domingo, julho 07, 2013

A LENTIDÃO

Às vezes, quando menos se espera, há um ótimo livro no meio do caminho.
Dois dias atrás, comprei na livraria Nobel, do Tropical Shopping, A Lentidão, do ótimo escritor tcheco Milan Kundera. Quem aí na plateia já leu, também dele, A Insustentável Leveza do Ser ou O Livro do Riso e do Esquecimento? Se ainda não o fez, fica aqui a recomendação.
Volto aos trilhos. Em A Lentidão, Kundera filosofa a respeito da superficialidade que tomou conta dos tempos modernos e sobre como seria interessante se pudéssemos superar as pressões e obrigações cotidianas e pisássemos um pouco mais no freio, em favor de prazeres mais mundanos, por assim dizer.
E determinado trecho da obra se relaciona com aquele que veste uma balaclava, esconde o rosto dentro de um capacete e arrisca a vida a 300 por hora pelos circuitos deste mundo:
“Tudo muda quando o homem delega a uma máquina a faculdade de ser veloz: a partir de então, seu próprio corpo fica fora do jogo e ele se entrega a uma velocidade que é incorpórea, imaterial, velocidade pura, velocidade em si mesma, velocidade êxtase”.
E de êxtase Sebastian Vettel certamente entende. Pela primeira vez, o alemão da Red Bull venceu em casa. Acabou com essa esquisitice de um sujeito, tricampeão do mundo, não terminar uma corrida em primeiro em seus domínios. Mais importante: o sujeito dá largas e tranquilas passadas rumo ao tetracampeonato. E não há ninguém atualmente, no grid da Fórmula 1, capaz de impedi-lo de alcançar esse objetivo.
Não com Felipe Massa abandonando mais uma vez uma prova e mais uma vez de forma ridícula e medíocre. A ideia se reforça: o brasileiro ferrarista teve a sua chance de ser campeão. Hamilton não permitiu. Desde então, Massa não chegou nem perto de pelo menos se mostrar competitivo. Ainda por cima, ousou sonhar em ocupar o cockpit da RBR que ficará vago com a saída de Mark Webber. Como diria a Waldirene, “é demais”.
         Por último, mas não menos importante: a bruxa anda solta nos bastidores da Fórmula 1. No Canadá, um fiscal morreu atropelado por um guindaste. Na Inglaterra, houve a situação absurda da explosão de pneus em retas de alta velocidade.
         Ontem, na Alemanha, um “show” de falhas humanas. Teve pneu voador que quase tirou a vida de um cinegrafista, nos boxes, e a Marussia de Jules Bianchi ganhando viva própria e atravessando desgovernado a pista.

         Numa lentidão extremamente arriscada.

Nenhum comentário: