sexta-feira, julho 13, 2007

OS BONS MOMENTOS DA VIDA

Prezada Sthefanne.
Você não me conhece. Meu nome é Ney Farias. Trabalho na Redação do jornal O Estado do Maranhão. Sou revisor. Alguém que faz o possível para transformar as reportagens bem escrevidas em textos bem escritos. Em outras palavras, é responsabilidade minha corrigir os erros gramaticais, ortográficos e até matemáticos que porventura possam aparecer nas matérias, toda santa noite.
Agora, vamos ao que interessa. Fiquei sabendo do seu problema de saúde. Seu pai me contou tudo o que havia para ser dito a respeito do drama que sua família viveu, nesses últimos dias. Shakespeare é um bom amigo. Ele, Josivaldo, Duarte e eu somos uma espécie de aventureiros da meia-noite. É porque nunca sabemos o que poderá acontecer, a cada viagem das Kombis que transportam funcionários da Mirante até suas residências. Ainda bem que ainda estamos vivos, como diria um certo escritor alemão.
Antes de começar a escrever isto aqui, seu pai já havia saído. Parece que houve uma festinha em sua escola. Muito provavelmente, suponho, deve ter sido uma festa alusiva aos festejos juninos. Um pouco mais cedo, antes de começar a trabalhar, eu o vi erguendo os braços, em comemoração, assim que Duarte chegou. Imaginei que eram boas notícias e fui até os dois para confirmá-las. Shake - assim ele é mais conhecido pelas bandas daqui - me disse que você já havia voltado para casa e que voltara a caminhar. Fiquei feliz com a felicidade dele, uma vez que o Shake que todos gostamos de ver é um sujeito bem-humorado e brincalhão, na maior parte do tempo. E quando você vê uma pessoa alegre e divertida ficar triste de uma hora para a outra, uma sensação de pessimismo se abate sobre todos nós e afeta, de maneira sutil, até mesmo a maneira como trabalhamos num lugar em que os equívocos costumam ser ressaltados ainda mais que os acertos. É assim que vejo tudo acontecer.
Mas esta crônica não é para falar a respeito de seu pai ou mesmo de amigos que jamais serão esquecidos. Fiz esta crônica com a intenção de pedir a você que, na medida do possível, tente aproveitar os bons momentos da vida.
O que é um bom momento, para você? Para mim, um bom momento é quando estou de folga. No sábado, costumo sair pela manhã. Vou ao Centro comprar livros. Depois, entro no primeiro ônibus que tenha como destino a avenida Litorânea. Uma vez na praia de São Marcos - sempre ouvindo a Rádio Universidade FM -, visito o Bar e Restaurante Coração do Mar, onde experimento uma cerveja da melhor qualidade.
Mas é aquela história: faça o que digo, mas não o que faço. Não vá atrás desse lance de cerveja. Ou de qualquer bebida que contenha álcool. Prefira pedir a seu pai que te leve para São Marcos, mas para vocês tomarem juntos um sorvete ou um refrigerante. E, enquanto estiverem conversando sobre os assuntos mais banais do cotidiano - assuntos que só interessam a um pai e a uma filha profundamente afeiçoados um pelo outro -, aconselho a você fechar os olhos de vez em quando, para ouvir a canção do oceano. Não tem como se confundir: a melodia é semelhante às batidas do seu coração.
Um bom momento da vida pode estar no contato com a poesia. Caso você não seja uma dessas criaturas ávidas por leitura, sugiro que comece. Aliás, aproveite que seu pai tem o nome de um dos bardos da literatura universal e leia peças com as quais você possa se identificar. Imagino que você deva ser uma adolescente do tipo romântica. Portanto, leia “Romeu e Julieta”. Ou então, se gostar de uma boa comédia, tenho como sugestão “Muito Barulho por Nada”.
Mas eu te falei sobre poesia, e será com poesia que terminarei esta crônica. Prezada Sthefanne, a bem da verdade o grande momento de sua vida é este, que agora você vivencia - agora que triunfa sobre a dor e a tristeza, renovando a paz, a alegria e a esperança daqueles que te amam. Aqueles que, assim como eu, sabem que a verdadeira poesia encontra-se na pureza do teu sorriso e no brilho do seu olhar.
Seja feliz, pequena grande estrela.

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