quinta-feira, julho 26, 2007

DOS ÍDOLOS

Volta e meia o Esporte elege seus ídolos. Durante o Pan-Americano, foi o que mais aconteceu. Aliás, ao longo do evento, alguns atletas, em modalidades distintas, reafirmaram sua condição de exemplos absolutos e incontestáveis, a serem devidamente imitados e, se possível, superados pelas gerações vindouras.
O que diz o “Dicionário Aurélio”, em seu verbete “ídolo”? O termo origina-se do grego eídolon, do latim idolu (com o o longo). A acentuação grega prevaleceu. Como substantivo masculino: estátua ou simples objeto cultuado como deus ou deusa; objeto no qual se julga habitar um espírito, e por isso venerado, e em sentido figurado pessoa a quem se tributa respeito ou afeto excessivo.
Esta última definição está mais associada ao âmbito esportivo. Representantes de gerações anteriores podem considerar Canhoteiro, Didi, Leônidas, Maria Lemke, Pelé, Garrincha, Maria Esther Bueno, Carlos Pace e Emerson Fittipaldi como ídolos. Tenho uma lista própria: Ayrton Senna, Juan Manuel Fangio, Michael Schumacher, Zico, Roberto Dinamite, Romário, Taffarel e o infelizmente falecido Dener. Os garotos de hoje vêem na TV as bem-sucedidas peripécias de Rebeca Gusmão (a verdadeira “Grande”), Jade Barbosa, Daiane dos Santos, os irmãos (irmãos!) Hypólito e João Derly. Na verdade, o Pan-Americano oferece uma excelente safra de candidatos a mito.
Nas relações de grandes nomes acima apresentadas, faltaram muitos nomes. Hortência e Oscar são dois dos que ficaram de fora. Por duas razões bem simples. Em primeiro lugar porque são “fora de concurso” (hors-concours é bobagem intelectualóide). E depois, prefiro enaltecer uma terceira personalidade do basquetebol feminino: Janeth.
A ex-lateral da Seleção Brasileira tem um nome invocado: Janeth Arcain. Nasceu no dia 11 de abril de 1969, em Carapicuíba, interior de São Paulo. A maior vencedora do basquete feminino brasileiro. Em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, ela foi a quarta cestinha do torneio, com 18 pontos por partida. E esta fera pendurou o tênis nos Jogos Pan-Americanos deste ano. Medalha de prata. Pode ter perdido na decisão, mas sua maior vitória foi ter seu nome para todo o sempre lembrado, quando alguém um dia estiver a fim de fazer uma cesta de dois pontos. Ou de três, arremessando a bola do meio da quadra.
Com a saída de Janeth, como jogadora, do cenário basquetebolístico nacional, a pergunta que todos fazem é: quem a sucederá, como a próxima grande estrela da modalidade? Podemos pensar na própria Fórmula 1, após a morte de Senna. Surgiram Schumacher, Alonso e agora Hamilton como “grandes gênios” do automobilismo. No futebol, depois da aposentadoria de Pelé, a torcida tupiniquim passou a aplaudir virtuoses como Zico, Roberto Dinamite, Dener, Romário e os Ronaldos. No vôlei, a geração de Bernard, Pampa e José Roberto Guimarães cedeu a vez para a de Giovanni, Ricardinho e Giba. Posso estar trocando gato por lebre, mas vocês entenderam meu raciocínio.
A resposta para a questão colocada hoje parece ser Iziane Marques. Sem querer desmerecê-la – até porque é realmente uma ótima jogadora -, espero que tudo não passe de oba-oba da mídia. Alçar Iziane à condição de estrela, agora, é uma atitude perigosamente precipitada. Perigosa não para a mídia, é claro. A imprensa às vezes não mede esforços quando o assunto é aumentar o número de exemplares vendidos ou os índices de audiência. É perigosa para a própria jogadora, caso ela não tenha quem a aconselhe nesse momento. Alguém que peça a ela para “baixar a bola”, se estiver imaginando-se a “melhor do mundo” ou uma “segunda Janeth”. Se Iziane conseguir manter a cabeça no lugar e realizar seu trabalho com naturalidade, alheia a pressões externas, com toda a certeza vai conseguir um dia um lugar no panteão dos grandes mitos do esporte nacional. Um lugar com vista para o mar da Praia de São Marcos. Da melhor qualidade. Acho que você, Iziane, há de concordar comigo.

Um comentário:

Bruna Castelo Branco disse...

Menino, meu texto de hoje ia ser sobre o Pan. Fico impressionada como o esporte exerce essa magia. Vejo o meu pai torcendo por Giba...e entendendo tudo sobre nata�o, gin�stica ol�mpica, atletismo e qualquer coisa que vier pela frente...hehehe
beijos