domingo, junho 23, 2013

FÓRMULA 1 DE VÊNUS

Quem aprecia de verdade o automobilismo conhece ou pelo menos já ouviu falar de Danica Patrick. Para quem não faz ideia: trata-se de uma baixinha invocada e um tanto quanto saliente, que corre tanto na Fórmula Indy quanto na Nascar.
O desempenho da moçoila varia muito. Em certas corridas, ela se mantém entre os ponteiros. Em outras, não há o que a faça deixar as posições intermediárias. A bela e jovem pilota se destaca também pelo forte temperamento. Tem pavio curto. Coitado do concorrente que, por acaso, tirá-la de uma prova por obra e graça de um desses acidentes parecidos com os que acontecem na Stock Car. O sujeito vai ouvir poucas e boas.
A presença de Danica torna ainda mais interessantes as categorias acima mencionadas. Mostra que não são “clubes do Bolinha”. Desde que haja o interesse e o necessário suporte financeiro, as portas estão abertas para mulheres audazes.
O mesmo bem que poderia acontecer na Fórmula 1. Sim, já temos ótimas representantes no Circo da Velocidade. Monisha Kaltenborn é a responsável pela chefia da Sauber. Claire Williams é vice-diretora da equipe pela qual Senna corria quando faleceu. Aliás, o time do senhor Frank tem como piloto de testes Susie Wolff. E María de Villota, que sobreviveu a um gravíssimo acidente no qual perdeu um olho, era reserva da Marussia.
Mas eu defendo a presença da mulherada no grid. De destemidas que aceitem o desafio de encarar as perigosas curvas da Bélgica ou os corredores cercados de muros por todos os lados que são as ruas do Principado de Mônaco. Uma “Fórmula 1 de Vênus”, por que não?
Acredito que seriam uma novidade e tanto. Talvez possibilitassem uma espécie de contraponto para grandes prêmios cada vez mais desinteressantes. O próprio Mark Webber, da Red Bull, tem afirmado que os deste ano estão muito chatos. Concordo com ele. O do Canadá, por exemplo, foi duro de assistir – pelo menos, até o ponto em que a transmissão foi interrompida pela Globo para que fosse mostrado o jogo da Seleção.
Como um ambiente ultraconservador como a Fórmula 1 iria encará-las? Aliás, componho estas considerações tendo como base recentes declarações do inglês Jenson Button, da McLaren sobre a participação feminina entre os pilotos da F1.
Disse Button que, se não há mulheres nos cockpits da categoria, é porque “não recebem o devido apoio no começo de suas carreiras”. Mas esse discurso dele já foi totalmente diferente. Hoje “cabeça aberta”, ele um dia opinou o seguinte:
“Danica [Patrick] é muito rápida. Mas em carros de F1 não consigo ver isso acontecer, devido à força G em curvas de alta velocidade. E uma semana por mês você não gostaria de estar no circuito com elas, gostaria? Uma garota com grandes seios nunca poderia ficar confortável nos monopostos. E os mecânicos não iriam se concentrar”.

Como diria o Milton Leite: “Que beleza!”.

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