segunda-feira, junho 29, 2009

Prefiro que haja mais interesse pelo meu corpo do que por minhas ideias, diz Millet

A escritora francesa Catherine Millet, convidada da sexta edição da Flip (Foto: AFP)

Crítica de arte francesa narrou suas aventuras sexuais em livro. Catherine Millet estará na Flip, evento literário em Paraty (RJ).

Shin Oliva Suzuki
Do G1, em São Paulo

Antes da enxurrada de confissões sobre experiências sexuais por autoras como Lolita Pille e Melissa Panarello, ou antes mesmo do diário de Bruna Surfistinha, uma quarentona intelectual francesa chamada Catherine Millet já fazia metade de seu país soltar um “ulalá” ao revelar sua atividade favorita quando não estava à frente de uma conceituada revista de arte: sexo desenfreado, com múltiplos parceiros e de várias maneiras.

A fundadora da respeitada “Art Press” e crítica de arte, que participa da sexta edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nesta semana, relatou orgias com 150 pessoas, transas com desconhecidos no Bois de Boulogne, o maior parque de Paris, um ménage à trois envolvendo dois cozinheiros africanos, entre outras revelações bem detalhadas ao longo das 220 páginas de “A vida sexual de Catherine M.” (2001) – lançado no país pela Ediouro.

Programada para o próximo domingo (5), a mesa literária conduzida pela psicanalista Maria Rita Kehl também servirá para Millet, de 51 anos, falar de seu trabalho mais recente, “A outra vida de Catherine M.” (“Jour de souffrance” no original, que está saindo aqui pela editora Agir). O livro traz novas revelações, mas de uma outra espécie: a mulher entusiasta da libertinagem deixa agora à mostra o ciúme doentio quando descobre as eventuais puladas de cerca do marido, o escritor Jacques Henric.

“Não posso explicar a contradição. Eu a vivo. Os seres humanos não são monólitos. Eles são cheios de contradições e uma delas que é uma das mais disseminadas é que, à vezes, os sentimentos entram em conflito violento com a filosofia e a regra da vida”, diz Millet ao G1, em entrevista por e-mail.

Para a escritora, o impulso sexual forte sempre existiu em sua vida. “Mas me parece que foi como a maior parte das crianças: muito curiosa por qualquer coisa sobre a qual não se sabe o nome: o sexo. Eu tinha jogos eróticos com o meu irmão e, depois, com os meus colegas de colégio, e então descobri a masturbação. Como a minha família não era muito repressora, essa libido se desenvolveu naturalmente”.

Sem dramas pessoais nem um espírito de rebeldia para os que querem uma justificativa para a sua vida sexual intensa, Millet prefere apontar para uma atmosfera propícia para que isso acontecesse. “Eu não elaborei uma filosofia transgressora porque eu vivi minha juventude numa época e num ambiente muito livres. Eu viva minha liberdade sexual como um peixe dentro d’água. E adorava que todos fossem como eu.”

Um comentário:

Unknown disse...

Estou curiosíssima para ler os livros dela! Aiiiiiiii, eu queria ir estar na Flip deste ano :(!
Beijão e boa semana