terça-feira, novembro 25, 2008

Saramago: "Não sou pessimista, o mundo é que é péssimo"

Às vésperas da inauguração da exposição José Saramago: A Consistência dos Sonhos, que traz objetos de sua carreira, o escritor português, Prêmio Nobel de Literatura em 1998, conversou com os jornalistas em um encontro realizado no Consulado Geral de Portugal em São Paulo, nesta terça-feira.
Bem-humorado - algo raro -, o escritor falou sobre seu novo livro, A Viagem do Elefante, o período em que ficou internado, o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e sua fama de pessimista. "Não sou eu o pessimista; o mundo é que é péssimo".
José Saramago: A Consistência dos Sonhos foi organizada por Fernando Gómez Aguilera e traz mais de 500 objetos originais do autor de Ensaio Sobre a Cegueira e Memorial do convento, entre outros.
Nesta sexta-feira, no Instituto Tomie Ohtake, Saramago participa da abertura da exposição, que segue no local até 15 de fevereiro.
A Viagem do Elefante
Saramago também aproveita a visita para promover seu novo livro, A Viagem do Elefante, escrito em um momento delicado, quando o escritor ficou internado à beira da morte.
Ele conta que escreveu as primeiras 40 páginas antes da internação. Então, ficou sete meses sem escrever e chegou a pensar que não concluiria o livro. Ironicamente, é o livro mais bem-humorado do autor. "Esta história pedia isso. Não quis incluir a minha vida, o momento pelo qual estava passando, não tinha a ver com o enredo do livro".
Sobre a experiência, o escritor brinca: "estou muito mais sereno agora. E olha que nem precisei ler um livro do Paulo Coelho para ficar assim. Percebi que uma doença vale mais que toda a obra dele", ri Saramago.