quarta-feira, outubro 31, 2007

Adeus, Fellini

Por Ana Paula Amorim

O coração de Frederico Fellini, aos 73 anos (31/10/1993), não pôde mais suportar o esforço e parou.

Fellini nasceu em Rimini em 20 de janeiro de 1920, a cidade litorânea que seria cenário, 33 anos depois de "Os Boas-vidas". Deixou Rimini aos 17 anos para ser chargista de uma revista em Florença, demonstrando ser excelente desenhista e caracturista. Logo depois, passou a escrever pequenos roteiros e piadas para comediantes. Seus mestres no cinema foram Rossellini, para quem trabalhou em vários projetos, inclusive "Roma, Cidade Aberta", que se tornou o marco do Neo-Realismo. Fellini colaborou com vários filmes desse movimento cinematográfico.

Quando criança, fugiu de casa para seguir um circo (sendo dias depois devolvido aos pais), daí teriam nascido os exóticos personagens que povoam seu universo.

Em 24 filmes, o mago Fellini criou um universo próprio povoado por uma galeria inconfundível de personagens e deixou obras-primas como "A doce Vida" e "Oito e meio".

Um artista que simbolizava a rara união da originalidade com a popularidade, privilegiava a imaginação, o surrealismo, a fantasia e a nostalgia. Foram 40 anos dirigindo e criando filmes poéticos e inquietantes. Apesar de consagrado e venerado em todo o mundo, a julgar pelas declarações dos seus últimos anos, Fellini morreu desiludido com a missão que abraçou com fervor religioso, o cinema. Para ele este veículo andava perdendo "seu fascínio, seu prestígio, sua autoridade". E sentenciou: "A imagem perdeu sua força de sedução onírica. A TV banalizou não só essas imagens como a percepção delas."

O universo cinematográfico de Fellini era como circo-cinema, uma vez que o cinema possuía a mesma força e coragem do circo, numa mistura de técnica, precisão e improvisação.

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