domingo, agosto 12, 2007

É MUITA FALTA DE ABSURDO

Fiquei sabendo – e foi pessoa séria quem falou – que São Luís do Maranhão não faz parte da lista das “50 Melhores Cidades para Trabalhar”, divulgada pela revista “Você S/A”, da editora Abril. Se vacilar, esta capital pode não ser nem uma das 150. Mas nem tudo está perdido. Nossa Ilha querida ainda pode ser a terra das oportunidades... e para os oportunistas.
Quem trabalha no ramo de “acompanhantes”, então, está feito. Das universitárias completinhas à massagem com direito a bumbum, os anúncios multiplicam-se com im-pressionante facilidade. Estão mais fáceis que pão e pitomba na feira. Nada como ver pessoas honestas vencendo na vida com o suor do seu trabalho.
Jogadores de futebol de terceira categoria também podem se dar de bem, por aqui. Boleiros de terceira, que não vislumbram alternativa melhor do que atuar no fute-bol de quinta daqui do estado. Portanto, o sujeito tem que ser esperto e seguir a receita secreta que todo mundo conhece. Em primeiro lugar, seguir a moda contemporânea e gravar os gols em DVD. E os gols devem ser bonitos, para impressionar a patuléia que, de futebol, mal sabe o que é a bola. Depois de contratado, pedir logo adiantados dois meses de salário. Durante os jogos, fazer de conta que está no gramado de corpo presen-te. O passo seguinte é simular contusão. E quando a diretoria ameaçar demitir, avisar que entrará na Justiça se não forem pagos os outros meses previstos no contrato.
Professores, não venham para cá. Ou deixem para vir depois que alguém defe-nestrar essa raça que “comanda” este estado. Mas sempre há aqueles com tendências porno-erótico-sadomasoquistas. Gente que encontra o máximo de prazer até no mínimo de sofrimento. Imaginem esse tipo de pirado tendo verdadeiros orgasmos trepidantes ao abrir o “contrachoque”.
No caso dos jornalistas, imagino que o principal problema seja responder à mais capciosa das perguntas: “Será que eu trabalho no jornal que fica antes ou no que fica depois da ponte?” Ou então pode se aventurar pelo colunismo social. Mas aí tem que saber onde começa o elogio sincero e onde termina a bajulação vergonhosa. Ah, tem que ter um blog. Hoje em dia, qualquer hebreu não-praticante tem um. Eu já fiz o meu. Não tenho pretensão alguma de vê-lo sendo lido por paulistas, cariocas, cearenses, mar-cianos e incas venusianos. Para mim, já é grande honra e privilégio que Bruna Castelo Branco o visite, de quando em quando. Mas o de um candidato a candidato a jornalista deve receber pelo menos uma meia dúzia de três ou quatro comentários. Porque um blog que ninguém comenta é muita falta de absurdo.
Ah, já ouço a voz rouca da platéia (a meia dúzia de três ou quatro que achou estas linhas interessantes, coitados), a fim de saber: “Você recomenda o trabalho de revisão para quem estiver a fim de vir para cá?” Mas é claro que recomendo. Há filis-teus que escrevem muito mal. E o pior de tudo é que se acham, os miseráveis. Um revi-sor é necessário, sim. Ou vários revisores. Essas criaturas abnegadas, que, às vezes, ou-vem a música agourenta, que surge dos subterrâneos das redações para assombrá-los: “Lerê, lerê, lerê, lerê, lerê...”.
Para finalizar com uma conclusão definitiva, São Luís pode ser que um dia seja a terra das oportunidades. Pode ser que a capital maranhense possa um dia ser considera-da um Eldorado – um lugar em que todos são capazes de prosperar, e de maneira lícita. Nada parecido com senadores gananciosos e cheios de artimanhas. Nada parecido com espertalhões que usam “laranjas” para desviar recursos do Governo Federal. Nada pare-cido com abutres da aviação civil que estão muito mais interessados em lotar aviões sucateados do que assegurar o bem-estar dos passageiros. Um dia, haverá uma São Luís que todos vão considerar a “jóia da coroa”. Vai ser muita falta de absurdo se isso não acontecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Texto interessante...quanto ao blog realmente é necessário, o meu é o mais visitado daqui de casa
abraços