domingo, outubro 31, 2010

Leia íntegra do primeiro pronunciamento da presidente eleita Dilma Rousseff

PRONUNCIAMENTO DE 31 DE OUTUBRO DE 2010

Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil,

É imensa a minha alegria de estar aqui.

Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante de minha vida.

Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade.

A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!

Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país:

Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social.

Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.

Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.

Zelarei pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.

Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República.

Nesta longa jornada que me trouxe aqui pude falar e visitar todas as nossas regiões.

O que mais me deu esperanças foi a capacidade imensa do nosso povo, de agarrar uma oportunidade, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para sua família.

É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.

Ressalto, entretanto, que esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo. Ela é um chamado à nação, aos empresários, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem.

Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte.

A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.

O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e olhar para o futuro.

Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.

Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.

No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.

Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.

Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento.

É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo.

Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável.

Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos.

Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos.

Sim, buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso zelaremos pela poupança pública.

Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público.

Zelarei pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo.

Valorizarei o Micro Empreendedor Individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outros.

As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.

Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental. Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais. Trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades.

Mas acima de tudo quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.

Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.

Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

O Fundo Social é mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo modelo que propusemos para a exploração do pré-sal, que reserva à Nação e ao povo a parcela mais importante dessas riquezas.

Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas.

Me comprometi nesta campanha com a qualificação da Educação e dos Serviços de Saúde.
Me comprometi também com a melhoria da segurança pública.

Com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias.

Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos.

Mas acompanharei pessoalmente estas áreas capitais para o desenvolvimento de nosso povo.

A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade.

É aquela que convive com o meio ambiente sem agredi-lo e sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento.

Não pretendo me estender aqui, neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi, perseguirei de forma dedicada e carinhosa.

Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso teriam toda minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso.

Fui eleita com uma coligação de dez partidos e com apoio de lideranças de vários outros partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental.

Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária.

Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.

A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.

Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.

Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.

Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los. Primeiro, ao povo que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido, em todos os lugares que passei.

Mas agradeço respeitosamente também aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia.

Agradeço as lideranças partidárias que me apoiaram e comandaram esta jornada, meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho.

Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.

Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento.

Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.

Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida.

Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós.

Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta.

Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado.

Saberei consolidar e avançar sua obra.

Aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados uma imensa força brota do nosso povo.

Uma força que leva o país para frente e ajuda a vencer os maiores desafios.

Passada a eleição agora é hora de trabalho. Passado o debate de projetos agora é hora de união.

União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país.

Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela.

Muito obrigada,

Freddy, Jason e Ghost Face e os maníacos do cinema

Não queira passar perto desses caras num noite qualquer e muito menos no Halloween. Selecionamos aqui alguns dos grandes matadores do mundo do cinema para ninguém ser pego desprevenido por eles. Veja:

JASON

A série Sexta-Feira 13 é uma das maiores do cinema de terror. O grande protagonista é Jason Voorheess. Sua especialidade é matar adolescentes loucos por festas, sexo e, geralmente, que vão acampar próximo a Crystal Lake. É um dos clássicos dos anos 80 e já teve doze longas, inclusive um remake lançado em 2009.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Besson cultua heroína de quadrinhos em "Múmias do Faraó"

O irregular diretor e roteirista francês Luc Besson nunca escondeu sua predileção em trazer humor para seus filmes de aventura e ação. Exemplos como "O Quinto Elemento", "Táxi", "Carga Explosiva" e até o sensível "O Profissional" falam por si. Assim, não é de se estranhar que ele tenha roteirizado e dirigido "As Múmias do Faraó", baseado na obra de Jacques Tardi, um dos mais reconhecidos autores de quadrinhos da França.

Porém, antes de falar da adaptação de Besson, que estreia em circuito nacional, é preciso entender a que vem esta produção. Não se trata de um filme sobre múmias, embora elas estejam presentes na trama, e sim de uma tradução fiel de "As Aventuras Extraordinárias de Adèle Blanc-Sec", como o autor batizou, Luc Besson manteve, mas a versão brasileira omitiu.
De forma comparativa, seria como dar outro título aos quadrinhos "As Aventuras de Tintin", do belga Hergé.

A história "Tintin no Tibet", por exemplo, se tornaria, pelo mesmo princípio adotado no Brasil no filme de Besson, "Os Monges do Tibet". Uma mudança de foco, enfim.

A constatação é importante, pois a trama, a princípio, é um pouco confusa. Com um humor marcadamente francês, a história começa com a apresentação dos personagens por um narrador, que introduz o espectador no tempo (1911) e no espaço (Paris). Algo similar ao visto no início de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", de Jean-Pierre Jeunet, mas sem a genialidade deste último.

O narrador explica que o antropólogo, especialista em história egípcia, professor Esperandieu (Jacky Nercessian), sabe como reviver o que está morto. Com os conhecimentos antigos do povo do Nilo, ele traz à vida um pterodáctilo, que passa, mais tarde, a aterrorizar Paris.

Nesse contexto, é apresentada a protagonista: a repórter Adèle Blanc-Sec (Louise Bourgoin, de "O Pequeno Nicolau"). Disposta a curar sua irmã, que vive em estado vegetativo após um acidente, ela vai ao Egito roubar a múmia do médico do faraó Ramsés II, com a esperança que Esperandieu reviva o profissional egípcio. Na fantasia criada por Tardi, os conhecimentos ancestrais podem salvar Agathe (Laure de Clermont-Tonnerre) de seu mal.

Com um humor que beira o pastelão, a narrativa flui entre a missão de Adèle e a caça ao animal jurássico, o tal pterodáctilo, pelos personagens secundários. Nesse meio, há o detetive trapalhão, o cientista apaixonado, o caçador maluco, entre outros coadjuvantes voltados ao alívio cômico do que se vê na tela.

Um destaque no elenco é Mathieu Amalric ("Conto de Natal", "O Escafandro e a Borboleta") - que interpreta o vilão Dieuleveult e pode passar despercebido sob uma pesada maquiagem, que o torna quase irreconhecível.

Besson não é muito literal ao tratar da personagem Adèle em seu filme. Ensimesmada e cínica, a heroína de Tardi parece mal representada na versão cinematográfica. Como é criada para ser a primeira parte de uma franquia, "As Múmias do Faraó", ou melhor, "As Aventuras Extraordinárias de Adèle Blanc-Sec", já tem uma continuação encaminhada. Resta saber se o segundo filme fará jus à heroína de Tardi.

(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

terça-feira, outubro 26, 2010

Coronel Nascimento dá razão a Foucault em "Tropa de Elite 2"

PLÍNIO FRAGA
DO RIO

E o coronel Nascimento, quem diria, rendeu-se a Foucault e seus asseclas.

Ou aos "intelecutuaizinhos de merda", no linguajar que pontua seu sucesso como personagem do mais bem-sucedido filme nacional dos últimos anos, "Tropa de Elite 2", de José Padilha.

Cinematograficamente, a crítica de Inácio Araujo nesta Ilustrada ("'Tropa de Elite 2' se prende em discurso sem espessura", 7/10) já dimensionou o produto: "Tem o mérito de nos apresentar, com eficácia e um ótimo elenco (e apesar do falatório), a um mundo do qual o cinema brasileiro raramente se aproxima", mas "preso a um discurso sem espessura, uma espécie de niilismo a rigor tão ingênuo quanto as ideias de Nascimento no primeiro filme".

Mais do que discutir cinema, a proposta deste texto --por coincidência elaborado por um Fraga, assim como o anti-herói de "Tropa 2"-- é sugerir que o coronel Nascimento do segundo filme é resultado de uma derrota simbólica na discussão pública sobre o primeiro. Nada pessoal, gente.
"Tropa de Elite" chegou a ser definido como um filme em que espectador é subtraído do papel de vítima e associado ao lugar do algoz, na competente visão de outro crítico da Folha, Cássio Starling Carlos ("Em 'Tropa de Elite', Padilha transforma a plateia em algoz", 5/10/07).

Lembrava ele que a brutalidade do Bope é a realização de desejos sociais de extermínio. "Com um fuzil apontado para nossa cara, somos retirados da confortável posição de voyeurs e colocados na incômoda cadeira dos réus", concluiu brilhantemente.

Em "Tropa 2", não há vestígio da tese de que quem consome droga arma o tráfico ou de que o papel de organizações não governamentais em favelas se resume a hipocrisia interessada de usuários drogados _duas das bandeiras a que titãs do conservadorismo se apegaram para elevar o filme a símbolo da derrota das causas humanitárias. O desejo social de extermínio é sublimado pela revelação truística de que o mundo é político.

O SISTEMA
Há, em "Tropa de Elite 2", uma cena em que um oficial do Bope tortura com um saco plástico um traficante --reproduzindo o que ordenara o então capitão Nascimento no primeiro filme.
A história se repete como farsa. No primeiro filme, a tortura de Nascimento nada mais era do que a consumação prática de que os fins justificam os meios.

No segundo, o mesmo saco plástico simboliza a ingenuidade de um capitão do Bope a ser ludibriado por PMs menos bem formados, menos bravos, menos inteligentes e mais bandidos.
Onde havia celebração da força passa a haver subjugação desta à esperteza acética. Ou seja, o "pega geral" do cântico dos agentes supertreinados, máquinas de matar, é contornado por uma nova espécie macunaímica, o miliciano que dribla as leis, as instituições e os colegas mais inteligentes armado da destreza da falta de caráter, da falta de ética, da ganância econômica e política.

O novo saco plástico em que o coronel Nascimento tropeça é o que chama de "sistema" --uma máquina complexa, impessoal, a gerar dinheiro e votos.

Descobre que o tráfico não é seu maior inimigo, mas sim a estrutura política corrupta. O tal inimigo que havia demorado a identificar.

Se atirasse menos e pensasse mais, Nascimento economizaria cartuchos e entenderia o que é o processo político desde sempre.

Não se pode falar de moralidade como força política porque todos os discursos que a envolvem camuflam interesses de alguém.

Não se pode falar de progresso a menos que se entenda que ele é mais ou menos estimulado de acordo com o poder de diferentes grupos.

Não se pode falar de ideais que modificam o curso das coisas a menos que se entenda que eles representam outro grupo de interesses.

Não se pode falar de governantes, partidos, atores políticos e poderes constituídos, exceto que se perceba que são meios pelos quais operam os grupos de interesses.

Nascimento é alvejado por essa descoberta, uma bala perdida centenária, estruturada por gente como Arthur F. Bentley (1870-1957), em "O Processo do Governo", de 1908. Precisa se reciclar.
E, quando descobre esse inimigo, Nascimento o denuncia em CPI, por meio do discurso no qual o diretor do filme assume o papel de intelectual específico preconizado por Michel Foucault (1926-1984), desdenhado no primeiro filme, numa leitura rasa sobre o papel do Estado como agente opressor.

Disse Foucault que cada luta se desenvolve em torno de um foco particular de poder. Designar os focos, denunciá-los, falar deles publicamente, é uma primeira inversão de poder, é o primeiro passo para outras lutas contra o poder. E é assim que procede Padilha.

Em "Tropa de Elite 2", o coronel Nascimento vem humildemente dar razão a Foucault e pedir para sair.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Morre Dona Celeste vodunsi da Casa das Minas

SÃO LUÍS - Morreu nesta segunda-feira (25), aos 86 anos, vítima de uma parada cardíaca, Dona Maria Celeste Santos, vodunsi da Casa das Minas Jeje, em São Luís. Segundo informações, Dona Celeste que usava marca-passo passou mal em casa e foi levada para o hospital Socorrão I, no Centro de São Luís, mas já teria chegado ao local sem vida. O corpo de Dona Celeste foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), e vai ser velado na Casa das Minas que fica na Rua São Pantaleão, no bairro Madre Deus. O enterro vai ser amanhã (26), às 16h, no cemitério do Gavião.

Dona Maria Celeste Santos começou a frequentar a Casa das Minas ainda jovem, em 1950, ao tempo da famosa mãe Andresa, foi iniciada vodunsi-he.

Dando continuidade a uma tradição que vem do século XIX, em 1968, Dona Celeste assumiu a responsabilidade pela organização da festa do Divino na Casa das Minas. Como especialista no assunto, ajudou a organizar essa e muitas outras festas, em várias casas e terreiros de São Luís e Alcântara. Era considerada uma das grandes conhecedoras da Festa do Divino no Maranhão.

Na missa campal que celebrou no aterro do Bacanga, quando visitou o Maranhão em 1991, o Papa João Paulo II recebeu presentes típicos das mãos de diversos representantes do povo maranhense. Dona Celeste ofereceu ao Papa uma pomba branca, símbolo dessa devoção, que em São Luís é assumida principalmente pela religião afro-brasileira.

Em 1993, quando visitou o Benin, a convite de Pierre Verger, participando da cerimônia de inauguração de um monumento que assinalava o local do embarque dos escravos em Ouidah, Dona Celeste entoou cântico da Casa das Minas, que foi reconhecido e acompanhado pelos mais velhos, conhecedores do culto, que estavam presentes.

Dona Maria Celeste dos Santos nasceu em 13 de abril de 1924.

Morre em Londres o cantor jamaicano Gregory Isaacs

Gregory Isaacs é um dos músicos jamaicanos mais consumidos pela massa regueira de São Luís

SÃO LUÍS - Descrito como "uma da vozes mais sofisticadas do reggae", Gregory Isaacs morreu nesta segunda-feira (25), em Londres, de acordo com o filo do artista Kevin Isaacs, [que estará na capital maranhense], no próximo dia 15], repassadas ao cantor jamaicano Noris Collys e o DJ Valdinei, do programa Reggae Point, na rádio Mirante FM. Diagnosticado com câncer de pulmão há um ano, o músico foi responsável pelo disco Night Nurse, o mais famoso de sua carreira, lançado em 1982.

De acordo com Kevin, um comunicado de seu empresário aponta que ele estava com sua família. O músico estava viajando pela Jamaica recentemente antes de retornar ao Reino Unido para ficar com sua mulher, Linda. Em nota, ela diz que "Gregory era muito amado por todos e trabalhou muito para que sua música levasse amor e alegria".

A faixa título de seu álbum mais conhecido ganhou um cover de Sly and Robbie ao lado do Simply Red e chegou na 13ª posição da parada britânica em setembro de 1997.

Gregory teve uma carreira prolífica, lançando mais de 50 álbuns ao longo de quatro décadas. Seu último disco, "Brand New Me", saiu em 2008 e recebeu críticas positivas.

Gregory Isaacs é um dos músicos jamaicanos mais consumidos pela massa regueira de São Luís. Ele esteve na capital maranhense por duas vezes.

domingo, outubro 24, 2010

Por que a China está errada sobre Liu Xiaobo

HERALD TRIBUNE

Thorbjorn Jagland*

O fato de as autoridades chinesas terem condenado a escolha do ativista político preso Liu Xiaobo como vencedor do Prêmio da Paz de 2010 pelo comitê do prêmio Nobel ilustra, inadvertidamente, por que vale a pena defender os direitos humanos.

As autoridades afirmam que ninguém tem o direito de interferir nos assuntos internos da China. Mas elas estão erradas: a lei e as normas internacionais de direitos humanos estão acima do Estado-nação, e a comunidade tem o dever de assegurar que elas sejam respeitadas.

O sistema de Estado moderno evoluiu a partir da ideia da soberania nacional estabelecida pela paz de Westphalia em 1648. Na época, assumia-se que a soberania deveria ser incorporada por um governante autocrático.

Mas as ideias sobre soberania mudaram com o tempo. A Declaração de Independência Norte-Americana e a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão substituíram o autocrata com a soberania do povo como fonte de poder e legitimidade nacionais.

A ideia de soberania mudou novamente durante o século passado, à medida que o mundo deixou o nacionalismo e partiu para o internacionalismo. A Organização das Nações Unidas, fundada logo após duas desastrosas guerras mundiais, fez com que os estados membros se comprometessem a resolver as disputas de forma pacífica e definiu os direitos fundamentais de todos os povos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Estado-nação, diz a declaração, não teria mais um poder final e ilimitado.

Hoje, os direitos humanos universais oferecem uma forma de checar as maiorias arbitrárias em todo o mundo, quer sejam democráticas ou não. Uma maioria no parlamento não pode decidir prejudicar os direitos de uma minoria, nem votar a favor de leis que enfraquecem os direitos humanos. E embora a China não seja uma democracia constitucional, ela é membro da ONU, e fez uma emenda em sua Constituição para cumprir com a Declaração dos Direitos Humanos.

Entretanto, a prisão de Liu é uma prova clara de que a lei criminal chinesa não está alinhada com sua constituição. Ele foi condenado por “espalhar rumores, caluniar ou usar quaisquer outros meios para subverter o poder do Estado e derrubar o sistema socialista”. Mas numa comunidade mundial baseada nos direitos humanos universais, não é tarefa do governo suprimir opiniões e rumores. Os governos são obrigados a garantir o direito à liberdade de expressão – mesmo que quem se expressa defenda um diferente sistema social.

Esses são direitos que o comitê do Nobel defende há tempos, agraciando as pessoas que lutam para protegê-los com o Prêmio da Paz, incluindo Andrei Sakharov por sua luta contra os abusos aos direitos humanos na União Soviética e Martin Luther King Jr. por sua luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.

Não é de surpreender que o governo chinês tenha criticado duramente o prêmio, alegando que o comitê do Nobel interferiu de forma ilegal com seus assuntos internos e causou humilhação. Pelo contrário, a China deveria se orgulhar de que se tornou poderosa o suficiente para se tornar tema de debate e críticas.

Entretanto, o governo chinês não é o único a criticar o prêmio. Alguns acreditam que dar o prêmio a Liu pode piorar as condições para a oposição na China.

Mas isso é ilógico: esse argumento leva à conclusão de que a melhor forma de promover os direitos humanos é ficar quieto. Se continuarmos quietos em relação à China, qual será o próximo país a reivindicar seu direito pelo silêncio e não-interferência? Isso seria um passo para o precipício do enfraquecimento da Declaração Universal e dos princípios básicos dos direitos humanos. Nós não devemos e não podemos ficar calados. Nenhum país tem direito de ignorar suas obrigações internacionais.

A China tem todos os motivos para se orgulhar do que conquistou nos últimos 20 anos. Queremos que esse progresso continue, e é por isso que demos o Prêmio da Paz para Liu.

Se a China quiser avançar em harmonia com os outros países e se tornar uma parceira-chave para sustentar os valores fundamentais da comunidade mundial, ela precisa primeiro garantir a liberdade de expressão para todos os seus cidadãos.

É uma tragédia que um homem esteja preso há 11 anos simplesmente porque expressou sua opinião. Se quisermos caminhar em direção à fraternidade entre as nações sobre a qual falou Alfred Nobel, os direitos humanos universais precisam ser nosso critério fundamental.

*Thorbjonr Jagland é presidente do Comitê Norueguês do Nobel

Tradução: Eloise De Vylder

sábado, outubro 23, 2010

Natália sobre beijo em Fani: ''Não botei a língua''

O ensaio "lésbico-artístico" entre Fani e Natália Casassola para a "Playboy" continua dando o que falar. Procurada pela coluna, Natália contou que no início ficou assustada com a proposta da revista. "Fiquei chocada porque não sou lésbica, mas encarei como um trabalho artístico", revela. Quando o assunto é o beijo de língua que rolou entre elas, Nat fica na defensiva. "Não botei a língua. Eu fiquei com a boca fechadinha, até fechei os olhos para não ver. Foi aí que Fani encostou a dela no meu lábio. Foi bem caliente", confessa.

O ensaio das ex-BBBs aconteceu num hotel em São Paulo, com fotos de Maurício Nahas. A historinha foi a seguinte: duas mulheres chegam a um hotel vindas de uma balada. Alegrinhas de bebida, se 'pegam' e fazem sexo. "A gente ficou bebendo e fumando a noite toda, no final eu estava acabada".

Além do fotógrafo, seis pessoas da produção acompanharam as fotos que contou também com um banho de uísque dentro de uma banheira de porcelana dourada."Fomos tirando a roupa uma da outra lentamente e depois joguei bebida nela. O ensaio vai satisfazer o fetiche dos homens e atrair também a curiosidade das mulheres e do público GLS", aposta a beldade, que atualmente mora em Florianópolis, onde apresenta o programa "Clube do Champanhe", numa afiliada da TV Globo em Santa Catarina.

Cachê de R$ 400 mil

A coluna teve acesso aos valores do contrato que Fani Pacheco e Natália Casassola assinaram com a “Playboy” de novembro. As ex-BBBs vão ganhar, cada uma, R$ 400 mil mais uma porcentagem por vendas cerca de R$ 2 por revista vendida. Fani ganhou o mesmo cachê em 2007. Já Natália está embolsando o dobro do que ganhou quando posou em 2008.

terça-feira, outubro 19, 2010

LIVROS ESSENCIAIS

Como qualquer lista de livros importantes, a das “obras essenciais para a humanidade” não passa de mero exercício de subjetividade. Por mais que sejam utilizados métodos especializados de seleção, acredito que sempre alguém vai bradar da platéia: “Ah, faltou aquela obra-prima”.
Há alguns dias, deparei-me com o volume 1 da “Coleção Super Essencial” – da revista Super Interessante, publicada pela Editora Abril. O título dessa edição especial é justamente “101 livros que mudaram a humanidade”. Do alto da minha experiência de leitor inveterado e formador de biblioteca (a minha, logicamente), posso dizer que tenho meus pontos de discordância e de concordância a respeito do que vi.
Depois de um cara ou coroa básico, resolvi começar pelas discordâncias. Logo de cara, talvez escandalize os mais puritanos: para mim, “Dom Casmurro” não pode ser relacionado como uma das obras que modificaram a espécie humana. A justificativa dos autores da revista: “Machado de Assis criou personagens-símbolo na literatura mundial (o livro foi traduzido para 19 idiomas) e é um dos marcos do realismo na literatura brasileira. O escritor explora todas as nuances psicológicas de seus personagens, que carregam traços ao mesmo tempo de heroísmo e fragilidade e sentimentos contraditórios, como amor e ódio”. Marco do realismo na literatura brasileira? Perfeito. Quanto às “nuances psicológicas”, não foi melhor do que Henry James – considerado sua contraparte européia. Mesmo a eterna dúvida da infidelidade de Capitu jamais me pareceu forte o suficiente para se colocar na lista de “grandes enigmas humanos”.
Outra obra cuja presença na lista do especial discuto com veemência: “Frankenstein”. Explicação da revista: “Surgido após um período de grande avanço das ciências, o movimento romântico foi em boa parte uma reação à idéia do Universo concebido como máquina. ‘Frankenstein’ foi a mais contundente crítica a esse novo cientificismo, que tudo desejava explicar e dominar”. Meu ponto de vista: apesar desse viés que já se aproxima do que um dia viria a ser entendido como “linguagem moderna”, o (ótimo) romance de Mary Shelley é radicalmente uma história de terror. Mas não é a história de terror. Esse papel atribuo tranqüilamente a “Drácula”. Além de conter o tal cientificismo abordado por Shelley, ainda é uma história de amor por excelência – de amor eterno, sobrevivente às maresias do tempo.
Passemos às concordâncias. Preciso dizer que a revista acertou em cheio com “Dom Quixote”? É a grande comédia da história da literatura. O grande romance de aventuras. O grande drama. A mescla perfeita entre maneirismo e barroco. O deslocamento da trama do patético para o burlesco. Vejo também na lista “On the Road – Pé na Estrada”, de Jack Kerouac. A obra-prima da famosa “Geração Beat”, cujos participantes foram por assim dizer os ancestrais do movimento hippie. Afinal de contas, os poetas, escritores e artistas que dela fizeram parte simplesmente um dia “pegaram a viola, colocaram na sacola e foram viajar”. E nessa aventura de girar pelos Estados Unidos por estradas por eles até então desconhecidas, foram criando aqui e acolá sociedades alternativas, nas quais os limites impostos eram os estabelecidos pela criatividade de elementos como Allen Ginsberg e o próprio Kerouac.
No fim das contas, entre acordos e desacordos, tenho a lamentar o esquecimento de obras basilares para a literatura mundial. Como deixar de lado “Cem anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez? Ou então “Os irmãos Karamázov”, de Dostoiévsky? Colocaram “Dom Casmurro” na lista. Muito bem. Mas eu acharia melhor a inclusão de “Memórias póstumas de Brás Cubas”. Escolheram “Orlando”, de Virginia Woolf. Pois eu preferia ver no lugar desse livro qualquer dos romances de Jorge Amado. Tenho certeza de que você aí tem as suas preferências.
Qual foi o grande livro que alterou seu jeito de ser e de refletir antes de modificar esta vã humanidade?

Na espera pelo iPad, editoras adaptam seus livros para lançamento do tablet no Brasil

DANIEL NAVAS Para o UOL Tecnologia

A Apple lançou o iPad oficialmente em abril, nos Estados Unidos. Desde então, o tablet já foi comprado extraoficialmente por brasileiros, chegou a diversos países e recebeu autorização da Anatel para ser vendido no Brasil – ainda assim, nada de sua comercialização ter início por aqui. Enquanto aguardam o lançamento, as editoras trabalham para disponibilizar aos consumidores versões compatíveis com o iPad de seus livros existentes no formato tradicional. Nos Estados Unidos, essa alternativa mostrou-se válida: os e-books já superaram os livros de capa dura na gigante Amazon.com.

Em agosto, por exemplo, a livraria Saraiva anunciou a disponibilidade de seu aplicativo de leitura para o iPad e iPhone, que pode ser baixado na loja de aplicativos App Store, da Apple. "Estimamos, hoje, 40 mil iPads no Brasil e é esse público que queremos atingir", afirmou Marcílio Pousada, presidente da empresa. A Saraiva, que pretende ter até o final do ano 5 mil livros digitalizados, tem arquivos nos formatos PDF e ePUB, compatíveis com o iPad, o Alfa, da Positivo, o Sony Reader e o Cool-er, da Gato Sabido.

Os usuários de leitores digitais devem ficar sempre atentos aos formatos disponíveis para cada tipo de eletrônico – é justamente esse o desafio das editoras, que querem tornar seu material compatível com os produtos da Apple. Além de PDF e ePUB há diversas outras siglas que podem acabar confundindo e atrapalhando o consumidor: DOC, TXT, HTML, MOBI e TRT, por exemplo. A gigante Amazon, uma referência no mercado de e-books, criou até um formato próprio para o conteúdo compatível com o Kindle (AZW e AZW1).

AdaptaçãoA Singular, empresa da editora Ediouro, também se adapta para conquistar no Brasil novos leitores entre os fãs da Apple. “Temos arquivos digitais sendo vendidos pelos principais sites do país, que podem rodar nos aparelhos já disponíveis no Brasil. Mas ainda temos de nos adaptar à plataforma do iPad, que exige itens diferenciados, pois os arquivos serão vendidos pela loja virtual da Apple. Além disso, o gadget oferece cores e funções interativas, como som e a possibilidade de ler o texto na vertical ou na horizontal”, afirma Newton Neto, diretor de mídias digitais e tecnologia da Singular.

Essa interatividade que o aparelho possibilita funciona como um chamariz e também pode reforçar o lucro das editoras. ”Com o tablet, conseguimos dar mais realidade e nitidez aos desenhos, o que não acontece com os leitores digitais vendidos atualmente no Brasil”, explica Mauro Palermo, diretor da Globo Livros. Durante a Bienal Internacional do Livro, a empresa disponibilizou o primeiro capítulo da obra “A menina do narizinho arrebitado”, de Monteiro Lobato, para iPad. “Até o fim do ano, teremos o livro completo e outras obras ilustradas, que serão rediagramadas para se encaixarem ao tamanho e estrutura do aparelho.”

Apesar da empolgação de muitos, a editora Contexto não vê o gadget da Apple como um “divisor de águas” no setor de mídias impressas. “Faz bastante tempo que estamos nos preparando para a venda do livro digital: tanto que grande parte dos nossos contratos já tem previsto o comércio deste tipo de arquivo. Mas não vamos dar exclusividade para um aparelho ou outro. Queremos disponibilizar um e-book que rode em todos os e-readers”, explicou Daniel Pinsky, diretor da empresa.

E a pirataria?
Outra iniciativa estudada pelas editoras é oferecer, junto com os textos, vídeos e disponibilizar uma forma de escutar a versão digital. Com essas exclusividades, as empresas acreditam que será mais difícil os leitores optarem por versões pirateadas. “Estamos criando uma versão 2.0 dos e-books, à qual o consumidor terá acesso com um código passado durante o ato da compra”, explica Neto, da Singular.

O valor dos e-books deve ser mais baixo que o cobrado para os livros impressos, porque na versão tradicional está embutido o preço das obras que não foram vendidas, do frete e da gráfica, entre outras coisas. “Retirando esses custos, o produto fica cerca de 65% mais barato. Assim, o leitor que investiu no aparelho vai aos poucos recuperando o valor, economizando na compra dos livros”, afirma o diretor da Globo Livros.

Os arquivos digitais também terão o chamado DRM (Digital Rights Management; gerenciamento dos direitos digitais), uma plataforma de segurança escolhida pela maioria das editoras brasileiras para proteger os arquivos de cópias não autorizadas. Assim, o usuário baixará o arquivo e não conseguirá repassá-lo.

domingo, outubro 17, 2010

Ensaios políticos de Vargas Llosa perdem a força diante de seus textos literários

DANIEL BENEVIDES
Colaboração para o UOL

Casado com a literatura, Mario Vargas Llosa nunca escondeu que a política sempre foi sua amante. Lendo os ensaios reunidos em “Sabres e Utopias”, vê-se, no entanto, que o amor e compromisso com a “mulher” é bem maior e mais profundo do que as constantes escapadelas. Defensor ferrenho do liberalismo, o qual enxerga como expressão genérica da defesa da liberdade do indivíduo, Llosa chegou a se candidatar presidente do Peru, mas acabou mesmo coroado com o Nobel, o que talvez recoloque as coisas no lugar (quer dizer, isso se considerarmos que o prêmio é de fato literário).

Claro, a tese é discutível, e há quem sustente que a literatura e a política são indissociáveis na obra do peruano (mas isso pode ser dito sobre a obra de qualquer escritor). Mas um leitor atento de seus ótimos ensaios vai perceber que, ao falar de literatura, pura e simples, como exercício artístico de criar outras realidades, Llosa demonstra uma capacidade analítica tão apaixonada e inteligente, que fica difícil não notar que, diante desses textos, os escritos políticos empalidecem, mesmo os mais polêmicos, nos quais critica Fidel, Chavez e outros ícones da esquerda que um dia abraçou.

Não que o lado político seja desprezível (ocupa quatro quintos da coletânea), os ensaios literários é que são magníficos, e talvez devessem ser mais comentados. Pois é falando de Euclides da Cunha, Borges ou Guimarães Rosa que o autor de livros sensacionais como “Conversa na Catedral”, “Tia Júlia e o Escrevinhador” e “Pantaleão e as Visitadoras” consegue arrebatar o leitor. Seus comentários são pertinentes, perspicazes e também joviais, como se Vargas Llosa fosse descobrindo, maravilhado, a obra desses autores ao lado do leitor. Quem ler seu ensaio sobre “Grande Sertão: Veredas” e não sentir o impulso irreprimível de ler ou reler a obra-prima de Rosa é doente do pé.

Outro ensaio valioso, verdadeiro tesouro para quem gosta de pensar a literatura, é o escrito sobre Borges, em que ele explica com a clareza de um lago inexplorado, porque o "viejo brujo" deve ser considerado um escritor excepcional. Para Llosa, Borges tirou o complexo de inferioridade da literatura latino-americana e também revestiu a língua espanhola de uma nova roupagem. Na contramão da exuberância barroca e cores fortes usadas pela grande maioria dos autores nascidos em Espanha e América Latina, Borges dotou a língua de uma concisão irônica, erudita e divertida; “inteligente”, no sentido de propor jogos intelectuais, com seus elegantes labirintos e espelhos.

Ao falar do outrora grande amigo e hoje desafeto Garcia Marques e seu “Cem Anos de Solidão”, a obra que marcou o chamado "boom" da literatura latino-americana (do qual o próprio Vargas Llosa foi um dos expoentes), surpreende pela quantidade de detalhes observados com lupa generosa, e pela forma precisa como situa o livro no contexto literário da época. Mais que tudo, porém, fica clara a completa isenção de inveja ou competitividade, tão genuína é a admiração pelo colega. Isso também fica evidente nos demais textos. Sua vontade parece mesmo ter algo de juvenil, de dizer ao leitor, amigo imaginário, “olha como isso aqui é bom, você precisa ler!”

"Os Chefes" e "Os Filhotes"

Também lançado recentemente no Brasil, seu primeiro livro, a reunião de contos “Os Chefes”, que aqui veio acrescida da novela (no sentido de conto aumentado) “Os Filhotes”, dá bem a medida de como Llosa encarava a literatura com paixão de leitor. Seu estilo inicial reflete muito a forte influência de Faulkner, Flaubert e Balzac, o desejo puro de contar histórias. Não é por acaso que, como revela num de seus textos memorialísticos (“O País das Mil Faces”, presente em “Sabres e Utopias”), quando pequeno ele alterava ou estendia o final de seus livros favoritos, para que não terminassem tão cedo ou de forma frustrante. As narrativas de “Os Chefes” dão conta de sua infância e adolescência no Peru, repleta de aventuras e desafios, com a necessidade de afirmar a virilidade sempre em primeiro plano. Há um quê de influência do cinema também, algo de James Dean e “Juventude Transviada” nas histórias de lutas de canivete, brigas de gangue, disputas por namoradas e corridas suicidas de carro.

Já “Os Filhotes”, escrito bem depois, em 1967, quando já era um autor festejado, traz uma postura autoral mais aguda, com vozes que se misturam, impressões embaralhadas e um tema cômico a princípio, mas que se revela trágico ao longo das páginas. Um jovem estudante é atacado por um cachorro e tem seu mais precioso instrumento arrancado a dentadas. Cruelmente, como acontece em toda pré-adolescência, quando as identidades estão em formação, dão-lhe o apelido de Piroquinha. O nome é tão engraçado, que até mesmo os amigos não conseguem evitá-lo. Como é de esperar, Piroquinha cresce amargurado e se torna um vândalo autodestrutivo. O que torna a novela fascinante é a forma de contar, ao mesmo tempo ágil e profunda, tradicional e contemporânea. Essa é a marca que deve ficar de Vargas Llosa.

sexta-feira, outubro 15, 2010

Enfim, vendido: após travar batalhas judiciais, Liverpool tem novo dono

Consórcio americano New England Sports Ventures compra o clube por R$ 794 milhões.
Novela se arrastou por vontade dos antigos proprietários

Por Victor Canedo
Rio de Janeiro

Era fim da manhã da última quarta-feira quando meia dúzia de torcedores cantava a plenos pulmões “You’ll Never Walk Alone”, música tema do Liverpool há décadas. Na porta do tribunal, todos festejavam a decisão da Alta Corte, que deu razão ao Royal Bank of Scotland (RBS), logo o maior credor, em continuar o processo de venda do clube, afastando os antigos donos de cena, os americanos Tom Hicks e George Gillett. Mas a festa só ficou completa nesta sexta: por 300 milhões de libras (R$ 794 milhões), os Reds agora pertencem ao New England Sports Ventures (NESV), presidido por John W. Henry, também proprietário do time de beisebol Boston Red Sox.

Antes odiados por boa parte da torcida por causa da má fase em campo, Hicks e Gillett também viraram vilões ao tentarem impedir e atrasarem todo o procedimento com uma liminar concedida em Dallas, nos Estados Unidos, quando o anúncio oficial era aguardado. Na quinta, no entanto, nova vitória na justiça inglesa soou como irreversível dessa vez. E, após desgastante novela, o martelo foi oficialmente batido na tarde desta sexta.

- Estamos aqui para vencer. Estou feliz e orgulhoso - disse Henry.

A mudança surge como um sinal de nova era para os Reds. É justamente o verbo renovar que enche uma das torcidas mais fanáticas da Inglaterra de esperança. Não à toa o 15 de outubro de 2010 já é chamado por eles de “Dia da Independência”.

– Eu sei o quão frustrados estão os torcedores com o que tem acontecido e posso entender seus sentimentos. Mas todos nós temos sofrido com isso, especialmente a torcida, e agora é a hora de nós nos juntarmos e ajudarmos o clube a sair dessa situação – disse o capitão, porta-voz e “dono” do time, Steven Gerrard, após o anúncio da primeira decisão favorável no tribunal durante a semana.

Nesta sexta, véspera do clássico com o Everton pelo Campeonato Inglês, o técnico Roy Hodgson afirmou que a conclusão do negócio "tirou uma nuvem de cima do clube" e dará tranquilidade aos jogadores. Em um comunicado oficial no site dos Reds, o NESV revelou que também pagou boa parte da dívida do Liverpool, reduzindo-a de um valor entre 25 e 30 milhões de libras (R$ 66 a 80 milhões) para outro entre 2 e 3 milhões de libras (R$ 5 a 8 milhões).

A novela

Os conflitos internos, que marcaram um dos períodos mais conturbados da história do Liverpool, começaram quando Hicks e Gillett quebraram o acordo com o banco escocês na última renegociação da dívida (cerca de R$ 633 milhões) e afastaram o diretor comercial Ian Ayre e o chefe-executivo Christian Purslow. Além de desmentir publicamente o presidente Martin Broughton, que havia anunciado a venda para o NESV.

Como o prazo estipulado para o pagamento de boa parte do débito (R$ 528 milhões) vencia na sexta-feira, o descumprimento do trato com o RBS acarretaria em um pedido de concordata e a perda de nove pontos no Campeonato Inglês, que jogaria os Reds para a lanterna, com menos três pontos.

A vitória, então, trouxe os dirigentes de volta ao comando e o anúncio da venda passou a ser questão de horas, já que o responsável pelo negócio e à época provável futuro dono, John W. Henry, chegou à Terra dos Beatles na noite de quarta. Mas outra ação na justiça, dessa vez em Dallas, nos Estados Unidos, impediu a oficialização do negócio. Na quinta, outro triunfo do RBS na justiça inglesa anulou o pedido de Hicks e Gillett, alegando que “o caso nada tinha a ver com o Texas”. Torcedores novamente foram às ruas comemorar mais um capítulo vencido.

O fim da novela estava próximo. Embora outros dois compradores tenham mostrado interesse, sendo um empresário de Cingapura, que ofereceu R$ 950 milhões, e um fundo americano (Mill Financial), ambos desistiram depois de o clube praticamente desprezar as propostas. Com o caminho livre para o NESV, faltava apenas o sim da justiça. E ele veio nesta sexta-feira, logo após Hicks e Gillet retirarem a ação em Dallas (com a promessa de processar o clube e seus dirigentes em R$ 4,2 bilhões de indenização pela "trapaça"). Uma vitória com gol nos acréscimos do segundo tempo que deixará as preocupações de lado por tempo ainda indeterminado.

– Se o torcedor vir que o time dele está forte não vai se importar muito de onde está vindo o dinheiro. Lembro de quando a MSI comprou o Tevez, fui assistir ao primeiro jogo do argentino, conversei com torcedores e só via felicidade. Levantei a questão sobre indícios de lavagem de dinheiro, mas ninguém estava ligando. A mentalidade do torcedor inglês tem sido a mesma. O Chelsea e os times de Manchester não me deixem mentir – afirmou Tim Vickery, correspondente da BBC na América do Sul.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Passando por necessidade, ex-BBB Cida pede ajuda na TV

O programa "A Tarde é Sua" desta quinta-feira (14), na RedeTV!, recebeu a ex-BBB Cida, da segunda edição do reality show.

Cida contou em entrevista a Sonia Abrão que está precisando de ajuda para conseguir um emprego e que passa por necessidades. Ela tem encontrado dificuldade em trabalhar após sua participação no reality da Globo.

Cida, que já foi aeromoça, informou que foi aprovada em cinco seleções, mas no momento da entrevista acaba sendo descartada, pois lembram dela no programa. "Teve uma vez que a moça pediu dicas para entrar no programa. Fiquei furiosa e abandonei a entrevista", disse.

A ex-BBB fez um apelo às emissoras de TV dizendo que gostaria de trabalhar na área artística de preferência como atriz: "Ex-BBB também tem talento", desabafou.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Morre Eliézio Sousa Martins, do Boi de Cururupu

Com 74 anos, ele teve falência múltipla dos órgãos em decorrência de diabetes.

Imirante
SÃO LUÍS - Morreu, por volta das 14h desta quarta-feira (13), Eliézio Martins, responsável pelo Boi de Cururupu, de sotaque Costa de Mão. Aos 74 anos, ele morreu de falência múltipla dos órgãos, em decorrência de complicações de diabetes.

Eliézio Martins, que era casado e tinha 14 filhos, estava internado há alguns dias no Hospital Centro Médico. Ele já está sendo velado em sua própria casa, rua Gomes de Sousa, nº 596, Vila Passos, e deverá ser enterrado na tarde desta quinta-feira (14), no cemitério Jardim da Paz.

Com o Boi de Cururupu, Eliézio mantinha vivo o sotaque Costa de Mão, talvez o mais singular e raro sotaque de bumba meu boi no Maranhão.

Foto: Biné Morais/ O Estado

pigeonswarm


domingo, outubro 10, 2010

sábado, outubro 09, 2010

Veja o pôster do episódio de terror de Os Simpsons

Brincadeira com Crepúsculo vai ao ar em novembro nos EUA
Por Arianne Brogini - 09/10/2010 11:24

Mostramos para você que Daniel Radcliffe, o Harry Potter, vai brincar de ser Edward em Os Simpsons. Agora, aí ao lado, você pode ver o pôster do episódio “Treehouse of Horror 21”.

A gente explica de novo: neste episódio, Radcliffe vai fazer a voz do vampiro Edmund, que é uma paródia a Edward, o vampiro-gato da Saga Crepúsculo. Lisa se apaixona por ele que agora frequenta a escola de Springfield. Homer fica preocupado e tenta impedir que sua filha seja transformada numa morta-viva.

O episódio de terror é algo que os fãs sempre esperam a cada temporada e já é uma das marcas de Os Simpsons.

Vai ao ar nos Estados Unidos no dia 7 de novembro.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Prensa europea afirma que obra de Vargas Llosa es “fuerte, poderosa y elegante”

Escribe: Andina Nacional - 12:26h

La prensa europea destacó la premiación del escritor peruano Mario Vargas Llosa con el Nobel de Literatura 2010, debido a que su obra literaria es “fuerte, poderosa y elegante”.

Según el diario Le Monde, de Francia, la obtención de este galardón por el peruano era una “semisorpresa” y asimismo agrega sobre las decisiones “siempre imprevisibles” de la academia sueca.

“Del peruano Mario Vargas Llosa se puede decir todo excepto que no funciona; es fuerte, poderoso y elegante, tal como presentan obras como Conversación en la catedral, Pantaleón y las visitadoras, La tía Julia y el escribidor, entre otras”, refiere.

La agencia de noticias Deustche Welle de Alemania, titula: “Mario Vargas Llosa, al fin premio Nobel”, y precisa en su despacho su casi “eterna candidatura” desde la década de 1980.

“Paradójicamente, el Nobel le llegó a Vargas Llosa cuando su presencia en la lista de candidatos parecía rutinaria y marginal, pese a que sigue en pleno vigor intelectual y a que mantiene esa producción entusiasta en todos los géneros.”

La agencia alemana agrega que el premio “siempre se le había escapado, al punto que muchos creyeron que ya jamás lo lograría”, al tiempo que recordaba que su nueva novela, El sueño del celta, llegará a las librerías el 3 de noviembre.

“El rumor mundialmente extendido, aunque por lógicas razones nunca confirmado, es que al peruano no se le negaba el Nobel por falta de méritos literarios, sino por la controversia que genera su credo entusiasta, ortodoxa y militantemente liberal”, explica Deustche Welle.

En tanto, la agencia Swissinfo.ch, de Suiza, destaca la estrecha relación con este país, debido a vínculos familiares, pues, su hijo Gonzalo reside en Ginebra donde trabaja para la ACNUR, el Alto Comisionado de las Naciones Unidas para los Refugiados.

“En una entrevista con Swissinfo.ch de 2004 en Berna, Vargas Llosa reconoció la gran admiración que sentía por Suiza, país que ha visitado en numerosas ocasiones, por ejemplo con motivo del Foro Económico Mundial de Davos”, señala.

Asimismo, la agencia rusa de noticias Ria Novosti también informó sobre la obtención del Premio Nobel de Literatura 2010, y agregó en su despacho que Vargas Llosa recibirá el galardón el 10 de diciembre, fecha en que murió Alfred Nobel.

Peruano Mario Vargas Llosa vence o Prêmio Nobel de Literatura


Da Redação*

O escritor peruano Mario Vargas Llosa é o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2010, anunciou hoje a Academia Sueca em sua sede, em Estocolmo. Como prêmio, vai receber 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,5 milhão).

Em comunicado, o comitê informou que Llosa recebeu o prêmio "por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual".

Nascido em 1936, o novelista e ensaista é tido como um dos maiores nomes da literatura em língua espanhola. Seu principal tema é a luta pela liberdade em seu país. Entre suas principais obras estão "A Casa Verde", "Lituma nos Andes" e "A Cidade e os Cachorros". Em 1981, Llosa publicou "A Guerra do Fim do Mundo", sobre a Guerra de Canudos, que dedicou ao escritor brasileiro Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões".

Já entre seus prêmios mais importantes estão o Prêmio Cervantes (1994) e o Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras Espanha (1986).

Reconhecimento
Mario Vargas Llosa afirmou que o prêmio é um reconhecimento da literatura da América Latina e em língua espanhola, em uma entrevista à rádio colombiana RCN.

"Não pensava que sequer estava entre os candidatos", disse o escritor de 74 anos em Nova York, na primeira reação após receber a notícia do prêmio. "Acredito que é um reconhecimento à literatura latinoamericana e à literatura em língua espanhola, e isto sim deve alegrar a todos", acrescentou ele, que ministra aulas na Universidade de Princeton.

"Ele havia levantado às 5h para dar aulas. Recebeu a ligação informando às 6h45, enquanto trabalhava intensamente", contou Peter Englund, presidente do júri do Nobel de Literatura.

Com o resultado, o escritor sucede a romena naturalizada alemã Herta Mueller e o francês Jean-Marie Gustave Le Clézio, vencedores das edições de 2009 e 2008, respectivamente.

Vargas Llosa irá à cerimônia de entrega do prêmio em 10 de dezembro, em Estocolmo. Ele fará o discurso em nome de todos os premiados, com exceção do Nobel da Paz, realizado em um ato paralelo, em Oslo.

Llosa, mais uma vez, confirma a tendência dos últimos anos da Academia de não premiar o favorito nas apostas. Antes do anúncio de hoje, o poeta sueco e escritor Tomas Transtromer era o favorito, vindo em seguida três outros poetas; Adam Zagajewski, da Polônia, Ko Un, da Coreia do Sul, e Adonis, da Síria.

O anúncio dos Nobel começou na segunda-feira (4), com o de Medicina, que foi para o fisiologista britânico Robert Geoffrey Edwards. Na terça-feira, houve o anúncio do de Física, para os pesquisadores russos Andre Geim e Konstantin Novoselov. Nessa quarta, o prêmio de Química foi concedido para o cientista americano Richard Heck e os japoneses Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki. A rodada prossegue na sexta-feira (8) com o anúncio do Nobel da Paz e, na segunda (11), com o de Economia.

*Com agências internacionais.

terça-feira, outubro 05, 2010

Morre o ator britânico Norman Wisdom, "palhaço favorito" de Charlie Chaplin

Londres, 5 out (EFE).- Norman Wisdom, o cômico ator britânico a quem Charlie Chaplin definiu como seu "palhaço favorito" e quem levou risos aos albaneses durante a ditadura comunista de Enver Hoxha, morreu nesta segunda-feira aos 95 anos.

Nascido em Londres e famoso por seus papéis cômicos no cinema, Wisdom morreu em uma casa de idosos na ilha de Man, na Irlanda, informou sua família.

Alguns dos filmes em que atuou, como "Loja do Doido" (1953), foram os únicos ocidentais tolerados na Albânia comunista, onde Wisdom era considerado quase como um herói.

Ele mesmo pôde comprová-lo em 1995 quando visitou esse país após a queda do comunismo e, para sua grande surpresa, foi recebido com enorme idolatria por centenas de fãs, entre eles o então presidente da Albânia e atual primeiro-ministro, Sali Berisha.

Em uma visita mais recente à Albânia, que coincidiu com uma viagem da seleção nacional inglesa, Sir Norman - título recebido pela rainha Elizabeth II em 2000 - descobriu que, aos 86 anos, era mais popular que o jogador David Beckham.

"Ignoro por que sou tão popular aqui. Devem estar todos loucos", comentou então Wisdom, sorridente, embora tenha dito que sua popularidade talvez se devesse à ausência de sexo e violência em seus filmes.

Seu empresário, Johnny Manns, o definiu não só como "um grande humorista", mas também como "uma pessoa encantadora", enquanto alguns críticos o descreveram como "um profissional 100%".

O cineasta Kevin Powis, que contou com Wisdom em 2007 no filme "Expresso", disse que ele "era uma lenda viva" e que sempre foi "um prazer estar em sua companhia".

De pequena estatura, Wisdom fazia rir com sua jaqueta mal cortada e sua tendência a tropeçar continuamente.

Atuou em 32 comédias de televisão, 19 filmes e tornou-se famoso em países tão distantes como China e Argentina.

Filho de um motorista e uma estilista, que se divorciaram quando tinha nove anos, Wisdom e seus irmãos chegaram a roubar comida.

Deixou a escola aos 13 anos e trabalhou primeiro como contínuo e depois como garçom a bordo de uma embarcação com destino a Buenos Aires.

Sua estreia nos palcos aconteceu em 1946 em um music-hall do norte de Londres, onde lhe ofereceram um contrato para sete anos.

A popularidade chegou a ser tamanha que Charlie Chaplin chegou a dizer: "Se há alguém que possa me substituir, é Norman Wisdom".

Em 1981, se afastou do gênero humorístico para interpretar um viajante aposentado e doente de câncer em um drama para a rede "BBC" intitulado "Going Gently".

Apesar de sua imagem de desastrado, tinha tato para os negócios. Construiu uma casa luxuosa na ilha de Man, onde encheu de antiguidades.

Era proprietário de um Rolls-Royce, mas gostava de percorrer a ilha em sua motocicleta porque dizia se sentir "jovem outra vez".

segunda-feira, outubro 04, 2010

Conforme esperado, Silas é demitido do Fla e Luxemburgo é o mais cotado

Vinicius Castro
No Rio de Janeiro


O que já era esperado desde quinta-feira se consumou nesta segunda. O técnico Silas, sem o respaldo do ex-diretor executivo Zico, acabou demitido pela diretoria rubro-negra. Vanderlei Luxemburgo, que recentemente foi mandado embora do Atlético-MG, é o mais cotado para assumir o cargo. A decisão já foi tomada e o treinador será comunicado antes do treino que será realizado no CT Ninho do Urubu.

O novo técnico do Flamengo será o terceiro no Campeonato Brasileiro e o quarto na temporada. Além de Silas, Andrade, que saiu em abril, e Rogério Lourenço já passaram pela Gávea em 2010.

Silas foi contratado no dia 29 de agosto, momentos antes da partida do Flamengo contra o Guarani. O treinador comandou o time em dez partidas, com uma vitória (Grêmio Prudente), seis empates (Vitória, Fluminense, Santos, Grêmio, Goiás e Botafogo) e três derrotas (Cruzeiro, São Paulo e Palmeiras).

A postura de “tirar o corpo fora” nas entrevistas foi um dos aspectos que, independentemente da saída de Zico, minou a sua relação com o grupo de jogadores. As substituições equivocadas e convicções questionáveis aumentaram o índice negativo de popularidade.

Por fim, o episódio envolvendo a polêmica declaração “não chuto a gol e não faço gol contra” foi o estopim para que o zagueiro Jean (autor do gol contra no empate com o Goiás) saísse em defesa do elenco definindo a postura do técnico como “lamentável”.
Com 30 pontos, o Flamengo ocupa a 15ª posição, ameaçado de rebaixamento à Série B. O Atlético-GO, com 26, é o primeiro time dentro da chamada “turma da degola”.

domingo, outubro 03, 2010

Roseana Sarney vence eleição no Maranhão e vai governar Estado pela quarta vez

Andréia Martins
Do UOL Eleições

Em São Paulo

A candidata do PMDB, Roseana Sarney, vai assumir o governo do Maranhão pela quarta vez. A governadora, que liderou a corrida estadual durante toda a campanha, conseguiu reverter a possibilidade de um segundo turno, já que nas pesquisas mais recentes a peemedebista, apesar de liderar, não apresentava a maioria dos votos necessária para vencer as eleições contra Jackson Lago (PDT) e de Flávio Dino (PC do B) já no primeiro turno.

Candidata da coligação “O Maranhão não pode parar”, Rosane tem 15 partidos aliados (PT, DEM, PTB, PV, PR, PSC, PRB, PRTB, PSL, PHS, PMN, PTN, PTdoB, PP e PRP), além de contar, desde o início oficial da campanha, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo tendo alianças com partidos que apoiam, em plano nacional, a candidatura do presidenciável José Serra (PSDB).

Lula e a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, gravaram depoimentos para o programa da peemedebista no horário eleitoral gratuito na TV, enquanto outros ministros e lideranças locais da legenda, apoiaram o candidato comunista.

Roseane já governou o Maranhão por três vezes. Em 1994, quando era filiada ao PFL, venceu as eleições e se tornou a primeira mulher a governar o Estado, sendo reeleita em 1998.

Ao final de seu segundo mandato de governadora, em 2002, lançou-se como pré-candidata à Presidência, mas retirou sua candidatura depois de uma operação da Polícia Federal, deflagrada em março de 2002, apreender 1,3 milhão de reais na sede da construtora Lunus, em São Luís, no Maranhão. A empresa, de propriedade de Roseana e do marido dela, Jorge Murad, tornou-se o epicentro de uma crise política que modificou os rumos da campanha. Acabou eleita senadora pelo Maranhão.

Em 2006, já no PMDB, disputou novamente o governo, mas ficou em segundo lugar, atrás de Jackson Lago (PDT), numa das mais acirradas campanhas eleitorais da história maranhense.

De volta ao Senado, em 2007, dois anos depois, com a cassação do governador Jackson Lago pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Roseana assumiu novamente o governo do Maranhão.

Polêmicas de campanha: acusações e greve de fome


O apoio à candidata do PMDB gerou divergências entre o PT nacional e o PT local. Na decisão do encontro estadual do partido, havia sido definido que a legenda apoiaria a candidatura do deputado Flávio Dino. Mas, pouco antes do início oficial da campanha, o PT nacional decidiu retomar o apoio a Roseana, seguindo a aliança nacional com o PMDB.

Em represália à decisão do PT nacional de obrigar o diretório regional do partido a apoiar a candidatura de Roseana, o deputado Domingos Dutra (PT) e Manoel da Conceição Santos, um dos fundadores do PT, protagonizaram uma greve de fome que durou uma semana. Depois do impasse, ficou decidido que o PT nacional apoiaria Roseana e que a legenda local estaria livre para apoiar a candidatura de Dino.

Ainda durante a campanha, apesar de ter o registro de candidatura deferido pelo TRE-MA (Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão), a vice-procuradora geral eleitoral, Sandra Cureau, tentou impugnar sua candidatura.

Em um parecer enviado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), contra a candidata, Sandra alegava que Roseana se enquadraria nos casos de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa por ter sido condenada pela prática de propaganda eleitoral fora de época. Mas, Cureau teve seu pedido negado.

Falta de referência ao pai, José Sarney

Ao longo da campanha, Roseana foi questionada por muitos sobre o motivo de não exibir a imagem e o sobrenome do pai, o atual presidente do Senado, José Sarney.

Durante a campanha, o ex-governador e ex-aliado dos Sarney no Maranhão, o candidato ao Senado José Reinaldo Tavares (PSB), abordou o tema no horário eleitoral gratuito, dizendo que Roseana tinha “vergonha do próprio pai”. O único momento em que Roseana foi vista com o pai durante a campanha foi na convenção do PMDB, em 14 de agosto.

Segundo a coordenação de campanha da peemedebista, a falta de referência ao nome Sarney é uma estratégia para tornar Roseana mais popular.


Dados do governador eleito
Nome Roseana Sarney Murad
Data de nascimento 01/06/1953
Escolaridade Superior Completo
Profissão Socióloga
Patrimônio R$7.838.530,34

Atriz Emma Stone deve ganhar papel de Mary Jane em novo "Homem-Aranha"

DE SÃO PAULO

De acordo com o site Deadline Hollywood, a atriz Emma Stone, 21, deve substituir Kirsten Dunst no papel de Mary Jane no novo filme de "Homem-Aranha".

O último filme de Stone é "Easy A", que já arrecadou US$ 35 milhões em bilheteria e está previsto para ter outro bom fim de semana nos cinemas.

Ela também tem papéis notáveis nos filmes "Zombieland" e "Superbad". Atualmente, ela trabalha no filme que será baseado no livro de Kathryn Stockett, "The Help", que Tate Taylor está escrevendo e dirigindo.

O anúncio oficial de Stone como Mary Jane deve ser feito nos próximos dias.