quinta-feira, fevereiro 02, 2012

A TENDÊNCIA É PIORAR

Para começo de conversa, o sistema de transporte coletivo de São Luís do Maranhão sempre foi ruim.

Lembro dos meus tempos de colégio. Eu tinha entre dez e onze anos quando aprendi, sozinho, a entrar em um ônibus para ir ao bom e velho Meng. Saía de casa, na saudosa Rua Professor Mata Roma, acessava a não menos memorável Rua 15 – onde morava a inesquecível Rosângela – e a partir daí seguia até o ponto final dos coletivos que serviam ao Bairro de Fátima.

Não morávamos muito longe do Centro, mas a impressão que dava é que a distância era maior. Muitos anos depois, já residindo na Cidade Operária e precisando ir à UFMA, passei muito sufoco me espremendo em verdadeiras latas de sardinha. Quando eu era garoto, parecia ser muito pior. O que eu via era que o Bairro de Fátima ficava do outro lado da cidade, de tanto que o lotação parava para recolher passageiros.

Uma vez, tomei uma suspensão justamente por isso. Na época, chegar atrasado à escola não era regra e sim exceção. Até que um dia a tolerância da diretoria terminou, e eu acabei entrando em um grupo de alunos “relapsos”. Em casa, fui acusado de “dormir demais”. Com essa falta de apoio, o jeito era me esforçar para não cometer mais uma vez o mesmo “erro”.

O certo mesmo é que, se você não nascer em berço de ouro nem acertar de cara em uma Mega-Sena acumulada de 60 milhões, o jeito é virar refém do sistema de transporte coletivo. Hoje mesmo, um dia após a confusão ocorrida no Terminal de Integração do São Cristóvão, passei por uma situação constrangedora.

Quando o ônibus da linha Jardim Tropical/Santos Dumont aproximava-se do Parque do Bom Menino, o motorista simplesmente estacionou em um posto de combustível e instruiu o cobrador a “colocar os passageiros em outro carro”. O ônibus apresentou qualquer problema mecânico, não informado, e ficou por isso mesmo. E assim foi feito. Entre mortos e feridos, salvaram-se os que nada têm a ver com os defeitos mecânicos apresentados por veículos que deveriam ter sido aposentados há séculos. E a tendência, lamento constatar, é que essa esculhambação piore.

Agora, o mais engraçado – e triste – é que os motoristas e cobradores se passam por vítimas do sistema, quando não passam de colaboradores. As greves que protagonizam não passam de um recurso dos empresários que os comandam no sentido de pressionarem a Prefeitura a aumentarem o preço das passagens. Assim, deliram esses imbecis, podem encontrar um jeito de aliviar os “prejuízos” que encontram ao gerirem o sistema que eles mesmos tornaram precário.

Mas ainda não aconteceu em São Luís a Grande Crise. Como ocorre em Recife, em Teresina, em localidades nas quais a população parte para cima do sistema. Ônibus apedrejados e incendiados, um verdadeiro clima de guerra civil.

Talvez seja este o choque de que se precisa, aqui na Ilha, para melhorar a situação do transporte coletivo de São Luís.

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