quinta-feira, setembro 20, 2007

ELOGIO À IGNORÂNCIA

Em seis dos sete dias da semana, o Jornal Pequeno faz jus ao próprio nome. É pequeno porque produzido por intelectos diminutos, quiçá microscópicos. Mesmo assim, deve ser lido. Principalmente pelos discentes de Comunicação Social, para que aprendam sozinhos como é o mau jornalismo. O jornalismo erva daninha. O jornalismo maçã podre.
Também é pequeno porque fruto do analfabetismo político. Acredito que vocês conheçam o opúsculo de Brecht. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta e o menor abandonado”. Pois o Jornal Pequeno segue nessa linha. Por ser o principal difusor da propaganda do Governo do Estado, suas manchetes mostram Jackson Lago como o “salvador da pátria”. Já tentou transformar o governador na versão timbira de Simon Bolívar e o zero à esquerda que o antecedeu no Beckman do século XXI.
Por falar neste novo século, é um tempo em que, em matéria de governo, não estamos precisando de “salvadores da pátria” e sim de políticos a fim de estabelecerem um sólido compromisso de trabalho com os cidadãos que os elegeram. E é óbvio que os pobres artífices do Jornal Pequeno não recorreram aos livros de história. Bolívar lutou contra o domínio espanhol para libertar territórios sul-americanos com o único propósito de implantar nestes locais sua versão particular de ditadura. É uma inspiração permanente para tipos como o venezuelano Chávez, que deseja prorrogar indefinidamente sua presidência, estatizar o ensino particular e alterar o fuso horário da Venezuela. Quanto a Beckman, senhor de engenho mais preocupado em defender seus próprios interesses, não morreu tão contente assim pelo povo do Maranhão como reza a “história oficial”.
O analfabetismo político flagrante do Jornal Pequeno vai ainda mais longe quando seu chefe de Redação afirma – por meio de inflamados editoriais – que política tem necessariamente de ser feita com ódio.
Para começo de conversa, delira quando coloca o jornal como o Davi que derrubou o Golias “do outro lado da ponte”, referindo-se a “O Estado”. Um certo “Doutor Pêta” considera-se “o terror da oligarquia”. A população maranhense decidiu, no segundo turno da eleição passada, seguir outro caminho, acreditar em outras propostas. A população maranhense equivocou-se em gênero, número e grau? Está arrependida? Ela mesma responderá a essas questões, ao escolher ano que vem o prefeito e seus representantes na Câmara de Vereadores. Em outras palavras, tudo o que o povo decidiu ou decidirá, daqui em diante, está acima do radicalismo fanático, xiita e niilista de jornais pequenos.
Um alvo fácil desse fanatismo é o senador José Sarney. Para o Jornal Pequeno, Sarney muito provavelmente articulou a eliminação da Seleção Brasileira da última copa, a destruição causada pelo tsunami, pelo Katrina e pelo terremoto que devastou o Peru recentemente. Ou então arquitetou também a explosão do avião da TAM. E, se forçar um pouco mais a imaginação delirante, a cria de Bogéa tentará arrumar provas de que a primeira queda de Jesus Cristo na via-crúcis aconteceu porque Sarney deu um raspa no coitado.
Mas a grande aberração cometida por esses dias pelo Jornal Pequeno foi aceitar tranqüilamente a verborragia de Arnaldo Jabor. “Sarney desliza com seu jaquetão de ‘teflon’, desliza como um cisne negro de bigode, como se vogasse numa lagoa de ‘realpolitik’ nordestino. Sarney é um monumento a si mesmo, feito de literatura, 40 anos de poder inútil (o Maranhão é um deserto de miseráveis), narcisismo e ‘allure’ de estadista calmo”. O artigo desse zero à esquerda foi publicado porque ele tem a oportunidade de demonstrar seu desprezo pelo senador. Nada mais além disso.
O ódio pequeno do Jornal Pequeno engendra tristes absurdos.

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