domingo, julho 15, 2007

UM DOMINGO QUALQUER

Hoje não foi um domingo qualquer. Hoje, os deuses – principalmente os do esporte – acharam por bem determinar uma série de vitórias para a nação brasileira. Amanhã, aqueles que passaram a maior parte do domingo concentradas diante da televisão vão acordar, tomar seu banho e seu café, beijar a esposa ou o marido (os filhos, se filhos tiverem), e sairão de casa (ou não sairão) com um sorriso de orelha a orelha. Porque hoje não foi um domingo qualquer.
Em um domingo qualquer, o noticiário só tem tristezas. Como, por exemplo, a história das três pessoas que morreram em um acidente ocorrido na PA-159. Um pai e seu filho estavam entre as vítimas. A caminhonete em que estavam capotou várias vezes na estrada. Há suspeitas de que o motorista estivesse alcoolizado. Senhor, rogai por nós, que somos pecadores, que somos felizes e muitas vezes esquecemos disso. Ou então simplesmente não esquecemos – apenas fazemos questão de reclamar e reclamar e reclamar, como se Tu, nosso Pai, criador do Céu e da Terra, e dos animais que nela habitam, fosse nosso o nosso grande adversário e maior de todos os prejudicadores.
Em um domingo qualquer, descobrimos que, em São Paulo, os cartórios fazem, mensalmente, quase 300 separações e divórcios. Segundo o Colégio Notarial, entidade que representa os cartórios, foram realizadas 504 separações e 560 divórcios de 5 de janeiro até o quinto dia de maio deste ano. E quando se deve pedir um divórcio? Fiquei sabendo que a forma rápida de divórcio demora no mínimo 12 meses. Demora um ano inteiro para o casal repensar a separação ou ter certeza de que o amor não pode mais ser restaurado. Certa vez, um preletor, na inesquecível Igreja Batista do Cinqüentenário, lá no Maiobão, disse que o casamento é obra de Deus e a separação fruto das maquinações de Satanás. Como somos exagerados! Como adoramos uma hipérbole! Como gostamos de meter o nariz em assuntos com os quais não temos a menor intimidade! Coitada de nossa pobre teologia de almanaque...
Mas hoje não foi um domingo qualquer. Hoje, meu afilhado comemorou mais um aniversário. Ele não tem nem 18 anos. A estrada da vida estende-se diante dele. Há quilômetros e mais quilômetros a serem percorridos. Pela educação que vem recebendo, tem tudo para alcançar destinos fantásticos, maravilhosos e iluminados. Sei muito bem que, no futuro, pode acontecer algo que o faça pensar diferente. Poderá ir para a esquerda, ao invés de para a direita. Poderá, também, cometer mais erros que o necessário e absolutamente perdido. E nesse dia haverá pranto e ranger de dentes. Mas sei que ele não passará por essas infelicidades. Será bravo, será forte, um filho do Norte.
E neste domingo – que não foi um domingo qualquer – todos nós fomos capazes de sorrir.Alguns por causa de três bolas na rede. Outros por causa da bola caindo na quadra adversária. E outros tantos com a medalha no peito. Brasileiros, sim. Com muito orgulho. Com muito amor.

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