sábado, maio 15, 2010

"Foi o Mano quem me demitiu"

Preparador físico Walmir Cruz quebra o silêncio e diz ter sido tirado do Corinthians pelo técnico
Profissional diz ter feito um relatório para superiores que indica Ronaldo como jogador acima da média e dos que mais treinam

EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC

Walmir Cruz não para de atender o telefone. Conta que é "gente do futebol" solidarizando-se com o preparador físico demitido do Corinthians, junto com dois auxiliares, após a queda na Libertadores. Ele teme carregar nas costas o peso de mais um fracasso corintiano. "É a impressão errada que ficou", disse ele, em entrevista à Folha.

Ao quebrar o silêncio, Cruz rebateu Mano Menezes, afirmou ter sido demitido por ele e entregado relatório mostrando que Ronaldo era um dos atletas com maior volume de treinos e acima da média fisicamente.

FOLHA - Você acredita que acabou como bode expiatório da eliminação do Corinthians na Libertadores?

WALMIR CRUZ - Eu não sei se a ideia, ao me demitirem, foi essa. Mas acabou passando essa impressão errada.

FOLHA - Como foi sua demissão?

CRUZ - Na sexta-feira, dei treino, e o Mário Gobbi e o Mano me chamaram para conversar. O Mano falou: "Pedi demissão, eles não aceitaram, renovaram comigo até o final de 2011, e quero fazer umas mudanças na comissão técnica". Eu disse que não havia entendido.

FOLHA - Então foi o Mano quem falou que você estava fora?

CRUZ - Foi. Eu não concordei. Disse que, se tivéssemos passado pelo Flamengo, nada disso aconteceria. O Mano falou que não foi responsável pelas demissões, e isso não é verdade.

FOLHA - E o Mário Gobbi?

CRUZ - O Mário não faria isso. Ele me adora e sempre teve muito respeito por mim.

FOLHA - Mas como era sua relação com o Mano?

CRUZ - Nosso relacionamento sempre foi muito bom. Ele nunca se expressou de forma agressiva comigo.

FOLHA - Como estava o condicionamento físico do time?

CRUZ - O time sempre esteve bem em termos de condicionamento. O Roberto Carlos, por exemplo, está voando. O que pode ter atrapalhado [para a eliminação da Libertadores] é o aspecto emocional do grupo.

FOLHA - Como assim?

CRUZ - Quando fui demitido, o Mano se queixou de o Elias ter sido substituído contra o Flamengo alegando cansaço. Disse a ele que o problema do Elias não era físico, mas emocional. É só ver que o Elias jogou domingo contra o Atlético-PR e não cansou.

FOLHA - Muito se falou da péssima forma física do Ronaldo. Qual era a condição dele?

CRUZ - Na semana anterior à minha demissão, eu entreguei um relatório ao Mano e ao Mário. É um documento com gráficos mostrando que o problema do Ronaldo não era de falta de treinos. E que ele era um dos que têm maior volume de treinos e que está até acima da média do grupo fisicamente.

FOLHA - Então qual foi o problema com ele?

CRUZ - Eu só posso falar de dentro do campo. Jamais me envolvi nas questões de fora. Mas posso dizer que o Ronaldo, apesar de ser a estrela que é, sempre cumpriu tudo o que a gente combinou.

FOLHA - Sua amizade com o Antônio Carlos [técnico do Palmeiras e desafeto de Mano Menezes] pode ter contribuído para sua demissão?

CRUZ - Não sei até que ponto poderia pesar isso. Faz tempo que não falo com ele.

FOLHA - Qual era a sua situação?

CRUZ - Renovei com o Corinthians até dezembro de 2011 porque a ideia era montar uma comissão técnica fixa. Agora estamos vendo como é que fica.

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