Falta de neutralidade do livro prejudica
análise sobre a carreira da autora
NOEMI JAFFE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em "Sou Dona da Minha Alma", biografia de Virginia Woolf por Nadia Fusini, a autora diz ao leitor que será sua guia rumo "ao coração de Virginia". Dessa forma, é difícil escrever algo distanciado.
Se não é obrigatório que uma biografia seja neutra, nesta, a perspectiva supera o evidente vínculo emocional para alçar-se como guia do coração de Virginia.
É provável que toda biografia seja autobiográfica, mas aqui chega-se a duvidar se as afirmações são da biógrafa ou da própria Woolf. A biógrafa chama a mãe de Virginia de "nossa Julia" e a autora de "nossa heroína".
E, num dos momentos mais infelizes do livro: "Há sempre um quê de perturbação nas mulheres. Há também em Virginia", e, num lapso revelador: "Reconheço que, em companhia daquela estranha escória de artistas, escritores, homossexuais, lésbicas (...) que são seus amigos, Virginia não se sentiu sozinha". Também ficamos sabendo de alguns fatos da vida de Woolf, e seu suicídio, deve-se reconhecer, não é tratado de forma sensacionalista. Mas fica a intenção de nos levar ao seu coração. E esse, para o bem da autora e da literatura, deve permanecer inviolável.
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