar", "na estudar", "pela viajar" etc., ou seja, não há brasileiro que use artigo antes de verbo, portanto... Portanto "a".

Na terceira lacuna (sim, pulei a segunda), ocorre "à" ("...fazendo alusões à palavra sustentabilidade"). Esse "à" decorre da fusão da preposição "a", regida por "alusões", com o artigo "a", determinante do substantivo "palavra".

Na segunda frase, o bicho pega. Embora seja mais comum o uso de "exceder" como transitivo direto ("exceder o limite"), o "Houaiss" e o "Aurélio" registram (obviamente em decorrência do uso) esse verbo também como indireto ("exceder ao limite"). Moral da história: "Os níveis (...) excedem a (ou "à') capacidade de...". O pior é que as alternativas eram tais que havia duas respostas possíveis para a questão ("b" e "d"). E agora, FGV? É isso.