O Grande Prêmio da Hungria, disputado
ontem, bem que poderia ter feito parte da programação da Jornada Mundial da
Juventude. O papa Francisco certamente teria gostado muito da corrida, porque
ela não passou de uma procissão de automóveis, ao longo de 70 voltas.
Uma verdadeira via-sacra para quem a
assistiu. Uns porque teimam em gostar da Fórmula 1 (eu, por exemplo) e outros
por dever de ofício (idem).
Mas é melhor parar de reclamar. Não foi
uma prova de todo ruim. Em primeiro lugar porque a vitória de Lewis Hamilton
foi justa. Na última sessão de treinos, no sábado, ele já havia sido
espetacular – ainda que um pouco blasé
ao conversar com seu engenheiro a respeito de ter batido o “tubarão” Sebastian
Vettel, mandando-o para o segundo lugar.
Em Hungaroring, mais ou menos como
acontece em Mônaco, quem larga em primeiro tem 90% de chances de receber o
troféu no lugar mais alto do pódio. A F-1 corre por lá desde 1986. Vai
continuar correndo até o dia do Juízo, uma vez que o contrato foi renovado. É
uma pista muito rápida. Com o auxílio do DRS, os carro chegavam tranquilamente
aos 300 por hora. O negócio é que não favorece as ultrapassagens. Para
conquistar uma posição, o piloto deve dar uma de Nelson Piquet para cima de
Ayrton Senna em 86.
É um risco tremendo, como se pode
imaginar. Vejam o caso de Vettel. Nas últimas voltas, o talentoso alemão –
campeoníssimo, como diria meu amigo Biné Morais – simplesmente parou de pensar
no campeonato e quis de todas as formas ultrapassar o segundo colocado
Raikkonen. Tanto que quase propiciou um enrosco de sua Red Bull com a Lotus do
adversário. Acredito que alguém na RBR puxou-lhe a orelha, certamente
aconselhando que era muito melhor sair da Hungria com a pontuação referente ao
terceiro posto do que sair da corrida sem ponto nenhum e ainda provando o gosto
da areia batida da área de escape.
Outro dia, li uma reportagem especial a
respeito da reforma do circuito de Interlagos. A reconfiguração terá como
objetivo primordial o aumento da área de paddock,
incluindo obviamente o setor dos boxes, uma reivindicação das equipes e dos
pilotos – jamais atendida, no entanto.
Essa modificação envolve a transferência
da linha de chegada e partida para a reta oposta. Aquela situada logo depois do
“S do Senna”. Outras alterações aconteceriam logo depois do trecho em questão.
Sem duvida alguma, possibilitariam aumento na quantidade de pontos de
ultrapassagem.
Fico me perguntando por que Hungaroring
não poderia passar pela mesma “operação plástica”, por assim dizer. Afinal,
quando o assunto é Fórmula 1, até o menos informado telespectador sabe que
“procissão” não rima com “competição”.
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