sexta-feira, abril 30, 2010

Warner divulga data de lançamento de "Batman 3'

A Warner Bros divulgou hoje a data de lançamento da terceira parte da nova série de filmes dedicada ao Batman, iniciada com "Batman Begins" e "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (foto). A data anunciada é 20 de julho de 2012.
Na semana passada, o estúdio anunciou assinatura de acordo com a Imax para lançamento de um pacote de filmes no formato e em 3D, entre os quais se incluia "Batman 3". A notícia foi recebida com entusiasmo pelos fãs, que ainda não tinham pistas sobre a confirmação do projeto.
Somente Christopher Nolan havia dado entrevistas dizendo que estava trabalhando em um roteiro, com David Goyer e Jonathan Nolan (irmão do diretor). Os blogueiros americanos especulam a data do início das filmagens, que a julgar pelo timing dos dois primeiros filmes deverá ser no primeiro semestre de 2011. Aguarde os próximos capítulos.

quarta-feira, abril 28, 2010

É oficial! Sul-Americana dá vaga na Copa Libertadores da América

Campinas, SP, 28 (AFI) - A apresentação da Copa Sul-Americana de 2010 aconteceu, na tarde desta quarta-feira, em Assunção, no Paraguai. No encontro foi homologada a decisão de que o campeão da competição ganhará vaga na Libertadores da América de 2011. Além disso, houve a confirmação dos confrontos dos oito brasileiros já classificados.

O Palmeiras, que terminou na quinta colocação, vai enfrentar o Vitória, 13º colocado; o Avaí (6º) enfrenta o Santos (13º); Atlético-MG (7º) encara o Grêmio Prudente (11º); e o Grêmio (8º) enfrenta o Goiás (9º). Diferente de outros países, no Brasil não há o sorteio para esta competição, por isso, há o cruzamento olímpico.

A confirmação que o título deve dar uma vaga na Libertadores já foi especulada, mas a Conmebol negou a notícia. Nesta quarta-feira, o repórter da Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, Welligton Campos, confirmou que o título deve dar uma vaga na principal competição sul-americana.

Por outro lado, o país do time campeão perde uma vaga na Libertadores. O Brasil tem direito a quatro vagas diretas na Libertadores e uma indicação para a Pré-Libertadores. Assim se um representante brasileiro vencer a Sul-Americana, o país perderá uma vaga direta. Isso acontecerá com todos os países que disputarão a competição.

Mais da Copa Sul Americana
Este ano será o primeiro em que o River Plate e o Boca Juniors não jogarão a competição. Devido a má campanha nas últimas competições nacionais, os clubes não conquistaram a vaga.

Neste ano, a nona edição da Sul-Americana terá mais representantes. Exceto Brasil e Argentina, os outros países terão direito de duas a três vagas a mais do que a última edição. No total, serão 38 clubes na disputa.

Até o momento, a competição já tem definidos 22 participantes:
Bolívia: San José, Oriente Petrolero
Brasil: Palmeiras, Avaí, Atlético-MG, Grêmio, Goiás, Grêmio Prudente, Santos e Vitória
Chile: Unión San Felipe
Colômbia: Deportes Tolima, Independiente Santa Fé e Atlético Huila
Equador: LDU (último campeão)
Paraguai: Cerro Porteño, Olimpia e Guaraní
Peru: Univ. San Martín, Sport Huancayo e Univ. César Vallejo
Venezuela: Caracas

terça-feira, abril 27, 2010

Torcedor do Fla contrata 20 travestis para implicar com Ronaldo no Maracanã

Rubro-negros também vão levar faixas e cantar músicas provocando
o atacante do Corinthians no primeiro duelo dele contra o Flamengo no Rio

Fred Huber e Rodrigo Benchimol
Rio de Janeiro

O esperado duelo entre Ronaldo e Flamengo finalmente vai acontecer nesta quarta-feira, no Maracanã, pelas oitavas de final da Libertadores. Por considerar que atacante não foi correto com o seu clube de coração, um grupo de rubro-negros está organizando uma série de ações para tentar desestabilizá-lo durante a partida. Além da apresentação de faixas e músicas, foram contratados 20 travestis para ironizar o Fenômeno.

Quem lidera o grupo é o mesmo torcedor que iniciou a campanha “Fica, Ronaldo” em 2008, quando o atacante estava recuperando a forma física na Gávea. Decepcionado com a atitude do jogador, que optou atuar pelo Corinthians, José Carlos Peruano contratou os transformistas.

A ideia é que eles fiquem nas cadeiras azuis do Maracanã, posicionados bem atrás do banco de reservas do Corinthians. - Contratamos 20 travestis de Nova Iguaçu. Depois, se o Ronaldo quiser, eles poderão acompanhá-lo após o jogo para uma noite romântica. Mas não temos preconceitos com a opção sexual do Ronaldo. Cada um tem de ser feliz da sua maneira. Isso tudo é apenas uma brincadeira – afirmou.

Torcedores rubro-negros também planejam soltar fogos de artíficio perto do hotel que hospeda a delegação corintiana em Copacabana, com o objetivo de prejudicar o descanso dos jogadores.

Os atletas do Flamengo também vão se concentrar em um hotel do bairro da Zona Sul carioca. O clube não encontrou vagas suficientes na unidade da Barra da Tijuca que costuma utilizar antes das partidas.

segunda-feira, abril 26, 2010

Justiça obriga mulher a pagar R$ 50 mil a ex chamado de 'corno' no MSN

Empresário diz que mulher e empregado usavam computadores da firma
Traição teria ocorrido dois anos antes do fim do casamento, em 2006


Roney Domingos
Do G1 SP

A Justiça de São Paulo condenou a ex-mulher de um empresário a pagar indenização de R$ 50 mil ao ex-marido por danos morais. A decisão é em primeira instância e cabe recurso. No processo, o homem acusa a ex-mulher de ter mantido relacionamento sexual com um empregado, inclusive durante o expediente.

Além disso, o homem afirma que a ex-mulher e o amante o chamaram de “corno” diante dos demais empregados e distribuíram fotos da traição pelo correio eletrônico da empresa.

O empresário alega no processo que em uma de suas empresas, em São Paulo, a mulher mantinha caso amoroso com um empregado. Segundo ele, os dois mantinham relações sexuais de forma a expor sua figura e ainda utilizavam o provedor da empresa para difamá-lo.

A defesa da mulher afirma no processo que a prova não poderia ser obtida com a quebra de sua senha pessoal e invasão da conta de e-mail dela e do amante. O G1 entrou em contato com o empresário e com a advogada da ex-mulher, que não quiseram se manifestar. O homem que diz ter sido traído afirma também que foi vítima de uma tentativa de homicídio. O casal está separado desde 2006, mas a alegada traição teria ocorrido a partir de 2004. A sentença judicial foi proferida em 8 de março.

"No caso, não é preciso muito esforço para compreender o tormento que certamente se instaurou no espírito do autor em decorrência do que, apurou, vinha sendo praticado desde longa data pela esposa", diz o juiz, antes de condenar a mulher ao "pagamento de R$ 50 mil, correspondente a 100 salários mínimos, acrescidos de juros de 1% ao mês a partir da sentença".

Ex-presidente da comissão de informática da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o advogado Augusto Marcacini afirma que, caso não haja outras provas e testemunhas, o correio eletrônico sozinho não pode servir como prova.

"A pessoa não tinha noção de quanto era fácil há algum tempo atrás fraudar o remetente de uma mensagem eletrônica", disse ele. Marcacini afirma que é preciso ter cautela com provas eletrônicas.

"Não há nada que proíba um meio de prova específica. Por outro lado, temos de analisar até onde aquilo se mostra verossímil, crível. Mensagens eletrônicas guardam um certo problema de credibilidade, porque podem ser montadas", afirmou. "Existe uma tendência moderna ou ‘pseudomoderna’ de reconhecer aquilo como prova sem conhecer os meandros", afirmou.

O homem alega no processo que o amante de sua esposa distribuía fotos dos dois juntos pelo correio eletrônico. Uma testemunha apresentada por ele disse diante do juiz que viu a mulher e o empregado dentro do carro no estacionamento da empresa. E contou que o casal de amantes mantinha relações sexuais no local do trabalho. Além disso, disse que saíam do trabalho e voltavam com os cabelos molhados.

quarta-feira, abril 21, 2010

ESTÁDIO DE SÃO JANUÁRIO COMPLETA 80 ANOS


Diretoria do Vasco no ano de 1927. Sentado, no centro, está o presidente Raul da Silva Campos, ladeado pelos vice-presidentes Antônio de Almeida Pinho (à esquerda) e Manoel Joaquim Pereira Ramos (à direita).


Confira o Especial da NETVASCO "80 Anos da Inauguração de São Januário":

Aquele dia 21 de abril de 1927, uma quinta-feira, feriado de Tiradentes (instituído em 1890), amanheceu diferente no Rio de Janeiro, então capital da República. Afinal, não era todo dia que se inaugurava o maior estádio do continente. Por isso a expectativa atingia não só os orgulhosos vascaínos, que haviam conseguido construir sua "casa" com recursos 100% próprios, como toda a comunidade esportiva brasileira. Todos os grandes jornais abriram espaço para o grande acontecimento esportivo do ano.

Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra, o Cardeal Leme (1882-1942), abençoa as instalações de São Januário em 3 de abril de 1927.

O Globo (edição vespertina de 20/04/1927)
"INAUGURA-SE AMANHÃ O MAGESTOSO 'STADIUM' DO VASCO DA GAMA"

Correio da Manhã
"UMA DATA GRANDIOSA PARA O SPORT NACIONAL"
"O Club de Regatas Vasco da Gama inaugura hoje o seu magestoso stadium de São Januário"

Gazeta de Notícias
"O GRANDIOSO ACONTECIMENTO SPORTIVO DE HOJE"
"A inauguração do magestoso stadium do C. R. Vasco da Gama"

Jornal do Brasil
"UM GRANDE DIA PARA O SPORT CARIOCA"
"Inaugura-se, hoje, o magestoso stadium do Vasco da Gama - O Vasco enfrentará o Santos"

O Imparcial
"INAUGURA-SE HOJE O IMPONENTE ESTÁDIO DO VASCO DA GAMA"

O Jornal
"O MAIS BRILHANTE ACONTECIMENTO SPORTIVO DO ANO"
"O Vasco da Gama e o Santos em sensacional prova interestadual inaugurarão o stadium de S. Januário"

O Paiz
"VASCO DA GAMA INAUGURA HOJE O SEU STADIUM, QUE É O MAIOR DA AMÉRICA DO SUL"

Fachada do Estádio Vasco da Gama em 1927.





Outro ângulo da fachada do Estádio de São Januário no ano de sua inauguração


Ao meio-dia os portões de São Januário foram abertos ao público pela primeira vez. O Estádio Vasco da Gama, construído em apenas 10 meses e 15 dias (a pedra fundamental fora lançada em 6 de junho de 1926) pela firma Christiani & Nielsen (dinamarquesa, fundada em 1904, iniciou suas atividades no Brasil em 1917 e em 1988 foi incorporada à Carioca Engenharia, passando então a se chamar Carioca Christiani-Nielsen Engenharia) a partir de um projeto do arquiteto português Ricardo Severo (1869-1940) e localizado na Rua Abílio (cujo nome atual é General Almério de Moura), no bairro de São Cristóvão, seria inaugurado. Abaixo, a cronologia dos acontecimentos desse dia histórico para todos os vascaínos.

12h - Os portões do estádio são abertos ao público.
Preços dos ingressos

Camarotes 60$000 (60 mil réis)
Cadeiras de Pista "A" 12$000 (12 mil réis)
Cadeiras de Pista - Outros setores 10$000 (10 mil réis)
Arquibancadas 5$000 (5 mil réis)
Gerais 3$000 (3 mil réis)

Locais de venda

Casa Alberto Praça da República, 66 (Alfaiataria)
Casa Campos Rua Sete de Setembro, 84 (Artigos de Vime)
Casa Retroz Rua Uruguaiana, 97 (Armarinho)
Casa Sportsman Rua dos Ourives, 25 (Artigos Esportivos)
Para se ter uma idéia dos preços cobrados, em novembro de 1928 era lançada a Revista "O Cruzeiro", cujo primeiro número tinha como preço de capa 1$000 (mil réis). Ou seja: um ingresso de arquibancada para a inauguração de São Januário custou o mesmo que cinco exemplares da revista que se consolidaria como a mais importante do Brasil na primeira metade do século XX (a inflação entre abril de 1927 e novembro de 1928 foi próxima de zero).
Capacidade

Arquibancadas 25.000 lugares
Cadeiras para Sócios 22.000 lugares
Cadeiras de Pista 1.500 lugares
Tribuna de Honra 80 lugares
Poltronas 24 lugares

Total 48.604 lugares

O time vascaíno posa para a posteridade com bandeiras dos 10 times da AMEA (algumas estão encobertas).

O grande número de ingressos de arquibancada postos à venda apesar de as arquibancadas em curva atrás do gol ainda não terem sido construídas é explicado pelo fato que de que, na época, as pessoas que ficavam nesse setor assistiam aos jogos em pé, e não sentados, ocupando assim menos espaço. Sentar-se nas arquibancadas era um luxo a que os torcedores de antigamente só se permitiam quando o público do jogo era reduzido.
A título de comparação, o maior público pagante oficial da história de São Januário foi verificado no dia 19/02/1978, Vasco 0 x 2 Londrina, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 1977: 40.209 pagantes.

14h (inicialmente prevista para 13h) - Preliminar de basquete entre C.R. Vasco da Gama e Associação Cristã de Moços (ACM).
A equipe santista no gramado com seu
uniforme de gala.

A preliminar de basquete foi jogada numa quadra montada numa das cabeceiras do campo, ao ar livre. As duas equipes lideravam a Série A do Campeonato Carioca de Basquete da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA), embora o Fluminense tenha acabado como campeão daquele ano. O Vasco triunfou por 22 a 18, após terminar o primeiro tempo perdendo por 12 a 10. Era a primeira vitória vascaína em sua nova praça de esportes. E de virada.

Os times foram os seguintes (entre parênteses, a pontuação de cada jogador):

VASCO DA GAMA: Muniz Freire (2), Benito Denizans, Nelson Paes (8), Zeferino Grillo (2) e Jayme (8). Entraram: Antônio Rainha (2), Adelino e Lourival.

ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS: Salvador Calvente, Drewx, Cerqueira (7), Souza (2) e A. F. Barros (6). Entraram: Amaral Silva (3) e Mário Conde.

O árbitro foi Pedro Câmara.

14h30min (inicialmente prevista para 14h) - Preliminar de tênis, duplas mistas.

Num jogo de duplas mistas, Antônio Teixeira e a Sra. Teixeira derrotaram Carlos Lopes e a Sra. Stella Leal por 2 sets a zero, parciais de 6/4 e 6/2. A quadra de tênis havia sido montada ao lado da quadra de basquete, numa das cabeceiras do campo, também ao ar livre.

15h25min - Chega ao estádio o Major José Manuel Sarmento de Beires, aviador português que acabara de atravessar o Atlântico a bordo do "Argos" e convidado de honra para o evento.

José Manuel Sarmento de Beires, nascido em 04/09/1892 em Lisboa, já havia entrado para a história da aviação portuguesa em 1924 ao realizar a primeira ligação aérea entre Lisboa e Macau (na época uma dependência de Portugal, hoje incorporado à China) quando, às 19h08min do dia 16 de março de 1927, acompanhado de Jorge de Castilho, Manuel Gouveia e Duvalle Portugal, deixou Bubaque, na Guiné, rumo ao Brasil a bordo do "Argos", um avião de 3.100kg com capacidade para 3.600 litros de combustível. Chegaram a Fernando de Noronha no dia seguinte, após percorrer 2.595km sobre o Oceano Atlântico em 18 horas e 11 minutos. Anos mais tarde, por motivos políticos, Sarmento de Beires chegaria a ser preso em Portugal, mas foi reabilitado e homenageado ainda em vida. Faleceu na Cidade do Porto em 08/06/1974 aos 81 anos.

Auxiliados pelo presidente do Vasco, Raul da Silva Campos (à esquerda), o presidente da CBD, Oscar Rodrigues da Costa (à direita), e o Major Sarmento de Beires (no centro) descerram a fita inaugural do Estádio Vasco da Gama.

15h40min - O Vasco da Gama, trajando camisas pretas, calções brancos e meias pretas, entra em campo com uma grande bandeira homenageando os times da AMEA (América, Bangu, Botafogo, Brasil, Flamengo, Fluminense, São Cristovão, Syrio e Libanez e Villa Izabel, além do próprio Vasco). Logo depois entra em campo o time do Santos, vestindo camisas brancas, calções brancos e meias pretas.

C.R. VASCO DA GAMA

Neste jogo histórico, o Vasco teria em sua formação cinco remanescentes dos duros tempos de segunda divisão e também dos títulos de 1923 e 1924: Nélson, Paschoal, Torterolli (os três primeiros vascaínos a integrar a Seleção Brasileira, em 1923), Bolão e Negrito. Por outro lado, apenas cinco dos onze ainda estariam no time no título carioca de 1929: Hespanhol, Nesi, Paschoal, Itália e Russinho (os dois últimos ainda disputariam a Copa do Mundo de 1930 no Uruguai), além do reserva Tinoco. O craque do time era, sem dúvida, Russinho, o primeiro vascaíno a atingir a marca de 100 gols. A camisa do Vasco era totalmente preta (daí o apelido do time na época, "camisas negras"); a faixa diagonal só apareceria 10 anos depois.

Titulares

Apelido Nome completo

Nélson Nelson da Conceição
Hespanhol Francisco Gonçalves
Itália Luiz Gervazzoni
Nesi Luiz Ferreira Nesi
Bolão Claudionor Correia
Badú José Lopes
Paschoal Paschoal Silva Cinelli
Torterolli Nicomedes Conceição
Gallego Carlomagno Borges da Silva
Russinho Moacyr Siqueira de Queiroz
Negrito Alípio Martins

Reservas

Apelido Nome completo

Lino Lino Teixeira
Tinoco Alfredo Alves Tinoco
Bahianinho Daniel Augusto Madaleno
Gonçalves n.d.

Técnico: Harry Welfare (1888-1966)
(inglês, ex-jogador do Fluminense)

O presidente vascaíno Raul da Silva Campos (de preto) ao lado do Presidente da República Washington Luís (de bengala) e diversas autoridades.

SANTOS F.C.

Liderado pelos atacantes Araken Patusca, único jogador do futebol paulista a disputar a Copa do Mundo de 1930 no Uruguai e conhecido como "Le Danger" ("O Perigo" em francês), e Feitiço, que em 1936 jogaria (e seria campeão carioca) no Vasco, o Santos apresentava seu ataque que ficaria conhecido como "Ataque dos 100 gols" ao assinalar este exato número de tentos em apenas 16 jogos (média de 6,13) no Campeonato Paulista de 1927. O time praiano terminaria como vice-campeão, apenas um ponto atrás do Palestra Itália (atual Palmeiras).

Titulares

Apelido Nome completo

Tuffy Tuffy Neugen
Bilú Virgílio P. de Oliveira
David n.d.
Alfredo Alfredo Pires
Julio Julio Almeida
Hugo Hugo Pandori
Omar Omar de Moraes
Camarão Annibal Torres
Feitiço Luiz Mattoso
Araken Araken Patusca
Evangelista João Evangelista

Reservas

Apelido Nome completo

Ballio Argemiro Ballio
Pimenta Renato Pimenta
Américo Américo Ratto
Morba A. Morba
Siriri José Torres
Paiva José Paiva

Ténico: Urbano Caldeira
(santista histórico, dá nome ao estádio da Vila Belmiro)

O árbitro da partida seria Carlos Martins da Rocha (1894-1981), o Carlito Rocha, que presidiria o Botafogo entre 1948 e 1951.

Cadeiras totalmente de madeira utilizadas nas sociais e tribunas do estádio, fabricadas em 1926 pela empresa Jorge Zipperer & Cia., em Rio Negrinho, (na época) distrito de São Bento do Sul (SC), uma das mais conceituadas da época no ramo de móveis.

15h45min - Auxiliados pelo presidente do Vasco, Raul da Silva Campos, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), Oscar Rodrigues da Costa, e o Major Sarmento de Beires descerram a fita (nas cores preta e branca) inaugural do Estádio de São Januário. A multidão aplaude demoradamente.

Por ocasião da inauguração oficial do estádio, a diretoria do Vasco divulgou a seguinte mensagem aos sócios:

"Após a realização de um trabalho contínuo e efficaz, em que admiravelmente têm-se conjugado dirigentes e dirigidos, tem o Vasco da Gama a opportunidade de entregar ao gozo de seus associados e ao apreço da população esportiva do Rio de Janeiro a primeira e principal parte de seu estádio.

A construção que ora se inaugura representa bem a dedicação e o esforço de todos os associados e é a estes que, neste dia, cumprimos o grato dever de saudar e agradecer-lhe a valiosa contribuição que deram ao seu club.

Scientificando-os desses propósitos aos dirigentes, têm estes, ainda, o grato dever de lhes fazer mais um apello para que continuem a dar a mesma contribuição para assim se levar a bom e immediato termo a obra projectada.

A vós, pois, consócios, as saudações e os agradecimentos da directoria."

Directoria do Club de Regatas Vasco da Gama

A diretoria se referiu à "primeira e principal parte do seu estádio" porque as arquibancadas em curva, atrás do gol, ainda não haviam sido construídas, como mostram as fotografias tanto do pontapé inicial do jogo Vasco x Santos quanto das próprias arquibancadas ainda em construção no dia 12 de junho de 1927.

Observado pelos santistas Feitiço e Araken, Oscar Rodrigues da Costa, presidente da CBD, dá o pontapé inicial do jogo Vasco x Santos. No centro da foto, o presidente vascaíno Raul da Silva Campos. As arquibancadas em curva ainda não existem.

16h - Chega ao estádio, acompanhado de sua comitiva, o Presidente da República, Washington Luís Pereira de Sousa, que é ovacionado pelos presentes.

Várias fontes trazem a informação de que o presidente Washington Luís (1869-1957) teria negado permissão ao Vasco para importar cimento belga, ao contrário do que fizera poucos anos antes em relação ao Hipódromo Brasileiro, atual Hipódromo da Gávea, construído a partir de 1920 (algumas fontes indicam 1921) e inaugurado em 11/07/1926. Entretanto, esta "discriminação" pode ter tido uma explicação muito simples: precisamente em 1926, ou seja, entre as duas obras, a Companhia de Cimento Portland iniciava a produção de cimento no Brasil.

Além do presidente Washington Luís, vários ministros de Estado estiveram presentes à inauguração de São Januário. Porém, uma ausência foi sentida: a do prefeito do Distrito Federal, Antônio da Silva Prado Júnior, adversário político do então presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA), entidade que regia o futebol carioca.

16h05min (inicialmente previsto para 15h30min) - O Vasco vence o "toss" e escolhe o campo à direita da tribuna de honra (hoje conhecido como o campo da piscina, ou da capela, ou do placar eletrônico). O Santos tem, portanto, o direito de dar a saída. O presidente da CBD, Sr. Oscar Rodrigues da Costa, dá o pontapé inicial. Tem início o jogo inaugural do Estádio Vasco da Gama (São Januário), Vasco da Gama x Santos.

O primeiro tempo foi equilibrado e terminou com o placar de 1 a 1:

Vasco 0 x 1 Santos - Evangelista - 19' do 1º tempo

Julio passa a Araken que aciona Feitiço; ele dribla Bolão e chuta forte, de longe; Nélson defende parcialmente e EVANGELISTA pega o rebote para fazer o gol inaugural de São Januário.

Vasco 1 x 1 Santos - Negrito (cabeça) - 44' do 1º tempo

Nesi rouba a bola de Araken e lança Paschoal, que dribla Hugo e cruza para Russinho, que passa, de cabeça, a NEGRITO, que, também de cabeça, faz o primeiro gol do Vasco em São Januário.

Multidão se acotovela atrás do gol e nas arquibancadas.

16h50min - Termina o primeiro tempo de Vasco da Gama x Santos, com o placar de 1 a 1. Um lanche, com direito a champanhe, é servido ao Presidente da República, Washington Luís, nas tribunas do estádio.



Estatísticas do 1º tempo

Evento VASCO x SANTOS

Escanteios a favor 2 3
Arremates a gol 11 9
Impedimentos 0 0
Faltas cometidas 3 1

O Vasco volta para o segundo tempo com uma alteração: Bahianinho entra no lugar de Negrito, o autor do gol vascaíno.

Vascaínos atrás do gol e nas sociais do estádio.

17h05min - Começa o segundo tempo de Vasco da Gama 1 x 1 Santos.

O Vasco só conseguiu manter a partida equilibrada até a metade do segundo tempo. A partir daí o Santos disparou no placar e o time da casa só voltou a reagir quando já era tarde demais:

Vasco 1 x 2 Santos - Feitiço (cabeça) - 19' do 2º tempo

Itália cede escanteio; Evangelista cobra e FEITIÇO, de cabeça, deixa o Santos novamente na frente no placar.

Vasco 2 x 2 Santos - Gallego - 22' do 2º tempo

Torterolli recebe de Badú e serve Russinho, que passa a GALLEGO; ele recebe entre os beques do Santos, gira e chuta rasteiro, no canto, para empatar novamente o jogo.

Vasco 2 x 3 Santos - Omar - 27' do 2º tempo

Camarão chuta forte e Nélson defende parcialmente, ficando por alguns instantes fora da meta. OMAR domina e, em meio a uma confusão na área, chuta cruzado para pôr o Santos pela terceira vez à frente no marcador.

Vasco 2 x 4 Santos - Araken - 33' do 2º tempo

ARAKEN recebe de Feitiço e chuta de perna esquerda, à meia altura, fazendo o quarto gol do Santos.

Vasco 2 x 5 Santos - Evangelista - 42' do 2º tempo

Alfredo avança pela esquerda e passa a EVANGELISTA, que chuta forte e cruzado. A bola ainda bate na quina da trave direita antes de entrar. (Na época os postes da trave ainda não eram circulares.)

Vasco 3 x 5 Santos - Paschoal - 44' do 2º tempo

Torterolli passa por Bilú e lança PASCHOAL, que chuta forte para fechar o marcador.

Vasco x Santos em andamento, visto das sociais do estádio (composição de duas fotografias, o que dá a impressão de que o campo está "torto").

17h50min - Termina o jogo, com o placar de 5 a 3 para o Santos. O presidente Washington Luís deixa o estádio e é bastante aplaudido pela assistência.
Estatísticas do jogo

VASCO x SANTOS
1ºT 2ºT Total 1ºT 2ºT Total
Escanteios a favor 2 0 2 3 1 4
Arremates a gol 11 6 17 9 6 15
Impedimentos 0 1 1 0 3 3
Faltas cometidas 3 3 6 1 1 2

No dia seguinte todos os jornais deram destaque à inauguração do estádio, calculando entre 25 mil e 50 mil o número de espectadores presentes.

Página da Revista "O Malho" de 30 de abril de 1927 com uma retrospectiva fotográfica do evento.

No dia seguinte todos os jornais deram destaque à inauguração do estádio, calculando entre 25 mil e 50 mil o número de espectadores presentes.

O Globo (edição vespertina de 21/04/1927)
"INAUGUROU-SE, BRILHANTEMENTE, O STADIUM DO VASCO DA GAMA"

Correio da Manhã
"UMA TARDE MEMORÁVEL NA HISTÓRIA DO SPORT NACIONAL"
"Foram inauguradas hontem, na presença de uma multidão calculada de vinte e cinco mil pessoas, as magestosas instalações do stadium do Club de Regatas Vasco da Gama"

Gazeta de Notícias
"A SOLENIDADE DE HONTEM DA INAUGURAÇÃO DO SUMPTUOSO STADIUM DO VASCO DA GAMA"
"Um espetáculo imponente"

Jornal do Brasil
"A INAUGURAÇÃO DO GRANDIOSO STADIUM DO CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA"
"O Presidente da República assiste o match interestadual"

O Imparcial
"REVESTIU-SE DE GRANDE BELLEZA A INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO DE SÃO JANUÁRIO"

O Jornal
"A MEMORÁVEL TARDE INAUGURAL DO 'STADIUM' DO VASCO DA GAMA"
"O que foi a solenidade de hontem, com a presença do Presidente da República"
"A equipe do Santos Football Club venceu a da Cruz de Malta por 5 goals contra 3"

O Paiz
"A INAUGURAÇÃO DO STADIUM DO VASCO DA GAMA"
"Uma multidão de mais de 50.000 pessoas ovacionou o Presidente da República"

O Estádio de São Januário, com as arquibancadas em curva já em funcionamento, recebe cerca de 60 mil espectadores no dia 13 de novembro de 1927 para a decisão do Campeonato Brasileiro de Seleções. Os Cariocas vencem os Paulistas por 2 a 1 e ficam com o título.

A partir desse dia a história é bem conhecida de todos. São Januário foi o principal estádio da América do Sul até 1930 (com a inauguração do Estádio Centenário, em Montevidéu, Uruguai, para a 1ª Copa do Mundo), do Brasil até 1940 (ano da inauguração do Pacaembu) e do Rio de Janeiro até 1950 (com a inauguração do Maracanã). No período entre 1927 e 1950, sediou diversos jogos da Seleção Brasileira, incluindo o Campeonato Sul-Americano de 1949, bem como importantes acontecimentos políticos (discursos do Presidente da República Getúlio Vargas e do líder comunista Luís Carlos Prestes), cívicos (treinamento dos pracinhas que lutaram na II Guerra Mundial) e culturais (de concertos regidos pelo maestro Heitor Villa-Lobos a desfiles das escolas de samba). Ainda hoje, 80 anos depois de sua inauguração, São Januário é o maior estádio particular do Rio de Janeiro.

terça-feira, abril 20, 2010

Agência chama criança de Pateta para vender viagem

Alunos do Liceu Di Thiene, com propaganda de viagem à Disney (Foto: reprodução)

"Se eu não for à Disney vou ser um Pateta",
diz a placa levada a escolas para fotos com alunos


Agência defende ação de marketing, que já foi
realizada em mais de dez escolas; ONG e promotor condenam a campanha


TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Renata, 11, combinava com uma amiga viajar em julho para a Disney. Questionada pela mãe, que não sabia de excursão nenhuma, a menina pegou uma pasta com preços do pacote turístico e uma foto em que, ao lado da colega e de um boneco do personagem Mickey Mouse, segurava a placa com os dizeres: "Se eu não for para a Disney vou ser um Pateta".

A pasta foi entregue na escola onde a menina estuda, o Liceu Di Thiene, em São Caetano (Grande São Paulo), no começo do mês passado. Era uma promoção da agência de viagens "Trip&Fun", que organiza viagens de crianças e adolescentes também para Cancún, Bariloche e Costa do Sauipe.

Com a publicidade que já levou o personagem da Disney para dentro de mais de dez escolas e tira fotos com as crianças segurando plaquinhas como a do Pateta, a agência levará em julho cerca de mil crianças para o parque em Orlando. Os pacotes custam a partir de R$ 5.216, para 13 dias em quarto quádruplo (o mais barato).

"Quer dizer que você é uma pateta porque você não vai?", perguntou à filha Renata a pedagoga Roberta, 40.

A menina diz que ficou triste. "Queria muito ir. Quase todo mundo da sala vai", conta. Para a mãe, que fala em processar a agência, o sentimento predominante foi a vergonha em relação aos colegas. "Ela ficou claramente constrangida."

A agência e a escola afirmam que não pretendiam constranger ninguém e que a placa do Pateta era apenas uma brincadeira (leia mais na pág. C3).

O promotor da área do consumidor João Lopes Guimarães Júnior diz que o caso ilustra bem os abusos na publicidade infantil. "De uma turma de 100 crianças, 80 vão viajar. As que não vão, porque os pais não querem ou não têm dinheiro, serão chamadas de Pateta. Já temos problemas sérios de bullying nas escolas. Essa empresa está criando uma situação propícia para isso. Como se pode falar em preservação da imagem da criança com esse tipo de publicidade?", diz.

Publicidade infantil

Para o promotor, a ação da agência de turismo fere os artigos 15 e 17 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que prezam pelo "respeito à dignidade e a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente".

O Instituto Alana, ONG que trabalha para regulamentar a publicidade infantil, critica as ações em escolas. "Muitas vezes, acontece e o pai nem sabe. É absurdo isso ser feito dentro das escolas", diz Laís Fontenelle Pereira, coordenadora de educação da ONG.

O Conar (conselho de autorregulamentação publicitária) já baniu propagandas por considerá-las desrespeitosas, como uma do ovo de Páscoa Trakinas, de abril de 2008, que dizia: "Quem não dá ovo é um mané".

segunda-feira, abril 19, 2010

Spoiler: X-Men ganham nova revista mensal


No final da semana passada a Marvel Comics divulgou a última imagem teaser divulgando seus novos X-Men. A nova imagem revelou pela primeira vez dois heróis já costumeiros na equipe: X-Man e Jubileu, mas com uma surpresa, já que Jubileu apareceu transformada em uma vampira!

Como havia sido prometido pela editora, explicações surgiram neste domingo durante a convenção C2E2 em Chicago. Toda essa divulgação foi para preparar os leitores para a nova revista mensal dos mutantes, intitulada simplesmente X-Men.

A publicação terá roteiro de Victor Gischler e arte por Paco Medina, com lançamento programado para julho. As aventuras terão início logo após a saga Second Coming, atualmente em desenvolvimento nas revistas mutantes americanas.



Gischler explica que a revista se concentrará em grandes missões realizadas pelo grupo. Segundo o roteirista, cada arco mostrará uma missão ou evento. O primeiro tratará justamente de uma luta contra vampiros, o que deve justificar as imagens mostrando Blade no grupo e Jubileu transformada em vampira.

O escritor não negou nem confirmou a presença dos diversos personagens não-mutantes mostrados nos teasers, mas afirmou que o primeiro arco contará com muitos personagens, nem todos habituais membros dos X-Men. Porém, afirmou que a partir do segundo arco haverá um grupo principal de quatro ou cinco personagens, com alguns reforços rotativos a cada missão/arco.

Por fim, a Marvel revelou mais três imagens: a capa da primeira edição desenhada por Adi Granov e duas imagens de Medina reunindo o grupo, uma com os heróis de maneira tradicional, e outra com eles transformados em vampiros. Clique aqui para conferir todas as imagens das quais comentamos.

As imagens reunindo o grupo incluem Ciclope, Wolverine, X-Man, Vampira, Magneto, Anjo, Tempestade, Psylocke, Emma Frost, Colossus e Gambit.

Os X-Men são uma equipe de super-heróis criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1963. Os mutantes são pessoas que nasceram com poderes super-humanos latentes, que geralmente se manifestam na puberdade. Temidos pelo restante da humanidade, os mutantes são ensinados pelo Professor Xavier a controlar suas habilidades. A HQ já ganhou três adaptações para o cinema, além de séries animadas e jogos de videogame e computador.

sábado, abril 17, 2010

José Maria Nascimento: meio século de poesia

José Neres
Especial para o Alternativo

1960. O mundo passa por grandes transformações. Vários países africanos, após anos de conflitos, conquistam a independência. O Chile é abalado por um terremoto que ceifa milhares de vidas. Kennedy é eleito presidente dos Estados Unidos. O mundo dá adeus ao romancista Alberto Camus e à psicanalista Melanie Klein. No Brasil, a inauguração da nova capital é a grande notícia estampada em todos os jornais, dividindo espaço com a eleição presidencial que teve como vencedor o advogado e professor Jânio Quadros.

Foi nesse tumultuado momento histórico e embalado pelo sucesso “It’s now or never”, na voz de Elvis Presley, que o Maranhão recebeu Harmonia do Conflito, livro de estréia do poeta José Maria Nascimento. Se, para muitas pessoas, lançar um livro pode ser apenas uma forma de satisfazer o ego, para Nascimento era bem mais do que isso. Era uma tentativa de por seu nome entre os grandes escritores da história da literatura maranhense.

No lugar de se contentar com a primeira publicação, o poeta foi apurando seu estilo, participando de concursos, ganhando prêmios e publicando outras obras, até atingir a maturidade literária e solidificar seu nome como escritor de grande talento e detentor de grande sensibilidade artística.

Poeta que retira da própria carne e das dores mais íntimas o combustível para a confecção de seus versos, José Maria Nascimento traduz em poesia momentos que oscilam entre o sublime e o desespero, em uma obra marcada pelo fortíssimo tom confessional, por um lirismo profundo e uma consciência social a respeito do mundo que o cerca. Ou seja, mesmo marcado pelas invisíveis cicatrizes interiores, o escritor não deixa de levantar os olhos para ver e denunciar as inúmeras mazelas sociais que atormentam seu povo.

Em um de seus mais belos livros, A Santa Ceia dos Renegados, Nascimento faz um grande passeio pelas partes mais marginalizadas da Cidade e mostra que, lado a lado, convivem ricos e pobres, mas que há um muro afastando um homem do outro. Esse muro é uma belíssima metáfora das diferenças sociais e das indiferenças humanas ao mesmo tempo. após homenagear com um banquete de palavras e de poesia os mais folclóricos “desocupados” da Ilha, o poeta reflete sobre a máxima cristã que afirma ser o homem o sal da terra, e acrescenta dizendo que “Sem o sal do nosso suor / os potentados comem insosso”.

Ao longo de toda sua obra, como um fio condutor temático, o poeta despeja em seu eu lírico uma grande carga filosófica. Mas não se trata de meramente citar passagens pinçadas dos grandes pensadores da humanidade. O que ele faz é transformar as experiências particulares em sensações poéticas que podem ser compartilhadas com outras pessoas que passaram por momentos semelhantes, mas que não tiveram a oportunidade de transformar em palavras aspectos significativos da própria vida. Por isso não é estranho que o leitor se identifique com variadas passagens dos livros do poeta maranhense.

Em seu Viajantes do Entardecer, José Maria Nascimento faz uma longa reflexão sobre a velhice e a morte. Em um tom de lamento e de nostalgia, mas não de despedida, o poeta relembra os estágios de uma vida. E, em uma retomada de um famoso poema de Cecília Meireles, busca momentos que jamais voltarão:

Onde ficou o sorriso
que guardavas puro?
O deslizar das mãos
no meu rosto triste?

Onde ficou o leito
do nosso suave sono?
Os cães de estimação,
as cabras e as frutas?

Onde ficou a infância
no embalo da alegria?
A bicicleta de Gulliver
pelas ruas do Areal?

Onde a caixa de lápis,
suas cores variadas?
Os primeiros desenhos
dos triângulos obscenos?

Em 2010, cinqüenta anos após sua estréia, José Maria Nascimento já não precisa provar nada a ninguém. Sua obra fala por si mesma. Hoje ele um homem que tem plena consciência de que já fez sua Colheita de Cáctus, servindo poesia na Santa Ceia dos Renegados para os Hóspedes da Província. Ele saboreou os Frutos da Madrugada e, aproveitando O Silêncio em Família, após anos de Turbulência, aproveita seus Verdes Anos da Maturidade. Ele, em uma verdadeira Constelação Marinha de bons versos, faz os leitores se sentirem eternos Viajantes do Entardecer.

José Neres
é professor e escritor
joseneres@globo.com

Publicado em O Estado do Maranhão de 18 de abril de 2010.

sexta-feira, abril 16, 2010

'Não tenho nada contra a Fani', diz artista que 'exibiu' ex-BBB

'Fani dark' tem rabisco de canetas sobre cartaz da modelo na 'Playboy'.
Ex-BBB não autorizou alegando que obra agride sua imagem.

Ronaldo Pelli
Do G1, no Rio


Cartaz da revista em que Fani aparece recebeu
várias interferências (Foto: Divulgação)

Após a polêmica em torno de uma obra sua em que usava um cartaz da “Playboy” de Fani Pacheco com interferências, o artista plástico Alexandre Vogler afirmou que sua obra não tinha a intenção de agredir a ex-BBB.

“Poderia ser ela ou qualquer outra figura. Não tenho nada contra a Fani. Minha questão é a street art, que já é uma categoria de artes visuais”, explicou, na tarde desta sexta-feira (16): “Há pelo menos 50 anos, vemos artistas de pop art trabalhando com isso (a apropriação de imagens de outras pessoas). Pensei que não fosse produzir mais ruídos, esse espanto.”

Vogler iria mostrar o seu trabalho “Fani Dark” em uma exposição coletiva no MAM-SP iniciada na quinta-feira (15), mas a ex-BBB vetou a exibição alegando que obra agrediria sua imagem. O artista diz que a questão é mais legislativa que artística e acusa o museu por se ausentar da discussão.

“Acho um retrocesso. Levantar esse problema de direito de imagem de uma figura pública, de uma imagem que estava em todos os cartazes, nas bancas de jornais. Eu fiz só trabalhar com ‘paisagens’. Quem impediu o meu trabalho foi o Museu de Arte Moderna.”

Homenagem

Em uma carta aberta publicada no site Canal Contemporâneo ele explica sua obra:


“O trabalho expunha, na verdade, a moral daqueles que participavam com as intervenções (além da abordagem sexista com que os veículos publicitários tratam a mulher, em particular) e não a figura pública da Fani - que, particularmente, curto. Tratava-se de uma homenagem.”


Para Vogler, em casos como o dele, seria trabalho dos museus descobrir uma jurisprudência em que artistas de vulto tenham enfrentado o mesmo problema para que houvesse, pelo menos uma discussão sobre o projeto. E cita o exemplo de Maurizio Cattelan que em sua escultura “La Nona Ora” mostra o Papa João Paulo II no chão após ser “atingido” por um meteorito.
“Você acha que o MAM pediria autorização para o Vaticano? Eu acho que não”, opina.

A questão do direito de imagem

O fotógrafo, jornalista e artista plástico Renato Velasco, que participa de uma exposição coletiva na Uerj em homenagem aos 100 anos de Noel Rosa, lembrou de como outros artistas já usaram essa estética de apropriação de imagens públicas.


“Andy Warhol usou imagens públicas, marcas. Aquela Marylin (Monroe) era pública, não tinha direito de imagem. É como usar Coca-cola. É domínio público.”


O professor da PUC-RJ Pedro Andrade achou a proibição equivocada, mas acha bom saber que se possa evitar o uso generalizado da imagem própria.


“Não deixa de ser irônico, e talvez este seja a nota mais relevante sobre o assunto, quealguém que se dispõe a ficar numa ‘casa’ em que pode ser vista pela TV 24 horas por dia fazendo tudo que faz, ou seja, que voluntariamente expõe sua imagem e a si mesma de forma tão avassaladora, que alguém que aceita ficar completamente pelada em uma revista de circulação nacional, que esta mesma pessoa depois vá ter pudores quando a capa desta revista é apropriada em uma obra de arte.”


Caso parecido na França

Andrade lembrou de outro caso parecido, que aconteceu no ano passado na exposição "Le grand monde d'Andy Warhol", em Paris. Pierre Bérge, antigo companheiro do estilista Yves Saint Laurent, pediu para serem retirados da exposição por que ele tinha sido colocado na classificação “Glamour”.


“Pierre Bérge, proibiu a exibição, sob a alegação de que ‘apresentar os retratos de Yves Saint Laurent ao lado de personalidades do mundo da moda era impensável, ainda que algumas delas tenham talento’. Ele dizia, em carta ao ‘Le Monde’, que ‘colocarSaint Laurent na seção ‘glamour’ seria mostrar desrespeito à sua obra’”, conta Andrade.


MAM-SP se defende

Consultado, o Museu de Arte Moderna de São Paulo enviou uma nota, assinada pelo diretor jurídico da instituição, Eduardo Salomão, que explica a razão pelo qual não incluiu a obra na exposição.


“O Museu de Arte Moderna de São Paulo deixou de incluir a obra ‘Fani Dark’ (2007), de Alexandre Vogler, na exposição ‘A cidade do homem nu’. O fundamento disso foi a não obtenção de autorização para uso de imagens mostradas na obra. Obter tal autorização é necessário segundo normas relativas ao direito de imagem constantes da Constituição Federal Brasileira.”


quarta-feira, abril 14, 2010

CBF reconhece São Paulo como 1º penta, e time fica com a Taça das Bolinhas

Gustavo Franceschini e Carlos Padeiro
Em São Paulo*


A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) organizou uma assembleia nesta quarta-feira com representantes das federações estaduais e reconheceu o São Paulo como primeiro pentacampeão brasileiro. Com isso, a Taça das Bolinhas deve ir para o Morumbi.

Segundo o assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, o departamento jurídico da entidade analisou documentos sobre o polêmico campeonato de 1987 e avisou o presidente Ricardo Teixeira de que o título de primeiro pentacampeão deveria ser dado ao São Paulo.

Informado pela reportagem do UOL Esporte sobre a decisão da CBF, o vice-presidente de futebol do clube paulista, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, disse: “Claro que essa notícia nos pega de surpresa. Mas até que enfim se faz justiça, já era para ter acontecido há muito tempo. A partir da posição da CBF de não considerar o Flamengo campeão de 1987, nada mais lógico que o São Paulo ser o primeiro penta.”

Paiva também disse que a FPF (Federação Paulista de Futebol) é a responsável pela entrega da Taça das Bolinhas ao time do Morumbi. Apesar das brigas políticas entre clube e entidade, o presidente Marco Polo Del Nero não vê problema em repassar o troféu.

"A gente já entregou a Copinha [Copa São Paulo de Juniores] ao São Paulo, faz parte do sistema. Eu não vejo problema nenhum nisso”, disse Marco Polo Del Nero, em contato com o UOL Esporte.

“Não existe problema algum de ir até a federação. Na semana passada estivemos duas vezes com o Marco Polo. Existe um relacionamento civilizado”, observou Leco.

"Prejudicado" pela decisão, o Flamengo optou pelo silêncio momentâneo sobre o assunto. A presidente Patrícia Amorim convocou a imprensa para uma coletiva na próxima quinta, na Gávea, para falar sobre a Taça das Bolinhas.

Entenda a polêmica

A taça seria entregue ao primeiro clube que conquistasse o Campeonato Brasileiro em cinco oportunidades de forma alternada ou três vezes seguidas. O Flamengo se proclamou pentacampeão brasileiro em 1992.

No entanto, no quarto título, em 1987, o Flamengo foi o vencedor do torneio disputado entre os idealizadores da Copa União, competição que teve aval da CBF, enquanto o Sport ganhou outra competição criada posteriormente pela própria entidade que comanda o futebol brasileiro.

Papa diz que homem atual vive em estado de confusão

EFE

Cidade do Vaticano, 14 abr (EFE).- O papa Bento XVI disse hoje que o homem atual vive em um grande estado de confusão sobre quais devem ser as escolhas fundamentais da vida e que existe uma emergência educativa entre as pessoas.

Perante mais de 30 mil pessoas que assistiram à audiência pública das quartas-feiras na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Pontífice falou sobre as tarefas do sacerdote, que disse ser ensinar, mostrar, santificar e governar.

O papa, que dentro de dois dias completará 83 anos, disse que ensinar é uma tarefa "particularmente importante em uma época, como a atual, marcada por uma plena emergência educativa".

"Existe uma grande confusão sobre as escolhas de nossa vida e sobre as perguntas fundamentais, como aonde vamos e quais são os valores verdadeiramente permanentes. Nascem e desaparecem filosofias contrárias que demonstram confusão sobre o viver", afirmou o papa.

Bento XVI manifestou que a obrigação do sacerdote é mostrar a luz de Deus "na confusão de nosso tempo".

"O sacerdote jamais deve ser homologado nem homologável a uma cultura ou mentalidade dominante, mas mostrar a única novidade capaz de realizar uma autêntica e profunda renovação dos homens, ou seja, que Cristo é o vivente, é o Deus próximo, o Deus que trabalha na vida e pela vida no mundo", ressaltou.

O papa acrescentou que ninguém pode escolher o sacerdócio para alcançar a segurança na vida, para conquistar uma posição social. "O sacerdócio é a resposta à ligação do Senhor, à Sua vontade, para se transformar em anunciante não em uma verdade pessoal, mas em Sua verdade".

terça-feira, abril 13, 2010

Superesportiva Bimota DB7 tem apenas cinco exemplares no Brasil


Da Infomoto

Quadro tubular, baixo peso, freios de competição, ciclística impecável e posição de pilotagem esportiva - uma moto praticamente pronta para a pista. Assim pode ser resumida a Bimota DB7 (fotos), que, até hoje, mais de 30 anos após a criação da marca, perpetua a filosofia dos três fundadores que dão nome a Bimota: Valério Bianchi, Giuseppi Morri e Massimo Tamburini. E mesmo já tendo mudado de mãos, a pequena fábrica italiana de Rimini conserva os valores de seus fundadores, como provou a superesportiva DB7 mesmo antes de entrar na pista do autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, São Paulo.

Além de seu design italiano de muito bom gosto, chamam atenção os detalhes da construção da DB7. Na carenagem em fibra de carbono, encontra-se o conjunto óptico formado por dois faróis elipsoidais. As setas dianteiras são integradas aos espelhos retrovisores, e na traseira a discreta lanterna e as setas trazem LEDs. Para completar o pacote “exclusivo”, a DB7 traz os manetes de freio e embreagem usinados pela própria Bimota, com o logo da marca.

RONCO ESTRANHO

Se desligada a superesportiva italiana já atraía olhares curiosos, quando o motor acordou, a DB7 virou uma verdadeira atração nos boxes de Interlagos. Equipada com o propulsor Ducati Testastretta Evoluzione com dois cilindros em “L” (V a 90°) de 1099 cm³, a DB7 emite um ronco grave e compassado pela ponteira de escapamento construída em titânio. Com seu sistema de embreagem a seco e o diferenciado comando de válvulas desmodrômico da Ducati, o barulho de metal é elevado e o motor soa ruidoso para quem está acostumado aos quatro cilindros em linha japoneses.

Ao montar na DB7, o que impressiona é seu tanque esguio que proporciona um perfeito encaixe do piloto. O peso de apenas 170 kg a seco também faz dela uma das mais leves em sua categoria. Alimentado por injeção eletrônica e com refrigeração líquida, o propulsor da Ducati oferece 162 cavalos de potência máxima a 9.750 rpm. Pode parecer pouco em comparação com os 180 ou 190 cv das japonesas, mas não é. Com seu peso menor, a Bimota DB7 chega bem perto do tão sonhado 1 cv por quilo. A grande diferença deste bicilíndrico italiano é sua personalidade: sobe de giros com uma facilidade impressionante e entrega potência em uma ampla faixa de rotações.

NA PISTA
Com bandeira verde, estava ansioso para comprovar na pista toda a mítica das motos Bimota. Nas primeiras voltas, confesso que tive de me acostumar com sua ciclística e motor. Ela é exclusiva na construção e também em sua condução, diferente de tudo que já havia pilotado. À medida que me entendia com a DB7, me sentia mais à vontade para testar seus limites. Não sem antes levar um susto com os pneus frios na saída da curva da Junção. Mas após algumas voltas, os pneus esquentaram e a diversão começou para valer.

O motor gritava, a velocidade subia, mas o que me chamou a atenção primeiramente foi o sistema de freios Brembo. Cilindro mestre, pinça radial monobloco, pastilhas e discos de freio -- tudo é fabricado pela grife italiana. São dois discos flutuantes de 320 mm de diâmetro na dianteira mordidos por pinça de radial de quatro pistões; e disco simples flutuante de 220 mm de diâmetro com pinça de dois pistões na traseira. Seu funcionamento é impecável: mordida instantânea, frenagem progressiva e segura. E o melhor, sem demonstrar fadiga em nenhuma situação. A cada volta atrasava mais a frenagem ao final da reta oposta, antes da descida do lago. E os freios Brembo reduziam a velocidade sem hesitação. Dignos de nota 10.

CICLÍSTICA
Uma das razões para que a Bimota seja tão leve é seu quadro treliçado com tubos ovais feitos em cromo-molibdênio. Mas não se trata de um quadro em treliça comum. Ele é composto, tem placas de alumínio para sustentar o motor e até mesmo a balança traseira, fixada ao motor, é construída em tubos ovais. Além disso, a DB7 não tem um subquadro para sustentar a rabeta e o banco da garupa (se é que aquele pedacinho de espuma pode ser chamado assim). A rabeta é construída em fibra de carbono estrutural, o que ajuda a reduzir o peso e abaixa o centro de gravidade da moto.

Essas inovações resultam em uma ciclística bastante precisa e ágil. Basta frear, apontar e deitar. A cada volta, tinha mais confiança para deitar nas curvas e “abusar” dessa esportiva italiana.

Vale também dar crédito para as suspensões que contribuem e muito para o desempenho da DB7 nas curvas. Na dianteira, os garfos invertidos Marzocchi Corse RAC de 43 mm revestidos com nitrito de titânio são totalmente ajustáveis por um sistema de cliques. Na traseira, um conjunto fabricado pela Extreme Tech exclusivamente para a Bimota. O corpo do amortecedor é inteiramente usinado e possui todas as regulagens típicas com a adição de regulagem independente de compressão e extensão em alta e baixa velocidade. Como pilotei apenas na pista de Interlagos, não posso dizer se o conjunto funcionaria bem na estrada. No autódromo foram perfeitos.

Fosse em frenagens fortes e curvas fechadas, como o Bico de Pato, ou na subida dos boxes com o acelerador aberto, o conjunto ciclístico transmitia confiança e parecia não tirar a DB7 de sua trajetória em nenhum momento. Nem mesmo quando ao final da reta, a mais de 240 km/h era obrigado a “alicatar” o manete de freio e deitar para contornar o “S” do Senna.

EXCLUSIVÍSSIMA

Importada e distribuída pela Perfect Motors, que tem um técnico treinado na fábrica para oferecer assistência técnica ao modelo, a Bimota DB7 é praticamente uma moto de pista que pode rodar nas ruas. Portanto, se você quer uma moto para viajar, passear com a esposa, namorada, enfim... a DB7 não foi feita para você. Seu motor funciona bem somente em altos regimes, sua ciclística é bastante racing, enfim qualidades que não combinam com radares, estradas esburacadas e o trânsito urbano.

Após uma tarde com essa superesportiva italiana na pista, digo que ela é mais do que exclusiva. É uma motocicleta especial mesmo. E não porque há somente cinco exemplares da Bimota DB7 no Brasil, e nem mesmo porque ela custa R$ 99.000. Mas porque traz em cada detalhe a paixão italiana pelo motociclismo, a filosofia de criar uma máquina de duas rodas que transpirasse esportividade, velocidade e desempenho em cada detalhe. Ma che macchina!

Por Arthur Caldeira

* Agradecimento: Moto School (www.motoschool.com.br)
* Infomoto utilizou capacete LS2 no teste

segunda-feira, abril 12, 2010

Paul Harding vence o prêmio de ficção do Pulitzer 2010; veja lista dos vencedores


Da Redação

Por "Tinkers", o escritor Paul Harding (foto) conquistou o prêmio de melhor ficção do Prêmio Pulitzer 2010, em anúncio feito nesta segunda-feira (12). A premiação norte-americana, que destaca os melhores trabalhos nas área de jornalismo, literatura e música, é anual e dividida em 21 categorias. Veja a lista de premiados na edição deste ano:
LITERATURA DE FICÇÃO
"Tinkers", de Paul Harding (Bellevue Literary Press)

TEATRO
Musical "Next to Normal", música de Tom Kitt, livro e letras de Brian Yorkey

HISTÓRIA
"Lords of Finance: The Bankers Who Broke the World by Liaquat Ahamed" (The Penguin Press)

POESIA
"Versed by Rae Armantrout" (Wesleyan University Press)

ENSAIO
"The Dead Hand: The Untold Story of the Cold War Arms Race and Its Dangerous Legacy", por David E. Hoffman (Doubleday)

MÚSICA
"Violin Concerto", por Jennifer Higdon (Lawdon Press)
SERVIÇO PÚBLICO
Bristol (Va.) Herald Courier
FURO DE REPORTAGEM
"The Seattle Times"
REPORTAGEM INVESTIGATIVA
Barbara Laker e Wendy Ruderman ("Philadelphia Daily News") e Sheri Fink ("ProPublica"), em colaboração com o "The New York Times Magazine"
REPORTAGEM EXPLICATIVA
Michael Moss e membros do "The New York Times"
REPORTAGEM DE DENÚNCIA
Raquel Rutledge ("Milwaukee Journal Sentinel")
REPORTAGEM NACIONAL
Matt Richtel e equipe do "The New York Times"
REPORTAGEM INTERNACIONAL
Anthony Shadid ("The Washington Post")
REPORTAGEM ESPECIAL
Gene Weingarten ("The Washington Post")
COMENTÁRIO
Kathleen Parker ("The Washington Post")

CRÍTICA
Sarah Kaufman ("The Washington Post")
EDITORIAL
Tod Robberson, Colleen McCain Nelson e William McKenzie ("The Dallas Morning News")
PROJETO EDITORIAL
Mark Fiore (SFGate.com)
FURO DE REPORTAGEM FOTOGRÁFICA
Mary Chind ("The Des Moines Register")
FOTOGRAFIA
Craig F. Walker ("The Denver Post")

HOMENAGENS
Hank Williams

sábado, abril 03, 2010

Material não passa por avaliação do ministério

Associação diz ter pedido ao MEC que avalie apostilas,
mas ainda não houve resposta

Defensores do sistema afirmam que método
poupa parte do trabalho pedagógico e
facilita acompanhamento dos pais

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Os tradicionais livros didáticos perdem cada vez mais espaço para as apostilas elaboradas por redes de ensino privado. Levantamento feito pela Folha mostra que ao menos um terço dos colégios particulares já adota esse sistema de ensino em substituição ou complemento dos livros.

Dos 18 grupos identificados, apenas três -Etapa, Expoente e Ser- não quiseram divulgar seus números. Com as informações dos 15 demais sistemas, foi possível calcular que ao menos 7.000 escolas (33% do total de 21 mil instituições particulares de ensino fundamental e médio do país) trabalham com as apostilas.

Ao entregar para o professor um material estruturado e com planos de aula a serem seguidos, poupa-se parte do trabalho de coordenação pedagógica. Fica também mais fácil para pais e alunos acompanharem se o conteúdo previsto está, de fato, sendo transmitido.

Especialistas afirmam, porém, que o sistema pode tirar a autonomia do professor e, em alguns casos, dar pouca margem para trabalhar conteúdos regionais em escolas fora do Sul e Sudeste, onde se concentram os grupos educacionais responsáveis pelas apostilas.

Outro aspecto negativo é que, ao contrário dos livros didáticos, as apostilas elaboradas pelos grupos não são avaliadas pelo Ministério da Educação.

A Abrase (Associação Brasileira de Sistemas de Ensino) já propôs ao ministério que faça uma avaliação oficial, mas, afirma a entidade, ainda não houve resposta do MEC.

Origem
Os sistemas surgiram a partir de cursos pré-vestibulares de São Paulo e Paraná na década de 70, mas foi nos anos 90 que cresceram aceleradamente.

Hoje já são vendidas apostiladas para todas as etapas da educação básica. Por ano, o custo varia entre R$ 100 -em séries iniciais do ensino fundamental e educação infantil- e R$ 1.000 -caso das apostilas voltadas a pré-vestibulares.

Executivos desses grupos ouvidos pela Folha se dividem em relação ao potencial de crescimento. Há quem ache que, no setor privado, chegou-se perto do teto. Mas também quem aposte que ainda há muito a expandir.

Estimativas de faturamento do setor variam de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão por ano.

Com o crescimento acelerado dos sistemas, empresas que lucravam com venda de livros didáticos, como as editoras Moderna, FTD, Ática/Scipione e a livraria Saraiva, tiveram de entrar no setor.

José Arnaldo Favaretto, diretor de sistemas de ensino da Saraiva, afirma também que os livros didáticos tiveram que se adaptar aos sistemas, incorporando alguns serviços.

"Hoje, muitas editoras agregam ao livro preparação de planos de aula e orientação ao professor, que são oferecidos pelos sistemas de ensino", diz ele.Além de apoio pedagógico, os sistemas atraem também escolas em busca de reforço de marketing, associando-se a uma marca mais forte.

sexta-feira, abril 02, 2010

FEIRA DO ACARI OU TERMINAL?

"Tudo isso tu encontra
Numa rua logo ali
É molinho de achar
É lá na feira de Acari "

Mc Batata, em sua divertida composição (feira de Acari), nos apresenta a um lugar fantástico, onde, pelo preço de um bujão, podemos comprar a geladeira, as panelas e o fogão. E onde se localizam o Mané e sua barraca, na qual as pessoas, por uma merreca, compram as pilhas e o rádio vai de graça.

Guardadas as devidas proporções, o mesmo acontece no Terminal de Integração do São Cristóvão - conforme mostram as fotos desta postagem. Não estão lá muito boas, eu sei. Reconheço que, como retratista, sou um ótimo revisor.


Estas imagens foram capturadas na quarta-feira (31/3) graças ao meu pobre celular. Como se pode ver, os vendedores de tudo comercializavam óculos escuros, badulaques e os indefectíveis DVDs piratas. Mas também havia espaço para tamancos e sandálias de todos os formatos.

É um fenômeno que só acontece no Terminal do São Cristóvão. No da Praia Grande, o máximo que vemos é alguém vendendo cremosinho, pipoca e demais guloseimas. Na Cohama, a única aporrinhação são algumas linhas, que absurdamente têm horário para sair.

O que mais impressionava, no caso em questão, era a conivência dos fiscais e dos responsáveis pela segurança do terminal. Bastava aos ambulantes pagar o valor (igualmente absurdo) de R$ 2,10 (ou a meia-passagem) para ter a oportunidade de lotear as calçadas do local.

Quer dizer que tenho toda a hipotética liberdade de fazer o mesmo se, por acaso, estiver a fim de vender uma fugurativa bomba de plutônio. Massa.

Mas tem um detalhe. Ou uma das famosas perguntas que não querem calar.

E se os ambulantes estiverem entrando no terminal sem registrar os R$ 2,10 (ou a meia-passagem) na catraca eletrônica?

Se isso estiver mesmo acontecendo, cabe aqui uma derradeira pergunta, à guisa de conclusão.

Quem poderia estar lucrando com a patranha?

A VIDA PERFEITA