domingo, junho 16, 2013

AINDA GOSTAMOS DE FÓRMULA 1?

Quando eu era criança pequena, lá no Bairro de Fátima, tinha um monte de carros de corrida. Miniaturas de plástico compradas na feira ou em qualquer lojinha de variedades. De todas as cores e tamanhos. “McLarens”. “Ferraris”. “Bólidos” azuis e brancos que chamava taxativo de “Williams”.
Pois então. Na época, os resultados dos treinos oficiais dos sábados só eram divulgados no Jornal Nacional. Os âncoras variavam o tom conforme as conveniências: sorridentes quando anunciavam Ayrton Senna ou Nelson Piquet como poles; sérios feito parede de hospital quando o piloto mais competente pertencia a outra nacionalidade.
Depois dessas informações, eu enfileirava os carrinhos no piso de cerâmica da sala de acordo com um “grid de largada” altamente fantasioso e ali os deixava até a manhã de domingo – porque na minha concepção infantil as máquinas de verdade também passavam a noite um atrás do outro, nos mais diferentes circuitos que abrigavam o Circo da Velocidade.
Sempre gostei de Fórmula 1. Aprecio o automobilismo de forma geral, é claro. Desafio qualquer outra pessoa a ficar na frente da tevê em uma noite de sábado assistindo às 400 voltas de uma corrida da Nascar – categoria em que, a rigor, não há um só brasileiro. Mas minha “praia” mesmo é a principal categoria dos esportes a motor.
Mas não posso dizer o mesmo da maioria do público brasileiro. Cansei de ouvir o seguinte: “Ah, eu parei de ver essas corridas da morte de Senna”. Para mim, não passava de mera desculpa esfarrapada. Usar o falecimento do tricampeão como bode expiatório para uma inclinação que já existia era um golpe baixo e tanto.
Com o tempo, constatei que, de certa forma, essas pessoas expressavam um sentimento correto. Era Ayrton quem as ajudava a aturar 70 e tantas voltas de verdadeiras procissões de automóveis a 300 quilômetros por hora. Depois do seu desaparecimento, no fatídico GP de San Marino, o Brasil passou a frequentar pouco o lugar mais alto do pódio. Nosso hino não é mais executado nas cerimônias de premiação faz um bom tempo.
Hoje, ainda mais com a presença de apenas um brazuca no Circo da Velocidade (ainda que como piloto da Ferrari, o que é e sempre será um feito e tanto) o interesse do telespectador brasileiro pelos GPs reduziu-se drasticamente. Daqui a pouco, só assistirá às provas quem é realmente especialista nessa matéria.

Ainda gostamos de Fórmula 1, sim, mas não deixo de concordar com o blogueiro Erich Beting: “Logicamente que o interesse do público específico sempre vai existir. Mas a sensação que dá é a de que precisaremos de novos gênios nas pistas para voltar a fazer do evento mais valioso do automobilismo um produto realmente atrativo para o mercado brasileiro”.

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