quarta-feira, outubro 05, 2011

Leia a íntegra da entrevista coletiva de Roque Barbiere na Assembleia de SP

05/10/2011 - 03h30

DE SÃO PAULO

O deputado Roque Barbiere (PTB) concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira (4) em que reafirmou a acusação de que parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo enriqueceram negociando emendas com prefeituras e fazendo lobby para empreiteiras.

Sem dizer nomes, ele se referiu à Assembleia paulista como camelódromo. "Isso é igual camelô, cada um tem um jeito". "Para os mais antigos, não é surpresa. Se fingir que é surpresa, é hipocrisia", reiterou.

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Leia abaixo a íntegra da entrevista coletiva do deputado Roque Barbiere:

Jornalista: O senhor pretende ir lá na quinta-feira na comissão [de Ética] ou mandar por escrito?

Roque Barbiere: Estou pensando em fazer por escrito para não ter dúvida sobre o que foi dito. Por escrito fica fácil, se eu falei x coisas.

Jornalista: Neste escrito você vai dar algum nome?

Nenhum nome, nem com o revólver na cabeça. Meu objetivo não é dedurar ninguém é acabar com a prática. dar a ela mais transparência.

Jornalista: Mas não precisa mostrar alguns casos?

Tem caso de gente que até já morreu. por que que adianta citar?

Jornalista: No primeiro momento, o senhor disse que ia citar dois ou três nomes. Depois um nome.

Isso, conforme a conversa no Ministério Público.

Jornalista: Já está marcada essa conversa?

Eu acabei de chegar do hospital. Que eu fui pai, minha nenezinha nasceu prematura. Parece que o promotor já mandou um convite. Eu ainda nem vi isso com os meninos porque eu acabei de entrar aqui, mas como já mandou, eu vou atender, ele foi gentil. Eu posso escolher a hora e o lugar, porque o deputado tem essa prerrogativa, mas não quero fazer uso dela não. Assim que eu quiser falar com ele eu vou lá onde ele estiver.

Jornalista: O senhor teme ser punido? porque disseram que se o senhor não apresentar nomes, o senhor vai ser punido.

Que me punam. É só ler a matéria do Estadão para ver se eu falei mentira. A não ser que o Estadão seja mentiroso. Leia o Estadão de hoje que tem uma reportagem sobre um assessor de um deputado que estaria não sei que época vendendo emenda. Vocês da imprensa tem que ajudar, não é ficar buscando nome que nem vampiro, que vocês gostam de f... alguém. Não é isso aí. É ajudar acabar com essa prática. Vocês não veem todo dia em Brasília? É o ministro que liberou dinheiro para uma ONG, que a mulher uma empregada doméstica nunca teve empresa, que a sede da empresa é uma casinha na Coab. E são milhões de reais. Pagamento não deveria ter emenda. Nós vivemos isso aqui. Até 2005 não tinha emenda. Passamos o governo Fleury inteiro sem emenda, o governo Covas sem emenda, um dos governos do Geraldo sem emenda, daí surgiram as emendas, que aparentemente parece que é bom, mas não é. é ruim.

Jornalista: Quando o senhor disse que tinha vizinho do senhor que estava comercializando emenda, o senhor estava se referindo a vizinho de região?

A vizinhos que já passaram por aqui e depois foram lá para o meu lado e ficaram ricos não estão mais aqui. Não existe vizinhos de gabinete meu.

Jornalista: Eram vizinhos de região?

Vizinhos que se tornaram vizinhos depois de sair daqui e enriqueceram.

Jornalista: Ex-deputados?

É... Eu estou contando história de 20 e tantos anos.

Jornalista: Mas o senhor tem conhecimentos de deputados aqui nesta Casa que exerçam essa prática?

Neste ano, nesta legislatura, nenhuma. Os meninos que chegaram agora. Metade da Assembleia tomou posse há seis meses.

*Jornalista: E a outra metade?

A outra metade alguns deles, não a outra metade toda dentre os quais eu me incluo, desde 2005 se utilizam das emendas. Uns bem, outros, mal. E a emenda é um mal.

*Jornalista: O senhor não acha melhor dizer um nome?

Não. Porque se tirar o A e colocar o B e deixar o mesmo sistema, quem garante que o B não vai fazer a mesma coisa?

Jornalista: Então ajuda a gente entender melhor como funciona esse esquema. O senhor falou que tem empreiteiras que comercializam... o senhor pode detalhar?

Tem várias maneiras. Isso é igual camelô. Cada um vende de um jeito. O que está errado. O que vocês tinham que ajudar o país, a sociedade e o povo de São Paulo, é acabar com a emenda. Qual a utilidade da emenda? Por que ter emenda? Como ela surgiu? Qual a vantagem? Ou para o governo ou para a população que o deputado tenha emenda? Aqui são 94 e em Brasília são 513.

Jornalista: No caso específico das empreiteiras que o senhor citou na TV TEM. Como funciona?

Cada um tem uma maneira. Eu não sei, eu nunca vendi emenda. Eu não sei te explicar como ela funciona. Cada um tem uma maneira, cada um tem um preço. Eu disse lá que a grande maioria é de gente boa e volto a dizer isso. E eu acredito nisso. Se eu achasse que a grande maioria era de malandro, eu já tinha ido embora daqui.

Jornalista: Agora, o deputado procura a prefeitura ou a prefeitura procura o deputado?

Os prefeitos que comentam com a gente.

Jornalista: Mas quem procura quem? É a empreiteira que procura?

Tanto faz. Isso é o de menos. Qual é a importância disso?

Jornalista: Mas só para a gente entender, o esquema nasceu aqui ou da prefeitura?

Tanto faz. De repente, é um prefeito desesperado por causa de verba, de repente é a empreiteira para fazer um bom negócio. Mas o pior vocês não estão enxergando. É ter emenda. Ninguém vai garantir que 100% dos que utilizam as emendas o façam corretamente. Você falou de cassar o meu mandato. Só se vocês me provarem que 0% ao longo do tempo que eu estou aqui fez isso. Daí, não precisa cassar. Eu mesmo renuncio.

Jornalista: Desde o momento que essa notícia veio à tona, que tipo de pressão o senhor sofreu?

Nenhuma. Nenhuma. Nem de colega. Nenhum tipo de ameaça. Outro dia ligou um repórter e perguntou: deputado, quem vai ser seu advogado? Advogado por que? Não sou réu, não. Eu não fui pego com uma sacola de dinheiro e para diminuir minha pena, eu estou delatando os meus colegas. Eu estou fazendo uma denúncia para mudar o sistema. E aqui, para os mais antigos, não é nenhuma surpresa o que eu falei. Se fingir de surpresa, é por hipocrisia.

Jornalista: Tinha a informação de que o senhor estava disposto a vir pessoalmente ao Conselho de Ética, mas o deputado Campos Machado pediu ao senhor que não viesse.

Não, não. O Campos é meu companheiro, meu amigo. Não me pediu nada, nada. Ninguém manda em mim. Quem mandava em mim era minha mãe e já morreu. O que eu não quero é ficar falando isso todo dia, que para vocês da imprensa pode ser necessário, mas para resolver o problema que eu quero, ou acaba com as emendas, ou dá mais transparência a elas. Agora, o governo está dando mais transparência. Se o governo está dando mais transparência agora, é porque não era tão transparente antes, concorda comigo? Tem lógica meu raciocínio? Agora, estão dando mais transparência. Agora, estão vendo a minha para onde foi, a dos outros deputados.

Jornalista: Tinha uma outra informação que o senhor estaria incomodado com alguns deputados que não são da região e estavam levando emendas para o seu reduto eleitoral.

Não. Nada disso. Eu sobrevivo, é meu trabalho. Eu peço voto para as pessoas da minha região. Elas votam ou não em mim. Eu tenho 32 anos de mandato, seis de vereador, dois de vice-prefeito, fui prefeito interino duas vezes e me elegi deputado seis vezes. Basicamente lá na minha região. Supostamente, para o meu orgulho, alguma utilidade eu tive para a região, se não, não votariam em mim. Recurso não tenho, milionário eu não fui, artista eu não sou, meio bonitão, mas nem tanto. Não teria porque votar em mim. Não vale a pena essa sangria de querer o sangue de alguém porque não vai resolver o problema, vai saciar naquele momento só. Vai continuar fazendo a mesma coisa.

Jornalista: O senhor não acha que vai frustrar. Que vai passar aquela imagem ruim da Casa? Ninguém vai ser responsabilizado?

Eu acho que estou fazendo um bem para a Assembleia. Que eu estou defendendo a Assembleia, coisa que outras pessoas deveriam fazer. Está ouvindo? Eu acho que eu estou defendendo a Assembleia.

Jornalista: Mas sem culpar ninguém, não pode ficar para toda a Assembleia?

Não, não vai. A corregedora lá do CNJ não quis dizer que são todos os juízes bandidos de toga. Todo mundo entendeu. Até o presidente do Supremo entendeu o que ela está querendo dizer, porque não pode dar uma liminar de manhã e de tarde cassar a liminar, com argumento que surgiram novos argumentos. Quais argumentos surgiram? Dá para imaginar, né. E é uma meia dúzia que faz isso em todos os segmentos.

Jornalista: Deputado, depois que o senhor deu aquela entrevista, aquele depoimento, o Estadão trouxe uma matéria que relata ter ouvido uma história semelhante. O que o senhor achou da declaração do Bruno [Covas]?

Eu vi um pedaço que ele falou que um dia um prefeito liberou uma emenda de R$ 50 mil, para saber para quem dar, ele mandou dar para Santa Casa. Eu acredito ser bastante verdadeira. É possível isso aí. Essa pratica da emenda leva esse tipo de situação aí.

Jornalista: O senhor é favor que acabe essas emendas ou dê transparência?

Transparência seria um atenuante. O ideal para o povo de São Paulo e para o próprio governador, seria uma maravilha acabar com emenda.

Jornalista: Mas os deputados iriam continuar indo nas secretarias pedindo que os prefeitos firmassem...

É isso que o deputado tem que fazer e eu fiz a vida toda. Pegar o prefeito na mão. E ir lá na secretaria, o prefeito faz o pleito dele e escolhe a prioridade, não eu. E o secretário responde se vai atender ou não, eu só abro a porta. Sabe que a maioria dos secretários faz hoje com a gente?
Vamos supor que você seja um prefeito. Fala o nome de uma cidade?
Monte Aprazível. Porque em Birigui o cara é um xarope do cacete. Quero uma quadra poliesportiva. Então, eu tenho que ir com você na Secretaria de Esportes. Eu, deputado lá da tua região, marco uma audiência com o secretário. Hoje, sabe o que o secretário vai falar? Pô, prefeito eu estou sem orçamento, o deputado faz uma emenda para ele, você tem lá as suas emendas...porque você não apresenta uma emenda para eles...o secretário te recusa a dar o recurso com a desculpa que o deputado tem a emenda que poderia te atender ao invés dele.

Jornalista: Quando o senhor disse que no Ministério Público, dependendo de como for a conversa, o senhor pode dar um nome ou não? O que que faria dar um nome ou não?

Você está querendo intimidar. Você nunca leu o Jânio Quadros? Uma vez foram perguntar para ele porque ele renunciou, um cabeludo lá perguntou. Um rapaz intimidado ia dar muito trabalho. O filho usou aborrecimento, eu não quero ter nenhum dos dois com você.

Jornalista: Em dezembro o senhor mandou um ofício para a Casa Civil com 4 perguntas, na época do Marrey.

Jornalista: Da data ele lembrou. O senhor teve resposta?

Nenhuma.

Jornalista: O que levou o senhor a fazer esse requerimento? O senhor queria informação sobre o que?

Sobre ONGs e fundações.

Jornalista: Tinha emendas.

Eu tinha notícias da rádio-peão de que ONGs e fundações não muito decentes estariam recebendo emendas de deputados e fiquei curioso e quis saber quais eram. Eu não sei se era ONG verdadeira, ONG que funciona, não me deram a resposta.
No âmbito do Estado.

Jornalista: Por que o senhor não fez o trâmite comum?

Eu apoio o governo. Não quero esculhambar o governo. Eu queria a resposta. Eu fui amigo. Podia fazer isso pela tribuna da Assembleia.

*Jornalista: O Estadão apurou que o senhor viu alguma coisa errada na TV Assembleia...

Não é que eu teria visto, eu vi. E não entendi. Talvez o promotor possa me responder isso aí. Quem transmitia essa TV Assembleia, que na minha opinião não deveria existir, que nem a mãe da gente assiste a TV Assembleia e se assistisse teria que internar ela correndo, custa uma fortuna para o povo de São Paulo.
Aí, estranhamente, a TV Cultura parou de transmitir, não sei se venceu contrato ou não. Ficou quietinha. E aí a Mesa diretora da Assembleia contratou emergencialmente --qual a emergência de uma TV Assembleia?-- sem licitação, uma fundação, onde um dos diretores trabalhava aqui na Assembleia não sei com quem. E era ao mesmo tempo diretor da fundação. Esquisito, né? Ou não?

Jornalista: Quem é essa pessoa?

Um tal de Luchete. Eu não conheço pessoalmente. Esse grandão jornalista aí fora pode falar quem é, eu não sei dizer quem é.

Jornalista: Você acha que a TV custa caro demais?

Eu acho que não deveria nem existir, rapaz. Dava para fazer um pronto-socorro oftalmológico que era bem mais útil para a população de SP que TV Assembleia.

Jornalista: Ela custou 15 milhões por 9 meses.

Eu acho dinheiro jogado fora. Se fosse um real eu acho que era dinheiro jogado fora.
Para que TV Assembleia? Você assiste? No interior agora tem TV Câmara. mas ninguém assiste e custa caro.

Jornalista: O senhor mesmo falou que é da base governista. O senhor imaginou que pudesse constranger o governo?

Não tive essa intenção. Se constrangeu o problema é dele, porque eu não sou empregado dele, só apoio. Na minha opinião, já faço muito de apoiar.

Jornalista: O senhor acha que deveriam publicar as emendas anteriores?

Acho que não publicou por desorganização. Não é por maldade ou desonestidade. O PSDB é ruim para se comunicar, eles não se comunicam nem entre eles. É o partido que eu apoio, mas é uma verdade o que eu estou dizendo. Mas não creio em nada na desonestidade do governador. Não é do perfil dele. Nem do Serra eu acho desonesto. Eu aprendi a gostar dos tucanos porque são sérios, são inteligentes. Mas o que mata são as penas, a vaidade.

*Jornalista: O senhor já teve um aborrecimento com os secretários da Casa Civil anteriores?

Nenhum. Sempre os respeitei e sempre me respeitaram.

Jornalista: O que o senhor acha da instalação do conselho de ética ou CPI?

Jornalista: Você acredita em CPI? Acredita que vai dar alguma coisa.

Quem é contra o governo enxerga o que não existe, quem é favor, finge que não viu.
Conselho de Ética já é diferente. É um número menor, mais reduzido, mais bem escolhido.

Jornalista: Tem muito menos poderes para convocar pessoas. As pessoas são convidadas.

Pode convocar sim senhor.

Eles não têm medo. Me conhecem há 20 anos. É respeito.

Jornalista: Todos disseram que o senhor é muito brincalhão. Foi uma brincadeira? Está arrependido?

Não é que sou brincalhão, sou bem humorado, é diferente. Brincalhão é o Tiririca, que disse que não ia piorar. Eu achei que ele era o único político que não ia mentir. Mas está piorando. Mas está ficando. Mas eu só fã dele.

Jornalista: O senhor acha que a investigação no MPE vai conseguir andar sem o senhor dizer, citar nomes?
Eu posso dar a ele algum tipo de informação que eu prefiro. Não é que não posso dar a vocês, porque se der para vocês vai sair no jornal, todo mundo vai esquecer, você sabe que é assim. E lá eles podem encaminhar mais.

Jornalista: Está disposto a fazer?

Depende da maneira que eu for tratado. Se o promotor for uma pessoa séria, eu vou levar um caso concreto para ele que envolve a Assembleia. E tem um parecer de um promotor falando que está tudo ok. Eu acho que não está. Se for um promotor sério, eu vou levar um caso para ele, que eu não vou dizer para vocês qual é, que ele vai olhar e ver que o colega errou, se ele fechar os olhos para isso, para que vou dar mais informação para ele?

Jornalista: Isso envolve colega ou ex-colega?

Ambos. O esquema de emendas começou em 2005. Antes não tinha emenda.
Foi na ocasião que o Rodrigo Garcia se elegeu presidente. Não quer dizer que foi ele, mas foi daí pra frente.

Jornalista: Rodrigo é de Votuporanga. Existe alguma ligação com as empreiteiras que operam lá?

Não vejo dessa maneira. Então, porque teve restituição dessas emendas.

Não foi discutido em plenário, simplesmente foi implantado. Certamente o governo deve ter concordado, se o governo não quiser, não paga nenhuma delas. Foi meio um pacto para manter a calma entre Executivo e Legislativo. O que é ruim, torna um refém do outro.

Jornalista: Alguém das construtoras procurou o senhor?

Não. Isso é licitação. Não adianta procurar. Eu quero acabar com o sistema.

Jornalista: Colegas deputados ligaram para o senhor ao longo desse processo com medo de que o senhor fale algo?

Não. Só disseram: sou seu amigo, conte comigo, não fica preocupado não.

Jornalista: O senhor procurou deputados?
Nenhum.

Jornalista: Só o campos. Ele é meu líder.

Jornalista: O que ele pediu?

Não pediu nada.

Jornalista: Quando o senhor deu a primeira entrevista em Araçatuba O senhor deixou escapar essa informação?

O rapaz queria entrevistar, é inteligente.

Jornalista: O que o senhor se orgulha?

Na Assembleia tem um percentual que age errado. Aí foi parar no Estadão...Como eu vou ser contra o governo? Não tem razão de ser.

Eu não fui pego roubando e vou denunciar os outros. E digo mais e está autorizado qualquer pessoa investigar o que fiz com as emendas.

Jornalista: O senhor disse que não é nenhuma surpresa. Por que o senhor não denunciou antes?

Eu achei que seria algo bom.

Jornalista: Existe essa indicação de empreiteiras?

Tem quem faz, filho. Existe mil maneiras de se fazer coisa errada. Isso é igual a fazer sexo, tem mil maneiras de fazer, cada um escolhe a sua maneira.

Jornalista: O fato é que virou um negócio?

Para uma pequena parcela, virou um negócio. Mas o fato é que contamina a todos. Ninguém se beneficia. Torna um Poder refém do outro.

Jornalista: Sabe o que esse cara fez?

No que a imprensa podia ser útil. No parlamento não tem que ter emenda.

Eu achava mais produtivo. Conseguia fazer com que as políticas.

Jornalista: Na região do senhor, tinha essa questão de indicação de emendas?

Não é nada específico na minha região. Isso acontece a nível de Estado e de país. Vocês que noticiam essas coisas e verdadeiras. Não viu o que aconteceu no Turismo, Dnit, etc..

Jornalista: O senhor acha esquisito que parlamentar destine verbas para uma região que não tem voto?

Essa lei tinha que mudar. Não tinha que ter carta-convite, não tinha que ter ata. Carta-convite é lei federal.

Jornalista: O deputado que destina emenda para região que não tem voto. É a mesma empreiteira?

Mas não é ele quem contrata. É bastante esquisito.

Jornalista: O fato do parlamentar indicar a emenda isso significa que ele está buscando voto, mas aí parlamentar indica emenda e ele não tem um voto se quer no município. O que leva o parlamentar fazer isso?

Eu falei para o Secretário do Planejamento de São Paulo, que é uma pessoa super honesta, de quem eu sou fã, que chama doutor Emanuel [Fernandes], para mim de uma integridade acima de qualquer suspeita: eu disse para ele, o dia que eu, Roquinho, destinar um milhão para São José dos Campos, eu nunca fui a São José, nem sei ir... Viu como é fácil controlar, não precisa eu ficar dando nome.

Tive essa conversa com Emanuel, tive essa mesma conversa com a delegada Rose, que é minha amiga, que foi uma grande deputada, primeira delegada da mulher acho que do país, sobre esse teor, essa coisa de emenda tem que ter cuidado, o deputado não pode destinar emenda para lugar que nem sabe onde fica. Tem algo de estranho nisso.

Jornalista: Isso foi no começo da gestão? Foi.

Tive audiência com Emanuel e com delegada Rose, coisa de quatro meses atrás.
Nesta audiência eu falei de eu colocar uma emenda de um milhão para São José dos Campos. Qual seria motivo? Eles concordaram comigo, que iriam tomar providência, que teriam cuidado.

Não noticiei mal feito. Eu disse para ficarem arisco para não que não acontecesse.

Jornalista: E a Casa Civil?

Eles concordaram comigo. Disse que iriam ficar atentos. Tinha a Rose que era adjunta.

Jornalista: As audiências foram separadas. Foi no mesmo período.

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