terça-feira, janeiro 31, 2012

CABEÇA DE BOLEIRO

Costumo dizer que jogador de futebol passa por etapas bem distintas.
Em seu melhor momento, o boleiro, para lá de bem-humorado, aceita ser entrevistado por toda sorte de repórteres. Quando faz três, quatro gols, pede música no "Fantástico". Quando ajuda sua equipe a conquistar um título, então, aceita de bom grado o rótulo de "herói".
Agora, quando a fase não é boa, bico fechado.
Lembro quando Neymar se meteu naquela queda de braço com Dorival Júnior, no Santos. Um episódio foi sintomático: o "Moicano" caminhando por um aeroporto protegido por um segurança. Um repórter televisivo e o cinegrafista que o acompanhava aproximaram-se para falar com o garoto e foram repelidos violentamente pelo brucutu.
Quando está numa boa, ele aparece nos programas da Globo repondendo aos questionários mais tolos o tempo todo exibindo um sorriso falso e rindo de maneira mais falsa ainda.
Hoje, leio na Internet mais um exemplo de como funciona a cabeça do jogador. O elenco do Vasco, em razão de salários atrasados, decidiu não se concentrar para a partida de amanhã contra o Bangu.
Fico pensando: esse negócio de Roberto Dinamite não disponibilizar na conta dos jogadores os valores devidos certamente já era um problema que originou-se ano passado e que, por causa do bom momento vivido pelo Gigante da Colina - venceu a Copa do Brasil e batalhou, sem sucesso, pela Sul-Americana e pelo Brasileirão -, jogou-se tudo para as famosas "entocas", para não atrapalhar o bom desempenho da equipe.
Diz-se que carreira de boleiro é igual a viaduto: uma hora você está por cima, na outra está por baixo. Mas acho muito mais jogo o boleiro se comportar de forma natural tanto nas vitórias quanto nos maus momentos.
Para que se evite esse "pacto da mediocridade" comum a quem se envolve com o universo do esporte bretão - que só é legal nas quatro linhas. Fora, é uma sucessão de situações vergonhosas.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

PEDAÇOS DA REALIDADE

1) Acabo de saber da existência de uma publicação internacional que, traduzida, atende pelo nome de "Revista de Errologia". Trata-se de um espaço no qual consta a publicação de relatos de experiências que não deram certo. Nesse caso, em 2014 ela deverá abordar a Copa do Mundo.

2) A Renata Ingrata do Big Brother pediu anticoncepcionais à produção do programa e será submetida a exames. Para a alegria de Boni, só falta Pedro Bial anunciar a gravidez da loirinha.´

3) E Barrichello não para. Não quer sossegar a periquita, não pretende esfriar a bacurinha automobilística. Parece que vai correr pela Fórmula Indy. Caso se confirme, será interessante ver um piloto egresso da Fórmula 1 disputar as 500 Milhas de Indianápolis, que só não é mais desafiadora do que o Grande Prêmio de Mônaco.

4) Achei também interessante essa história do Miguel Falabella. Ele, que é o diretor da peça em que aconteceu o acidente com os atores "globais", no momento do causo estava em um cinema. Como é que é isso? Eu dirijo um espetáculo e não estou presente quando o mundo caía na cabeça alheia? Como diz a música, "nada é fácil de entender".

5) Wilson Lima acaba de se despedir desta redação. Vai trilhar outros caminhos, tentará ser feliz noutros rincões jornalísticos. Vai na paz, garoto. Que Deus ilumine sua trajetória.

domingo, janeiro 29, 2012

ESPORTE "DE NÍVI"

Que tal uma partida de tênis começar nas primeiras luzes e terminar quase ao meio-dia?
Foi o que aconteceu hoje, no Aberto da Austrália, o primeiro dos grandes torneios da modalidade.
Dois dos melhores atletas do mundo na atualidade se enfrentaram numa batalha de quase seis horas, mas por incrível que pareça em momento algum a partida deu sono.
Novak Djokovic, o vencedor da peleja, e Rafael Nadal mostraram que são grandes mestres dos aces, dos slashes e das "paradinhas" - que obrigam o adversário a desmontar a estratégia de contra-atacar utilizando o fundo de quadra.
O Brasil já teve um jogador assim: Gustavo Kuerten, o Guga. O "Manezinho da Ilha" chegou ao topo, foi o número 1 do ranking. Só o cobiçado Roland Garros ele o conquistou três vezes. Mas como acontece com todos os que exigem demais do corpo em suas respectivas práticas esportivas, as dores começaram a pesar contra seu desempenho. Kuerten até tentou se manter entre os top ten, mas a nova realidade chamou à razão e lhe disse: "Já deu".
Hoje, os brasileiros que se aventuram pelo tênis internacional não conseguem ser sequer pálidas sombras do que Guga foi, um dia. E tão cedo não vai haver, porque o tênis, como hoje é jogado, necessita dos "diferenciados". Dos grandes gênios da raquete.
E o Brasil ainda não conta com essa figura. Quem sabe um dia?

sábado, janeiro 28, 2012

A MILÉSIMA POSTAGEM

Pelé fez seu milésimo gol no dia 19 de novembro de 1969. O segundo do Santos sobre o Vascão, em um Maracanã em que não havia lugar para mais ninguém.
Romário marcou o milésimo dele pelo Trem-Bala da Colina em São Januário no domingo, 20 de maio de 2007.
Hoje, 28 de janeiro de 2012, um vascaíno convicto alcança a marca (para ele histórica) de 1.000 postagens em seu blog "Diário da Ilha".
Este meu recanto na rede mundial de computadores vai comemorar cinco anos em abril. Devo admitir que em matéria de blogs fui meio que um "Maria vai com as outras", porque tanto ouvi a respeito do milagre da multiplicação de páginas pessoais na Internet que resolvi fazer o meu.
Como jamais fui uma "pessoa pública", sequer uma dessas tais "subcelebridades", raros foram aqueles que dispuseram seus comentários a respeito de algo que eu tivesse colocado aqui - produções minhas próprias particulares e informações recolhidas na rede.
Não que isso vá me fazer "deitar na BR" - lembrando agora da letra de um forró de grande sucesso. Por mais que me acusem de ser um sem-ambição, tenho muito mais a ganhar na condição de ilustre desconhecido.
Não há ninguém, por exemplo, para patrulhar meus escritos. Um indivíduo famoso tem mais essa preocupação de se policiar quando vai colocar o que pensa em seu blog, no Twitter, no Facebook ou no Orkut.
O que importa mesmo é escrever. E a minha primeira postagem, no já distante abril de 2007 (ano em que perdemos o brilhante Raimundo Martins, então editor de capa de O Estado), foi justamente um conto ou um esboço de conto, cujo título era "Adeus, de novo"- que ora reproduzo:

ADEUS, DE NOVO

A viagem foi um pesadelo de oito horas. Chovia muito e por duas vezes o ônibus saiu da estrada. Nas duas ocasiões, esteve a ponto de capotar, e foi um verdadeiro milagre ninguém ter sofrido lesões graves.
Outro aspecto terrível dessa dantesca odisséia foram os muitos carros e corpos destroçados que os passageiros viram ao longo da odisséia dantesca. Houve um caso, antes de chegarem a Arari, no qual cinco automóveis pegavam fogo ao mesmo tempo. Duas senhoras, de idade avançada, vomitaram quando viram oito cadáveres dilacerados pelas chamas.
Sentado próximo ao motorista do ônibus, Daniel Mendes não deixou de comentar que em momentos como esse fica muito difícil aceitar a existência de Deus. Uma das senhoras que colocara para fora sua última refeição indignou-se e, nem bem refeita da tragédia que testemunhara, indignou-se.
- Como o senhor pode dizer um absurdo desse? - vociferou. - Nós acabamos de escapar duas vezes da morte certa! Se Deus não nos ajudou, que explicação me dá para o que aconteceu com a gente?
O professor Daniel Mendes, 38 anos, tinha uma resposta na ponta da língua, mas preferiu guardá-la para si. A verdade era que, após a morte de Luciana, desfez de um golpe tudo o que relacionava o casal a Deus Nosso Senhor e aos santos dos quais eram devotos. Queimou livros de orações, as coleções de hinos religiosos, a Bíblia que deixavam aberta na mesa da sala no começo do Evangelho de São Mateus, as imagens de São Judas Tadeu, de São Jorge com o dragão, de Nossa Senhora do Carmo, de Nossa Senhora de Fátima e de Nossa Senhora das Dores. Por último, quebrou em pedaços bem miúdos uma impressionante imagem do Cristo Crucificado, em tamanho natural, para a qual construíram uma capela no quintal e diante da qual passavam pelo menos uma hora em orações contritas após o almoço e o jantar, todo santo dia.
Não deu nem tempo a si mesmo de digerir o abrupto rompimento com os desígnios divinos. Foi até o Terminal Rodoviário e comprou uma passagem para São Bento. Porque foi o primeiro município sobre o qual alguém falou, ao chegar à rodoviária. Não conhecia o lugar. Tampouco tinha parentes que lá residissem. Tudo o que queria era ir para bem longe, para alguma cidade que significasse para ele a terra do esquecimento, onda ñão teria mais que pastorear seus rancores, sua raiva, sua mágoa, sua tristeza e, mais importante, a saudade, que parecia não ter limites.
No dia seguinte, apareceu na rodoviária às seis da manhã - que era o horário de saída do ônibus, marcado no bilhete. Imaginou o que pensaria o diretor do colégio da rede particular quando soubesse que seu professor de língua portuguesa, literatura brasileira e redação não desse as caras às sete horas na escola, e na raiva que o homem teria de engolir quando soubesse que Daniel não trabalharia para ele nunca mais. Daniel deu de ombros. "Que vá para o inferno", murmurou. Em seguida, entrou no ônibus. Nesse momento, o céu tornou-se cor de carvão, o ribombar do trovão sacudiu a Ilha e os ventos gelados apavoraram os bentivis em seus beirais carcomidos pelo descuido crônico de uma Prefeitura de merda.
Não houve mais percalços pelo resto da viagem demente. Mas a chuva continuava quando ele colocou os pés na cidade que desconhecia por completo e na qual haveria de viver até o fim de sua residência na terra. Não se sentia cansado. Podia muito bem suportar o peso de suas duas grandes malas, sob o temporal, enquanto procurava uma pousada provisória, a partir da qual procuraria seu castelo definitivo.
Antes de começar sua caminhada, soltou um longo suspiro e disse para o céu enfarruscado:
- Mais uma vez adeus, minha querida Luciana. Você morreu, mas é a minha vida que deve continuar. Sinto muito mesmo.Em seguida, movendo o pé direito, deu início à última aventura de sua vida.

Pois é. Agora, daqui até a postagem 2.000.
Se Deus assim quiser e permitir.
Um abraço!

sexta-feira, janeiro 27, 2012

OS EGOS SÃO ASSIM

Uma revista estadunidense elegeu os melhores jogadores de futebol da história.
Certo. Aí, você deve estar pensando: "Sei. Estados Unidos. Não são exatamente os maiores entendidos em matéria de futebol".
Ok. Posso entender e até aceitar esse argumento. Inclusive, se você pensar direito, até a Copa do Mundo que sediaram, em 1994, aconteceu lá mais por conta das condições infraestruturais do país do que exatamente pela paixão deles pelo soccer (como o esporte bretão é chamado naqueles rincões ianques).
O negócio dos norte-americanos é, não nessa ordem, beisebol, futebol americano, Nascar, a NBA e os esportes olímpicos praticados por estudantes universitários. E em todos esses eventos as plateias são sempre numerosas. Vemos estádios, ginásios e autódromos lotados ou contando com um bom público.
Em outras palavras, o povão vai a um jogo ou a uma corrida para se divertir. Porque vive em um país que mais sabe tratar eventos esportivos como espetáculos voltados justamente para quem está pagando o ingresso. Então, sob esse aspecto, eu levaria em consideração a opinião das pessoas que leem a tal revista. Porque listas são exatamente isso: relações formadas tendo como base o ponto de vista de determinado grupo de pessoas.
E o problema da lista é justamente esse: alguns elementos, que deveriam fazer parte dela, acabam não entrando na brincadeira. O que certamente provoca a ira de quem raciocina de forma diferente.
Pelé, então, deve ter ficado consternado ao ver seu nome em quarto lugar, na lista dos melhores boleiros da história. Ficou atrás de Cruyff (3º), Maradona (2°) e Messi (1°). Os egos, ainda mais os inflados, se comportam exatamente assim.
Aqui no Brasil a repercussão deve ter sido espetacular. Todos os bairristas certamente choraram e rangeram os dentes. Mas vamos lá. Por que Messi ficou em primeiro? Alguém poderia dizer "Porque os leitores da revista não viram Pelé jogar". Se você pensar direito, grande parte da população brasileira de hoje também não viu. Quando são exibidos os gols que Pelé fez, concordamos que ele foi, senão o melhor, um dos melhores de todos os tempos. Conquistou três copas e hoje é reverenciado em todo o planeta como uma espécie de embaixador da bola.
Mas Messi está em primeiro porque se encontra em um momento técnico simplesmente esplendoroso. É o único jogador de futebol no planeta capaz de aliar uma técnica refinada a um condicionamento físico, mental e espiritual impressionantes. A mesma condição apresentada por Pelé nos anos 1950, 1960 e 1970. No entanto, agora é a vez de Messi. Só falta a este uma Copa do Mundo. Porque já meteu no bolso vários dos torneios mais importantes do mundo.
Neymar pode vir a ser o melhor do mundo. Basta trabalhar tanto quanto Messi.
Infelizmente para ele, ser o melhor do planeta vai ficar para 2013.
Porque, pelo que vi no último jogo do Barça pelo Espanhol, Lionel Messi sem dúvida alguma vai emplacar o tetra seguido.
O tempo dirá.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

SETE CONSELHOS

Alguém aí na plateia certamente já ouviu falar em Gabriel García Márquez. Antes de Shakira deixar o mundo abismado com seu contorcionismo no palco, sua boz e sua boa música, Márquez encantou esse mesmo mundo com romances maravilhosos, como (em minha modesta opinião) “Cem anos de solidão”, “O amor nos tempos do cólera e “Do amor e outros demônios”.

Este preâmbulo serve como suporte para lhes contar que na última quarta-feira (25), vasculhando pela Internet - cada vez mais sob ameaça de controle do “dragão imperialista” estadunidense -, encontrei sem querer um blog no qual consta um opúsculo cujo título é “Sete conselhos de Gabriel García Márquez a um editor de blog”.

Na verdade, o título serve apenas para chamar a atenção, porque o próprio autor (não me peçam nomes agora: a memória tem escorrido por goteiras) afirma que o mestre de “Olhos de cão azul” não se dirigia exclusivamente a quem escreve em um blog e sim a qualquer um que trabalha com a palavra.

Eu mui humildemente, como diria o poeta, atrevo-me a de vez em quando “remover a neve da folha de papel”. E porque tenho um longo chão pela frente até preencher esta com as minhas inofensivas considerações, lhes passarei os sete conselhos, com o acréscimo de comentários – mais ou menos como Napoleão Bonaparte fez em relação a “O príncipe” do sempre atual Maquiavel.

1 – “Uma coisa é uma história longa e outra coisa é uma história alongada”.

A primeira deve ser mais interessante que a segunda. Os romances de Dan Brown, por exemplo. Tem 105 capítulos, mas, além da maioria deles ter pelo menos cinco páginas, as peripécias de Robert Langdon estão encadeadas de tal forma que o leitor termina o livro em menos de uma semana (o meu caso). Já em “Os cães ladram...”, de Truman Capote, há um “alongado” (e porre) relato dividido em duas partes de uma viagem que o autor empreendeu à então União Soviética. Uma obra assim pode ser largada pela metade sem o menor remorso.

2 – “O final de um artigo deve ser escrito quando estiver indo pela metade”.

É meio que um negócio de maluco. E meio impossível de se fazer, dada a concentração total exigida no ato de escrever. Você começa digitando, se perde na floresta de palavras feito um porco cego e o fim do texto é, literalmente, o último elemento com que deve ser preocupar.

3 – “O autor lembra mais facilmente como um artigo termina do que como ele começa”. Porque às vezes o começo do texto é um grande bolo de matéria fecal, e o escriba termina precisando se redimir do meio para o fim.

4 – “É mais fácil agarrar um coelho que um leitor”. Lógico. Quem lê é exigente. Não se deixa enganar por qualquer Paulo Coelho.

5 – “É necessário começar com a intenção de que se escreverá a melhor coisa jamais escrita, porque logo essa vontade diminui”.

Todo mundo que está no início da jornada pelas letras quer ser o próximo Jorge Amado, Érico Verissimo, John Updike ou Michael Crichton. Pretende ser a “bola da vez”, a encontrar uma forma de ajudar seu leitor a pensar de formas diferentes. Mas à medida que o tempo avança e traz consigo diversas decepções – não apenas no campo literário – a realidade obriga a arrogância a murchar feito um balão desamarrado.

6 – “Quando alguém se aborrece escrevendo, o leitor se aborrece lendo”. Quem escreve quer ser lido. É simples. Não sei se foi Montesquieu quem disse “Eu não faço nada sem alegria”. Em todo caso, essa lição deve ser aplicada a todas as atividades. E, já que você vai encarar a “luta com as palavras”, tente se divertir. As pessoas que lerão seus trabalhos vão agradecer que só.

7 – “Não force o leitor a ler uma frase novamente”. É o maior pecado que um escritor pode cometer. Vale para os prolixos e os que padecem de elefantíase literária – escrevem demais, sem conteúdo relevante. E eu espero ter seguido os sete conselhos à risca. Porque senão tentarei novamente. Até acertar.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

SALVE O CORINTHIANS

Não tenho problema nenhum com a instituição Sport Club Corinthians Paulista.
Tenho lá minhas rejeições, isto sim, quanto à violenta torcida organizada que manda e desmanda no clube.
O Corinthians deveria ser muito maior que a Gaviões... mas ocorre justamente o contrário. A Fiel, quando está "de mal" com o time, pratica as piores formas de terrorismo, para ver os mosqueteiros renderem em campo.
O pior de tudo é que dá resultado. O Coringão é o último campeão brasileiro e, hoje, arrastou a Copinha para o Parque São Jorge.
Agora, a Libertadores. Desta vez, nada de pré-Libertadores. Nada de Ronaldo Fenômeno atrapalhar mais do que ajudar.
Em 2012, pelo menos aparentemente, o Corinthians vem com força total.
Para o desespero dos torcedores dos outros times.

terça-feira, janeiro 24, 2012

DE BESTIAL A BESTA

Aconteceu assim. Era a decisão do Torneio Interbairros. A última partida do principal campeonato do futebol amador ludovicense, conforme estabelecido em seu regulamento desde a primeira edição, teve como palco o Estádio Nhozinho Santos na primeira quarta-feira de outubro do ano passado. Podia ter sido num sábado à tarde ou no domingo pela manhã, mas por aqui, como se sabe, há uma pavorosa ojeriza em relação a jogos de futebol acontecerem nos fins de semana, e as grandes vedetes são os disputados na segunda-feira à noite. Vai entender.
Críticas à parte, o Nacional, da Cidade Operária, e o Roma, do Bairro de Fátima, entraram em campo às sete da noite em ponto. Nas arquibancadas e sociais, um bom público. Mais gente, com certeza, do que haveria em um MAC x São José, por exemplo. E mais animada, sem dúvida alguma, com ambas as torcidas levando para o Gigante da Vila Passos suas respectivas charangas e batucadas.
O Nacional era o favorito. Mas ponha favoritismo nisso. Dos 96 timinhos, times razoáveis e timaços que começaram o Interbairros em setembro, foi o único a vencer todas as suas partidas goleando quem passou pela frente. O desempenho mais fraco ocorreu nas oitavas, diante do Manchester, do Filipinho, que apanhou só de três.
Já o Roma... Bem, o glorioso representante do Bairro de Nossa Senhora de Fátima não chegou invicto à grande final. Não se apresentou bem na primeira fase. Não tivesse feito um bom saldo de gols, teria ficado pelo meio do caminho. E das oitavas em diante eliminou seus adversários nos pênaltis.
E além do bom time que entrou nos diversos campos da Ilha para exibir um futebol esplendorosamente histórico, o Nacional contava, no banco de reservas, com o até então considerado melhor técnico do Interbairros, Luciano Ribeiro, o “José Mourinho de Upaon-Açu”. Porque, apesar de muito competente, era um chato de carteirinha, arrogante e prepotente. Em razão do ótimo trabalho realizado no torneio, acreditava-se a última jujuba do pote, em matéria de futebol-arte.
Quem acompanhava de perto o Interbairros de uma forma geral estava doido para ver o “bestial” (como o próprio se rotulava) virar besta e calçar as famosas havaianas da humildade. O problema era que o time de Luciano simplesmente não sabia o que era perder. Seu grande trunfo era o artilheiro do campeonato. Pedrinho, um moleque de 17 anos, fera até não poder mais, tinha o estilo do Messi: quando a dominava no meio-campo, a bola grudava em suas chuteiras e só parava dentro do gol do outro time.
E Pedrinho na decisão destruiu o Roma. Três gols em 40 minutos. Até o fim do primeiro tempo, o Nacional apenas tocava a bola no meio-campo, ouvindo o “olé” de sua torcida.
Os times foram para o intervalo. Quinze minutos depois, o Nacional voltou. Mas sem Pedrinho. De acordo com relatos fidedignos, ao saber que seria rifado porque seu treinador preferiu continuar administrando a partida a pulverizar de vez o Roma o menino e o técnico se estapearam no vestiário. O certo mesmo é que Luciano subiu para o gramado com o olho esquerdo machucado e Pedrinho nem mais na Cidade Operária continuou morando. E mais certo mesmo foi que o Roma aproveitou que a substituição adversária não surtiu efeito, reagiu e empatou a decisão de forma espetacular. A partida foi para os pênaltis... e aí o favoritismo mudou de residência.
E o bestial tornou-se besta. O que muita gente estava mesmo a fim de ver.

segunda-feira, janeiro 23, 2012

VAMOS RIR, QUE É MELHOR

Diante de barbaridades como a tragédia do naufrágio do Concordia e o confronto entre a Polícia Militar e os pobres-coitados do Pinheirinho, acho que não seria de mau gosto ler um livro para lá de engraçado, que é "O humor da Playboy". Vejam como é a vida: comprei esse livro no começo de dezembro e só ontem fui capaz de lê-lo. E não me decepcionei com a leitura. A seção do "Planeta Diário" é a melhor de todas, com as frases de para-choque de caminhão: "A inveja é a arma dos invejosos", foi a primeira frase; "A merda é a arma dos incompetentes", foi a segunda frase; "A merda é uma merda", foi a frase vencedora. Adorei.
Mas como hoje é segunda-feira, transcrevo um trecho muito legal de "Abaixo a segunda-feira", de Luis Fernando Verissimo:
"Você acorda na segunda-feira como se fosse o primeiro dia da criação. Passa algum tempo só dando nome às coisas, como Adão no Paraíso: meu trabalho, meu lençol, meus pés, meu pijama, meus braços e, ai, minha cabeça! Então tudo começa a voltar, como um gosto ruim na boca. Os excessos do fim de semana. As dores musculares daquele joguinho de bola em que você se meteu, animado pela cerveja e pela ilusão de ainda ser o bom ponteiro de antigamente. A mistura de bebidas. O discurso que você fez no meio da noite e da rua. O vexame. O que foi que eu disse no meio da rua? Você não consegue se lembrar. A cabeça dói. Você pensa em ficar na cama. Para sempre! Mas precisa se levantar, é segunda-feira. O sopro da vida está em suas narinas; tudo recomeça".
Só um gênio totalmente fera como Verissimo poderia escrever algo assim. É claro que não há como sequer igualá-lo ou imitá-lo. Porque para cada cabeça uma sentença. O jeito é ter seus textos como inspiração, enquanto procuramos nosso próprio caminho no mundo das letras.

domingo, janeiro 22, 2012

O ESPETÁCULO RECOMEÇA

O nosso futebol, depois de se recuperar das fortes emoções do Campeonato Brasileiro (decidido na última rodada), promete mais uma temporada interessante, agora com o início dos torneios estaduais.
Os de maior destaque já começaram. Em São Paulo, o Corinthians venceu e a Portuguesa se deu mal. No Estádio Olímpico, o Grêmio tomou um cacete. No Rio, Flamengo e Fluminense estrearam bem. Hoje tem Botafogo e Vasco.
Aqui no Maranhão... nada. O Estadual começa para valer hoje, mas será como nas temporadas anteriores: Nhozinho Santos vazio, jogos pouco ou nada atraentes e coisa alguma que empolgue o torcedor para se deslocar à Vila Passos.
Como sempre, o grande lance mesmo do futebol daqui será aguardar a Copa do Brasil - que, depois de eventos evangélicos, é a única maneira de o Nhozinho ficar lotado.
Mesmo assim, vai ser bom torcer para que tudo dê certo. Ainda somos pentacampeões mundiais, e isso significa que nossos jogadores, pelos gramados de todo o Brasil, têm a obrigação de encantar as plateias dos estádios em que se apresentarem - porque talento é o que jamais lhes faltará.

sexta-feira, janeiro 20, 2012

UMA MANEIRA DE SER

Paul-Michel Foucault, "forasteiro de si", nasceu em Poitiers, na França, em 15 de outubro de 1926 e faleceu em Paris no dia 25 de junho de 1984. Ainda muito jovem, não conseguiu vaga na Escola Normal Superior, a fim de cumprir a tradição familiar de notáveis em medicina. Mas como há males que vêm para bem, no Liceu em que passou a estudar após a reprovação na Escola Normal começou a ter contato com a filosofia, tendo como professor Jean Hyppolite e, mais tarde, agora sim na ENS, passa a trocar ideias com gênios do quilate de Jean-Paul Sartre.
Sua incursão pelos mistérios das artes filosóficas - com algumas tentativas de suicídio de permeio - o ajudaram a se tornar célebre justamente por ter estudado, muitos anos depois, a questão da sexualidade. Em uma de suas observações - "O Ocidente e a verdade do sexo" -, ele considera o Ocidente muito interessado em dissecar a questão do sexo. De acordo com o pensador, "as ciências, as barreiras, os ocultamentos não devem ser subestimados; mas eles apenas podem se formar e produzir seus duvidosos efeitos sobre o fundo de uma vontade de saber que atravessa toda nossa relação com o sexo. Vontade de saber, nesse ponto imperiosa e na qual somos envolucrados e pela qual chegamos não só a buscar a verdade do sexo, mas a enviá-la à nossa própria verdade. A ela caberia dizer o que somos. De Gerson a Freud, toda uma lógica do sexo é edificada e organiza a ciência do sujeito".
Já em "Da amizade como modo de vida", uma breve entrevista ao jornal Gai Pied, em 1981, analisa a homossexualidade como uma maneira de ser que deve ser tratada com extrema habilidade dentro das relações sociais. "Entre um homem e uma mulher mais jovem", Foucault diz aos entrevistadores R. de Ceccaty, J. Danet e J. le Bitoux, "a instituição facilita as diferenças de idade, as aceita e as faz funcionar".
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O ator Francisco Cuoco, de alguma forma pressionado a dar declarações a respeito (ou por mera vaidade a fim de de chamar a atenção da opinião pública para seu atual relacionamento) afirmou recentemente que não via problemas em namorar, já na terceira margem da vida, uma bela jovem de 25 anos. Isso quer dizer que a "instituição" a que se refere - a sociedade - não facilita tanto assim as diferenças.
E, se não torna fácil a vida em comum entre pessoas com idades tão distintas e distantes, massacra o relacionamento entre dois homens - sem a necessidade de um ser mais velho que seu parceiro. O próprio Foucault reconhece: "Estão um em frente ao outro sem armas, sem palavras convencionais, sem nada que os tranquilize sobre o sentido do movimento que os leva um para o outro". A ausência desses códigos torna essa maneira de ser ainda considerada à margem.
Vai ser preciso um bom tempo até que as relações homem-homem (ou as estabelecidas entre mulheres) sejam socialmente sancionadas.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

CLARICE

As minhas doses de Clarice Lispector:

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique. Meu coração se esvaziou de todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar. A dor de dentes que perpassa esta história deu uma fisgada funda em plena boca nossa. Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente – é a minha própria dor, eu que carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes." (A hora da estrela)

Ou então:

"Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa -mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava." (Restos do carnaval)

E isso é tu-tudo, pê-pessoal.


quarta-feira, janeiro 18, 2012

RETRATO DA SOLIDÃO

O que a mulher observa? Talvez o passado, que a cada um de seus suspiros ressuscita em seu coração.
No entanto, são imagens fugidias. Como fantasmas cruéis, mostram-lhe apenas os equívocos e em momento algum os grandes momentos. Ou as grandes vitórias, que a tornaram inesquecível aos olhos de quem a amou.
Ah, sim. Ela um dia se considerou a mais feliz do mundo. A eleita do destino. Seu marido a amava e seus filhos, quando bem pequenos, entravam cozinha adentro - às vezes cobertos de lama - e a abraçavam sem mais nem menos.
Quando foi que essa vida maravilhosa se avinagrou de uma vez por todas? Quando foi que o destino pisoteou tamanha felicidade e a transformou nessa criatura amarga, para quem só restou sofrer e observar pela janela os espectros da melhor época de sua vida?

terça-feira, janeiro 17, 2012

O ARTILHEIRO-ZAGUEIRO

Zagueiro-artilheiro o futebol sempre teve. O mais conhecido consagrou-se na temporada passada: o ilustre Dedé, do Gigante da Colina.

Já o inverso, o artilheiro-zagueiro, é mais complicado aparecer. Mas aparece.

O nome dele era Antônio Carlos. Para seus companheiros no Sampaio Corrêa Futebol Clube, ele atendia pelo simpático apelido de Toniquinho. Porque já conheciam o pai dele como Tonico.

Toniquinho tinha 17 anos e nascera para fazer gols. Parecia até uma grande ironia dos desígnios divinos, porque seu Tonico, como árbitro de futebol, aparentemente nascera para impedir a bola de estufar as redes – de tão incompetente enquanto regente máximo de tantas partidas ocorridas no campo do Nacional, lá na Cidade Operária. Quem lhe entregava o apito e os cartões podia se preparar para vê-lo se embananar com impedimentos equivocados ou com pênaltis inventados, nos quais o atleta que recebe a falta é derrubado a léguas da grande área. E ainda havia a questão da grande quantidade de faltas. Um jogador sequer podia esbarrar em outro sem querer, e seu Tonico trilava o apito, marcando a milésima faltinha desnecessária.

Pois o filho dele aprendera rapidamente, desde o sub-13 do JP (sua primeira equipe) que não existe essa história de “gol feio”. Feio é não fazer o gol. E ele o fazia. O time podia até perder, mas o menino mantinha sua impressionante frequência de balançar as redes adversárias pelo menos duas vezes. É claro que esse talento não podia ficar anônimo por muito tempo. Olheiros do Sampaio foram mais rápidos que os do Maranhão Atlético Clube e o levaram para o Centro de Treinamento José Carlos Macieira. Isso depois de uma decisão de um torneio realizado no campo do Nacional, em que o garoto detonou: marcou logo quatro gols e, literalmente, foi para a galera.

Já no Sampaio, a situação dele meio que mudou do vinho para o vinagre. Continuou fazendo seus gols, mas num ritmo menos intenso. Em algumas partidas, por exemplo, passava em branco. E às vezes levava algumas broncas de seu treinador porque simplesmente não participava das jogadas de ataque se a bola não lhe era passada. Mas o pior mesmo aconteceu na Copa São Paulo de Juniores.

A partida contra o Americano, do Rio, estava muito difícil. Até os 35 do segundo tempo, o empate por um 1 x 1 persistia no placar. Ambas as equipes necessitavam da vitória para avançarem às oitavas de final. Piorava a situação a verdadeira tempestade que despencara no estádio da Rua Javari aos 15 minutos da etapa inicial. O aguaceiro transformou o gramado em pasto, e os garotos não sabiam se chutavam a bola ou arrancavam a pontapés enormes blocos de lodo.

Aos 35 minutos, bola alçada à grande área do Sampaio. O goleiro Mateus, com seu quase 1,80m de altura, gritou, confiante todo: “É minha!”. Um segundo depois, quando viu a bola dentro de seu gol e ouviu a gritaria da comemoração dos meninos do Americano, deve ter pensado: “Era minha”.

O gol obrigou a equipe boliviana a ir para cima, de qualquer maneira. Tonico acertou a trave adversária aos 40 minutos. Pouco depois, mandou um petardo de fora da área, e o goleiro do Americano fez uma grande defesa, mandando a bola para escanteio.

Até Mateus foi para a grande área. Jorginho se encarregou do tiro de canto. Cobrou. Mateus ficou plantado. A bola estava mais para o outro goleiro. Mas este não viu nem a cor da pelota enlameada. Ela sobrou prontinha para o cabeceio de Toniquinho. Por sua vez, este deve ter dito a si mesmo: “Agora eu si consagro”. Mas por um cruel capricho, em vez de mover a cabeça para a frente, moveu-a para trás. A bola acertou-lhe a nuca e sobrou para o tiro de meta.

Depois disso, o Americano administrou a partida e ficou com a vaga. Ao Sampaio e a Toniquinho restou a lição: muitas vezes, os deuses que regem o futebol podem ser muito caprichosos.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

DROGAS QUE MATAM

Ontem, mataram um rapaz de 21 anos.
Era um conhecido nosso. Ele ainda era um adolescente, quando o conhecemos. Esperto, inteligente. Um tanto rebelde, mas quantos meninos, ainda descobrindo seu espaço no mundo, não o são?
Costumo dizer que a falência do Estado começa com a destruição da família. E o mundo do crime só tem a se beneficiar quando o grupo social se desintegra. Foi o que aconteceu com o rapaz de quem estou falando. Claro, há outras razões que o levaram a se perder tão cedo em sua jornada, mas creio que, se ele tivesse contado com uma estrutura afetiva dentro de casa, não teria partido de maneira tão precoce.
Li em algum lugar que o ser humano é, por sua própria escolha, o mais irracional de todos os animais. Porque ele mesmo cria os instrumentos para sua própria destruição.
As drogas são exemplos perfeitos. Não basta à pessoa consumi-las diariamente. Ela também sente grande necessidade de traficá-las para os quatro cantos do mundo, espalhando assim o rastro de sangue, morte e desespero.
Todos aqueles que lutam quixotescamente pela paz e a disseminação do amor no mundo inteiro e entre e os homens "de boa vontade" querem ver seus filhos longe das misérias impostas pela comercialização de entorpecentes.
Um dia, o mundo se verá livre desse grande mal. Assim esperamos.

sábado, janeiro 14, 2012

A PRIMEIRA VITÓRIA

Hoje aconteceu o que se esperava: a primeira vitória, em casa, do Maranhão Basquete na liga feminina da modalidade.
O adversário foi o Basquete Clube, de Araçatuba. Que deu trabalho, como todas as adversárias que aqui vieram, porque a equipe local ainda não é aquele primor de entrosamento. Verdade seja dita, foi um time montado às pressas para a competição. Como ocorre no futebol, o desenvolvimento de um trabalho - para o bem ou para o mal - só acontece com a sequência de jogos.
E é isso o que está acontecendo com o Maranhão Basquete. Devagar, jogo a jogo, o técnico Betinho vai conseguindo encontrar uma formação ideal. E a jornada bem-sucedida de hoje lhe dá tranquilidade para depois de amanhã, quando, novamente no Castelinho, suas comandadas enfrentarão o Catanduva - outra das tantas equipes paulistanas na competição. Na verdade, as duas únicas que não pertencem àquele estado são justamente o Maranhão e a de Blumenau (que, jogando naquele ginásio acanhado, no qual enfrentou e foi derrotado pelo quadro timbira, não deve ir muito longe no campeonato).
Iziane, pelo jeito, deslanchou. Ela e a camisa n° 50 do Basquete Clube (Andréia, se não me equivoco) foram os dois destaques da partida. A primeira em determinado momento exibiu tanto excesso de vontade que quase chutou uma adversária. A segunda, além de muito gostosa, mostrou que é quem carrega o Basquete Clube nas costas com arremessos precisos de três pontos - depois dos quais comemorava acintosamente, a fim de provocar as jogadoras do Maranhão e, claro, a torcida.
Esta, aliás, tem sido o grande lance dos jogos do Maranhão Basquete. Ainda não vi partidas das outras equipes, mas arrisco dizer que nenhum outro ginásio fica tão lotado quanto o Georgiana Pflueger. No primeiro jogo, dei muita sorte de ter encontrado um espaço nas arquibancadas. Nas partidas seguintes, a quantidade de pessoas não foi a mesma, mas mesmo assim a casa fica cheia toda vez. Há um motivo para isso e falarei sobre ele amanhã.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

REALITIES

Ainda escreverei mais a respeito. Digamos que estas anotações serão apenas um aperitivo.
Acho que muito já se escreveu e foi comentado a respeito dos reality shows. Uns o aprovam como um sopro de renovação no setor do entretenimento, outros o tratam como uma das tantas porcarias que esse mesmo setor não para de despejar em cima de seus telespectadores.
Para mim, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não gosto dos realities não porque sejam "porcarias" completas. Eu o desaprovo pela falta de conteúdo e por ser uma atração (não se pode negar que a audiência em torno deles é considerável, vide o Big Brother) altamente superficial.
E é assim porque os participantes não agem com a espontaneidade que tentam passar para o público. Existe todo um roteiro por trás de cada palavra, de cada comportamento. No caso do Big Brother, uma das participantes já se declarou bissexual, a fim de assegurar a simpatia das pessoas que pertencem a esse grupo social. Daqui a pouco, um dos homens presentes na "casa mais vigiada do Brasil" vai se declarar homossexual. Vi ainda há pouco em um site uma foto de um casal (hétero, porque vai demorar muito até a televisão aceitar numa boa relações entre pessoas do mesmo sexo) "trocando carícias". Como assim? Eles já estão na casa há tempo suficiente para criarem esse nível de afetividade e intimidade?
Tudo está dentro do que as cabeças pensantes atrás das paredes imaginam.
E como a televisão americana está cheia de realities, a brasileira acha-se no direito de ter o seu quinhão de programas nesse estilo.
Na TV por assinatura você vê isso mais claramente. Vai estrear, por exemplo, um comandado pela linda Juliana Paes, que tem a ver com o universo dos cabeleireiros. No History Channel, há um "Caçador de Múmias" que é uma farsa completa.
Não se pode dizer que os realities "vieram para ficar". Porque não são unamidades.
De jeito nenhum.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

MARANHÃO DA PISTOLAGEM

Dois irmãos empresários foram executados a tiros ontem, na BR-135.
Até onde sei, os assassinos chegaram ao estabelecimento de propriedade deles, pediram documentos (na certa na base da coação, com armas encostadas na cabeça), certificaram-se de que eram de fato seus alvos e em seguida cumpriram o contrato: dois tiros na cabeça de um, dois tiros na cabeça do outro.
Esse crime bárbaro colocou novamente o Maranhão da pistolagem de volta à mídia. Acho que desde o caso (jamais solucionado, como tantos outros) do prefeito Bertin não se dava tanto espaço nos meios de comunicação aos crimes por encomenda.
O que parou um pouco foram os homicídios cometidos em bares. Imagine a situação: o sujeito está em um boteco, sentado sozinho ou acompanhado por amigos... e de repente aparece, do nada, um indivíduo com uma pistola ou revólver. Ele se dirige especificamente até o sujeito - diante dos olhares estupefatos dos companheiros deste, que não acreditam que aquilo está mesmo acontecendo - e, sem titubear, dispara uma, duas, no máximo três vezes na cabeça do desafeto de alguém (raramente é do próprio homicida) e na sequência estilosa deixa tranquilamente o bar, com a certeza de que ninguém irá, em sã consciência, correr atrás dele.
Para encerrar, anoto aqui um trecho do estudo Reflexões sobre a pistolagem e a violência na Amazônia, de Violeta Loureiro e Ed Carlos Guimarães (em http://www.direitogv.com.br/subportais/publica%C3%A7%C3%B5e/RDGV_05_pp221-246.pdf):
"O pistoleiro, nessa esteira de raciocínio, é mais um dente na engrenagem do sistema da pistolagem e, uma vez contratado, cumpre de modo impessoal ordens superiores.
É exatamente essa a lógica da pistolagem que permite que um pistoleiro possa
rondar a casa da vítima, conversar naturalmente com parentes e esposas a respeito
do paradeiro de quem deverá ser morto por ele mais tarde."
Sinistro, não? O melhor que devemos fazer é dar poucas ou mesmo nenhum mijada fora do penico. As consequências podem ser terríveis.

quarta-feira, janeiro 11, 2012

POR UMA INTERNET LIVRE

Jamais vi a pirataria como um crime. Eu a entendo como um recurso. Vamos entrar um pouco no ramo das especulações: há uma biografia do cantor Roberto Carlos disponível para download. O livro intitula-se “Roberto Carlos em detalhes”. Não se encontra à venda em qualquer livraria ou sebo daqui de São Luís. Caso estivesse à mostra em alguma vitrine da Nobel, por exemplo, um fã do artista certamente desembolsaria uma boa grana para adquiri-lo.

Outro admirador do trabalho do artista, sem condições de gastar tanto para curar sua dor de cotovelo, poderia descobrir o site no qual a obra encontra-se pronto para ser baixado em alguma lan house, ao módico preço de R$ 1,00 ou R$ 1,50 por hora – dependendo do estado de espírito do responsável pelo estabelecimento, uma vez que esses valores não são tabelados.

No entanto, tenho percebido, de uns tempos para cá – não muito tempo, na verdade -, que o comércio pirata tem arrefecido bastante. Tanto por motivos de forte repressão por parte das autoridades quanto pela conscientização das pessoas. Em muitos dos casos, a versão não-oficial, por assim dizer, não tem mesmo a mesma qualidade da padronizada. Podemos citar o caso de uma camisa de time de futebol. As que são comercializadas no Retorno da Forquilha ou da UPA da Cidade Operária tendem a desbotar ou mesmo apresentar alguns pontos descosturados em poucos dias. Por isso, vejo mais consumidores recorrendo a sites como Submarino e Mercado Livre – apenas para citar os meus favoritamente prediletos.

Agora, acabo de ler na Web que empresas estrangeiras (as norte-americanas, que são as que mais choram), considerando-se prejudicadas pela pirataria (por elas entendidas como “violação”), começaram a propor, ao Congresso dos Estados Unidos, dois projetos que, no meu entendimento, são exemplos prontos e acabados de como o autoritarismo e o totalitarismo nunca desapareceram nem desaparecerão por completo.

De engraçados os projetos tem apenas o nome: SOPA e PIPA. O primeiro, por extenso: Stop On-Line Piracy Act – algo como “Interrupção da Pirataria On-Line”. O segundo: Protect IP Act – ou “Proteção para Ações de IP. Como se sabe, este é o famoso Protocolo de Internet, ou a conexão à qual pertence determinado endereço (ilustrando, o www.wikipedia.org está associado ao IP 208.80.152.130).

Caso estes dois projetos sejam aprovados, qualquer fornecedor e provedor de Internet terá carta branca para monitorar qualquer serviço on-line. Sites de busca, redes sociais, publicidade... Tudo o que promover de alguma forma atividades que estimulem a pirataria será sumariamente coibida. Quem não der alegremente a patinha para essa censura descarada e descabida será bloqueado e nunca mais terá o direito sequer de comprar ou vender uma pitomba no Mercado Livre.

Para esclarecer bem esse ponto, os sites e serviços não desapareceriam. Eles seriam submetidos a uma espécie de controle. Ou de regulamentação. Alguém ou um grupo de indivíduos confortavelmente situados no Poder Executivo americano iria ditar as regras para divulgação de conteúdo na Grande Rede.

É claro que houve reações imediatas. Por uma Internet livre, Google e Facebook já avisaram que, se esses projetos forem aprovados, tirariam o time de campo – pelo menos por algum tempo.

Atitudes extremas para ações semelhantes. O que está de errado com o mundo?

terça-feira, janeiro 10, 2012

GRANDES TRAGÉDIAS

O Rio de Janeiro tem mais a ver com o Japão do que muitos imaginam.
Igual à Terra do Sol Nascente, o estado fluminense tem periodicamente sua cota de tragédias. Grandes tragédias. A maioria delas relacionadas a fenômenos da natureza.
Acabo de ler uma notícia segundo a qual 13 pessoas já morreram no Rio por causa dos deslizamentos provocados pelas fortes chuvas.
Repito: foram 13 pessoas. O pai, a mãe, o filho, a filha de alguém. O grande amigo ou a melhor amiga de alguém. Ou apenas um mero conhecido. Não faz diferença. Cada tragédia é ímpar. Assim como salvar uma vida muda o mundo inteiro, uma vida perdida o destrói.
Treze caixões rumando para o cemitério. Treze famílias caminhando mais atrás, chorando, lamentando o fato de que ninguém mais se importa com suas perdas.
O poder público é que não. Esse mesmo não. O governo Lula/Dilma criou um tal de PAC. a ideia era criar moradias para pessoas de baixa renda. Então, por que não fizeram isso nas áreas de risco do Rio de Janeiro? Por que não construíram prédios para essas pessoas que residem em morros e favelas? Pelo amor de Deus, ALGUMA COISA poderia ter sido feita.
O Japão foi devastado por duas bombas atômicas. DUAS. Mais tarde, Hiroshima e Nagasaki voltaram a ser as duas belas cidades de antes das explosões. O governo deles cuidou disso.
Ano passado, um tsunami matou gente às pilhas e causou milhões de dólares em prejuízo. Os locais atingidos já estão quase todos restaurados.
Aqui no Brasil, no Rio, isso não vai acontecer.
Porque o poder público não se importa.
Só por isso.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Carnavais e carnavais

Existem Carnavais (com o "c" maiúsculo) e carnavais.
O primeiro, claro, é o do Rio de Janeiro. Não importa se alguns presidentes de escolas de samba de lá: a organização dos desfiles é invejável. Tudo muito profissional, com a ordem dos desfiles definida desde o meio do ano passado, praticamente. Ontem, ocorreu um ensaio técnico, para definir como cada escola vai passar na Marquês de Sapucaí.
Além disso, as mulheres mais belas deste país serão rainhas de bateria das principais agremiações. No sábado, fiquei observando uma das passistas da Favela do Samba, no Bloco da Imprensa. Simpática, mas não chega nem à sombra das beldades de uma Beija-Flor, de uma Mangueira, de uma Grande Rio.
Agora, o carnaval com "c" minúsculo é o daqui de São Luís. O mais engraçado é que a Fundação Municipal de Cultura anuncia aos quatro ventos e a plenos pulmões que já realizou o sorteio da ordem do desfile das escolas de samba. Teria sido uma felicidade geral para nós, ludovicenses, se a maioria dos nossos grêmios carnavalescos, que todo ano ficam de pires na mão, já estivessem apenas aguardando o momento de atravessarem a Passarela do Samba.
A boa e velha Marambaia, por exemplo, não tem nada pronto. Parece que a intenção vai ser homenagear os 400 anos de São Luís, mas até agora está com seu carnaval ameaçado.
Aí, eu fico pensando: se a Marambaia não se viabilizar como escola, vai acabar virando bloco tradicional. E ainda assim terá dificuldades para desfilar no Circuito de Rua da Madre Deus.

domingo, janeiro 08, 2012

ENQUANTO HOUVER VIDA....

Lembro agora de um daqueles livros voltados para o público adolescente, cujo título era "Enquanto houver vida, viverei".
Nele, eram contadas as desventuras de um jovem que acaba infectado pelo HIV. A obra procura passar a mensagem segundo a qual, muito embora não haja cura para a doença, o cotidiano do doente não pode ser afetado por ela. Ou seja, deve-se viver - por mais que a situação esteja difícil, por motivos financeiros ou de saúde debilitada.
Todo esse preâmbulo vem a propósito do 70º aniversário de um homem que, sofrendo de uma doença neurodegenerativa, tornou-se fisicamente incapaz de caminhar ou mover um músculo que seja. Seus médicos lhe deram uma sobrevida de poucos anos, mas, valendo-se de tecnologia avançada capaz de auxiliar pessoas em condições análogas, Stephen Hawking não se cansa de tentar desvendar os segredos do Universo.
"As pessoas são fascinadas pelo contraste entre minhas capacidades físicas extremamente limitadas e a imensidade do universo com o qual trato", ele diz.
Acabo de baixar "Uma breve história do tempo", do cientista em questão, no qual ele declara: "À exceção de ter tido o azar de contrair a doença de Gehring ou neuropatia motora, tenho sido afortunado em quase todos os outros aspectos. A ajuda e o apoio da minha mulher Jane e dos meus filhos Robert, Lucy e Timmy, fizeram com que me fosse possível levar uma vida razoavelmente normal e ter uma carreira bem-sucedida. Também tive a sorte de escolher física teórica, porque tudo é feito normalmente. Por isso, a minha incapacidade não tem constituído um verdadeiro obstáculo".
Para Hawking, a palavra-chave é "superação. Fica o ensinamento para os que passam o tempo inteiro a reclamar de barriga cheia.

sexta-feira, janeiro 06, 2012

OS 'BRAZUCAS' E A SUBMISSÃO

Demorou muito para os desenhistas brasileiros conquistarem espaço no mercado quadrinístico norte-americano. Quando pela primeira vez vi os desenhos de Mike Deodato - toscos e totalmente apelativos -, pensei com os meus botões: "Se é esse o melhor dos artistas tupiniquins lá fora, então devemos nos preocupar e muito".
O que mais me incomodava - ainda incomoda - é a questão da submissão dos nossos artistas a determinadas imposições estabelecidas pelos estadunidenses. Uma delas: supostamente com o intuito de facilitar o contato dos artistas com as editoras, boa parte daqueles aceitou de bom grado "adaptar" (digamos assim...) seus nomes para a realidade ianque.
Ainda bem que nem todos fizeram isso. Mas os desenhistas "abre-alas" precisaram desse artifício absurdo para prosperarem nos EUA. Além disso, como as editoras de lá pagam em dias - e muito bem - por página desenhada -, os brazucas não viram a deturpação de seus nomes como um problema muito sério. Ou viram como o menor dos males.
Acabo de comprar uma edição especial da Panini com algumas histórias desenhadas por talentos brasileiros. O melhor dos contos, tanto escrito ou ilustrado, foi a aventura do Super-Homem em que o herói não consegue impedir terroristas de destruírem uma aldeia que estava sob sua superproteção. Ed Benes - que sabe desenhar gostosonas como ninguém - fez um excelente trabalho, principalmente quando ressaltou as curvas magníficas de Lois Lane. Melhor do que ele para retratar boazudas apenas o grande Jim Lee.
Como a questão da submissão brazuca não vai se modificar tão cedo no aspecto da deturpação dos nomes, esperemos que nossos artistas continuem fazendo o bom trabalho com que obtiveram espaço no mercado de HQs norte-americano.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

AINDA NÃO DEU CERTO

Laurentino Gomes reabilitou a forma como os historiadores devem colocar no papel os acontecimentos históricos. Com seus dois livros de grande sucesso “1808” e “1822”, Gomes trata os eventos passados de maneira dinâmica e palatável, de olho na atual geração – que não tem o menor saco para ler tratados de 500 ou mais páginas.
Em “1822”, Laurentino afirma que quem observasse o Brasil naquele longínquo ano do século XIX teria razões de sobra para duvidar da viabilidade do nosso país como nação independente e soberana. “De cada três brasileiros”, declara o escritor, “dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente de tudo, que vivia à margem de qualquer oportunidade em uma economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio e pelo tráfico negreiro”.
Além disso,”o analfabetismo era geral. De cada dez pessoas, só uma sabia ler e escrever. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na fragmentação territorial, a exemplo do que já ocorria nas colônias espanholas vizinhas”.
Hoje, vemos o Brasil como “a sexta economia do mundo”. Ano passado, superou o Reino Unido, que caiu para sétimo em razão da crise bancária de 2008 e da consequente recessão. Ou, nas palavras do chefe-executivo do Centro de Pesquisa para Economia e Negócios (CEBR, na sigla em inglês) do Reino, Douglas McWilliams: “O Brasil tem batido os países europeus no futebol por um longo tempo, mas batê-los em economia é um fenômeno novo. Nossa tabela de classificação econômica mundial mostra como o mapa econômico está mudando, com os países asiáticos e as economias produtoras de commodities subindo para a liga, enquanto nós, na Europa, recuamos”.
Rio de Janeiro, princípio de 2012: as águas do rio Muriaé começam a invadir a cidade de Campos de Goytacazes após o rompimento de um dique. Pelo menos 4.000 moradores estão sendo retirados. Para chegar lá, apenas por avião ou helicóptero, porque a estrada de acesso ao município foi destruída. Para piorar a situação, na cidade de Cardoso Moreira, o rio começou a baixar. A localidade tem 90% de sua área alagada. Mas o pior mesmo é o nome do secretário municipal de Defesa Civil: Juarez Noé. Mais deboche do que isso, impossível.
Ano passado, como todo mundo lembra, há um ano a região serrana fluminense foi devastada por enchentes e deslizamento de terra. A 4ª maior tragédia do mundo propiciada por fenômenos naturais, deixou mais de 700 mortes e destruiu a cidade de Teresópolis, a mais afetada pela chuva.
Este ano, em Minas Gerais, 71 cidades estão em situação de emergência por causa das chuvas. Oito pessoas já morreram em razão do temporais. Ao mesmo tempo, um figurão do Governo Federal precisa explicar por que teria beneficiado seu estado de origem, Pernambuco, com o dinheiro que deveria ter sido aplicado no sentido de pelo menos minimizar a tragédia vivida diariamente por nossos irmãos do Sudeste.
O que nos leva a duas constatações. A primeira: se o Brasil, no ano de sua independência, tinha, de fato, tudo para dar errado (conforme afirmação do escritor Laurentino Gomes), a grande verdade é que ele ainda não deu certo. Mesmo agora, que este século vai se aproximando de sua segunda década. A outra constatação: nessas horas de pesadelo e desespero para as famílias arrasadas pelas tempestades, um país se considerar a sexta economia do mundo não significa rigorosamente nada.

quarta-feira, janeiro 04, 2012

RECORDAR É VIVER

O repórter Wilson Lima e eu temos algo em comum: simplesmente adoramos o automobilismo.
Ontem, ele me perguntou se este ano eu teria saco para acompanhar a Fórmula 1.
Respondi que sim. Em primeiro lugar, não faço parte do time de quem parou de a assistir às corridas apenas porque "Ayrton Senna morreu". Mas entendo. Após o acidente em San Marino no qual o tricampeão perdeu a vida, apareceram pilotos talentosos, vencedores em outras categorias... e que infelizmente chegaram à F-1 na qualidade de coadjuvantes.
Com os sete títulos de Schumacher, então, ficou praticamente impossível.
O máximo a que se chegou foi com Felipe Massa - que levou um Mundial de Pilotos para a última corrida, em Interlagos, venceu a prova e acabou perdendo o título para Lewis Hamilton nos metros finais. O queridinho de Ron Dennis saiu de São Paulo com seu primeiro título na bagagem.
A grande verdade é que muitas corridas do calendário da F-1 são chatas. Os carros seguem em uma procissão de 60 voltas. E convenhamos: passar duas horas na frente da telinha vendo uma disputa ser decidida pela estratégia dos boxes e não na pista, no mano a mano - como aconteceu nos bons e velhos embates Senna e Mansell e Senna e Prost - demostra um apreço muito grande a esse esporte de elite, que ainda captura a imaginação de jovens pilotos, que sonham com a oportunidade de alcançar esse Olimpo do automobilismo.
E como recordar é viver, capturou a minha, também, desde os tempos em que eu era criança -pequena lá no Bairro de Fátima. Tinha uma boa coleção de carrinhos - não só de Fórmula 1, mas de vários tipos - e os colocava enfileirados no meio da sala na noite de sábado, até a manhã seguinte, quando me sentava na frente da tevê e imitava com os brinquedos a transmissão da Rede Globo, com o insofismável Galvão Bueno e o grande Reginaldo Leme - que só não é imbatível porque existe um senhor chamado Lito Cavalcanti, que é O Cara. Só isso.

terça-feira, janeiro 03, 2012

A COPINHA

Começa hoje mais uma edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior. O torneio chega a sua 43ª edição e é a grande vitrine do futebol brasileiro. É também onde os grandes craques se revelam, como Fred, do Fluminense, autor de um dos gols mais rápidos da história do esporte bretão na época em que vestia a camisa do América de Minas.
Chamamo-la de "vitrine" porque, com o aumento impressionante no valor dos salários pagos principalmente pelos times europeus, "olheiros" de todos os cantos do Brasil e dos principais centros do planeta aparecem no Estado de São Paulo à procura de talentos que possam porventura forrar suas contas bancárias com uma indecente quantidade de dólares e euros.
Muitos times de menor expressão viajam para jogar nesse torneio com essa intenção. Como é o caso de equipes como Aquidauanense, Sinop, Olé Brasil e, claro, o representante timbira - o Americano.
Os maranhenses jamais tiveram um ótimo desempenho na Copinha. O melhor que já apresentaram foi o Moto Clube, que em 2006 chegou às quartas de final. Mas no geral os meninos que vão daqui para lá não vão para batalhar por títulos ou fama. O que eles querem mesmo é serem catapultados para qualquer time capaz de garantir-lhes uma vida confortável. Até porque assim muitos deles poderão sustentar sua família e um eventual grupo de aderentes.
Dinheiro e futebol. Nem sempre combinam.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

DE CELEBRIDADES E OUTRAS NEM TANTO

Hoje de manhã, assisti a uma reportagem do programa "Record News" que dava conta de como os tais "famosos" passaram o Réveillon.
Até onde acompanhei, foram focalizados o diretor de novelas Manoel Carlos, as atrizes Cristiani Torloni, Giovana Ewbank e Adriana Birolli e o ator que faz o dono de restaurante português na novela "Fina Estampa.
O texto da reportagem era tão bajulatório que beirou o ridículo. Lembro que, ao abordar o diretor, a narração afirmou que ele "fez questão de cumprimentar os funcionários do hotel" onde passou a virada. Ou onde guardou seu pertences antes de ir para o lugar em que verdadeiramente festejaria. Na verdade, ele ao chegar deu alguns tapinhas nas costelas do que parecia ser um dos seguranças do estabelecimento. E depois entrou sem falar com ninguém.
Essa história de a pessoa virar celebridade com o tempo ganhou muito espaço na mídia. Porque os jornais e revistas sabem que, em algum lugar, existe alguém capaz de compra tudo e mais um pouco a respeito de determinado artista. Como esquecer de Rafaelle, que por muito tempo colecionou (e a ajudei muito com isso) toda e qualquer bobagem a respeito do trio de pseudo-cantores chamado de KLB?
O "Fantástico" de ontem exibiu uma entrevista com Brad Pitt. O ator, como tantos outros "grandes astros", assumiu aquele falso ar blasê de quem já se acostumou com o assédio da imprensa. Passa a ideia de que está fazendo uma imensa concessão ao repórter tupiniquim deixando-o entrevistá-lo. Conversa. O cara estava adorando cada segundo em que passou sob os holofotes Globais.
Não há como condená-lo por isso. Faz bem para a vaidade ser o assunto do momento. Nem que seja por 15 minutos. O grande problema é o indivíduo forçar sua permanência no Olimpo das célebres criaturas. Como acontece com alguns "brothers" e "sisters" do mais assistido reality do país. Após o fim do período de confinamento, a maioria deles sabe muito bem que apenas dois ou três serão escolhidos para perdurar no mundo das artes e dos espetáculos. No entanto, alguns insistem em querer aparecer de qualquer forma - tirando a roupa para revistas masculinas, por exemplo, pelo que os cuecas de plantão agradecemos penhoradamente.
A relação das ditas "celebridades" e das "subcelebridades" com o crivo da opinião pública - quem será para sempre, quem será mero fenômeno - é mais velha do que andar para a frente. E vai prosseguir por um bom tempo, porque, afinal de contas, o show deve continuar.
Penso assim desde que vi a filha mais velha de Michael Jackson em sua primeira entrevista, nos Estados Unidos. Veremos se ela terá condições suficientes de brilhar tanto quanto seu pai - que antes de virar uma aberração albina foi mesmo o Rei da pop music.

domingo, janeiro 01, 2012

IMPRESSÕES DO RÉVEILLON

As comemorações pela passagem de 2011 para 2012 valeram a pena.
O grande lance foi: todos procuraram se divertir. Poucos foram aqueles interessados em estragar a virada do ano alheia. A segurança propiciada pela Polícia Militar foi bastante eficiente e, em alguns casos, surgiu com a devida contundência.
Não vi os shows programados pela Prefeitura. Estive na tenda eletrônica e gostei muito de espanar o pó das articulações. Por outro lado, os do Governo do Estado foram para lá de emocionantes. Não sou muito fã da Marrom, mas devo reconhecer que ontem ela detonou. Quando de sua apresentação, não havia lugar para mais ninguém perto do palco. Quem se beneficiou com essa numerosa plateia foi Cesar Nascimento, a atração seguinte. Não pude assistir porque faltavam cinco minutos para a meia-noite e precisei voltar para junto das senhoritas sob minha responsabilidade.
Fiquei me revezando entre o palco do governo e a tenda. Consegui convencer as meninas a terminar a noite no primeiro. Bom negócio. Vi uma Beija-Flor (ou parte dela) exuberante. Não entendo muito as respeito dos critérios empregados pelos responsáveis pela apuração dos desfiles das escolas de samba do Rio, mas acredito que, se a de Nilópolis não se sagrar bicampeã este ano, terá sido uma surpresa e tanto.
Como sempre, atrás do Bicho Terra só não vai quem tem problemas para definir o que possa ser uma diversão de verdade e cem por cento maranhense. (Receio estar pegando muito pesado com essas pessoas. A questão do gosto é a grande problemática, não é mesmo?)
No cômputo geral, foi uma festa excelente. Para o quarto centenário da Ilha, deverá ser ainda melhor. É aguardar para ver. E quem viver verá.