Juan Chapa
A palavra Graal, etimologicamente, vem do latim tardio “gradalis” ou “gratalis”, que deriva do latim clássico, “crater”, vaso. Nos livros de cavalaria da Idade Média, entende-se que é o recipiente ou cálice que Jesus usou para consagrar o vinho, transformando-o no seu sangue, na última ceia, e que depois José de Arimateia utilizou para recolher o sangue e a água resultantes da lavagem do corpo de Jesus. Anos mais tarde, segundo esses livros, José de Arimateia levou-o consigo às ilhas britânicas (ver a pergunta: Quem foi José de Arimatéia?) e aí fundou uma comunidade para custodiar a relíquia, que posteriormente vincular-se-ia aos Templários.
É provável que essa lenda tenha se originado no País de Gales, inspirando-se em fontes antigas, latinizadas, como, por exemplo, as “Atas de Pilatos”, uma obra apócrifa do século V. Com a saga céltica de Parceval ou Parcifal, vinculada ao ciclo do Rei Artur e desenvolvida em obras como: Le Conte du Graal de Chretien de Troyes; Percival, de Wolfram von Eschenbach, ou Le Morte D’Arthur, de Thomas Malory, a lenda se enriquece e se difunde. O Graal converte-se em uma pedra preciosa que, guardada por um certo tempo por anjos, foi confiada à custódia dos cavaleiros da ordem do Santo Graal e de seu chefe, o rei do Graal. Todos os anos, na Sexta Feira Santa, uma pomba desce dos céus e, depois de depositar uma Hóstia consagrada sobre a pedra, renova sua virtude e força misteriosa, que comunica uma perpetua juventude e pode saciar qualquer desejo de comer e beber. De vez em quando, umas inscrições na pedra revelam os nomes daqueles que estão chamados à bem-aventurança eterna na cidade de Graal, em Montsalvage.
Esta lenda, por sua temática, está vinculada ao cálice que Jesus utilizou na última ceia e sobre o qual existem várias tradições antigas. Basicamente são três. A mais antiga é do século VII, segundo a qual um peregrino anglo-saxão afirma ter visto e tocado, na igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, o cálice que Jesus usou. Era de prata e tinha duas asas.
Uma segunda tradição diz que esse cálice é o que se conserva na catedral de San Lorenzo em Genova. É conhecido como o Sacro “catino”. É feito de cristal verde, parecido com um prato, que teria sido levado a Genova pelos cruzados, no século XII. Segundo uma terceira tradição, o cálice da última ceia é o que se conserva na catedral de Valencia (Espanha) e é venerado como o Santo Cálice. Trata-se de um cálice de calcedônia, de cor escura, que teria sido levado por São Pedro a Roma e utilizado ali por seus sucessores, até que no século III, devido às perseguições, é entregue à custódia de S. Lorenzo, que o leva a Huesca. Depois de haver estado em diversos lugares de Aragão, teria sido levado a Valencia, no século XV.
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