Para assegurar a atenção total do leitor
ou espectador, o romance e a jornada esportiva precisa de reviravoltas.
O que não faltou no Grande Prêmio da
Inglaterra.
O circuito de Silverstone é chamado de
“templo” do automobilismo. Não à toa. Foi onde começou a Fórmula 1, nos anos
1950. Nesse ano, o campeonato tinha apenas seis corridas: além da Grã-Bretanha,
havia Mônaco, Suíça, Bélgica, Itália e as 500 Milhas de Indianápolis. Até hoje,
os vencedores das etapas em questão colocam o nome em uma restrita lista de
notáveis.
Nico Rosberg seu deu muito bem, ontem. É
certo que a vitória lhe caiu no colo, com o surpreendente abandono de Sebastian
Vettel (a principal reviravolta), com problemas no câmbio. Mas precisou contar
com bastante talento para resistir à pressão de Mark Webber – que também
poderia ter recebido a bandeira quadriculada em primeiro, por causa de seu
desempenho espetacular ao longo das 52 voltas da prova.
Análises do que ocorreu em Silverstone
concentram-se no “caos dos pneus estourados”. De fato, a Pirelli tem muitas
explicações a dar. Felipe Massa, Lewis Hamilton, Jean-Éric Vergne e Sérgio
Pérez (duas vezes) curiosamente tiveram o mesmo pneu esquerdo traseiro
destroçado sem qualquer motivo aparente. Situação que atrapalhou demais Hamilton
e Massa. O britânico liderava o pelotão, acabou indo parar em último depois de
resolver o problema, recuperou-se bem e chegou em quarto.
O brasileiro certamente vivenciou a
melhor largada de sua carreira. Antes das luzes vermelhas se apagarem, ele se encontrava
em 11º. Depois da “briga de foice” inicial por posições, já era o quinto. Sem
dúvida alguma teria ido parar no pódio – assim como Hamilton.
De qualquer maneira, Mark Webber teria
de fazer parte da comemoração. Foi sua melhor corrida em muito tempo. Quem
assistiu à corrida o viu se dar mal na largada. Partiu em quarto, foi abalroado
por Romain Grosjean e despencou para o 15º posto. A partir de então, paciente e
determinado, ganhou uma posição atrás da outra, com a faca nos dentes e sangue
nos olhos, e mostrou que é um dos melhores pilotos de sua geração. Já anunciou
que deixará a Fórmula 1 para correr na Endurance, pela qual disputará as 24
Horas de Le Mans. Deixará como ótima lembrança espetáculos como o que propiciou
na Inglaterra. A principal categoria do automobilismo – que sem dúvida alguma
não lhe sentirá a ausência – só tem a perder.
Para arrematar: a Pirelli tem não pode
protagonizar vexames como os apresentados durante a corrida. Estouros de pneus
em retas de alta velocidade são um perigo. Por sorte, os pilotos vitimados por
essa falta de sorte souberam administrar a falta de sorte e evitaram
consequências mais sérias.
Essa parceria com a fornecedora de pneus
deve ser repensada. Com urgência e emergência.
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