terça-feira, fevereiro 01, 2011

Para ver pirâmides no Egito, caminho alternativo passa por lixão

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO (EGITO)

Um dos pilares da economia do Egito, a indústria turística sofreu mais um duro golpe com o fechamento de todos os acessos às pirâmides de Gizé, o principal cartão-postal do país.

Autoridades haviam restringido desde sábado a circulação pelas pirâmides por temor de vandalismo em meio à crise política que entra na sua segunda semana.
Mas guias contornavam a proibição levando visitantes em cima de dromedários por um caminho alternativo.

A Folha percorreu ontem a rota, passando no meio de uma favela densamente povoada e atravessando terrenos baldios usados como depósito de lixo. Caravanas de turistas percorriam em seguida uma trilha de areia até um ponto de observação.

Mas o caminho foi descoberto pelos militares ontem justamente no momento em que a reportagem acompanhava um raro grupo de turistas estrangeiros que não cancelaram passeios.

Militares a bordo de uma picape surgiram de repente, detrás de uma duna e ordenaram, aos berros, que os guias dessem meia-volta com as caravanas. Um dos soldados desceu do veículo e disparou para o alto.

"Os militares estão nervosos porque estão obrigados a vigiar os pontos turísticos depois que a polícia sumiu", disse Hathen, 34, um dos guias do grupo barrado.
Empresários que dependem do fluxo turístico estão cada vez mais preocupados.

Gamal, 30, gerente de uma companhia de passeios de dromedários e de carrocinhas nas pirâmides, disse que o movimento já havia despencado.

"Até duas semanas atrás, eu vendia em média dez passeios por dia. Ontem, vendi três. E, agora que os soldados fecharam o cerco de vez, não sei como vou pagar os funcionários nem alimentar os mais de 30 dromedários."

Nos últimos dias, principalmente ontem, soldados detiveram cerca de 50 homens que tentavam entrar no Museu Nacional para roubar tesouros arqueológicos.

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