segunda-feira, março 22, 2010

BECO SEM SAÍDA

A crônica esportiva ludovicense tem encasquetado com a questão da presença de público no Estádio Nhozinho Santos.

Em um primeiro momento, comemorou efusivamente o comparecimento de 16 mil e tantos no jogo Sampaio Corrêa e Atlético Paranaense, pela segunda fase da Copa do Brasil. Depois, apareceu o outro lado da moeda: mil e poucos cristãos, sem mais o que fazer, abalaram-se de suas residências – mesmo sob mau tempo - para assistir a Moto x Sampaio no domingo (21/3).

Neste último caso, a chuva foi apontada como a vilã da história. Por causa dela, afirmou a crônica, multidões não se afobaram em direção ao Centro, a fim de lotar o Nhozinho.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Tenho sérias dúvidas se, em condições normais de temperatura e pressão, o “Superclássico” local contaria com um público excelente. Pelo que sei do futebol maranhense, a partida teria, no máximo, uma platéia de oito mil pagantes. Isso para um ensolarado domingo. Menos gente haveria na segunda-feira à noite, caso fosse levada a sério a idéia estapafúrdia de adiar o confronto apenas porque apareceram, no Gigante da Vila Passos, meia dúzia de três ou quatro gatos pingados.

Caso a Federação e os clubes tivessem condições de bancar promoções ou algum evento antes ou no intervalo do duelo (qualquer alternativa para compensar a ausência do Viva Nota), o torcedor ignoraria a pior das tempestades e sem dúvida alguma deixaria o simpático estádio sem lugar para mais ninguém. Infelizmente, é pedir demais esse tipo de iniciativa para os mandatários esportivos locais, que parecem viver eternamente de pires na mão.

Só para efeitos de comparação: 1) Remo 0 x 4 Santos (Copa do Brasil): Público: 19.445 pagantes. Renda: R$ 549.945,00; 2) Paysandu 1 x 2 Palmeiras: Público pagante: 27.073. Renda: R$ 556.060. Dois jogos importantes, realizados no Mangueirão. Forçoso e triste reconhecer que a ressurreição do Castelão não bastaria para atrair o torcedor maranhense, uma vez que, se em Belém temos clássicos interessantes como Remo x Paysandu ou Paysandu x São Raimundo, aqui na Ilha temos como filho único o Sampaio x Moto. Sim, estou desconsiderando o Maranhão x Moto e o Sampaio x Maranhão porque o MAC há tempos está a um passo de tomar o mesmo rumo de equipes como o Tupã: o futebol amador. Não passa de mero figurante em competições nas quais o padrão técnico está – e muito – nivelado por baixo.

Faço parte do time dos que acreditam piamente que o futebol maranhense tem totais condições de sair do beco sem saída em que foi parar depois que Sampaio e Moto caíram para a Terceira Divisão e mais tarde para a Quarta Divisão do Campeonato Brasileiro. Mas isso não vai acontecer enquanto imperar o amadorismo. Futebol é um negócio. E dos mais caros. Vemos, principalmente pela Europa, jogadores recebendo salários altíssimos, atuando em estádios lotados e em perfeitas condições, realizando um trabalho de nível excelente.

Esse esforço é devidamente recompensado no fim do ano, quando um Manchester, um Barcelona ou um Milan da vida conquista o Mundial Interclubes.

Profissionalismo é isso: estabelecer metas e promover os investimentos adequados para atingi-las. Sem precisar “pagar do próprio bolso”, como tem acontecido faz tempo aqui no Maranhão, onde o futebol ainda precisa do mecenato e do auxílio do Governo do Estado. Importantes, sem dúvida, mas não deveriam ser a única solução para os problemas do futebol maranhense.

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