domingo, março 31, 2013

FÓRMULA 1 SEM BRAZUCAS?


Chico Landi, Nano da Silva Ramos, Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Ingo Hoffmann, Alex Ribeiro, Nelson Piquet, Chico Serra, Raul Boesel, Roberto Pupo Moreno, Ayrton Senna, Maurício Gugelmin, Rubens Barrichello, Ricardo Zonta, Enrique Bernoldi, Felipe Massa... Sim, a lista dos pilotos brasileiros que participaram da Fórmula 1 é considerável e “considerada” – como diria qualquer legítimo regueiro daqui  de São Luís.
            Essa participação brasileira teve diferentes graus de sucesso. Senna e Piquet foram tricampeões. Emerson conquistou dois títulos. Já Boesel, Zonta, Moreno e Bernoldi não passaram de “meros” figurantes. (O meros vai entre aspas porque eles chegaram ao “circo” tanto em razão da quantidade de dinheiro que gastaram para realizar o sonho quanto por seus méritos. E mérito só o tempo, que é o senhor da razão, pode julgar com propriedade.)
            O Brasil chegou até mesmo a contar com uma equipe 100% verde e amarela. A Copersucar (ou, como querem os puristas e saudosistas, Escuderia Fittipaldi), diferentemente do que se aponta como um “episódio risível e melancólico da história da F-1, foi uma equipe que terminou o campeonato de 1980 na oitava colocação, duas à frente da poderosa Ferrari. Em 1978, Emerson, ao volante do modelo F5A, chegou em segundo no Grande Prêmio do Brasil, disputado no Rio de Janeiro.
Caso esse feito magnífico tivesse ocorrido nos tempos atuais, em Interlagos, muito provavelmente Galvão Bueno, ao narrá-lo, teria dado à luz sem ser mãe.
Assim como o desempenho dos “brazucas” variou muito, o apreço do nosso torcedor pela principal categoria do automobilismo já foi bem maior. Graças basicamente a Nelson Piquet e Ayrton Senna. Com seu bicampeonato, Emerson foi o primeiro a nos ensinar a ficarmos sentados na frente da tevê ou com a orelha colada ao radinho durante mais de 50 voltas. Anos mais tarde, foi por causa dele que também passamos a gostar de Fórmula Indy, via Bandeirantes, ainda mais com sua vitória épica nas 500 Milhas de Indianápolis.
Mas Senna e Piquet, com seus confrontos acirrados e a rivalidade estendida para o plano pessoal, fizeram o número de aficionados pela Fórmula 1 triplicar. Com a morte de Ayrton e sem outro brasileiro voltar a ganhar um título que fosse, essa paixão pela velocidade reduziu-se drasticamente. Hoje, eu me disponho a ficar acordado madrugadas inteiras à espera das sessões de treinos e das corridas. Para não precisar assistir ao VT na manhã seguinte. Muitos jornalistas especializados e os fanáticos mesmo por esse esporte podem fazer o mesmo. No entanto, nove entre dez brasileiros preferem passar essas mesmas madrugadas dormindo tranquilamente. E não dá para condená-los. Quem os criticaria, se estivesse no lugar deles?
Estou escrevendo a esse respeito em razão de um comentário que “pesquei” durante a transmissão do Grande Prêmio da Austrália. Não lembro agora quem o fez. Em todo caso, aventou-se a possibilidade de Felipe Massa – único brasileiro a posicionar-se nos grids da F-1 -, em caso de fracasso na temporada atual, seria demitido da Ferrari. Nesse caso, ele não encontraria espaço nas demais equipes de ponta e, por fim, desistiria de sua trajetória na categoria.
Não acho que seria para tanto. Creio que sempre haverá um piloto brasileiro no “circo”. A Fórmula 1 ainda conta com um mercado sensacional aqui no Brasil. Sem um representante local, a perda de dinheiro e de audiência seria catastrófica.
Agora, seria também muito bom se aparecesse outro brasileiro genial, capaz de ganhar um título. Para a galera daqui voltar a ficar em peso diante da telinha nas manhãs (e madrugadas) dominicais.

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