sexta-feira, janeiro 11, 2008

Os herdeiros de Goethe

Mariana Filgueiras e Vivian Rangel- Berlim

Dezoito anos depois da reunificação, é hora de a literatura alemã derrubar, um a um, os muros do hermetismo, traduções deficientes e intelectualismo. Antes desprestigiada pelos próprios alemães - a maioria consome livros em língua inglesa - a literatura do país de Goethe, Schiller e Thomas Mann vive um momento de efervescência. Na ficção - principalmente nos romances históricos e nos relatos curtos - e na não-ficção, tentada pela história natural e filosófica, a Alemanha mostra que se reconstruiu e, a cada dia, aprende a se diversificar. Até o fim do ano, leitores brasileiros poderão confirmar a tendência degustando autores como Ingo Schulze, Juli Zeh, Julia Franck, Saša Stanišic e Ilija Trojanow, ou o aqui recém-lançado Daniel Kehlmann, legítimos herdeiros do canône. Projetos como o Litrix, do Instituto Goethe - que escolheu justamente o Brasil como país parceiro para fomentar a tradução de escritores alemães contemporâneos - atiçam o interesse das editoras. Já estão programadas palestras e workshops com tradutores na Bienal de São Paulo. A contrapartida por lá ganha força: as efemérides do centenário de nascimento de Guimarães Rosa e da morte de Machado de Assis estimulam novas traduções, além de seminários e rodas de leitura, em locais como a Universidade Livre de Berlim e na única livraria de literatura de língua portuguesa da capital, justamente A Livraria. Em 2008, a conexão Brasil-Alemanha é parte do Zeitgeist.

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