terça-feira, janeiro 19, 2010

QUEM VAI SALVAR VOCÊ DO MUNDO?

Mehmet Ali Agca, o desparafusado que baleou o papa João Paulo II em mil, novecentos e antigamente, foi solto. Sem mais o que dizer à imprensa, foi logo afirmando que é o “eterno Messias, ou seja, o mais alto e eterno servente de Deus no Cosmos”.

Ah, ele também anunciou o fim do mundo: “Declaro que o fim do mundo está chegando”, declarou em uma carta. “Todo mundo desaparecerá no final deste século. A Bíblia está cheia de erros. Eu escreverei a Bíblia perfeita”. Tóxico!

Temos aqui um processo de evolução mais interessante do que o do Pokémon: Ali Agca, de terrorista ultradireitista a Profeta do Apocalipse supermaluquete. Coitado. Mal sabe ele que, sob muitos aspectos, o mundo já chegou ao fim faz tempo e que a humanidade, aferrada a um aparentemente inesgotável senso de otimismo, ainda vai demorar bastante até se dar conta disto.

Não consigo lembrar de um outro ano em que o mês de janeiro tenha sido marcado por tragédias de tamanha relevância – na falta de uma palavra melhor.

Angra dos Reis foi um desses casos no qual uma vez só nunca é o bastante. Google pode não ser sinônimo de pesquisa, mas ajuda a aquecer a memória: “Em 9 de dezembro de 2002, ocorreu em Angra dos Reis o maior desastre natural já registrado no município. Choveu 323mm³ em seis horas ininterruptas, o equivalente à quantidade de chuva de três meses. O local mais atingido foi a Grande Japuíba, principalmente o bairro do Areal, onde ocorreu uma tromba d’água, localizada no cume de uma encosta de mata virgem. Este grande volume de água sobre essa região ocasionou uma avalanche com deslocamento de grandes blocos de rocha de mais ou menos 20 toneladas, entre árvores imensas, etc” (informações do site da Defesa Civil de Angra).

Nesse dia, morreram 40 pessoas. Na madrugada do dia 1º deste ano, 53 vidas foram ceifadas em questão de segundos. A força da Natureza. Tamanha que eliminou, sem mais nem menos, 70.000 haitianos na hora do terremoto de 7 graus na escala Richter e mais tarde, quando os sobreviventes ao impacto inicial pereceram debaixo dos escombros.

Tragédia que nos faz recordar o sismo da ilha de Java, na Indonésia, em maio de 2006 (6.000 mortos), o de Wenchuan, na China, em maio de 2008 (90.000) e o de abril do ano passado, na região de L’Aquila, Itália, quando faleceram 299 pessoas.

E também traz à tona a catástrofe do tsunami de 2004, com nada menos que 220.000 mortos, e a devastação causada pelo furacão Katrina em agosto de 2005, na qual mais de mil pessoas pereceram.

Gostaria de poder lhes afirmar que tornados, furacões, tsunamis, incêndios e outros que tais não voltaram nunca mais voltarão a acontecer. Mas não farei isso por duas razões. A primeira: não tenho bola de cristal. A segunda: seria uma deslavada mentira, e não fui criado para sair por aí semeando inverdades. As catástrofes voltarão a acontecer, sim, senhoras e senhores. E ninguém estará a salvo – nem mesmo aqueles maranhenses de raciocínio míope e torto que se dizem aliviados por estarem longe de áreas de instabilidade.

Mas fiquei de explicar por que entendo que o mundo já se acabou. Ora, quando um menino de 4 anos é assassinado em uma praia por um psicopata armado com um Celta é porque isto aqui já não é mais um planeta e sim um hospício. Pode crer.

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