Às vezes, quando menos se espera, há um
ótimo livro no meio do caminho.
Dois dias atrás, comprei na livraria
Nobel, do Tropical Shopping, A Lentidão,
do ótimo escritor tcheco Milan Kundera. Quem aí na plateia já leu, também dele,
A Insustentável Leveza do Ser ou O Livro do Riso e do Esquecimento? Se
ainda não o fez, fica aqui a recomendação.
Volto aos trilhos. Em A Lentidão, Kundera filosofa a respeito
da superficialidade que tomou conta dos tempos modernos e sobre como seria
interessante se pudéssemos superar as pressões e obrigações cotidianas e
pisássemos um pouco mais no freio, em favor de prazeres mais mundanos, por
assim dizer.
E determinado trecho da obra se
relaciona com aquele que veste uma balaclava, esconde o rosto dentro de um
capacete e arrisca a vida a 300 por hora pelos circuitos deste mundo:
“Tudo muda quando o homem delega a uma
máquina a faculdade de ser veloz: a partir de então, seu próprio corpo fica
fora do jogo e ele se entrega a uma velocidade que é incorpórea, imaterial, velocidade
pura, velocidade em si mesma, velocidade êxtase”.
E de êxtase Sebastian Vettel certamente
entende. Pela primeira vez, o alemão da Red Bull venceu em casa. Acabou com
essa esquisitice de um sujeito, tricampeão do mundo, não terminar uma corrida
em primeiro em seus domínios. Mais importante: o sujeito dá largas e tranquilas
passadas rumo ao tetracampeonato. E não há ninguém atualmente, no grid da
Fórmula 1, capaz de impedi-lo de alcançar esse objetivo.
Não com Felipe Massa abandonando mais
uma vez uma prova e mais uma vez de forma ridícula e medíocre. A ideia se
reforça: o brasileiro ferrarista teve a sua chance de ser campeão. Hamilton não
permitiu. Desde então, Massa não chegou nem perto de pelo menos se mostrar
competitivo. Ainda por cima, ousou sonhar em ocupar o cockpit da RBR que ficará
vago com a saída de Mark Webber. Como diria a Waldirene, “é demais”.
Por último, mas não menos importante: a
bruxa anda solta nos bastidores da Fórmula 1. No Canadá, um fiscal morreu
atropelado por um guindaste. Na Inglaterra, houve a situação absurda da
explosão de pneus em retas de alta velocidade.
Ontem, na Alemanha, um “show” de falhas
humanas. Teve pneu voador que quase tirou a vida de um cinegrafista, nos boxes,
e a Marussia de Jules Bianchi ganhando viva própria e atravessando desgovernado
a pista.
Numa lentidão extremamente arriscada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário