domingo, maio 11, 2008

Bob Marley continua influente

Hugo Cals, JB Online

RIO - O músico Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley, é sem dúvida uma das maiores figuras do cenário musical em todos os tempos. Depois do rosto do guerrilheiro Che Guevara, o de Bob é o mais visto em camisetas em todo o mundo. Apesar de ter morrido há exatamente 27 anos, no dia 11 de maio de 1981, vítima de um câncer generalizado, o músico continua influenciando as novas gerações. É possível encontrar traços da música de Marley em diversos grupos e artistas contemporâneos.

Primeiro artista a gravar uma faixa de Bob Marley, Eric Clapton, foi sem dúvidas o responsável direto pelo seu sucesso internacional. O guitarrista inglês, que já estava voando em carreira solo depois do término de seu grupo Cream, conheceu o álbum Burnin' (lançado em 1973), do grupo de Bob, The Wailers, e regravou em 1975 I shot the sheriff, uma canção de protesto que logo tornou-se sucesso mundial.

A partir do 'cover' por um dos maiores guitarristas da música, os olhos do mundo se voltaram para a Jamaica. Nesta época, Bob já era praticante fervoroso da religião rastafari, e utilizou seu espaço na mídia tanto para promover suas músicas quanto para difundir a doutrina que ditava o seu estilo de vida.

Segundo a filosofia, os praticantes eram proibidos de cortar qualquer parte do corpo (incluindo o cabelo, razão pela qual Bob desenvolveu suas famosas tranças dreadlocks), louvar o deus Jah (os 'rastas' acreditavam que Hailé Selassie III, rei da Etiópia, era a personificação do deus na Terra), seguir a dieta ithal (baseada em comida natural), que proíbe frituras, sal, álcool e tabaco, e deveriam fumar maconha, erva sagrada do rastafarianismo, para atingir níveis transcendentais que os colocariam em estado de meditação.

Bob seguiu excursionando até o fim de sua vida, lançando diversos álbuns, que vendem muito até hoje, como Exodus, Kaya, Uprising, Survival, entre outros. O cantor foi diagnosticado com câncer em 1977, ao machucar o dedão do pé em uma partida de futebol. Foi recomendado ao cantor que amputasse o membro, mas por conta de sua doutrina religiosa, Marley negou-se e o câncer se espalhou por seu corpo tirando sua vida quatro anos mais tarde.

Desde então, Bob Marley ainda pode ser visto regularmente em listas de lançamentos musicais, por meio de compilações (o álbum Legend é perfeito para quem quer conhecer o cantor), álbuns ao vivo, sobras de estúdios, boxes (como o excelente Songs of freedom) e até mesmo um álbum de duetos (Chant down Babylon), que por meios tecnológicos agregou a voz do cantor a artistas como Steven Tyler (líder do Aerosmith) e Lauryn Hill.

Além disso, o som de Bob Marley influenciou diversos outros artistas, que nada tem em comum entre si. O tropicalista Gilberto Gil já havia homenageado o cantor no álbum Realce, quando gravou uma versão em português de No woman no cry (batizada de Não chores mais) e anos mais tarde dedicou o álbum Kaya´n´gandaia inteiramente a Marley.

Artistas do hip-hop norte-americano também gravaram o cantor. O grupo Fugges fez a sua versão para No woman no cry em seu disco de estréia, The score. Em 2007, o rapper nova-iorquino Fat Joe lançou no álbum Me, myself and I a faixa Breathe and stop, em que utiliza a base de War, uns dos grandes sucessos de Bob Marley.

Também é notória a influência de Marley nos grupos brasileiros de reggae que estão na ativa, como Ponto de Equilíbrio e Natiruts, que sempre incluem faixas de rei do reggae em suas apresentações ao vivo. O grupo Skank, quando ainda era uma banda cover chamada Doctor Penetrations, sempre tocava Is this love em suas apresentações.

Até mesmo na música eletrônica Marley se fez presente: remixes dançantes de Sun is shining estão espalhados pela internet. Os filhos do cantor também seguiram a carreira musical, como Damian, que regravou Pimper´s Paradise, sucesso de seu pai.

Apesar de ter rodado o mundo se apresentando, Bob Marley só veio ao Brasil para cumprir agenda da gravadora. Em 1980, Marley aportou no Rio para evento da gravadora Ariola, que lançava os álbuns do The Wailers no Brasil. Bob jogou futebol com os cantores Chico Buarque e Moraes Moreira e foi ao morro da Urca em um evento da famosa festa Noites Cariocas. Bob pode ter morrido, mas seu legado permanece vivo indefinidamente.

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