sábado, janeiro 26, 2008

ARMADILHAS

Ninguém questiona a insistência do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-MA) com essa história da ausência dos pára-raios nos estádios maranhenses. Mas, como se sabe (e a Fonte Nova não deixa mentir), esse não é o principal problema da maioria das praças esportivas nacionais ou além-pátria.
Direto de Salvador, chega-nos a notícia de que cinco pessoas foram indiciadas como responsáveis pelo desmoronamento de parte da arquibancada do Estádio da Fonte Nova, que ocorreu em novembro do ano passado. Foi esta a conclusão do inquérito policial coordenado pela delegada Marilda da Luz, da Polícia Civil da Bahia. Um dos indiciados é o diretor-geral da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato Tavares, o ex-jogador Bobô, um dos destaques do Esporte Clube Bahia, campeão brasileiro em 1988, na decisão contra o Internacional de Porto Alegre.
Um dos primeiros a serem ouvidos após a tragédia, Bobô afirmou que chegou a avisar a Federação Baiana das deficiências do estádio. Porém, com a euforia envolvida no retorno da equipe à Segunda Divisão, o aviso foi varrido para debaixo de algum tapete burocrático. Deu no que deu: sete pessoas morreram. Espero que o governador da boa terra de Jorge Amado tenha aprovado as indenizações para as famílias dos pobres torcedores desafortunados.
A história a seguir também é conhecida: o Brasil foi escolhido pela Fifa como sede da Copa do Mundo de 2014. É mesmo verdade: o sono da razão produz monstros. Alguém na entidade máxima reguladora do futebol simplesmente perdeu o juízo. Ou então fazem questão de ignorar a maneira totalmente irregular e corrupta como o esporte bretão é tratado em Pindorama. Vide a atuação criminosa do árbitro Edílson, que fazia o possível e o impossível para que o resultado das partidas que comandava fosse o mesmo que interessava ao grupo criminoso ao qual pertencia.
Bandidagens futebolísticas à parte, o que interessa mesmo a este artigo (?) é que o Brasil ofereceu 14 estádios para a Fifa... e todos foram reprovados. Isso mesmo: os observadores de Blatter (que vieram para cá com todas as despesas pagas, naturalmente), além do turismo básico, detonaram as arenas apresentadas, de Norte a Sul. E por que foram detonadas? Porque a Federação as considera armadilhas e devem ser reformadas até 2013.
De acordo com o manual da entidade, um estádio moderno deve ter áreas vips para convidados e imprensa, lanchonetes na parte interna da arena, telões, banheiros dentro e fora do local, telefones públicos, cobertura das arquibancadas, assento com encosto para cada pessoa – que não poderá ter encoberta sua visão do jogo ou de outros eventos. Aqui no Maranhão, o Nhozinho Santos, o Correão, o Binezão, o Rodrigão e o Lucídio Frazão nem de longe atendem a tais especificações. Talvez por esse motivo os preclaros representantes do Crea tenham se concentrado apenas na ausência de pára-raios.
Ainda ano passado, soubemos que o Castelão (o nosso, não o cearense), enfim, passará pela tão esperada reforma, que o ressuscitará para o Planeta Bola. O dinheiro para tal empreitada, inclusive, já estaria à disposição do governo estadual. No meu entendimento, esse anúncio não passou de munição para a pequena guerra fria que ocorre nos bastidores políticos sempre que avizinha-se ano pré-eleitoral. Espero que eu esteja errado. Espero sinceramente que os nossos representantes consigam fazer com que o Castelão (palco de tantos bons momentos do nosso futebol) ressurja das cinzas. Nem me lembro mais quando o visitei pela última vez. Melhor: não lembro a data, mas recordo os incontáveis problemas estruturais que ele sempre apresentou. O Governo do Estado tem até 2013 para reerguê-lo. Bom Deus, que isso não fique apenas como apenas uma triste promessa de campanha.

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