quarta-feira, abril 11, 2012

TRÊS LIVROS TRISTES

Um livro é muito importante. O livro deve ser levado muito a sério. Quando alguém senta-se diante do computador (como em tempos idos debruçava-se sobre a máquina de escrever), está pronto para colocar em, sei lá, 100, 200, 300 páginas o melhor que seu esforço de imaginação pode produzir.
            O problema é que nem sempre esse esforço resulta em um material de qualidade. Muitas vezes o livro, como tantas pessoas que por aí existem, não nasce direito e por isso acaba não agradando a quem corre para livrarias e sebos para se dar de presente ou oferecer a um ente querido preciosidades que distrairão momentaneamente das atribulações cotidianas.
            Por que um livro não nasce direito? A culpa é de seus pais. Para que não haja conotações e denotações machistas e chauvinistas neste opúsculo, devemos afirmar que homens e mulheres escribas são capazes tanto de obras-primas quanto de infelicidades na proporção de 50% para cada.
Um exemplo feminino? Stephenie Meyer – a inacreditável autora da saga “Crepúsculo”. Inacreditável, no caso, em razão de seus livros de maior sucesso. Que são francamente ruins. E a pobreza desses trabalhos se reflete nos filmes – fracos e nada convincentes. Tampouco são divertidos, o que poderia ajudar a salvá-los do naufrágio que foi levar para as telonas uma história de amor nada interessante.
Agora, um modelo masculino de como às vezes um trabalho que tinha tudo para dar certo acaba se afogando tranquilamente no oceano da mediocridade.
Quem lê livros há pelo menos 20 anos conhece Sidney Sheldon. Pois este ótimo escritor norte-americano é o responsável por preciosidades como “O outro lado da meia-noite” e “Um estranho no espelho”. Nas minhas férias, degustei literariamente “A ira dos anjos” – um romance muito bacana, em que uma advogada se mete em trocentas peripécias e, no fim das contas, acaba se dando inteiramente mal.
Mas como nem tudo são flores, o senhor Sheldon derrapou com uma trilogia “infanto-juvenil” – “O estrangulador”, “Os doze mandamentos” e “A perseguição”. O que podemos classificar como três livros tristes.
Comecemos pelo último. Em “A perseguição”, jovem de descendência japonesa herda uma fortuna. Quando precisa viajar para os Estados Unidos, descobre que alguém quer ficar com a grana e matá-lo no meio do processo. Aí, precisa fugir feito louco do pretenso assassino. Em “O estrangulador”, um serial killer que mata mulheres em dias de chuva por causa de um trauma de infância aterroriza a cidade de Londres e um detetive da Scotland Yard quer pegá-lo de qualquer maneira. Já em “Os doze mandamentos” (isso mesmo, ele acrescentou mais dois por conta própria) pessoas que não cumpriram as regras sagradas ficaram ricas e famosas.
Não são exatamente obras-primas, certo?
            Mas podia ser pior. Há meia dúzia de três ou quatro fins de semana, li de fio a pavio uma outra grande bobagem, cujo título era “O menino do pijama listrado”. Do que se trata: um menino chamado Bruno não conhece nada do Holocausto e da Solução Final contra os judeus. Também não faz ideia dos desdobramentos e horrores perpetrados durante a Segunda Guerra. Mas em determinado momento conhece um garoto chamado Shmuel, preso em um campo de concentração, que veste um pijama listrado que apavora Bruno. Pois esses dois meninos acabam se tornando amigos. E o resto da história é a famosa conversa flácida para acalentar bovino.
            A bobagem do sr. John Boyne mereceria uma boa paródia. Algo referente a zumbis, vampiros ou lobisomens – assuntos que estão “na moda”, por assim dizer. O título, vejamos, podia ser “O pijama do menino listrado”. Só para chatear.

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