quinta-feira, novembro 17, 2011

Com cenas rodadas no Brasil, "Amanhecer - Parte 1" ainda se ressente da pobreza dos livros de Stephenie Meyer

ALESSANDRO GIANNINI
Editor de UOL Entretenimento

Com cenas rodadas no Brasil durante dez dias no Rio de Janeiro e em Paraty, "A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1" chega nesta sexta (18) aos cinemas de vários países para dar inicio ao epílogo da série de filmes inspirados nos livros escritos por Stephenie Meyer.

Fenômeno de público, "A Saga Crepúsculo" não prima pela excelência cinematográfica. Dirigidos por Catherine Hardwick ("Crepúsculo"), Chris Weitz ("Lua Nova") e David Slade ("Eclipse"), os três primeiros filmes são pobres do ponto de vista formal, apoiados em uma gramática visual capenga, com efeitos primários e sem muita criatividade para contornar a pobreza da matéria prima.

A contratação de Bill Condon ("Deuses e Monstros", "Dreamgirls") para dirigir os dois segmentos finais da história foi uma tentativa de dar mais consistência aos filmes. Cineasta experiente, Condon colocou ordem na casa - a primeira parte do fim está acima das realizações anteriores. Ainda assim, o grande obstáculo continua sendo a origem de tudo: os livros de madame Meyer.

"Amanhecer - Parte 1" mostra o resultado da escolha de Bella Swan (Kristen Stewart) entre Edward Cullen (Robert Pattinson) e Jacob Black (Taylor Lautner). Os principais momentos do filme, o casamento e a lua-de-mel no Brasil, com quase 20 minutos de imagens rodadas no país, mostram a consumação do amor da jovem protagonista e as conseqüências da miscigenação entre uma humana e um vampiro. Sem falar nos efeitos colaterais que abalam a trégua entre vampiros e a matilha de lobisomens.

A gravidez de Bella e a recusa do casal em transformá-la em vampira surge como um grande problema, que conta com a cumplicidade do reticente Jacob, dividido entre o amor não correspondido e a lealdade à matilha, para resolver o nó. Esse é o gancho para o grande final esperado e antecipado pelos fãs.

Não se pode condenar o trio de atores principais e o numeroso elenco secundário por suas atuações. A maior parte deles faz o que pode para dar alguma consistência aos personagens, especialmente os vampiros que carregam a tosca maquiagem branca que os torna pálidos.

A metáfora proposta pela saga idealizada por Meyer, uma escritora de crença mórmon, é a manutenção do amor romântico, a abstinência sexual (antes do casamento) e os valores da família. O romantismo é apenas pano de fundo para disseminar entre os jovens a crença - conservadora - de que estamos vivendo um período de liberdades extremas e muita irresponsabilidade. Essa sim uma herança maligna deixada por quase dez anos de conservadorismo tacanho sob a América de Bush Jr.

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