segunda-feira, outubro 03, 2011

Escola na lanterna do Enem tem "cracolândia" e nerd com nota 6

03/10/2011 - 07h30

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Você abre a apostila de português de Caio*, 16, e o primeiro exercício é sobre a música "Fora da Ordem", de Caetano Veloso. A pergunta: "O que lhe parece estar fora de ordem ao seu redor?".

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Por onde começar? "Aqui não se chama escola, não. É Febem", compara Rita*, 12.

Ela diz, e os colegas ecoam, que "tá tudo errado" na Escola Estadual Bibliotecária Maria Antonieta Ferraz, em Cidade Tiradentes, no extremo da zona leste de São Paulo.

Por lá, faltam segurança, professor, sala de informática. Carteiras estão quebradas e alguns banheiros não têm porta nem papel higiênico.

O banheiro é apelidado de "chaminé" e "cracolândia". Segundo uma mãe de aluno, que não quis se identificar, o uso de drogas no colégio é uma preocupação.

Das 897 escolas avaliadas na cidade de São Paulo, a Bibliotecária ficou com a pior nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2010.

Com 25% de participação dos alunos, a instituição teve média de 463 pontos na prova, contra 749 da campeã, a Vértice (85% de presença), localizada no Campo Belo, zona sul da cidade.

Os estudantes da Bibliotecária querem ser advogados, dentistas, jornalistas. Por ora, não põem fé que isso vá acontecer. "A gente fica com vergonha de dizer que estuda aqui", diz Rebeca*, 16.

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