sábado, agosto 02, 2008

A POLÍTICA EXTERNA MUTANTE DE BARACK OBAMA

Apesar do discurso transformador e da promessa de mudança, planos concretos e histórico do candidato democrata mostram que, na prática, não há ruptura total com modelo vigente
(Transcrito da Folha de São Paulo - 27/07/2008)

ROBERT DREYFUSS, DA "NATION" (Tradução de CLARA ALLAIN)

"Vale lembrar que Barack Obama não é um messias", diz Richard Danzing, assessor de segurança nacional do candidato democrata à Casa Branca, em tom de semichacota. Em nenhum outro setor as expectativas quanto a uma possível Presidência de Obama são tão grandes quanto na política externa, em que muitos americanos - e a maior parte do mundo - não vêem a hora de chegar ao fim a abordagem demolidora de George W. Bush.
Obama modificará ou inverterá o rumo atual em algumas áreas importantes: ele reduzirá as forças americanas no Iraque; lançará um diálogo com adversários como Irã, Síria e Cuba; fechará Guantánamo; renunciará ao unilateralismo e às guerras preventivas, reconstruirá os laços dos EUA com seus aliados e fará o país assinar o Protocolo de Kyoto para reduzir as emissões de gases.
Já prometeu buscar "um mundo sem armas nucleares". Em contraste com o rival republicano John Mccain, colocará a ameaça do terrorismo numa perspectiva adequada, elevando a importância de outras ameaças à segurança, da pobreza às doenças pandêmicas e ao aquecimento global.
Sob muitos aspectos, porém, parece provável que Obama presida sobre um retorno ao consenco bipartidário que regeu a política americana durante a Guerra Fria e os anos 90, atualizado para o mundo pós-11 de Setembro.
Essa conclusão nasce de um exame das opiniões do democrata, além de dezenas de entrevistas com especialistas em política externa - inclusive com o núcleo principal da equipe de Obama -, e de uma revisão de discursos e artigos, como o que ele assinou na "Foreign Affairs" em 2007, e no capítulo "O Mundo para Além de Nossas Fronteiras" de seu livro "A Audácia da Esperança".

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