MARCEL MERGUIZO
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
Chove em Barcelona. E Barcelona não gosta de chuva. Há dois dias chove sem parar, e os catalães reclamam. Não estão acostumados. Os turistas também não. Assim não é possível apreciar a beleza arquitetônica da cidade.
- Para biógrafo, vida sem bola é tédio para Messi
- 'Museu Messi' esconde Barcelona e provoca jogador 'cai-cai'
- Leia mais sobre futebol internacional
Perde o Barcelona. E o Barcelona não gosta de perder. Há duas semanas perdem com apenas uma parada vitoriosa ante o Sevilla, e os catalães reclamam. Não estão acostumados. Os jornalistas também não. Pois assim não é possível apreciar os recordes e os gols de Lionel Messi.
Messi não gosta de dar entrevistas nem de falar em público, mesmo que seja no vestiário. Mas Messi precisava estar no compromisso publicitário da marca que fez de uma loja o museu temporário do argentino de 25 anos.
Na chuva, Messi não se molha. Não porque anda com seguranças ou por estar cercado de representantes na Espanha. O atacante de 1,69 m não se molha porque é rápido, inclusive nas respostas.
Juanjo Martín - 2.mar.2013/Efe |
![]() |
Messi em ação contra o Real Madrid |
O que mais ouviu foi sobre como não transformar a garoa constante em tormenta. E a tempestade tem data para começar: terça, no Camp Nou, caso o Barça não reverta a desvantagem de 2 a 0 que o Milan abriu nas oitavas da Copa dos Campeões.
"Nós estamos conscientes das dificuldades, tivemos derrotas importantes e estamos conscientes de que precisamos criar um pouco mais para mudar essa situação. Temos uma partida importantíssima para reagir. Vamos fazer nosso melhor", afirmou.
Habilidoso e ágil com a bola, ele não repete os feitos com as palavras. E como não forja falta em campo também não foge de perguntas. Nem sobre o Real Madrid, já classificado na Copa dos Campeões e que bateu o Barça duas vezes nos últimos dias.
"Madrid está muito forte na Copa [do Rei]. Na Champions já está nas quartas. Sabíamos que quem passasse ia ser candidato a ganhar o título pela força dos dois times [o outro era o Manchester]."
E Cristiano Ronaldo, por que você é melhor? "É uma pergunta que tenho que escutar muitas vezes. Não jogo para ser melhor que ele, ou ele que eu. Mas para conseguir o maior número de títulos para o grupo. As comparações são coisas da mídia."
Os problemas de saúde do lateral Éric Abidal e do técnico Tito Vilanova afetaram o elenco? "Não." Os alemães estão bem na Champions? "Sim." O Porto pode ser campeão? "Sim." Tem dificuldade em enfrentar italianos? Está triste? Falta motivação? "Não, não e não." Claro, seguidos de breve explicação.
Em 35 minutos, somados os descontos dados ao mestre de cerimônia, o atacante ficou na defensiva. Abaixava a cabeça, olhava o relógio, mexia os dedos inquietamente.
Por quê? Se Messi acaba de se tornar o maior artilheiro em clássicos contra o Real, com 18 gols, ao lado de Di Stéfano, além de ter marcado nas últimas 16 rodadas do Espanhol, que o time lidera. Porque o Barça perdeu. De novo.
E os recordes, os títulos, os gols? As quatro Bolas de Ouro da Fifa estão ao alcance dos olhos de todos e ninguém pergunta algo para que ele estufe o peito e fale com orgulho enquanto chove lá fora?
A Copa é o único prêmio que ainda falta na sua carreira? Como você se imagina em 2014?, pergunta a Folha.
"O Mundial para qualquer jogador é o máximo, e pensamos nisso, em melhorar, conseguir fazer o possível. A Argentina está ficando forte como seleção. É o que queria o técnico [Alejandro Sabella] quando chegou. E como a maioria [dos convocados] é a mesma, acredito que o grupo vai ser forte daqui a pouco. Mas não penso em 2014."
Nestes tempos de chuva, Messi tem mais com o que se preocupar.
Quique Garcia - 26.fev.2013/AFP | ||
![]() | ||
O argentino Lionel Messi durante jogo do Barcelona contra o Real Madrid |
Nenhum comentário:
Postar um comentário